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TELEJORNALISMO:
A ARTE DE INFORMAR, UMA ANÁLISE SOBRE A FORMAÇÃO
PROFISSIONAL.
José
Raul Araújo - Universidade de Sorocaba- UNISO
Este trabalho
refere-se a um projeto de pesquisa e tem como objetivo analisar a formação
do profissional em jornalismo, mais especificamente em telejornalismo.
Minha formação é em jornalismo. Concluí a
graduação em 1983 na Faculdade Alcântara Machado,
em São Paulo. Atuo em televisão há 26 anos e já
trabalhei nas redações das tevês Record, Cultura e
Globo São Paulo, Nova Iorque, São José dos Campos
e Sorocaba. Nesta última participei da implantação
do jornalismo. Minha prática em telejornalismo começou na
função de assistente de produção passando
depois para produtor, pauteiro, chefia de reportagem, repórter,
editor, editor-chefe e chefe de redação. Atualmente me dedico
ao gerenciamento do Canal Universitário Campinas, uma tevê
a cabo transmitida pelo canal 10 da Net Campinas e é formado pelas
universidades Unicamp, Universidade São Francisco, Puc Campinas
e Unip.
Há quase nove anos sou professor da disciplina de telejornalismo
na Universidade de Sorocaba e como mestrando no programa de pós-graduação
em educação nesta mesma universidade, tenho como objetivo
neste projeto de pesquisa, analisar os planos de trabalho docente quanto
aos objetivos, ementas e bibliografias que refletem a maneira que as escolas
vêm a formação profissional em telejornalismo.
Neste presente trabalho serão apresentados os primeiros dados desta
pesquisa, um perfil do profissional e uma amostra dos cursos de comunicação
em todo o Brasil, se concentrando nas escolas de formação
do estado de São Paulo.
Através da ementa e da bibliografia utilizada na disciplina de
telejornalismo, procura-se verificar como estão sendo preparados
os alunos que vão atuar nas redações das emissoras
de televisão nas questões ligadas ao conteúdo, técnicas
e habilidades que se desejam formar.
O Cotidiano
Do Profissional Em Jornalismo
O Objetivo
aqui é apresentar um pouco o que é o cotidiano do telejornalista
e, para posteriormente, relacionar esta prática com a formação
acadêmica recebida pelas escolas de formação profissional.
O jornalista é um dos poucos profissionais que têm de estar
voltado para sua profissão 24 horas por dia. Não importa
para que tipo de veículo esteja trabalhando -impresso, rádio
ou tevê, ele deve estar atento a tudo o que acontece a sua volta,
em todos os lugares que estiver. Em casa, no supermercado, no shopping,
na rua, em todos estes espaços a qualquer momento pode ocorrer
uma notícia. Ele deve estar com todos os sentidos ligados às
pessoas e situações que o cercam. Para Squirra (1995) o
telejornalista tem de ter a sensibilidade e o olhar apurado. Estes são
os elementos principais para se detectar uma boa notícia. Nas redações
usam um termo mais descontraído para utilizar esta mesma técnica:
chamado “faro”. Isto representa ter a sensibilidade para detectar
o que é curioso ou não, o que será ou não
notícia”.
Por notícia, Erbolato (2002), considera a matéria prima
do jornalismo e acrescenta dizendo que ela deve ser de interesse da comunidade
e despertar a atenção do público. Ele acrescenta
com bom humor dizendo que se uma pessoa é mordida por um cachorro
em qualquer rua da cidade não é de interesse público,
portanto não é notícia, “mas se um homem morder
um cachorro, isto sim é notícia”.
Os Caminhos Da Notícia
Até
ser apresentada no telejornal a notícia passa por um longo processo
e elaboração. Vários profissionais são envolvidos
na apuração e checagem das informações. Normalmente
as notícias chegam à redação através
de telefonemas, faxes, e-mails, entre outros. O jornalista que recebe
estes dados é chamado de pauteiro.
A pauta é conhecida como a porta de entrada da notícia.
O jornalista que ocupa a função de pauteiro, ainda, segundo
Erbolato (2002), é considerado a peça mais importante no
jornalismo que entre suas funções está a de ler tudo
o que lhe caia às mãos, na tentativa de encontrar uma boa
matéria, que possibilite propor os assuntos que serão abordados
pelo veículo. O pauteiro deve ter a melhor agenda telefônica
de contatos da redação. O maior número de fontes.
Ele é o responsável em buscar as novidades todos os dias.
Antes de produzir a pauta, o pauteiro participa de inúmeras reuniões
com o editor chefe de cada edição e também com o
chefe de reportagem durante todo o seu dia de trabalho.
É neste processo de produção da informação
jornalística que Medina (2002) alerta para os princípios
que regem a mídia. É durante estas reuniões que surgem
as variáveis que vão orientar a seleção dos
conteúdos. Antes de abordar o trabalho que o repórter vai
desenvolver em campo, os interesses já estão indicadas e
as fontes que vão orientar a produção da reportagem
antes da notícia ir ao ar.
A função da pauta é trazer todas as informações:
nome dos entrevistados, endereço, telefones, dicas, direcionamento,
enfim um roteiro necessário para orientar o trabalho do repórter.
Muitas vezes a matéria “quente” não se resume
unicamente a um acidente que aconteceu ao longo dia e sim ao “faro”
do pauteiro de investigar com profundidade uma determinada informação
e descobrir uma notícia que poderá se tornar um escândalo
na comunidade. Esta função é desempenhada igualmente
em todos os veículos de comunicação exceto na televisão.
Além de todos os requisitos básicos que o pauteiro deve
ter, ele ainda é obrigado a pensar em pauta com imagem. No jornal
impresso uma fotografia, uma imagem fixa, ilustra toda a matéria,
já na televisão as reportagens têm de trazer boas
imagens. Para Paternostro (1999) “a imagem parada, a fotografia,
revela emoção. A imagem viva, em movimento, carrega uma
dose muito maior de emoção”. Depois de elaborada minuciosamente,
a pauta é encaminhada para o repórter. Este é o responsável
em cumprir, ou executar, todas as orientações contidas na
pauta. O repórter sai a campo para coletar informações
através das fontes especializadas para dar sustentação
às pautas. É ele que traz a notícia para dentro da
emissora. Squirra (1995) ressalta que o repórter de televisão
necessita abordar corretamente o assunto pautado, com intuição
para selecionar o que é realmente importante para a reportagem
e saiba decidir, eliminando o dispensável da matéria, deve
representar o telespectador no momento em que a notícia estiver
acontecendo e ainda ele deve elaborar as melhores perguntas e viver um
teste de inteligência a cada reportagem driblando, por um lado,
à vontade do entrevistado em declarar apenas o que é interessante
a ele e à sua empresa e de outro tentar obter o máximo de
informações relevantes para manter sua audiência.
Para o repórter da Rede Globo, Caco Barcelos (apud Squirra 1995)
na reportagem feita para a televisão o importante é o repórter
estar bem preparado e chegar no momento em que tudo está acontecendo
para captar as melhores imagens.
Mesmo ele estando bem preparado tecnicamente, ainda corre o risco de cometer
alguns deslizes durante seu trabalho, como afirma Hermano Henning, correspondente
internacional da Rede Globo durante transmissão ao vivo de uma
luta de boxe em Las Vegas, nos Estados Unidos. Ele afirma que se empolgou
com o que estava acontecendo, não compreendeu o sinal dado pelo
assistente da equipe e se estendeu na narração ocupando
todo seu tempo e inclusive de outro colega que deveria fazer um comentário
na seqüência. “Orlando Duarte, o comentarista eclético,
não me perdoa até hoje. Usei todo o tempo dele no final
da transmissão da histórica disputa do título mundial
dos pesos pesados: enrolando”. (Henning, 1996. p. 55).
Enrolar é o que o repórter jamais poderá fazer durante
seu trabalho. O ritmo da televisão é intenso, diferente
do jornal impresso que só vai divulgar a informação
no dia seguinte. O objetivo do jornalismo televisivo é dar a noticia
primeiro, por isso o repórter não pode perder tempo. Da
agilidade dele, depende o furo de reportagem. Quem chegar primeiro ao
local dos fatos, apurar as informações, preparar as entrevistas,
gravar a reportagem e mandar para a redação, informa primeiro
seus telespectadores. Se não for assim a emissora de televisão
não dá o furo, leva.
Mas esta pressa pode comprometer todo o trabalho se o repórter
não souber levar a notícia até o telespectador. O
repórter e o cinegrafista -ou repórter cinematográfico
- têm a missão de preencher a imagem da “telinha”
com arte. Squirra (1995) explica que a televisão mostra os fatos
por completo e assim consegue atingir um número maior de sentidos
humanos através da cor, do som e movimento dando muita dramaticidade
aos acontecimentos.
Através
da sensibilidade do repórter e da forma que ele vê a notícia
é que vão atrair e manter a atenção do telespectador
para sua informação. A tela da tevê é como
uma tela de um quadro em branco. O repórter tem de ser um Van Gogh
diariamente. O artista tem somente aquele espaço da tela e as tintas
para expor sua arte. O telejornalista também. Ele tem de compor
naqueles poucos centímetros quadrados que formam a tela da tevê
todas as informações pertinentes a aquela notícia.
Não pode haver poluição visual e todos os detalhes
têm de ter conexão com os fatos. A história deve ser
contada com muita técnica, o texto não pode ter palavras
com as mesmas terminações, evitando as rimas, porque o efeito
sonoro compromete o texto, assim como a cacofonia e palavras com duplo
sentido:
“em
telejornalismo o texto é escrito para ser falado e ouvido. Pela
própria característica dos veículos eletrônicos
de comunicação, o receptor deve “pegar a informação
de uma só vez”. Se isto não acontece, o objetivo de
quem está escrevendo fracassa”. ( Paternostro, 199. p.66).
A linguagem
da televisão é diferente dos outros veículos de comunicação.
O repórter, quando escreve seu texto, deve usar sempre parágrafos
curtos. A frase com esta estrutura colabora na hora do telejornalista
narrar o texto.
“...a pontuação dá o embalo ao texto. Uma pontuação
bem colocada vai indicar as pausas e o tom em que esse texto deve ser
lido. Vírgula, dois pontos, reticências, ponto final: os
sinais ortográficos mais usados em scripts de telejornalismo. Uma
dose certa deles permite intervalos, pausas, entonação de
voz que vão ajudar na compreensão do texto e também
ajudam na respiração do locutor. É que se o texto
não estiver pontuado corretamente, o apresentador pode parar, sem
fôlego, no meio de uma frase e até alterar o sentido da informação”.
( Paternostro. 1999. p.69).
O telejornalismo
é voltado para o público em geral e deve ser compreendido
por todos, diferentemente dos jornais impressos que atingem somente o
público leitor alfabetizado. Yorke (1998), aponta que o texto não
deve ser muito intelectualizado e não deve insultar a inteligência,
tem de ter como objetivo contar histórias numa linguagem simples,
clara, direta e neutra.
Se o texto
na tevê não vier carregado com esta técnica, o telespectador
não tem a chance de voltar e ouvir novamente o que foi dito em
um telejornal. Este cuidado é uma ferramenta básica do bom
repórter. Outro elemento muito importante na vida do repórter
é ter conhecimento da linha de pensamento da empresa que trabalha
principalmente os mais relevantes que esbarram nas classes políticas
e econômicas do país.( Squirra 1995)
Depois de passar pelas mãos dos repórteres a notícia
segue para a edição. É aqui onde o editor de texto
e o de imagem vão dar a seqüência lógica à
matéria que foi produzida e será levada ao ar pela emissora.
O editor é o responsável pelo equilíbrio das informações
e quem vai finalizar a reportagem. Dentro de um espaço físico
bem pequeno chamado ilha de edição, ele vai aprovar todo
o trabalho do repórter. Distante da movimentação
do público e dos entrevistados envolvidos no assunto, ele avalia
se a ordem cronológica da história contada escolhida pelo
repórter é a melhor. Se o ritmo e o tempo da reportagem
estão adequados. O tempo da reportagem no telejornalismo depende
da importância jornalística do determinado assunto e da qualidade
das imagens. Já a qualidade das imagens tem um peso muito forte
na televisão. Se ela for boa, seguramente será aproveitada.
O 8º mandamento do professor Frank Reed ( apud Squirra, 1995), é
“ se é importante mas a imagem é pobre, conte e não
mostre. Se é trivial, mas a imagem é boa, mostre. Na televisão,
se as imagens forem boas, podem acabar valorizando algum fato não
importante”.
O editor
ainda deve se preocupar se os envolvidos na reportagem e seus depoimentos
são suficientes para amarrar toda a notícia ou ainda se
o repórter deixou alguém de fora e deve ser acrescentado.
Ele deve ainda observar atentamente a carga emotiva e informativa das
reportagens preparadas para a exibição. Uma notícia
carregada exageradamente de emoção visual ou auditiva pode
desequilibrar o telejornal ou ainda provocar reações desagradáveis
nos telespectadores.
Armando Nogueira, ex-diretor de jornalismo da TV Globo aconselha que a
reflexão que o editor deve se submeter tem de acontecer antes de
levar ao ar a reportagem senão a conseqüência é
de que os telespectadores vão fazer ele refletir depois com centenas
de telefonemas de protesto e indignação para a redação.
(apud Squirra 1995).
E o trabalho
do editor não pára por aí. Para facilitar a compreensão
do telespectador ele deve conhecer muito bem as especificidades do meio
eletrônico. A televisão dispõe de vários recursos
e formas de apoio visual como mapas, gráficos e ilustrações.
O editor não pode esquecer que o público liga a televisão
para assistir ao jornal e quer tomar conhecimento das notícias
através das imagens dos acontecimentos. Para isto deve existir
uma compatibilidade entre o áudio e vídeo como explica Vera
Íris Paternostro:
“Em
telejornalismo, a preocupação é fazer com que o texto
e a imagem caminhem juntos, sem um competir com o outro: ou o texto tem
a ver com o que está sendo mostrado ou não tem razão
de existir, perde sua função. O papel da palavra é
dar apoio à imagem e não brigar com ela”. ( Paternostro,
1999. p. 72).
O editor
ainda deve ter em mente que o telespectador está diante da tevê,
em casa, mas a atenção não esta inteiramente voltada
para o telejornal. A rotina da casa permanece e aí acontece a briga
pela audiência. Se na hora da montagem da reportagem o editor não
compreender o que um entrevistado disse ao repórter, esta fala
deverá ser retirada do contexto da reportagem porque a pessoa que
está assistindo, em meio ao burburinho doméstico, não
entenderá o depoimento e diante disto perde o interesse pelo conteúdo
do noticiário se distraindo ou pior ainda mudando de canal. Segundo
York (1998), mesmo nas sociedades mais sofisticadas, o público
não costuma compreender muito bem os programas de televisão
e acrescenta dizendo que as pessoas interpretam mal e confundem as histórias
mais simples, como não seria nos temas mais abstratos ou complexos.
A missão é ajudá-los a compreender as informações.
O processo de elaboração da reportagem ou o caminho da notícia
se encerra na hora da exibição. No instante em que o apresentados
lê tudo o que foi escrito para aquele jornal é o momento
de maior concentração de toda a equipe mobilizada para a
transmissão. Nada pode dar errado. Qualquer deslize ou vídeo
ou o áudio podem ser cortados e a notícia não ser
divulgada com qualidade comprometendo todo o trabalho de um dia inteiro
de dedicação à arte de informar.
Vários
Jornalismos Num Só Mundo
Para o teórico
português Jorge Pedro Souza, é difícil fazer um único
tipo de jornalismo porque existem diferentes pessoas que desejam receber
diferentes tipos de informação. Ele acrescenta dizendo que
há no mundo vários conceitos de jornalismo com naturezas
sociais, ideológicas e culturais. Conceitos que podem ser considerados
como uma espécie de teoria da imprensa separando o jornalismo,
os jornalistas e os discursos jornalísticos. Cada país ou
grupo de países tem suas escolas de jornalismo, o britânico
é conhecido pelo rigor e pela sobriedade, já o italiano
pela paixão na defesa de pontos de vista e o francês pelo
envolvimento interpretativo. Souza (2002)
Souza apresenta cinco modelos de jornalismo: o primeiro na história
é o modelo autoritário onde a atividade jornalística
está sujeita ao controle direto do estado através do governo
ou de outras instâncias. Neste caso o jornalismo não pode
ser utilizado para promover mudanças ou criticar o governo e governantes.
O jornalismo aparece subordinado aos interesses de uma classe dominante
que governa o país, funcionando de cima para baixo. Na Indonésia
e Tailândia, ou ainda no Brasil na época do regime militar,
países que impuseram o modelo autoritário de jornalismo
“assiste-se uma monopolização da verdade pelo poder
estatal. As diferenças de pontos de vista são tidas como
desnecessárias, quando não irresponsáveis e até
subversivas”.
O segundo modelo traz como exemplos o jornal Pravda, anterior à
revolução bolchevique, e a imprensa na antiga Iugoslávia
ocupada pelos nazistas na segunda guerra mundial que mostram um jornalismo
revolucionário que pretendia derrubar um sistema político
através de publicações clandestinas. As mesmas publicações
que surgiram também nos regimes coloniais para a libertação
dos países africanos e asiáticos.
Já nos países sujeitos a uma concepção comunista
do jornalismo, como a China ou o Vietnã, o estado domina a imprensa
e, normalmente, é igualmente o proprietário monopolista
dos meios de comunicação e “a procura pela verdade,
um valor caro no ocidente, torna-se irrelevante se não contribuir
para a construção do comunismo, por dois princípios:
há coisas que não se podem publicar e há coisas que
se têm de publicar”.
Há países que implementaram um modelo de jornalismo para
o desenvolvimento, segundo Souza (2002) entende-se que todos os órgãos
de comunicação social devem ser usados para a construção
da identidade nacional e para o desenvolvimento do país. Os jornalistas
devem apoiar as autoridades do país, e a informação
é tida como sendo propriedade do estado e os direitos à
liberdade de expressão são tidos como irrelevantes, diante
dos problemas de pobreza, doença, subdesenvolvimento, analfabetismo,
comuns aos países de multietnia.
O quinto modelo é o jornalismo ocidental preconizando que os meios
de comunicação devem ser independentes do estado e dos poderes,
com plenos direitos de reportar, criticar, interpretar e comentar as atividades
dos agentes de poder ou institucionais sem repressão ou ameaça
e os jornalistas seriam apenas limitados pela lei e pela ética.
“o
jornalismo funcionaria como uma arena pública. Teoricamente, o
campo jornalístico funcionaria como um mercado livre de idéias...
subjacentes à implementação do jornalismo do modelo
ocidental estão as idéias de que o pluralismo e a democracia
são benéficas para o indivíduo e para a sociedade
em geral e de que só uma população informada pode,
em consciência, participar nos processos de tomada de decisão,
principalmente através do voto”. (Souza. 2002, p. 33).
Souza finaliza
fazendo um alerta sobre as idéias de uma imprensa livre e do livre
acesso à imprensa dizendo que elas foram exportadas para todo o
mundo através do ocidente e este fluxo livre de informação
pode trazer alguns aspectos negativos já que é feita predominantemente
dos países ricos para os países pobres. Este alerta deve
ser lembrando sempre quando se trata da formação profissional
do jornalista no Brasil.
Formação
Profissional
No Brasil
existem 306 cursos de jornalismo, segundo o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais- INEP. Na região Norte são 18,
no Nordeste 47, Centro Oeste 25 cursos, na região Sul 56 e no Sudeste
160.
A maioria destas escolas tem, em média, duas turmas e de acordo
com o MEC as turmas devem ter entre 90 e 100 alunos cada. Fazendo os cálculos
são formados 27 mil alunos anualmente em todo o país. Só
no estado de São Paulo saem 3.990 por ano. Na outra ponta o mercado
não tem espaço para tanta gente. A maior rede de televisão
do país, a Rede Globo, tem 119 emissoras próprias e afiliadas
(afiliadas são aquelas que não pertencem ao grupo somente
retransmitem a programação).
E o foco deste projeto é analisar a qualidade do ensino das 42
escolas de formação de jornalistas no estado de São
Paulo. Para isto foi realizada via Internet uma pesquisa para descobrir
quantas escolas existem no Brasil. Em seguida foi enviado um documento
solicitando o Plano de Ensino de cada uma. Em posse dos planos, será
feita uma leitura rastreadora para verificar como estão sendo preparados
os alunos que vão atuar nas redações das emissoras
de televisão, nas questões ligadas ao conteúdo, técnicas,
objetivos e habilidades que se desejam formar, buscando uma análise
com a sociedade atual e elementos como sensibilidade, responsabilidade
e ética, necessários para a elaboração das
notícias e verificando se o telejornalista formado no estado de
São Paulo domina a arte de fazer televisão e domina a técnica
de transformar a tela da TV num espaço para informar ciente de
que está formando opinião.
“uma
inteligência incapaz de perceber o contexto e o complexo planetário
fica cega, inconsciente e irresponsável”. (Edgar Morin, 2000.
p. 15).
Referências Bibliográficas
ERBOLATO,
M. Técnicas de Codificação em Jornalismo- redação,
captação e edição no jornalismo. São
Paulo: Ática, 2002.
HENNING. H. Via satélite. São Paulo: Globo, 1996.
MEDINA. C.A. Entrevista – o diálogo possível, São
Paulo: Ática, 2002.
MORIN. E. A cabeça bem-feita, Rio de Janeiro: Bertrand, 2000.
PATERNOSTRO. V.I. O texto na TV -manual de telejornalismo, Rio de Janeiro:
Campus, 1999.
SOUZA. J.P. Teorias da notícia e do jornalismo, Chapecó:
Argos, 2002.
SQUIRRA. S. Aprender telejornalismo -produção e técnica,
São Paulo: Brasiliense, 1993.
YORK. I. Jornalismo diante das câmeras, São Paulo: Summus,
1998.
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