Celso Ricardo Martins - Faculdade de Educação
São Luís (FESL) - Conservatório Municipal “Santa
Cecília” (CMSC)
Djenane Sichieri Wagner Cunha – FESL - CMSC
Margarida Maria Cucolicchio Kutscher – FESL - CMSC
Vera Sílvia Aloe – FESL - CMSC
RESUMO
A música e a linguagem aparecem ligadas por grandes
laços de afinidade entre si. Ambas têm características
da espécie humana, são capazes de gerar infinitas seqüências
novas e originais, uma vastidão de frases ou de melodias distintas.
O Projeto Pirralhada começou em 02 de abril de 2003 visando a trabalhar
com algumas crianças (à época com 5 anos) a musicalização,
através de encontros semanais no Escola Técnica de Arte
Municipal Santa Cecília, em Taquaritinga-SP. Após dois anos
de atividades muito produtivas e criativas, pretendemos explicitar como
a música pode ser uma ferramenta poderosa e indispensável
para o desenvolvimento das potencialidades do ser humano.
Relato de Experiência
INTRODUÇÃO
A Música sempre fez parte da história da
humanidade, é considerada uma linguagem universal e está,
mais do que nunca, presente em nossos dias.
O feto responde à estímilos sonoros dentro do útero
materno. Após o nascimento, o bebê é acalentado com
cantigas de ninar e ouve as vozes da mãe e de outras pessoas próximas.
Logo que se percebe sentado ou mantendo-se em pé, o ritmo de uma
música o leva a acompanhar com o corpo os movimentos cadenciados.
A música é para a criança algo que ela encontra dentro
de si mesma e expressa através dos movimentos que consegue fazer.
Essa espontaneidade rítmica que ela descobre e a percepção
auditiva e gestual (que a conduz à fala) deve ser estimulada.
Nesse trabalho pretendemos mostrar uma experiência relacionada com
atividades sistematizadas de musicalização infantil que
se iniciou em abril de 2003, com crianças à época
em média com 5 anos, e o desenvolvimento por que passaram nesse
período.
1. PIRRALHADA: UM PRQJETO QUE DEU CERTO
No dia 02 de abril de 2003, teve início na ETAM
"Santa Cecília” o "Grupo Pirralhada", composto
inicialmente por 12 crianças de 04 a 06 anos de idade. Esse grupo
foi idealizado e organizado pela Profª Margarida Kutscher (professora
de piano), a responsável por ele, com o apoio da Profª Vera
Aloe (professora de piano e pedagoga). É um projeto desenvolvido
com muito amor e competência que, em parceria com a Banda da Municipal
de Taquaritinga-SP, trabalha a musicalização infantil.
A proposta primeira das professoras Margarida e Vera foi a de oferecer
a essas crianças, mediante recursos pedagógicos vivos e
adequados, o maior número de oportunidades possíveis para
despertarem suas potencialidades.
1.1 Objetivos Formativos e Metodologia
A musicalização infantil é um poderoso
instrumento que se desenvolve na criança. Além da sensibilidade
à música, qualidades preciosas como a concentração,
a coordenação motora, a socialização, a acuidade
auditiva, o respeito a si próprio e ao grupo, a destreza do raciocínio,
a disciplina pessoal, o equilíbrio e inúmeros atributos
que colaboram para a formação do indivíduo são
objetivos nas aulas.
Tudo o que a criança sente e vive é importante para ela.
Essa vivência facilitará a compreensão das estruturas
musicais (se for o caso) que virá depois. A musicalização
objetiva as práticas musicais e não o estudo de um instrumento.
A utilização de brincadeiras nas aulas é constante.
Brincar é indiscutivelmente a maior atração para
a criança. É um processo que completa seu desenvolvimento
que vai ao encontro de seus interesses e proporciona benefícios
que ela própria não consegue avaliar, mas sentir.
Nas aulas procura-se abordar o:
• ouvir – Perceber os sons que nos rodeiam. Levar a criança
a perceber o mundo sonoro em que vive.
• escutar – Nessa etapa trabalha-se o interesse, a atenção
e a concentração, usando-se as qualidades do som.
• entender – Etapa em que entra o nível mental e o
estudo das regras que explicam o que se ouviu e se escutou. E o trabalho
da leitura e da escrita musical.
Procura-se desenvolver nas crianças uma orientação
progressiva através de atividades com o som, tais como:
1. Ouvir os mais variados sons.
2. Pesquisar
a) Reconhecer sons.
b) Reproduzir sons (com materiais ou com efeitos vocais).
c) Identificar a direção do som.
3. Identificar os atributos do som:
a) Altura – exercitando o sobe/desce e o alto/baixo
b) Intensidade – trabalhando o forte/fraco
c) Timbre – Distinguindo os sons
d) Duração – Trabalhando o curto/longo
As aulas são compostas, entre outras atividades,
por momentos de socialização, momentos de brincadeiras,
momentos para aprender conceitos musicais e momentos de relaxamento.
A música, além de suas próprias atribuiçõs,
sociabiliza e sensibiliza o indivíduo, desenvolve o seu poder de
concentração e raciocínio, tão importante
em todas as fases de nossas vidas. Auxilia ainda na coordenação
motora e na fala da criança. A criança escuta bem, fala
bem e esse desenvolvimento de senso auditivo colabora diretamente com
o processo de alfabetização e estudo de línguas estrangeiras.
1.2 O primeiro ano - ritmo
No ano de 2003 foi feito uma trabalho bastante interessante com ritmo,
mostrando às crianças que o aspecto rítmico é
inirente ao ser humano e, portanto, deve ser percebido de uma forma essencialmente
prática.
Foram usados vários instrumentos de percussão, palmas, pés,
voz, baldes, panelas, colheres de pau, conchas, etc. As crianças
foram levadas a compreender a noção de pulsação
e perceberam a analogia entre a pulsação da música
e a pulsação humana.
Com esse trabalho, o grupo já pôde interagir com a comunidade,
através de apresentações com a Banda Municipal no
desfile comemorativo do aniversário da cidade de Taquaritinga e
no coreto da praça central da cidade. Para isso foram comprados
instrumentos infantis.
Além dessas apresentações, as crianças participaram
da Festa do Folclore realizada pela Escola Técnica de Arte Municipal
fazendo a percussão para o coral infantil em uma música
indígena.
1.3 O segundo ano – conceitos musicais
Um trabalho com frases rítmicas um pouco mais elaboradas foi feito
no ano de 2004. Nessa etapa, além do ritmo, foram acrescentados
vários outros conceitos musicais como altura, grave/agudo e intensidade.
As crianças começaram a experimentar os diversos instrumentos
disponíveis na escola e algumas delas demosntraram interesse particular
por alguns deles.
As apresentações continuaram a ocorrer, não como
um fim em si, mas como decorrência de um trabalho que mostrou bons
resultados.
1.4 O terceiro ano – diversos instrumentos
Com a evolução dos trabalhos e com o desenvolvimento
das crianças, no ano de 2005 está sendo possível
trabalhar com frases rítmicas mais complexas com a intenção
de preparar as crianças para perceberem e se prepararem para apresentar
novos ritmos como o Pop, o Samba e a bossa Nova.
Para tanto, juntamente com a percussão, foram acrescentados outros
instrumentos, realizando fios melódicos e associando-se a isso
também o canto.
Atualmente o grupo é composto por dez crianças, sendo que
três desistiram do grupo inicial, para se dedicarem ao estudo de
um instrumento, e uma outra integrou-se a ele. Uniu-se ao grupo o professor
Celso Ricardo Martins, que é professor de bateria da escola onde
esse trabalho é realizado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No ano de 2005, iniciou-se uma nova turma (Pirralhada
II), pois, com a repercussão das apresentações feitas
pelo Pirralhada I, houve muita procura por parte de novos alunos, fazendo
com que as professoras Margarida e Vera tomassem a iniciativa de abrir
um novo grupo. De início, esse grupo também é composto
por 12 crianças com idade de 04 a 06 anos.
O Projeto Pirralhada I terá continuidade em seus trabalhos, agora
mais elaborados, pois as crianças já possuem conhecimentos
necessários que são o embasameto para essa evolução.
As aulas de ambos os grupos (separadamente) são realizadas durante
uma hora por semana e a freqüência é quase sempre 100%,
pois as crianças fazem da sala de aula um espaço de realizações.