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PROJETO
LITERATURA EM MINHA CASA – UMA PROPOSTA BEM SUCEDIDA
Magali Ramos Ferreira - Universidade de Taubaté
Silvana De Vitta Martins - Universidade de Taubaté
O objetivo deste projeto foi de despertar o gosto pela
leitura nos alunos das 7as. Series da Escola Estadual Profa. Malba Thereza
Ferraz Campaner, por meio do projeto Literatura em Minha Casa. Para execução
do projeto foi escolhido o gênero conto, por este ser familiar aos
alunos desde os primeiros anos de vida. Para sua execução
as atividades foram divididas em quatro etapas, conforme o quadro abaixo:
Etapa |
Descrição |
1ª. |
Exposição sobre a estrutura
do conto.
Análise do Conto.
O conto se apresenta. |
2ª. |
Apresentação da coletânea
de contos. |
3ª. |
Apresentação dos trabalhos. |
4ª. |
Depoimento por escrito. |
A primeira etapa foi de apresentação da estrutura do conto
com análise do texto “No Retiro da Figueira”, juntamente com sua definição
como gênero discursivo. Inicialmente a análise foi feita de forma oral
para, em seguida, passar para a forma escrita.
Na segunda etapa foram apresentados os livros da coletânea
de contos do projeto “Literatura em minha casa” aos alunos para que, divididos
em grupos, pudessem levar para ler em casa os contos do livro escolhido.
As obras analisadas foram:
Títulos |
Autores |
Em
família |
Artur
Azevedo, Marina Martinez, Ana Maria Machado, Ziraldo, Clarice Lispector
e João Guimarães Rosa. |
De
conto em conto |
Carlos
Drummond de Andrade, Fernando Sabino, Ivan Ângelo, Luiz Vilela,
Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Marcos Rey, Pedro Bandeira
e Wander Piroli. |
Historinhas
Pescadas |
Ângela
Lago, Artur Azevedo, Bartolomeu Campos Queirós, Christiane Gribel,
Eva Furnari, Machado de Assis, Moacyr Scliar, Pedro Bandeira, Rosa
Amanda Strausz e Ruth Rocha. |
Contos
de Estimação |
Sylvia
Orthof, Erico Veríssimo, Adriana Falcão, Ruy Castro e Sílvio Romero. |
Faz
de Conto |
Mário
Quintana, Inácio de Loyola Brandão, Sylvia Orthof, Luís da Câmara
Cascudo, Cora Coralina, Sidónio Muralha e Marina Colasanti. |
Meninos,
eu conto |
Raquel
de Queiroz, Rubem Braga, Antônio Torres, Leo Cunha, Zélia Gattai,
Jorge Amado, Marco Túlio Costa, Malba Tahan e Fernando Sabino. |
A
garupa e outros contos |
Sylvia
Orthof, Marina Colasanti, Paulo Mendes Campos, Machado de Assis
e Afonso Arinos. |
Histórias
Fantásticas |
José
J. Veiga. |
Conta
que eu conto |
Ana
Maria Machado, Ângela-Lago, Daniel Munduruku, Heloísa Prieto e Roger
Mello. |
Deixa
que eu conto |
Carlos
Drummond de Andrade, Dalton Trevisan, Domingos Pellegrini, Fernando
Sabino, Inácio Loyola Brandão, Lygia Fagundes Telles, Machado de
Assis e Moacyr Scliar. |
Era
uma vez o conto |
Moacyr
Scliar, José Paulo Paes, Milton Hatoum, Marcelo Coelho e Drauzio
Varella |
Quem
conta um conto? |
Ana
Maria Machado, Cristina Porto, Flávio de Souza, Ruth Rocha e Sylvia
Orthof |
Meus
primeiros contos |
Leo
Cunha, Hebe Coimbra, João Guimarães Rosa, Luiz Raul Machado, Machado
de Assis e Sylvia Orthof |
Na terceira
etapa, os grupos escolheram os contos que mais lhes agradaram para que
desenvolvessem as seguintes atividades: apresentação por
escrito da análise da estrutura narrativa, ilustração
e encenação – em que cada grupo fez da maneira que
achou melhor, ou seja, dramatizado pelos próprios alunos, teatro
de fantoches e marionetes. Também houve grupo que preferiu apresentar
em forma de histórias em quadrinhos, ou simplesmente fazer uma
leitura dramatizada do conto. Encerrando essa etapa, os alunos apresentaram
cartazes de propagandas dos livros de contos.
Para finalizar, na quarta etapa, cada elemento do grupo emitiu sua opinião
a respeito do projeto. Foi surpreendente a quantidade de alunos que gostaram
muito do trabalho e pelos mais diversos motivos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Com base
nas abordagens teóricas de leitura comentadas, pudemos avaliá-las
e chegar a um ponto comum, ou seja, o que poderíamos retirar dessas
bases para a nossa prática, como professoras de língua portuguesa.
Com elas, foi possível perceber melhor a clientela escolar, observar
nossos alunos e considerar suas histórias, a bagagem que cada um
traz, as trocas de aprendizado, e assim, reavaliar nossa prática.
Notamos também que, com algumas mudanças de atitudes, as
quais começam por nós, professores, podem se transformar,
aos poucos, certos vícios da escola, como a falta de incentivo
e motivação, tanto de alunos como professores.
Superou-se a idéia de que nossos alunos não gostam de ler
- trocada pela certeza de que a maioria deles nunca teve acesso a livros,
e de que não se pode gostar daquilo que não se conhece.
Pudemos analisar melhor os gêneros literários, percebendo-os
também como gêneros discursivos, ou seja, trabalhar a leitura
de maneira que ela se contextualize à vida do aluno, mostrando-lhe
que os textos circulam socialmente, e que devem ser conhecidos em suas
modalidades (diversos tipos de conto, no caso), para se ter acesso efetivo
a eles, e então, também poder produzi-los.
Percebemos, assim, um caminho possível para mostrar ao aluno que
ele é um ser ativo, participante da sociedade, e por isso deve
ter acesso ao conhecimento para poder ser crítico, perceber-se
melhor no meio em que vive e participar ativamente dele; descobrir que
a leitura, além de produzir novos conhecimentos, proporciona prazer,
entretenimento, e que algo pode acrescentar-se em nossas vidas após
o diálogo com um livro.
Confirma-se a adequação de políticas públicas
de incentivo à leitura, que podem atingir plenamente os objetivos,
se calcadas a práticas eficientes.
Esperamos que os estudos e reflexões abordados neste trabalho possam
servir de ponte para novas idéias, novas motivações
e descobertas, para nós, professores, e para nossos alunos. A descoberta
que passa inclusive pelo espelhamento reverso com que a aluna Karen Cristine,
da 7ª. B nos brindou:
“Foi bom ter lido o conto ‘Atrás da porta’, porque
lá falava de uma menina que adorava ler livros e ela se identifica
muito comigo, pelo seu jeito curiosa e alegre.”
REFERÊNCIAS
Obras teóricas
BAKTHIN,
Mikhail M. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2000.
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Paulo: Cortez, 1998. v.2.
CÓCCO, Maria Fernandes et al. Alp novo: análise, linguagem
e pensamento. São Paulo: FTD, 2000. v.3.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez,
1988. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 4)
KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas:
Pontes, 2001.
LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense,
1991. (Coleção primeiros passos; 53)
LOPES-ROSSI, Maria A.G. (org.) Gêneros discursivos no ensino de
leitura e produção de textos. Taubaté: Cabral Ed.
Universitária, 2002.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense,
1993. (Coleção primeiros passos; 74)
MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental:
língua portuguesa.
Brasília: MEC/SEF, 1998.
MOISÉS, Massaud. A criação literária. 4. ed.
rev. aum. São Paulo: Melhoramentos, 1971.
ZAPPONE, Miriam H. Y. Práticas de leitura na escola. Campinas:
Dissertação (Mestrado) – UNICAMP, 2001.
ZILBERMAN, Regina (org.) Leitura em crise na escola: as alternativas do
professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
Obras literárias
ANDRADE,
Carlos Drummond de et al. De conto em conto. São Paulo: Ática,
2001.
ANDRADE, Carlos Drummond de et al. Deixa que eu conto. São Paulo:
Ática, 2002.
AZEVEDO, Artur et al. Em família. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2002.
CUNHA, Leo et al. Meus primeiros contos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2001.
LAGO, Ângela et al. Historinhas pescadas. São Paulo: Moderna,
2001.
MACHADO, Ana Maria et al. Conta que eu conto. São Paulo: Companhia
das Letrinhas, 2002.
MACHADO, Ana Maria et al. Quem conta um conto? São Paulo: FTD,
2001.
ORTHOF, Sylvia et al. Contos de estimação. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2002.
ORTHOF, Sylvia et al. A garupa e outros contos. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
QUEIROZ, Rachel de et al. Meninos, eu conto. Rio de Janeiro: Record, 2002.
QUINTANA, Mario et al. Faz de conto. São Paulo: Global, 2002.
SCLIAR, Moacyr et al. Era uma vez um conto. São Paulo: Companhia
das Letrinhas, 2002.
VEIGA, José J. Histórias fantásticas. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2002.
(Volumes constantes da Coleção Literatura em minha casa)
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