Adriana Fermino Fahl - FE/UNICAMP
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal
de Educação Infantil Jardim Adelaide, no Município
de Horlolândia - SP, no ano de 2004, contemplando crianças
de 3 e 4 anos.
Este projeto surgiu do desejo de fazer com que as crianças se utilizassem
das várias formas de linguagem e que fosse ao mesmo tempo um projeto
integrador frente aos temas propostos pela Secretaria Municipal (Gincana
da ägua, Dengue, Piolho, Vacinação, reciclagem de Lixo)
e outros discutidos e inseridos no projeto da escola.(como Alimentação,
Exposição Folclórica, etc)
Assim, nada melhor que a Arte, porque ela é uma linguagem que se
expressa por meio de cores, formas, linhas, volumes, texturas, gestos,
sons, cheiros e gostos.
A arte é um trabalho integrador, ao se trabalhar com materiais
de arte, a criança se exercita motoramente, pode expressar seus
sentimentos, reproduzir sensações, organizar conceitos,
isso porque a arte não segmenta em compartimentos, mas ao contrário
ajuda a criança a encontrar uma síntese entre elementos
diferentes.A arte só tem sentido se servir para realimentar o processo
que cada criança vive e orientar o educador no caminho a seguir
com as crianças.
A arte deve nascer de uma necessidade de compartilhar com a criança
– e não uma forma “ensinar” ou “explicar”
porque ela fala por si mesma, sendo a sua conclusão final subjetiva
a cada espectador.
Quando as crianças desenham livremente, expressam aquilo que pensam
e sentem. “A criança desenha para se comunicar com exterior”
(Albano,1984: p.15)
Por meio de suas criações é possível perceber
seu conhecimento intelectual, sua maturidade social, seus interesses e
conflitos, assim como sua capacidade criadora.
Sendo assim, permitir que as crianças desenhem e pintem livremente
possibilita a expressão de suas experiências, facilita a
manifestação de suas emoções . No entanto,
se unicamente utilizarmos de desenhos prontos para colorir e copiar modelos,
quando adultos, estas crianças dirão “não sei
desenhar”.
Como também afirma Henri Matisse: “O artista . . .tem de
olhar para a vida como olhava quando era criança e, se perder essa
faculdade, não poderá se expressar de uma maneira original,
isto é, pessoal” (Gardner, 1997:p.45)
OBJETIVOS:
• Desenvolver a linguagem pictórica, pois através
do desenho a criança expressa seu pensamento, representa seu mundo
e conta sua história;
• Desenvolver a autonomia..As crianças têm o direito
de serem individuais, únicas e livres por meio da expressão
gráfico-plástica;
• Desenvolver a capacidade de observação e de apreciação,
possibilitando dispertar a sensibilidade da criança.
• Propiciar a aquisição de habilidades no manuseio
de diferentes materiais, aumentando-se dessa forma a sua capacidade de
expressão, porque o material se transforma em um veículo
para a representação;
• Conhecer pintores e obras famosas, tais como: Van Gogh, Tarsila
do Amaral, Portinari, Monet, Almeida Júnior e Maurício de
Souza. .
DESENVOLVIMENTO:
As atividades foram realizadas de 2 tipos: observação
e criação.
As atividades de observação apresentaram reproduções
de obras pictóricas de artistas reconhecidos, a fim de iniciar
a criança na apreciação da arte.Observamos também
tudo que estava ao nosso redor, fizemos passeios pelo bairro vendo tipos
de moradia, diferentes carros, construções , tipos de comércio,
etc.
Observamos a natureza dentro e nas redondezas da escola, perecbendo o
cheiro, a forma, a textura das flores, das árvores frutíferas
e não-frutíferas, dos legumes e verduras da nossa horta.
Também observamos os cheiros, a forma, a texturas e o gosto dos
alimentos, e o fizemos utilizando a arte culinária, onde juntos
fizemos bolos, salada de fruta e comidas típicas ( bolo de milho,
canjica,doce de amendoim ,etc)
As atividades de criação referiu-se à livre expressão
gráfico-plástica das crianças e foram realizadas
de forma coletiva, pois através delas é possível
desenvolver atitudes de solidariedade e cooperação entre
as crianças e também é um momento rico para haver
trocas, já que . . .”A criança gosta de ficar sozinha,
gosta de ficar com adultos, mas do que ela mais gosta é de ficar
brincando com seus pares, imitando, reproduzindo e recriando, enfim criando
cultura infantil.(Faria e Palhares, p.79.1999) .Essas atividades foram
produções de pintura, colagem, modelagem, painéis,
desenhos em diferentes tipos de papéis, sucatas aparentemente inúteis
nas quais elas puderam ir fazendo figuras, formas, modelando e desmontando,
ilustrações de um livro, e arte culinária, todas
desenvolvidas de modo que as crianças pudessem experimentar, vivenciar
e exercitar suas cem linguagens, porque . . .
Ao Contrário, As Cem Existem (Loris Malaguzzi)
A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e de falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir
Cem mundos
Para inventar
Cem mundos
Para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
( e depois cem cem cem)
mas roubam-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separam a cabeçado corpo
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e de não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir um mundo que já existe
e de cem
roubam-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que as cem não existem.
A criança diz:
ao contrário as cem existem.
Tradução livre de Ana Lúcia Gourlart
de Faria do original em italiano: Invence il cento c’è, Bambini.
Milão, Ano X, 2, Fev/1994)
CONLUSÃO:
Para registrar este projeto utilizei de fotos e todas
as atividades que eram feitas no papel foram colocadas em um livro bordo,
de modo que pelo menos um trabalho de todas as crianças pudessem
estar no livro.
Considero que o trabalho foi significativo e permitiu que as crianças
vivenciassem diversos tipos de linguagens, podendo manifestar livremente
sua criatividade através de suas cem linguagens.
E este talvez seja o grande desafio do educador, porque muitas vezes a
escola acaba tolhindo a criatividade , a fantasia , a linguagem e o direito
de ser e viver a infância.
BIBILOGRAFIA:
FARIA, Ana Lucia Gourlart de. PALHARES, Marina Silveira
(orgs) – Educação Infantil pós- LDB: Rumos
e Desafios. Campinas, SP:Autores Associados – FE/UNICAMP; São
Carlos, SP:Editora da UFSCar;
Florianópolis, SC: Editora da UFSC, 1999. – (Coleção
polêmicas do nosso tempo; 62)
GODOI, Evanilda de. Arte e Educação. Trabalho de Conclusão
de Curso.Faculdade de Educação- UNICAMP