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RÁDIO
AGENTE – EDUCOMUNICAÇÃO, TRABALHO E CIDADANIA
Caroline
Silveira, Luciano Catarino - Universidade Metodista de São Paulo
- Umesp
Michelle Ferrari - Universidade Metodista de São Paulo - Umesp
Nathália Rosa - Universidade Metodista de São Paulo - Umesp
Prof. Cal Francisco - Orientador
APRESENTAÇÃO
“Rádio
Agente” é resultado do projeto experimental apresentado em
cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo
da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da
Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção
do título de Bacharel em Comunicação Social Habilitação
Jornalismo.
O projeto experimental “Rádio Agente” é um curso
de rádio para jovens e adultos, a partir dos 17 anos, que deixaram
de estudar entre a quinta e oitava série do ensino fundamental.
O curso tem duração de um ano e permite ao aluno concluir
a oitava série e conhecer os princípios de uma carreira
profissional, neste caso comunicação em rádio. Com
metodologia da Educomunicação, objetiva educar usando as
possibilidades da comunicação aplicadas a educação.
Em dezembro de 2004 o “Rádio Agente” foi apresentado
à Secretaria de Educação e Formação
Profissional (SEFP) de Santo André, região metropolitana
de São Paulo, através do Departamento de Educação
do Trabalhador (DET), que já desenvolvia desde 1997 cursos com
elevação de escolaridade e formação profissional,
a partir de 2002 chamados de Programa Integrado de Qualificação
(PIQ).
O DET percebeu que os princípios do projeto experimental dialogavam
com a proposta do PIQ e decidiu implantá-lo como curso de “Agente
de Comunicação em Rádio”. A implantação
se deu pela parceria entre a Organização Não Governamental
Ação Jovem (AJA) e a Prefeitura de Santo André. A
AJA desenvolve projetos em educação há três
anos.
As aulas começaram no dia quatro de abril e vão até
o dia 22 de dezembro deste ano. Por isso, o material apresentado mostra
o primeiro bimestre de atividades com carga horária de 10 horas
semanais.
O objetivo principal do projeto é preparar o indivíduo para
o trabalho e cidadania através de um curso de rádio que
aplique a comunicação no processo educacional.
Além disso, o curso também propõe apresentar à
comunidade o rádio como um elemento motivador de cidadania e despertar
nos alunos o interesse pelo conhecimento e pela prática da linguagem
radiofônica, com a finalidade de que, ao apreenderem tais técnicas,
sejam multiplicadores da proposta ao dar continuidade ao projeto.
A fim de multiplicar a educomunicação, o projeto também
propõe apresentar aos educadores este conceito para que eles o
apliquem em suas aulas.
1. Justificativa
Historicamente as metodologias para transmissão do conhecimento
valorizam o uso de algum elemento motivador. Na educação
infantil, por exemplo, Friedrich Froebel atribui esse papel ao brincar,
que segundo ele, deve ser uma atividade livre e espontânea da criança.
No teatro do oprimido, Augusto Boal propõe o uso do teatro como
elemento motivador para conscientizar os sujeitos de suas situações
de opressão, e provocar o auto conhecimento e a percepção
da necessidade de serem livres.
Na Educomunicação a premissa é a mesma: um elemento
motivador é vetor do processo de transmissão de conhecimento.
O diferencial aqui é que esse vetor deve, necessariamente, ser
um veículo de comunicação de massa – Rádio,
TV, Jornal Impresso.
Nesse sentido, a comunicação, através do uso dos
meios massivos, deve ser percebida como um instrumento que capacita os
cidadãos ao exercício de sua cidadania. Para o educador
Cipriano Carlos Luckesi a cidadania deve ser vista “como a possibilidade
plena dos diretos e o exercício dos deveres por todos os membros
de uma sociedade”. Isso implica a realização dos direitos
civis, políticos e sociais. Além disso, cidadania é
o exercício de deveres para a realização do bem-estar
de todos os outros membros da sociedade.
Ainda segundo Luckesi, é a partir da compreensão do conceito
de cidadania que se justifica o debate sobre o papel do rádio nas
escolas. Para ele dependendo do grupo social em que está inserido
e da forma como este meio de comunicação é conduzido,
certamente ele será um elemento importante para a construção
do conhecimento. Assim, entende-se que toda aprendizagem deve estar relacionada
com o universo de conhecimentos do educando, de modo a permitir-lhe a
formulação de problemas e questões relevantes e relacionadas
ao seu futuro cotidiano profissional. Que lhe permita uma reflexão
teórica e o confronto experimental com suas bases e com problemas
práticos de natureza social e profissional.
A linguagem do Rádio tem suas bases em quatro elementos: a palavra,
a música, os efeitos sonoros e o silêncio. A escolha de quais
e quantos vão integrar a comunicação radiofônica
depende, exclusivamente, do resultado que se pretende. O ouvinte deve
entender, captar. Para isso, a escolha dos elementos depende do fazer-se
entender pelo ouvinte. O uso apenas da linguagem sonora e o fato de o
rádio trabalhar, no caso do ouvinte, com um único sentido,
a audição, justifica seu potencial de meio de comunicação
de massa mais popular e de maior abrangência. Isto o torna o único
meio de massa que dispensa totalmente a necessidade de o público
saber ler para que a comunicação com ele realmente se complete.
A característica da sensorialidade igualmente confere ao rádio
uma especificidade vantajosa na comunicação. O rádio
consegue, principalmente através da empatia, envolver o ouvinte
com muita facilidade. Também faz com que ele crie uma espécie
de “diálogo mental” com o emissor, pois desperta a
imaginação através da emocionalidade das palavras
e dos recursos de sonoplastia.
Este contexto justifica o desenvolvimento de um projeto de Educomunicação,
no Centro Público de Formação Profissional, no município
de Santo André, que tenha o rádio como veículo motivador
da construção de conhecimento e cidadania.
HISTÓRICO
Inicialmente o Rádio Agente seria realizado no Centro Público
de Formação Profissional (CPFP) Armando Mazzo em Santo André,
que desenvolve o PIQ em áreas relacionadas à construção
civil. O curso funcionaria como oficinas paralelas às disciplinas
já ministradas no CPFP.
No entanto, o DET, representado por Antônio Balbino, percebeu a
importância de incluí-lo ao PIQ como um curso independente,
elaborando um itinerário formativo, ou seja, criando competências
através de módulos seqüenciados compondo uma carreira
de qualificação profissional.
Neste momento, o Rádio Agente foi reestruturado. Para isso foi
necessário redirecionar o público-alvo e preparar as aulas
considerando a elevação de escolaridade.
Programadas para serem iniciadas no dia 22 de fevereiro, as aulas estavam
estruturadas para receber no mínimo 15 alunos. Em função
da demora na contratação de professores e por uma divulgação
não planejada, as aulas de todos os cursos começaram no
dia quatro de abril.
1. Parcerias
A construção de parcerias parte do princípio de aproveitar
as especialidades de cada instituição para que o resultado
final seja mais satisfatório. Desta premissa a Universidade Metodista
de São Paulo ofereceu um professor especializado em linguagem radiofônica
como orientador e alunos do curso de jornalismo para aplicar as aulas,
além de estúdios para realização de atividades
práticas.
A ONG Ação Jovem, que desenvolve trabalhos em educação
há três anos, tem maior proximidade com o público
alvo dos cursos e disponibiliza integrantes para identificação
de demanda e captação de alunos, além de administrar
os recursos que a Prefeitura destina ao projeto.
A Prefeitura de Santo André investe recursos e profissionais da
rede municipal de educação para orientar pedagogicamente
o curso. Também oferece infra-estrutura para realização
das aulas.
A aprovação do projeto Rádio Agente pelo Departamento
de Educação do Trabalhador (DET) consolidou esta parceria
entre a poder público, terceiro setor e universidade.
EDUCOMUNICAÇÃO
“Enquanto o discurso do professor representar um artifício
desse enclausuramento social no qual o sujeito está inserido; enquanto
o educador julgar que a realidade é a que ele recita nas salas
de aula, é a que está representada nos manuais, nas enciclopédias,
a comunicação estará comprometida. Estaremos, dessa
forma, esquecendo-nos de que o que se aprende é unicamente aquilo
que podemos viver”.
Nos dias de hoje, participar da esfera midiática é essencial
para inserir-se no campo do que é visível e compartilhado
socialmente. Nesse sentido, através de projetos de comunicação
comunitária, grupos e comunidades têm se articulado para
a apropriação das ferramentas de comunicação,
colocando-as a seu serviço. Além de possibilitar que os
grupos extrapolem a condição de meros consumidores de mídia
de massa, estas práticas alimentam a reflexão coletiva,
a coesão interna e a participação nas decisões
públicas.
De acordo com o Núcleo de Comunicação e Educação
da USP (NCE), o conceito da educomunicação propõe,
na verdade, a construção de ecossistemas comunicativos abertos,
dialógicos e criativos, nos espaços educativos, quebrando
a hierarquia na distribuição do saber, justamente pelo reconhecimento
de que todos as pessoas envolvidas no fluxo da informação
são produtoras de cultura, independentemente de sua função
operacional no ambiente escolar.
“No campo da pedagogia, não basta trabalhar com modelos éticos.
Os comportamentos humanos não são derivados da natureza
humana, eles estão ligados às expectativas sociais. Aos
modelos pedagógicos e éticos contrapomos a necessidade de
modelos sociais”.
Neste contexto, a importância da construção de um
espaço de cidadania sempre foi de suma importância para a
sociedade. Hoje é necessário levar em consideração
o avanço tecnológico e os meios de transmissão da
informação. Daí a necessidade de rever os conceitos
tradicionais de educação e comunicação. Pois
“a formação do cidadão acontece nessa prática
ininterrupta de se redesenhar o mundo interno, incluindo-se nele sempre
novos conhecimentos capazes de fortificar não só o intelecto,
mas também o caráter”.
No contexto atual da sociedade da informação, o processo
de construção da cidadania participativa deve incluir práticas
educativas que propiciem as capacidades de utilização e
apropriação dos meios de comunicação. Esta
educação está ligada à elaboração
de uma visão critica da mídia, à formação
de uma audiência ativa (que consegue reconstruir o significado das
mensagens) e também à construção da capacidade
de criar e interagir através dos meios e redes de comunicação.
O objetivo principal da Educomunicação é o crescimento
da auto-estima e da capacidade de expressão das pessoas, como indivíduos
e como grupo, partindo do princípio que todos têm direito
à informação.
Neste sentido, a escola deve procurar oferecer elementos para que os estudantes
tenham acesso e possam se expressar de maneira reflexiva e lúdica
através dos meios de comunicação. Discussões
sobre a mídia são fundamentais para que os jovens ingressem
na sociedade da informação como sujeitos ativos.
RÁDIO
O rádio foi escolhido para o desenvolvimento do projeto pela simplicidade
de sua produção e linguagem: não exige cenários
ou figurinos, não tem custo de impressão e nem precisa de
equipamentos caros. Com linguagem simples, não é necessário
que o receptor seja alfabetizado para que a comunicação
se estabeleça.
Por ser um meio tradicionalmente de comunicação de massa,
o rádio possui audiência ampla (atinge uma área enorme),
heterogenia (abrange pessoas de diversas classes sociais, com necessidades
diversas) e anonimato (desconhecida no particular).
Em relação à produção de outros veículos
– televisão, jornal impresso, internet – o rádio
é a única possibilidade realizável para comunidades
de baixa renda.
Nas rádios livres e comunitárias se aproximam as realidades
de emissor e receptor, até chegando a mesclar esses papéis.
Nelas, pela pequena potência dos transmissores, fala-se para um
grupo de ouvintes próximos, procurando estabelecer uma via de mão
dupla. Neste caso, a proximidade é incentivada inclusive pela participação
de integrantes da comunidade ao microfone não só como entrevistados,
mas também exercendo a função de comunicadores.
Sendo assim, o rádio é mais que um instrumento de comunicação.
É, muitas vezes, um instrumento de poder e cidadania. O trabalho
das rádios comunitárias que conseguem, por meio do exercício
da cidadania (prestação de serviços, valorização
da cultura local e discussão sobre temas de interesse comunitário),
comunicar, integrar e até mesmo educar.
EDUCAÇÃO DO TRABALHADOR
“O mundo do trabalho passa por mudanças significativas, que
repercutem profundamente no mundo da educação. A generalização
do uso e aplicações da microinformática; a compreensão
do trabalho como algo além dos conhecimentos técnicos, envolvendo
habilidades comunicativas e comportamentais; a necessidade da transferência
de conhecimentos entre áreas distintas – todos esses elementos
exigem a estruturação de uma educação profissional
dinâmica, renovada, em sintonia constante com os movimentos do setor
produtivo”.
A situação
do ensino no Brasil aponta números alarmantes para um quadro surpreendente:
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), no ano de 1996, 15.560.000 pessoas eram analfabetas na população
de 15 anos ou mais de idade. Apesar de queda anual e de marcantes diferenças
regionais e setoriais o excesso de analfabetos deve ser motivo constante
de preocupação. Em São Paulo, no estado mais populoso
do país, são 1.900.000 analfabetos. Deve-se notar que, de
acordo com as estatísticas oficiais, o maior número de analfabetos
é constituído de pessoas com mais idade, de regiões
pobres e interioranas e provenientes de grupos afro-brasileiros. Muitos
deles são candidatos aos cursos de suplência.
Embora as taxas de analfabetismo absoluto tenham diminuído no Brasil,
as taxas de analfabetismo funcional ainda são bastante expressivas,
cerca de 30%. Seguindo a análise dos conceitos, de acordo com a
UNESCO (2001), analfabetos absolutos são considerados aqueles que
não conhecem os signos do idioma, ou, se conhecem, os manejam precariamente.
Já os analfabetos funcionais são aqueles que possuem habilidades
básicas de leitura e escrita, porém insuficientes para se
desenvolver no mundo letrado.
A necessidade de se priorizar os jovens e adultos, com políticas
públicas de educação profissional está alicerçada
ao fato de que eles fazem parte do objeto das ações voltadas
à educação geral.
A manutenção de uma política que tenha como objetivos
desenvolver educação básica em conjunto com a formação
profissional, incentivando a continuidade e/ou retomada do processo de
escolarização do trabalhador, traduziu-se em ferramenta
fundamental para o combate as diferentes formas de precarização
das condições de trabalho, pautados pela educação
que pensa na formação integral do trabalhador.
O termo “educação profissional” tem uma história
recente na educação brasileira. Ele foi introduzido à
nova LDB, em 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira n. 9394/96), no capítulo III, artigo 39: “A educação
profissional, integrada às diferentes formas de educação,
ao trabalho, à ciência e a tecnologia, conduz ao permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”.
A Secretaria de Educação e Formação Profissional
de Santo André, através do Departamento de Educação
do Trabalhador propõe, desde o início de 2002, o Programa
Integrado de Qualificação (PIQ) que visa articular, a educação
básica com a educação profissional numa perspectiva
interdisciplinar.
1. Programa
Integrado de Qualificação – PIQ
A Secretaria de Educação e Formação Profissional
da Prefeitura de Santo André tem uma tradição com
cursos profissionais desde 1997. Durante vários anos a oferta consistiu
em cursos de curta duração abrangendo diversas áreas
de conhecimento.
A partir de 2001 o programa começou a ter uma estabilidade maior
devido à sistemática dos convênios com ONGs experientes
em educação profissional. Iniciou-se neste ano também
a discussão e o desenho dos itinerários formativos.
A partir de 2002 implantou-se o conceito e a prática de itinerários
formativos. Isto é, um mecanismo que permite ao aluno a realização
de vários cursos dentro de uma determinada área, consistindo
em uma formação mais ampla e com elevada qualidade. Desse
modo, pretende-se atenuar as críticas de superficialidade dos conteúdos
dos cursos de formação profissional associado à pequena
carga horária.
Os cursos serão constituídos por módulos básicos
e profissionalizantes, busca-se a valorização do estágio
de conhecimentos acumulados pelos alunos trabalhadores, respeitando o
ritmo e o tempo disponível para o aprendizado. A mobilidade dos
cursos tem por objetivo possibilitar caminhos alternativos no percurso
escolar, observando-se os padrões mínimos fixados para a
sua organização e execução, viabilizando a
realização de programas por etapas e propiciando aos alunos
trabalhadores a construção de seu próprio itinerário
formativo, progredindo em termos de capacitação e educação
fundamental.
O Programa Integrado de Qualificação (P.I.Q.), além
do conceito de itinerário formativo, contempla a elevação
da escolaridade em 3 níveis: 1ª a 4ª do ensino fundamental;
5ª a 8ª e ensino médio. Iniciando com uma avaliação
diagnóstica vai se construindo/tecendo as redes curriculares. No
P.I.Q. os alunos ficam num prazo de no mínimo um ano (para os que
iniciem no Programa no ensino médio) e no máximo três
anos (para os que iniciem no Programa no primeiro nível).
Após um ano de experiência com a implantação
dos itinerários formativos foi possível avaliar a necessidade
de continuidade dos mesmos.
Essa experiência aponta para uma perspectiva de formação
profissional que se distancia do modelo de cursos de baixa carga horária
e curta duração Tem como objetivo aprofundar os conhecimentos
relativos à área. Além disso, é preciso colocar
em pauta a necessidade de maior apropriação do conhecimento
historicamente acumulado pela humanidade tendo como fio condutor a concepção
classista do mundo do trabalho. Opõe-se, portanto, a uma política
de educação profissional que caminha tão somente
em consonância com as necessidades do mundo empresarial, divergindo
assim da concepção de educação escola-produção.
O currículo deve apontar possibilidades para o trabalhador conquistar
autonomia intelectual e busca constante pela informação
deixando de ser refém do sistema escolar ou de uma única
fonte de informações.
Assim, a seleção de conteúdos nas diferentes áreas
se faz num processo coletivo, garantindo o que é necessário
para a profissionalização e priorizando uma mudança
de postura do educando perante a vida, a natureza, a sociedade. Dentro
dessa proposta há a necessidade de criar condições
para que os educadores possibilitem situações de aprendizagem
que dêem conta desta articulação. Levantar os conhecimentos
prévios dos alunos, os conhecimentos necessários ao exercício
profissional e os conhecimentos para que o trabalhador conquiste a sua
emancipação. Discutir, elaborar e tornar prático
um currículo que dê conta da formação do jovem
e adulto trabalhador significa atender suas expectativas e necessidades
reais. Neste sentido é preciso, por um lado, romper com o saber
meramente escolar e por outro com a visão utilitarista da formação
profissional.
O que dará uma sustentação ao currículo é
um conjunto de ações pedagógicas que possibilitem
ao aluno entender-se como trabalhador cidadão e construtor de conhecimento
no seu cotidiano.
Tendo como foco o mundo do trabalho dividido em classes sociais e sua
complexidade o domínio da leitura, da escrita e de outras habilidades
passa a ser mais um instrumento de sua formação integral
A articulação entre o mundo do trabalho e educação
é objetivo que tem que estar sempre presente quando se pensa no
processo de inclusão social.
O Programa, na sua totalidade, assenta-se nos seguintes três eixos,
com seus respectivos objetivos: a Auto Gestão do Conhecimento,
a Qualificação Técnica (articulação
com os conhecimentos mais gerais) e a Perspectiva Política-Ideológica.
A Auto Gestão do Conhecimento é a principal meta pedagógica
nas atividades de profissionalização. Quando o foco é
a auto-gestão do conhecimento (ou “autonomia na aprendizagem”,
ou “aprender a aprender”) estrutura-se todos os planejamentos
para que os alunos consigam absorver e incorporar instrumentos que lhes
permitam ser condutores na solução das suas necessidades
de busca de conhecimento na vida profissional e pessoal. Essas necessidades
são como constituintes de um projeto de vida, onde o aluno tenha
consciência de si e de suas potencialidades tanto no campo pessoal
quanto coletivo.
Dentro dessa perspectiva, a metodologia do programa considerará
o desenvolvimento de um projeto de educação básica
articulada com a profissionalização, a valorização
do saber do trabalhador; construção coletiva e complementaridade
das habilidades, conhecimentos e condutas e o desenvolvimento de itinerários
formativos destinados à continuidade escolar e ao desenvolvimento
profissional em módulos seqüenciais e progressivos.
A auto-gestão estará sendo construída durante todo
o processo educacional culminando na construção de um projeto.
Para que esse processo se constitua há a necessidade de trabalhar
com uma metodologia em que a pesquisa seja o foco do trabalho, a discussão
em sala de aula se concretize através da problematização
das questões individuais e coletivas, socializando as descobertas,
os conhecimentos prévios do grupo, partindo para ampliação
do conhecimento científico e para a constante busca do mesmo.
A Qualificação Técnica, no caso do P.I.Q., é
concretizada com “matérias” específicas de cada
ramo profissional e por matérias que são comuns aos diferentes
ramos como redação, matemática, biologia.
Cada itinerário formativo deverá ser construído agora,
incorporando os dados levantados na avaliação diagnóstica.
Após a construção do itinerário, possivelmente
o maior empenho exigido do educador será o como lidar com os diferentes
conhecimentos, habilidades e valores encarnados nos diferentes alunos
dentro de uma mesma sala de aula.
Já a Perspectiva Política-Ideológica cumpre explicitar
a visão analítica de sociedade que fundamenta o propósito
de construir com os alunos um senso crítico e de participação
social.
2. Itinerário
Formativo do curso de Agente de Comunicação
O Agente de Comunicação em Radio e TV atuará nos
meios de comunicação como auxiliar aos programas de informação
desenvolvidos pelos meios de comunicação da região.
Para isso, o aluno deverá cumprir um itinerário de formação
de no máximo três anos, dependendo do nível de escolaridade
que o estudante inscreve-se no programa. A área de Comunicação
é composta pelo seguinte Itinerário Formativo:
• Primeiro ano (PIQ I): Núcleo comum, elevação
de escolaridade de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental
e no núcleo específico Comunicação Interpessoal
(locução, cerimonial, falar em público). Módulo
planejado para ser desenvolvido a partir de 2006;
• Segundo ano (PIQ II): Núcleo comum, elevação
de escolaridade de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental
e no núcleo especifico, Curso de Agente de Comunicação
em Rádio;
• Terceiro ano (PIQ III): Núcleo comum, elevação
de escolaridade de 1ª a 3ª série do Ensino Médio
e no núcleo especifico, Curso de Agente de Comunicação
em TV. Módulo planejado para ser desenvolvido a partir de 2006.
Objetivo
do curso
Possibilitar ao aluno uma formação que permita a análise
e elaboração de ações junto aos meios de comunicação,
sob os aspectos éticos, educativos e de cidadania.
Desmistificar os meios de comunicação e mostrar que a linguagem
usada na mídia é simples e possível de ser trabalhada
pelos alunos da região do Tamarutaca, em Santo André, além
de dar voz a aquela comunidade.
Atividade
Social
O aluno poderá acompanhar o trabalho dos meios de comunicação,
colaborar para uma melhor integração com a comunidade local
e desenvolver trabalhos informativos na região onde mora sobre
a importância e utilização dos meios de comunicação.
O CURSO
A primeira idéia do grupo era um curso no formato de oficina com
três meses de duração. No entanto, após reuniões
com o Departamento de Educação do Trabalhador surgiu a possibilidade
de incluir o curso no Programa Integrado de Qualificação
(PIQ) e ele passaria a ter um ano de duração. Por isso a
grade curricular foi replanejada e os módulos ampliados. Neste
novo formato o curso passou a ter carga horária anual de 292 horas.
Outra consideração importante para este planejamento foi
conciliar as disciplinas de um curso com elevação de escolaridade,
de 5ª a 8ª series, com as aulas de linguagem radiofônica.
Além disso, os módulos consideram os diferentes níveis
de conhecimento de cada aluno e a melhor maneira de trabalhar a heterogeneidade
em sala de aula.
Os módulos aqui propostos não obedecem a uma ordem cronológica
para suas aplicações.
O primeiro bimestre corresponde a este Projeto Experimental de Conclusão
de Curso. Nele foram trabalhadas partes dos conteúdos dos módulos
4 e 2.
MÓDULO
1: História do Rádio
• Resgate da história desde sua invenção;
• Conhecimento sobre a era do rádio;
• Análise da história do rádio no Brasil;
• Estudo das relações entre rádio e política
(relações de poder);
• Levantamento do número de rádios no Brasil e seus
respectivos donos;
• Estudo das relações entre rádio e religião
e conseqüências sócio-políticas;
• Análise do espaço jornalístico na programação
radiofônica atual e suas perspectivas.
MÓDULO
2: Linguagem Radiofônica
• Análise das características dos diferentes recursos
do rádio (a palavra/ texto, música, trilha, jingle, programa
político);
• Estudo dos gêneros radiofônicos (Rádio jornalismo,
rádio popular, AM e FM);
• Discussão sobre as características da rádio
na web (a perda de algumas características radiofônicas e
a criação de uma nova linguagem, convergência das
mídias, democratização da comunicação);
• Estudo dos gêneros jornalísticos (nota, crônica,
opinativo, pauta, entrevista, reportagem, debate, revista, jornal, reportagem,
reportagem especial, documentário);
• Análise e exercício da linguagem de programação
ao vivo.
MÓDULO
3: Aspectos técnicos e legais para transmissão de rádio
• Conhecimento sobre os equipamentos e as formas de transmissão;
• Estudo do regulamento para montagem e funcionamento da rádio
(rádio comunitária, comercial, escola);
MÓDULO
4: Produção em rádio
• Organização de pensamento para produção
de textos claros;
• Adequação dos textos à linguagem radiofônica;
• Exercícios fono-articulatório para aprimoramento
da dicção e impostação da voz;
• Estudo das características da programação
de rádio (horários, ordem, público-alvo, tempo);
• Conhecimento das diferentes funções que envolvem
os profissionais de rádio.
MÓDULO
5: Ética profissional e mercado de trabalho
• Conhecimento das áreas de atuação possíveis
a partir dos estudos feitos no curso;
• Estudo do código de ética e dos manuais de rádio
jornalismo;
• Análise do mercado de trabalho.
O planejamento
também é feito bimestralmente. O quadro a baixo exemplifica
o Plano de Trabalho do Primeiro Bimestre do Curso.
OBJETIVOS |
CONTEÚDOS |
AVALIAÇÃO |
Que
o aluno consiga escrever suas idéias organizadas com início, meio
e fim |
-
Estrutura do texto: leitura, audição de histórias, escrever histórias
-
Intencionalidade: descrição de ambientes, análise da intenção de
programas de rádio e TV
-
Pesquisa (autogestão): desenvolvimento de entrevistas e estudo do
contexto |
-
Análise dos conteúdos produzidos, observando a estrutura
-
Observação do envolvimento do aluno com os conteúdos aplicados diariamente
-
Ficha de avaliação |
Que
o aluno consiga identificar as principais características da linguagem
radiofônica |
-
Ouvir e analisar programas de rádio
-
Produção de textos “manchetados” (linguagem radiofônica): idéia
clara no texto escrito |
-
Observar em sala de aula a aplicabilidade da idéia clara no texto
“manchetado”
-
Ficha de avaliação |
Que
o aluno escute rádio com mais freqüência |
-
Falar sobre gêneros de programas de rádio |
-
Observar os assuntos colocados pelos alunos e o material trazido
para a sala de aula
-
Ficha de avaliação |
Que
o aluno traga para a sala de aula matérias que o incomodem de alguma
forma para serem discutidas |
-
Nutrição midiática: projeto que consiste em um aluno por aula trazer
uma matéria para ser discutida em grupo |
-
Freqüência da entrega do material
-
Apontamento das características que o fizeram trazer esse material
-
Ficha de avaliação |
O planejamento também é feito bimestralmente.
O quadro a baixo exemplifica o Plano de Trabalho do Primeiro Bimestre
do Curso.
1. Orientação Pedagógica
“Se um aluno não se interessa, o professor não pode
aceitar isso, isolando o aluno. Mas deve se perguntar: o que eu posso
fazer para despertar o interesse dele? Muitos professores não estão
preparados para essa tarefa” .
Em função
da nova concepção do curso, foi necessário reestruturar
e aumentar os planos das aulas para um ano letivo. Estas mudanças
foram orientadas pela área pedagógica da Prefeitura de Santo
André juntamente com a Universidade Metodista.
Os conteúdos foram definidos em conjunto com o orientador Prof.
Cal Francisco. Para a sua aplicação, recebemos formação
da Prefeitura de Santo André em um curso de 20 horas, que tinha
como objetivo preparar todos os professores para desenvolver a filosofia
do PIQ.
No primeiro dia desta formação foi apresentado a todos os
professores dos diversos cursos do projeto um histórico da educação
profissionalizante de Santo André, a apresentação
do Programa Integrado de Qualificação (PIQ) e uma explicação
acerca da organização e funcionamento do Centro Profissional
de Formação Tamarutaca.
A partir de então, as reuniões foram a respeito da formação
dos professores de acordo com a filosofia do PIQ. A coordenadora pedagógica
do projeto, Roberta Aponi, apresentou instrumentos metodológicos
para o desenvolvimento desse objetivo.
A questão que norteou as discussões foi o entendimento que
todos os professores estariam ensinando pessoas que, em sua maioria, estavam
fora da escola há muito tempo, e que dentro de uma mesma sala teriam
uma heterogeneidade de aprendizados.
Nesse sentido, entre os conteúdos destaca-se a preocupação
de que os professores “aprendam a olhar” o aluno no processo
pedagógico e não partir de modelos estereotipados e pré-determinados.
“Um olhar e uma escuta dessintonizada, alienada da realidade do
grupo. Buscando ver e escutar não o grupo (ou o educando) real,
mas o que temos na nossa imaginação, fantasia – a
criança do livro, o grupo idealizado. Ver e Ouvir demanda implicação,
entrega ao outro. Estar aberto para vê-lo e/ou ouvi-lo como é,
no que diz, partindo de suas hipóteses, de seu pensar. É
buscar sintonia com o ritmo do outro, do grupo, adequando em harmonia
ao nosso”.
Outra questão discutida nesta semana foi o processo de avaliação
do educando, no qual enfatizou-se que o planejamento nasce na avaliação
do processo, e que, portanto, é o instrumento principal para intervenção
do educador. “O planejamento organiza, sistematiza, disciplina a
liberdade a nível individual e coletivo. Ele nos dá paradigmas
para o exercício da prática pedagógica. Através
dele podemos agilizar respostas diante do inusitado para trabalhar a improvisação.
Neste sentido, o planejamento alicerça a ação criadora”.
Nesta semana de formação ainda foi apresentado aos professores
o currículo do núcleo comum e do específico; e a
orientação terminou com uma discussão entre os professores
de cada núcleo.
A orientação pedagógica continua de forma permanente
durante todo o curso formando quatro horas por semana na qual são
apresentadas estratégias de didática e mecanismos para resolver
os problemas ou questões diagnosticadas em sala de aula.
2. Avaliação
e portifólio
“A pedagogia transformadora apresenta nas suas práticas pedagógicas
a pedagogia libertadora, que apresenta subjacente à sua teoria
a formação da consciência política, de uma
avaliação antiautoritária. Já a pedagogia
libertária traz a autogestão, e a pedagogia histórico-crítica,
a compreensão da realidade, dando prioridade à educação
como instrumento de transformação, de formação
para a cidadania”.
O processo
de avaliação proposto pelo curso visa uma ação
diferenciada por parte do professores. O objetivo é acompanhar,
constantemente, a própria ação do educador através
do seu planejamento. Assim, é possível constatar o que está
dando certo ou não com os alunos.
A avaliação significa, então, repensar tudo que ocorre
desde o primeiro momento do levantamento das hipóteses e a sua
execução em relação ao planejado.
Assim, o processo de avaliação dentro do curso pode ser
relacionado com:
1. Envolvimento do aluno com as atividades propostas (feitas diariamente
nas aulas). Diagnosticar se existe integração ao projeto,
se há um correto desenvolvimento dos exercícios, são
feitas opiniões e participações freqüentes.
Avaliação Cidadã: buscar saber se o aluno está
aplicando os conhecimentos, de que forma isto está sendo feito,
qual a maneira que ele está “vendo” a mídia,
se ele está sendo crítico, se está quebrando paradigmas.
2. Aos objetivos propostos bimestralmente. É definido junto com
a orientação pedagógica e está relacionado
com os conteúdos aplicados com a apreensão. Como o aluno
está “lidando com o conhecimento?” Ele está
conseguindo fundir os conhecimentos adquiridos? 3. Auto avaliação
coletiva em classe
4. Portifólio do Aluno: Um arquivo com o melhor material produzido
pelo aluno de todas as matérias durante todo o ano letivo. Na parte
dos objetivos finais, o professor é responsável por preencher
uma ficha a qual pode avaliar quanto do objetivo o aluno alcançou.
Nele, é especificado os porquês e as estratégias desenvolvidas
pelo professor para que o aluno alcance os objetivos em sua plenitude.
O portifólio não é por natureza um método
de avaliação, é mais um elemento motivador. No entanto,
é através dele que se consegue produtos que expressam a
continuidade dos conteúdos aplicados.
3. Interdisciplinaridade
“Os ‘hiperespecialistas’ são pretensos conhecedores,
mas de fato praticantes de uma inteligência cega, posto que parcelar
e abstrata, evitando a globalidade e a contextualização
dos problemas”.
Um dos desafios
das sociedades contemporâneas é lidar com os efeitos das
tecnologias no cotidiano, no comportamento e na percepção
das pessoas. Para isso, deve-se questionar o que essa população
faz com as tecnologias, de que forma as absorve. É necessário
valorizar a realidade do indivíduo, “considerá-los
como protagonistas de sua história e não como receptores
de mensagens e consumidores de produtos”.
Neste contexto, as sociedades contemporâneas exigem um novo indivíduo
“dotado de competências técnicas múltiplas,
habilidade no trabalho em equipe, capacidade de adaptar-se a situações
novas”.
A educação se torna um instrumento de identificação
destas questões e também um meio de transformação.
Mas para isso, o sistema educacional não deve adotar a velha “cartilha”
do ensino pragmático, “será necessário reformular
radicalmente currículos e métodos de ensino, enfatizando
mais a aquisição de habilidades de aprendizagem e a interdisciplinaridade”.
A interdisciplinaridade é uma das diretrizes da Educomunicação.
No curso de Agente de Comunicação em Rádio, os professores
do núcleo comum e específico se reúnem quatro horas
por mês para discutir a relação dos conteúdos
entre as disciplinas.
O núcleo específico propõe o seguinte esquema de
trabalho: os professores do núcleo comum pedem para que os alunos
encontrem informações sobre o conteúdo trabalhado
em sala de aula nos meios de comunicação. Estas informações
chegam até o professor, que discutirá a relação
desta informação com o conteúdo aplicado e a realidade
do aluno. Juntos, professor e aluno devem transformar estas informações
e as novas concepções nascidas da discussão em sala
de aula, em um produto formatado para os meios de comunicação
– uma rádio novela, a primeira página de um jornal,
um comercial de TV.
4. Continuidade
“Para reconhecer a continuidade do desenvolvimento humano é
preciso compreender que este desenvolvimento é um processo natural
de construção da consciência, que não ocorre
de maneiras determinadas, mas de maneiras únicas. É preciso
reconsiderar o respeito ao corpo, à natureza e à comunidade.
Não podemos ignorar a necessidade humana de obter um senso de completude
entre o homem e natureza, mesmo que em nossa cultura tendamos a substituir
a natureza por uma realidade criada a partir de convicções
puramente racionais e ideais que cada vez mais se mostram incapazes de
criar um ambiente saudável e digno de se viver”.
Apesar da
continuidade ser uma das premissas da educomunicação, ela
é também um dos seus principais problemas, pois a dependência
dos formandos para tocarem o projeto acaba enfraquecendo-o. Neste caso
a importância do conteúdo aplicado pela educomunicação
é tratada como inferior em relação às disciplinas
do curso fundamental. Além do mais, o aluno dá continuidade
aos seus estudos geralmente mudando para uma escola onde não existam
trabalhos relacionados a educomunicação.
O projeto Rádio Agente é desenvolvido junto com o PIQ no
qual o curso de Educomunicação em rádio é
uma disciplina da grade curricular. Este processo garante o desenvolvimento
do curso durante o ano letivo. No ano seguinte, o aluno continua estudando
na área de comunicação e pode receber uma bolsa para
desenvolver serviços na sua área de formação
para desenvolver trabalhos sociais em sua comunidade na mesma área
em que recebeu formação.
REFLEXÃO
Este primeiro bimestre de atividades junto à comunidade do Tamarutaca
demonstrou o potencial e a aptidão dos alunos matriculados no curso
de Agente de Comunicação em Rádio, o que prova a
viabilidade desta iniciativa.
A fusão de educação e comunicação demonstrou
sucesso ao ser aplicada no processo de aprendizagem de educação
para o trabalho. Por ser uma iniciativa pioneira, representa um ramo de
atuação em ascensão para o profissional de jornalismo.
Apenas na cidade de Santo André, o mesmo projeto pode ser aplicado
em outros seis Centros Públicos de Formação Profissional
e produzir material educomunicativo para outras cento e vinte salas do
Movimento de Alfabetização para Jovens e Adultos (MOVA)
do município. Tal expansão absorveria não apenas
os quatro estudantes envolvidos, mas também outros alunos da carreira
de comunicação social.
Esta experiência deixou claro para o grupo que a democratização
do conhecimento leva à cidadania e que, apesar das dificuldades,
acreditar no próximo é o mínimo que podemos fazer
para a construção de uma nova sociedade.
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