Lilian Rosária Gonçalves de Freitas
- Pontifícia Universidade Católica de Campinas - CAPES -
MEC
Sabe-se hoje que o computador vem ocupando espaços
cada vez maiores na vida do Homem moderno, bem como na área educacional,
sendo inclusive considerado como fator de “qualidade” ou “status
quo” por muitas escolas e grandes empresas. Um grande contingente
de pessoas sente-se obrigado a manter contato com um mundo informatizado,
sabendo ou não lidar com ele, entendendo-o ou não.
Dessa forma, desde o ano de 1999, esta pesquisadora tem-se dedicado à
temática “Educação e Informática”,
uma vez que, como docente, tem passado pelas “modernizações”
nos processos educativos e nas instituições desde 1994,
tanto em termos de equipamentos quanto de metodologias. Nesta época,
todos estavam (profissionais e alunos) deparando-se com os computadores
e com os aspectos técnicos que lhes são peculiares; sem
o conhecimento destes aspectos técnicos, a linguagem própria
advinda com esses equipamentos, entre tantas outras coisas que mais tarde
seria conhecido (Internet, e-mail, Ensino à Distância –
EaD,...) não seria possível utilizar o computador e era
preciso! Naquele momento estavam todos aterrorizados (talvez, até
hoje, alguns ainda estejam!).
Assim, com o passar do tempo ficava claro que tudo isso não seria
passageiro, não seria mais um modismo e que certamente provocaria
muitas mudanças não só nas relações
educativas, mas no mundo todo, como se tem vivenciado com a Educação
a Distância (EaD):
Nas sociedades “radicalmente modernas” (GIDDENS,
1991 e 1997), as mudanças sociais ocorrem em ritmo acelerado, sendo
especialmente visíveis no espantoso avanço das Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC), e provocando,
senão mudanças profundas, pelos menos desequilíbrios
estruturais no campo da educação. Nesta fase de “modernidade
tardia”, a intensificação do processo de globalização
gera mudanças em todos os níveis e esferas da sociedade
(e não apenas nos mercados), criando novos estilos de vida, e de
consumo, e novas maneiras de ver o mundo e de aprender. (BELLONI, 2003,
p. 3)
Então, numa perspectiva de compreender as contribuições
das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
(NTIC´s) para o processo ensino-aprendizagem a pesquisadora dedicou-se
à leitura sobre essa temática e, estando inserida numa realidade
escolar na qual este tema era vivenciado no dia-a-dia, foi-se constatando
que, muito mais importante que a relação entre informática
e Educação, eram as condições sociais e os
valores éticos e morais que os permeiam.
O estudo da tríplice relação “Educação-Informática-Cidadania”,
que se deu a partir desta constatação (em meados do ano
2000) versou em conceituá-los de acordo com as mudanças
mundiais, teoricamente falando e identificando-os, posteriormente, na
prática educativa cotidiana, sempre os relacionando com vista ao
entendimento da práxis educativa para uma superação
das dificuldades iniciais.
Assim, surgiram perguntas como:
• Quais são as mudanças trazidas aos alunos pelo uso
do computador no processo ensino-aprendizagem?
• Como o aluno se relaciona com o conhecimento tendo por intermediário
também o computador?
• Como lidam os alunos com seus pares e com os profissionais –
monitores e professores num ambiente informatizado?
• Como ficam os professores neste novo contexto: quais posturas
que deveriam assumir e quais são efetivamente assumidas?
• Como fica a escola com o computador em seu ambiente: como aproveitá-lo
para otimizar o aprendizado?
Estas e outras questões, serviram como pontos de partida para uma
reflexão e possíveis apontamentos para tendências
e caminhos que pudessem fornecer respostas mais efetivas e otimistas quanto
ao uso das Novas Tecnologias em Educação (NTE), lançando
outras luzes num assunto que, por ser recente, é ainda bastante
complexo.
Embora não devesse ser tão difícil para a área
educacional e para seus profissionais apossarem-se destes instrumentais,
pois quando se fala em NTE, está se falando de uma nova técnica,
um novo instrumento a ser utilizado na Educação, como já
o foi um dia o livro, a lousa e o giz, a televisão, o vídeo
e outros que foram surgindo na história da humanidade, não
sem resistência e dificuldades.
Quando utilizamos o termo tecnologia educacional, os educadores
consideram como um paradigma do futuro, mas a tecnologia educacional está
relacionada aos antigos instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem.
(TAJRA, 2000, p.33)
A partir do ano de 2000, a pesquisadora passou a trabalhar
também na Rede Municipal de Ensino de Campinas, como professora
efetiva e, já atuando há tempos em escolas particulares,
percebeu-se a distância que separava os profissionais de uma rede
e de outra.
Em muitas escolas públicas o processo de informatização,
em pleno ano de 2002, apenas estava tendo início na prática
ou em muito, estava no papel, quer fosse nos documentos oficiais da Rede
de Educação quer nos Projetos Pedagógicos das Unidades
de Ensino. Constatava-se que a maioria dos profissionais não conhecia,
não sabia utilizar as novas tecnologias nem para proveito pessoal
e, ainda, mesmo na rede particular de ensino, isso também ocorria.
Por estas questões e observações na realidade escolar,
passou-se a indagar sobre como a Informática deveria ser contemplada
na formação docente ou de pedagogos (caso este não
exerça um cargo docente e sim não-docente, como orientação
pedagógica, coordenação, direção ou
supervisão escolar) a fim de que contribua beneficamente para o
processo educativo tanto do educando como do próprio educador e
em instância mais ampla, da comunidade escolar.
Assim contextualizado, este trabalho constitui uma parte da dissertação
de Mestrado já defendida em fevereiro de 2005, buscando justamente
a temática da Formação Inicial de Professores e Pedagogos
em relação às Novas Tecnologias de Informação
e Comunicação, observando que poucas das questões
e observações anteriores foram postas às claras.
Sendo assim, tem-se presente também que a pesquisa em questão
adquiriu um caráter de continuidade e extensão das reflexões
e das pesquisas outrora já realizadas por esta pesquisadora, enfocando
agora a relação NTE e formação de professores/pedagogos,
na qual o computador deve constituir-se como um instrumento a ser utilizado
no processo ensino-aprendizagem, superada aquela discussão sobre
a separação entre os técnicos da Informática
(especialistas) e professores (leigos usuários), e que esta relação
está muito além de ser tópica: eis aqui uma nova
área de conhecimento que se constitui; ambas as questões
hão de ser contempladas a partir de uma reflexão crítica
e ética acerca de sua aplicação na Educação.
Na verdade, torna-se cada vez mais difícil pensar numa sociedade
em que os computadores não estejam presentes. É quase impossível
não ter contato com ele ou com algo informatizado, uma vez que
a Informática está presente nas comunicações
(celulares, televisores cada vez mais incrementados, DVDs, entre outros),
nos negócios e empresas (relógio-ponto digital, as máquinas
e computadores com recursos cada vez mais modernos...), no comércio
(uso de cartões eletrônicos para pagamento, sensores contra
furtos em supermercados, entradas de estacionamento para supermercados
são feitas por controle de cartões liberados nos caixas,...),
nos transportes (a catraca eletrônica em ônibus), no lazer,
nos lares e também na Educação.
Robôs, máquinas, computadores, aparelhos eletrônicos
de toda espécie já organizam a vida das pessoas, independente
de sua classe sócio-econômica (para lembrar aqui, que este
assunto não diz respeito apenas aos bem-abastados financeiramente,
embora estes tenham maior acesso), há um bom tempo.
Antigamente isso acontecia em nosso imaginário, em que as máquinas
mais esquisitas assumiam papel de heróis ou de vilões, visão
esta sempre distorcida pela desinformação sobre o que realmente
vem a ser um computador e seus possíveis usos pelo Homem. A maior
parte das pessoas pensava, e algumas ainda pensam, que o computador ou
as máquinas informatizadas pensam sozinhas e podem chegar a dominar
o mundo e o Homem. Exemplo disto são filmes como Matrix, que fazem
sucesso no mundo todo e retratam esta questão: quem domina quem
– o Homem domina o computador ou vice-versa?
Ainda hoje, após tentar lidar melhor com esses equipamentos, geralmente
por força da necessidade, persistem as visões que os Meios
de Comunicação de Massa (televisão, cinema, jornais,
revistas, livros,...) criam nas mentes humanas sobre o assunto.
Desde que surgiu, a Informática passou a ser assunto presente em
todos os campos de conhecimento, ganhando destaque nas produções
artísticas, cujos enfoques variam desde um mundo perfeito até
uma visão apocalíptica, na qual computadores são
os instrumentos que auxiliam a dominar ou destruir o mundo. São
exemplos disso: os Letronix, brinquedos em forma de letras comercializados
no final da década de 90, que se transformam em robôs para
salvar as pessoas de problemas textuais; fizeram muito sucesso entre crianças
de 5 a 8 anos, mais ou menos, tendo sido distribuídos como parte
integrante da Revista Recreio, uma publicação infanto-juvenil
da Editora Abril.
De qualquer forma, tais produções revelam mais uma vez o
quanto o computador está presente na vida do Homem moderno, desde
a mais tenra idade. Outra questão fundamental, tanto para a formação
de professores quanto para a formação de profissionais em
geral diz respeito à inter-relação entre Cidadania,
sociedade tecnológica e a formação do trabalhador
No âmbito do processo de formação
escolar, no sentido amplo do termo, a introdução de novas
tecnologias se manifesta segundo duas vertentes distintas, que indicam
e delimitam o que nós consideramos como sendo a espinha dorsal
da discussão em torno da inter-relação entre formação,
cidadania e sociedade tecnológica: o futuro do trabalho e a identificação
do perfil do trabalhador em função da reestruturação
do sistema produtivo. (...) Tendo em vista os constantes avanços
tecnológicos e sua incorporação imediata nas empresas
em função da busca pela qualidade total, condição
para se manter no mercado, esta formação ampla procuraria
introjetar em cada trabalhador uma necessidade virtual e vital por autoformação
continuada, condição para se manter no emprego.(SANTOS,
2003 p.16)
Este trabalho apresenta suscintamente aspectos fundamentais
para a formação e prática docentes, como: a relação
Homem – Máquina, a utilização dos computadores
para a produção de conhecimentos e a relação
de possível colaboração entre Novas Tecnologias,
Educação, Cidadania e a Formação de Professores/Pedagogos,
num país onde grande porcentagem da população nem
possui emprego, portanto muitos lutam por condições básicas
de sobrevivência. Deseja-se contribuir para uma Educação
com vistas à Cidadania real e possível, bem como para a
inserção e uso dos computadores e Internet nos cursos de
Pedagogia – formação de professores, assim busca-se
também um olhar sobre a questão do Conhecimento em Rede,
da Internet e da formação de professores a partir da compreensão
de que se está em mudança a forma de conceber o Mundo, o
Homem, a Sociedade, o Conhecimento; desta forma, os novos professores
e pedagogos precisam refletir sobre estas questões em sua formação
inicial.
A formação dos professores, no que diz respeito a sua qualificação
como usuário das Novas Tecnologias, que se mostram cada vez mais
presentes nas escolas atualmente, constitui a problemática central
nesta pesquisa. Tanto no quesito dos aspectos técnicos como nos
político-ideológicos que perpassam o assunto.
O presente texto, traz os caminhos e desafios apontados pela pesquisa
feita com os alunos de Pedagogia de uma instituição de Ensino
Superior particular de Campinas – S.P., através da aplicação
de um questionário contendo questões que favorecessem uma
caracterização da população pesquisada, seus
conhecimentos em Informática e seu uso no cotidiano, suas opiniões
sobre as NTE, suas expectativas em relação à temática
no Curso de Pedagogia e quanto ao uso do laboratório de informática
do curso. Para os sujeitos que trabalhavam em Educação,
foram feitas perguntas específicas do trabalho realizado com os
alunos, quantidade de computadores, tipo de escola em que trabalhavam,
a fim de possibilitar uma análise comparativa sobre o uso que fazem
das NTE e sua opinião sobre elas.
Todos os questionários foram lidos, as respostas foram categorizadas
e em seguida os dados coletados foram analisados à luz da fundamentação
teórica e da própria experiência da pesquisadora na
área educacional e ex-aluna do curso de Pedagogia pesquisado.
Para trazer elementos que respondessem o que pensam os alunos de Pedagogia
sobre as Novas Tecnologias na formação docente, foram pesquisados
os próprios sujeitos desta formação no momento da
mesma. Assim, este trabalho discute a formação docente inicial.
Pela análise dos dados é importante ressaltar que grande
parte dos alunos de Pedagogia fazem uso das Novas Tecnologias, quer seja
para trabalhos acadêmicos, para entretenimento ou para atividades
profissionais. Porém, a porcentagem de alunos que não responderam
(23,7%) ou que responderam que apenas realizam trabalhos acadêmicos
(10,7%) são significativas, pois apontam para a necessidade de
se explorar mais o uso do computador e da Internet, para além de
atividades rotineiras, favorecendo uma postura de livre iniciativa quanto
ao uso e possibilidades das NTE da parte dos alunos, tanto na Universidade,
quanto em sua profissão ou em sala de aula com seus alunos. Para
isso, há necessidade de espaços para que a discussão
sobre as NTE ocorra bem como a possibilidade de os alunos experimentarem
estes recursos, fazerem testes e assim poderem criar novas formas metodológicas
e novos conhecimentos a partir destes recursos tecnológicos.
Para investigar se os alunos, mesmo já sendo usuários das
Novas Tecnologias no cotidiano, acreditavam ser importante e concordavam
com o seu uso em Educação, perguntou-se a opinião
dos mesmos sobre a relação Educação e Novas
Tecnologias (Internet e uso do computador).
As respostas foram analisadas a partir de cinco categorias: Positivo (para
aqueles que acreditam que as Novas Tecnologias só tem a contribuir
em todos os sentidos no processo ensino-aprendizagem); Positivo com ressalvas
(quando os alunos acreditam que as Novas Tecnologias são importantes,
mas devem ser inseridas com certo cuidado na Educação),
Negativo (para aqueles que acreditam que as Novas Tecnologias não
trazem contribuições para a Educação), Negativo
com ressalvas (quando as respostas apontavam no sentido de que as Novas
Tecnologias não são tão importantes para a Educação
a fim de serem tratadas no curso de Pedagogia, porém o mundo está
se modernizando e a Educação precisa acompanhar) e finalmente,
a categoria Outros, quando o participante não deixava claro sua
opinião.
A maior parte dos alunos respondeu que as Novas Tecnologias são
importantes, sendo que 52,8% responderam positivamente sem ressalvas;
porém, um índice considerável, de 40,7% apontou que
as Novas Tecnologias são importantes no mundo, mas devem ser integradas
à Educação de forma cautelosa, com preparo dos profissionais
numa linha crítico-reflexiva e que a escola deva ter resguardada
uma estrutura física, com espaço adequado e número
de computadores suficiente bem como recursos humanos, com formação
continuada para os professores acompanharem as mudanças e atualizações,
para que haja um trabalho pedagógico no sentido de produção
de saberes e não mera execução de técnicas
e comandos, levando a uma alienação do trabalho docente
e discente.
Sobre isso Kawamura (1998), lembra ainda que saber consiste em conhecimentos
aplicados à produção, ou seja, não basta conhecer
é necessário aplicar este saber. Neste sentido as Novas
Tecnologias sintetizam por sua própria natureza estes dois aspectos:
o fazer e o pensar sobre ele.
O maior índice de aprovação para Novas Tecnologias
e Educação sem ressalvas apareceu para os alunos do 1o.
semestre, enquanto que o 7º semestre apresentou um índice
menor nesta categoria em relação ao anterior e, um índice
maior de aprovação com ressalvas, salvo as proporções
entre a porcentagem de alunos de uma série e outra no interior
da população. Para a categoria Positivo, pode–se afirmar
que o índice decresceu durante o curso, sendo que a categoria Positivo
com ressalvas cresceu, apontando para um amadurecimento intelectual dos
alunos durante o curso, gerando uma postura mais crítico-reflexiva
do aluno de Pedagogia.
Uma vez entendido que a população pesquisada acolhe as Novas
Tecnologias voltadas à Educação, mesmo com algumas
ressalvas que são muito pertinentes e foram citadas de forma sintética
anteriormente, buscou-se verificar se, além dessa forma generalizada
de relacionar Novas Tecnologias à área educacional, os alunos
concordavam no uso destas pelo professor, ou seja, na dimensão
mais pragmática do fazer docente e logo em seguida, as possíveis
justificativas para o uso das Novas Tecnologias pelo professor.
A porcentagem de resposta dos alunos foi de 95,2% para a afirmativa, de
que os professores devem usar as Novas Tecnologias na prática educativa.
Quanto às justificativas para este uso, as respostas mostraram
a relação entre a formação (profissional ou
não) dos educandos e o mercado de trabalho, obtendo-se o maior
índice (35,8%) para a categoria Acompanhar a modernização
do mundo, do mercado de trabalho e da Educação entre as
demais categorias de análise para esta questão.
Pode-se considerar também, que há alunos de Pedagogia, que
consideram a idéia de que a Educação e a escola não
são fragmentos depositados no seio da sociedade, mas fazem parte
de sua dinâmica intrínseca de funcionamento. Os alunos consideram,
com 26% das repostas, que na Educação as Novas Tecnologias
ajudam a fazer “Atualização de informações”,
não só no campo educacional mas em todos os setores da vida
social, esta foi a segunda categoria mais apontada pelos alunos em suas
respostas.
Esta colocação aponta também para a questão
da Inclusão Digital, ou seja, da preocupação de que
a maior parte da população possa ter acesso e domínio
das Novas Tecnologias por meio do processo educativo, a fim de que não
fiquem à margem do processo de modernização e de
evolução dos meios de comunicação e informação.
Como afirmam autores como SCHAFF, 1993; MORAN, 2003; SANCHO, 1998; MACHADO,
2002; LÉVY, 2000; SANTOS, 2003, é importante ressaltar que
os professores (e aqui os futuros pedagogos), compreendem as NTIC´s
dentro de um contexto social representado por relações de
poder e desigualdade. A realidade de trabalho em que se encontram é
de praticamente metade dos alunos pesquisados são trabalhadores)
influi também naquilo que pensam sobre as Novas Tecnologias.
Quanto ao posicionamento dos alunos cursando o 7o semestre (alunos que
já estavam concluindo o curso), sobre os temas mais abrangentes
a respeito das NTIC´s na Educação propostos pela pesquisadora
apenas para esta série, tem-se que dos 85 alunos de 7º semestre
que responderam à pesquisa, 25 responderam que não sabiam
o que responder, somando 29,4% do total; de repostas válidas por
conter uma mensagem satisfatória para a pesquisa, 24,7% dos alunos
apontaram que a escola e o professor precisam atualizar-se perante o mundo,
acompanhando as mudanças deste último; 17,6% mostraram-se
sensíveis à questão do uso da Internet pelos educandos,
apontando a necessidade de o pedagogo estar preparado para auxiliar ou
educar que seja, a “filtrarem” as informações
que têm acesso pela Internet, apontando também para a questão
ética e para a competência do profissional da Educação.
Competência profissional, pois para poder auxiliar na seleção
de informações via rede, é preciso possuir conhecimentos
de sua área de atuação, dos recursos tecnológicos
e de outras áreas para as quais não se formou em curso de
graduação certamente. Esta é uma das mudanças
trazidas para a área da formação de professores e
da Educação como um todo (no capítulo 2 refere-se
à metáfora do conhecimento em rede, MACHADO, 2002) que foi
sinalizada mais diretamente nestas respostas do 7º semestre, mas
também apareceu nas outras séries quando se referia à
atualização de informações perante o mundo
e a Educação.
Concordando-se com o autor a seguir quando este afirma que
A noção do conhecimento como rede conduz
a um redimensionamento no papel das disciplinas. A metáfora do
mapa, ou da teia disciplinar como mapeamento para orientar os percursos
sobre a rede de significações, precisa ser explorada de
modo conseqüente, estimulando-se o livre trânsito entre diversas
fronteiras disciplinares, abertas, flexíveis, em vez de delimitar
territórios com um sentido de posse;[...] (MACHADO, 2002, p. 23)
Sobre o papel da escola e do professor diante das Novas
Tecnologias para os alunos do 7º semestre, os alunos apontaram novamente
a necessidade de atualização dos professores frente às
mudanças no mundo, principalmente aquelas causadas pela inserção
das Novas Tecnologias e Internet.
Houve também a questão da criatividade e da criticidade
relacionada às Novas Tecnologias na Educação, que
aparece em 3º lugar pela quantidade de respostas que aludiam a questão.
Da mesma maneira, um professor que não teve uma formação
e, portanto uma experiência, uma prática reflexiva sobre
como usar e ousar com as Novas Tecnologias em sala de aula, que compreenda
seu alcance como uma nova área de conhecimento e não como
mais uns instrumentos para se aprender a usar, em sua atuação
profissional, poderá encontrar certas dificuldades para oferecer
aos alunos elementos que os façam agir com criatividade e criticidade;
esta última categoria do pensamento humano precisa ser exercitada
cotidianamente, não se dá de uma hora para outra.
Quanto a este último aspecto, verificou-se bem uma ausência
do exercício da criticidade no cotidiano pelos próprios
alunos, uma vez que, ao ser oferecido um espaço de expressão
de suas opiniões para fins de pesquisa, portanto que ficará
registrado, os alunos em sua maioria, preferiram omitir-se: 75,3% deixaram
em branco o espaço para as opiniões ou escreveram “Sem
comentários”, “Nada a dizer”, “Não
sei o que escrever” ou passaram um traço cancelando o espaço
deixado para resposta.
Dos 24,7% ou seja, 21 alunos que deixaram seus comentários pessoais,
9,4% referem-se ao mau uso das Novas Tecnologias em Educação,
tanto na escola – campo de atuação dos futuros pedagogos
– como no próprio curso de Pedagogia – espaço
de formação daqueles que atuarão ou já atuam
em escolas.
Conforme afirma Arruda (2004, p. 123-124) sobre o papel da escola e do
trabalhador docente, dos quais se está de acordo e deseja-se estender
ao Ensino Superior e ao curso pesquisado, entendendo-se ‘escola’
como também ‘Ensino Superior’
A escola e o trabalhador docente vivem um grande dilema:
se quiserem se ater às exigências do mercado, contribuem
para a formação desses ‘predadores’; se quiserem
oferecer uma formação mais ampla no uso de novas tecnologias,
precisam repensar sua organização, o papel do professor
no processo de ensino-aprendizagem e também o seu papel na sociedade.
(...) As tecnologias são constituídas por relações
de poder que se circunscrevem no sistema produtivo hegemônico. As
discussões sobre tecnologias, em sua conceituação
moderna, nos levam a pensá-las como formas de construir o mundo,
possibilitando competências para a apropriação de
recursos, sejam eles naturais, humanos ou produzidos. (...) O grande viés
das discussões sobre a introdução de novas tecnologias
na escola se dá na sua resistência em compreendê-las
não como técnica ou equipamentos, mas como uma relação
entre o homem e seu projeto de mundo.
Diante do exposto anteriormente e enfocando a possível
relação entre o homem e seu projeto de vida que pode ser
mediado ou compreendido a partir das Novas Tecnologias (não como
meras técnicas), perguntou-se para os alunos o que esperavam do
curso no tocante ao tratamento das Novas Tecnologias. Além de os
alunos terem uma imagem positiva da relação Educação
e Novas Tecnologias, eles sentem necessidade desta temática no
curso de Pedagogia.
A maioria dos alunos manifestou o interesse no oferecimento de uma disciplina
ou de um curso sobre as Novas Tecnologias na Educação, mostrando
o desejo de conhecer melhor este assunto.
A Universidade pesquisada possui vários Laboratórios de
Informática, inclusive na própria Faculdade de Educação
na qual encontra-se o Curso de Pedagogia. Para compreender o uso que os
alunos fazem deste espaço, para enriquecimento de sua formação,
bem como a forma de uso que o curso incentiva (ou não!), perguntou-se
aos alunos o que faziam no Laboratório de Informática.
Apenas 8,7% da população pesquisada respondeu que não
utiliza o Laboratório, 6,1% não respondeu a questão
e 14% respondeu que o Laboratório não contribui para a sua
formação. Se somados estes percentuais, tem-se 28,7% que
possuem uma visão bastante negativa deste espaço. Ao contrário,
20,1% respondeu que o Laboratório é importante para sua
formação, 11,9% respondeu que utiliza para digitar, imprimir
trabalhos e fazer apresentações no Power Point e 10,7% faz
pesquisa na Internet. Assim, tem-se uma visão positiva do Laboratório
por 42,7% dos alunos. Por fim, o número mais significativo se analisado
isoladamente, sem associá-lo a outra categoria aponta 24,2% afirmando
que o Laboratório é um bom espaço para aprendizagem,
para troca de informações e idéias além de
ser um espaço de socialização, porém faltam
condições físicas e organizacionais para otimizar
o uso e o aproveitamento do mesmo como espaço de aprendizagem.
Quanto ao Laboratório de Informática,pode-se dizer que
O uso da Informática, de forma positiva dentro
de um ambiente educacional, irá variar de acordo com a proposta
que está sendo utilizada em cada caso e com a dedicação
dos profissionais envolvidos.(...) Os momentos nos laboratórios
de informática devem possuir muitas atividades práticas.
Devem-se evitar momentos de explanação muito extensos. Esses
ambientes favorecem uma nova socialização que, às
vezes, não conseguimos nos ambientes tradicionais. (TAJRA, 2000,
p. 45-46)
Como o Curso de Pedagogia pesquisado possui alunos que
já atuam em Educação, buscou-se realizar uma breve
caracterização do tipo de escola e série nas quais
trabalham, que tipo de atividades realizam com os seus alunos e se acessam
e-mail e Internet da escola (local de trabalho) para que se pudesse ouvir
a voz dos alunos que também são docentes e portanto, podem
oferecer contribuições sobre estas questões com base
em sua própria pratica pedagógica.
Concluiu-se que no 1o semestre de 2004, a maioria equivalente a 61,7%
lecionavam em escolas particulares, 18,4% em escolas municipais e 10,2
trabalhavam em escolas estaduais. Observa-se que mais da metade dos respondentes
que trabalham em Educação atuam na rede particular.
Pôde-se verificar que os alunos-docentes têm uma atuação
muito grande na Educação Infantil (crianças de 3
a 6 anos), com 58,2% das respostas. Para 1a. a 4a. séries do Ensino
Fundamental tem-se 20,9% e para Outros tem-se o terceiro maior índice
de respostas. Para esta categoria Outros se está considerando as
respostas dos próprios alunos, quer sejam: professores que atuam
em Organizações não-governamentais e dão reforço
escolar, professores que atuam em alguma escola, mas não têm
sua classe, dão apoio pedagógico ou ainda, aqueles que trabalham
na área educacional, mas são proprietários da escola
ou trabalham na secretaria e demais cargos administrativos dentro de uma
escola.
Mais da metade das escolas onde os alunos lecionam possui computador disponível
para o uso pedagógico, contudo ao ser perguntado se os computadores
da escola eram suficientes para trabalhar com todos os alunos ao mesmo
tempo, 60,7% dos alunos-docentes responderam que não. Este índice
aponta para a questão da preocupação excessiva com
o aparato tecnológico em si, sua inserção na escola
e que relega ao segundo plano toda a organização necessária
de um projeto pedagógico de escola que contemple o trabalho com
Novas Tecnologias e então considere Laboratórios de Informática
bem equipados, com computadores suficientes para o trabalho com todos
os alunos, pessoas preparadas para lidar com alunos e que conheçam
as Novas Tecnologias.
Quando se buscou saber qual trabalho pedagógico era feito pelo
professor com relação às Novas Tecnologias, verificou-se
que 26,0% das respostas indicaram que existe um técnico ou um responsável
pelas atividades; a maioria das respostas, porém aponta para aqueles
que não responderam à pergunta ou responderam Outros (51,0%).
Outros representa atividades criadas pelo professor para trabalhar determinados
conteúdos. Com 15,8% percebe-se que os professores utilizam o computador
apenas como um recurso diferente, aplicando nos alunos jogos de softwares
ou utilizando sites educativos.
Na escola os professores não utilizam significativamente a Internet,
sendo que apenas 31,1% respondeu usar a Internet na escola para realizar
atividades intra-escolares ou pesquisa de material para organizar e preparar
as aulas, o que remete à questão sobre a maioria ter computador
em casa e acessar a Internet/ usar o e-mail da faculdade ou de casa.
Portanto, tudo o que foi analisado a respeito do uso das NTE na formação
dos alunos do curso de Pedagogia pesquisado, mostra que ainda existe muito
a ser feito em prol deste curso superior no sentido de otimizá-lo
quanto a sua qualidade, a fim de formar pedagogos e professores sintonizados
com o mundo e a sociedade em que vivem, capazes de exercer sua cidadania
plena, pois a realidade mostra que a escola está em processo de
transformação para inserir e trabalhar com as NTE e o professor-pedagogo
de fato precisa ser formado neste sentido ou nesta temática.
Seria quase impossível escrever em poucas linhas
as grandes vantagens e possibilidades que podemos ter com a Internet.
Tudo isso é possível a um custo de uma ligação
telefônica local, sem pagar passagens aéreas, sem pegar congestionamento
no trânsito, sem custos de hotelaria. A Internet é a mídia
que mais cresce em todo o mundo. A Internet está promovendo mudanças
sociais, econômicas e culturais. Estamos diante da Revolução
Digital, (...) Estamos diante de novos paradigmas, de novas formas de
produção, de novos empregos, de novas formas de comunicação
e a escola também será atingida por esta revolução
binária e digital. (TAJRA, 2000, p. 114 -115)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença e a influência que as Novas Tecnologias
têm hoje na sociedade e na Educação contemporâneas
conduz à reflexão sobre os desafios que as mesmas apontam
para o avanço educacional dos povos, dependendo logicamente da
forma como as utilizem.
Refletir sobre as Novas Tecnologias em Educação, a partir
do olhar discente, num curso de Pedagogia conduz certamente para a discussão
de que os processos de comunicação e informação
tendem a ser cada vez mais participativos principalmente pelo advento
da Internet e que, a utilização das NTIC´s pelos profissionais
da Educação ainda é muito incipiente, embora já
se observe inúmeros trabalhos de pesquisa que se debruçam
sobre a temática.
Com o advento das NTIC´s pode-se afirmar que a relação
professor-aluno tende a ser cada vez mais aberta, flexível e interativa,
proporcionando uma integração mais profunda entre a sociedade
e a escola, entre a aprendizagem e a vida. A aula não é
mais um espaço determinado; mas é o tempo e espaço
contínuos de aprendizagem. O imperativo é aprender e não
impor um padrão único de ensinar.
De qualquer forma, as possibilidades de mudanças na Educação
pela introdução progressiva das Novas Tecnologias continuam
gerando questionamentos nos professores e futuros pedagogos sobre o seu
papel social e sua prática pedagógica. Pode-se dizer que,
a princípio, diante dos desafios dos novos instrumentos, os professores
engajados neste processo tendem a se preocupar em desenvolver habilidades
tecnológicas. Os alunos de Pedagogia pesquisados também
demonstraram esta preocupação, mesmo aqueles que ainda não
atuam em escolas ou mesmo na área educacional.
A partir dos dados analisados, constatou-que os alunos de Pedagogia percebem
que o papel do professor tem se ampliado significativamente no decorrer
da História. Passou de informador, que dita conteúdo, para
orientador de aprendizagem, para gerenciador de pesquisa e comunicação,
dentro e fora da sala de aula, de um processo que caminha para ser semi-presencial,
aproveitando o melhor do que se pode fazer na sala de aula e no ambiente
virtual.
Constatou-se que o olhar discente sobre sua formação e sua
futura profissão, exige uma visão pedagógica inovadora,
aberta, que pressupõe a participação dos alunos,
podendo utilizar algumas ferramentas simples da Internet para melhorar
a interação presencial ou virtual entre todos os envolvidos
no processo educativo.
O uso das Novas Tecnologias na Educação e no ambiente escolar
é algo que existe e deve ocorrer. Sobre a inserção
das NTIC´s pode-se afirmar que:
os debates devem ir além da introdução
deste ou daquele computador. Faz-se necessário discutir as implicações
sociais dessas tecnologias, como, para que e a quem interessa o seu uso,
quais objetivos são traçados para a educação
dos alunos, que modelo de organização do trabalho será
implantado na escola, em que o trabalho docente será alterado,
de que forma o seu uso pelo docente se refletirá em sua identidade
e valorização profissional, além da contribuição
que as NTIC podem agregar à efetividade do processo ensino-aprendizagem.(ARRUDA,
2004, p. 113)
No entanto estes debates deveriam estar contemplados no
Curso de Pedagogia uma vez que formam os futuros pedagogos e professores,
o que não ocorre segundo a visão dos alunos participantes
nesta pesquisa, conforme mostraram os dados citados anteriormente. Para
os alunos há uma urgência na abordagem desta temática,
tanto em termos teóricos quanto práticos, uma vez que se
constatou também uma certa carência no manejo e domínio
dos instrumentos tecnológicos para fins de ampliação
de conhecimentos.
Na visão dos alunos, o Curso de Pedagogia também poderia
otimizar o uso do Laboratório de Informática, uma vez que
ele necessitaria ser melhor aproveitado para uma prática educativa
reflexiva, pois segundo os alunos o Laboratório serve apenas como
espaço de produção e impressão de trabalhos
acadêmicos, pesquisas na Internet e local onde há computadores
disponíveis para uso.
Os alunos apontaram a necessidade de se organizar a utilização
deste espaço (Laboratório), a fim de torná-lo de
fato um ambiente de aprendizagem coletiva. Os alunos pesquisados deixaram
por escrito sugestões para que o Laboratório de Informática
torne-se um ambiente propiciador de aprendizagem com qualidade, intencionalidade
e criticidade. Assim, sugeriram marcar horários para que grupos
usem o Laboratório acompanhados de um docente do curso que organizará
a atividade de forma que as Novas Tecnologias sejam discutidas e utilizadas
na aula; capacitar a equipe de atendimento do Laboratório para
que auxiliem na ampliação dos conhecimentos técnicos
necessários para o uso do computador e da Internet; controle do
uso e fins do Laboratório, para que todos, sem exceção,
tenham oportunidade de gozar deste benefício oferecido pela Universidade
aos alunos.
Da mesma forma que os alunos do Curso de Pedagogia apontaram o melhor
aproveitamento do Laboratório de Informática, aqueles que
já trabalham em Educação alertaram para que, a inserção
das NTIC´s precisa ser feita com cuidado para que as tecnologias
(computador, Internet, programas, CD-ROM, televisão, vídeo
ou DVD) não se tornem para o professor apenas mais uma maneira
de “enfeitar” as suas aulas, mas sim uma maneira de desenvolver
habilidades e competências que serão úteis para os
alunos em qualquer situação de sua vida.
Há urgência do professor se manter atualizado e familiarizado
com o potencial dos novos recursos tecnológicos e audiovisuais
que estão entrando na rotina das escolas.
Deste modo, o futuro pedagogo precisa conscientizar-se de que o seu papel
mudou, ou seja, a sua função não é apenas
ensinar, é também aprender e se renovar para preparar aulas
que sejam capazes de seduzir a geração do videogame e motivá-la
ao aprendizado. Esta tarefa de capturar a atenção, organizar
e aprofundar os conhecimentos que muitas vezes chegam por vias eletrônicas
tem exigido esforço redobrado dos professores. Levar a classe para
fora da sala de aula, planejar atividades que começam no cotidiano
do aluno e empregar tecnologia são recursos que os mestres do século
XXI necessitam utilizar para diversificar a rotina das aulas.
Por esses motivos, há necessidade se oferecer também nos
cursos de formação para professores, discussões,
cursos e até mesmo uma (ou mais, por que não?) disciplina
na Grade Curricular que enfocassem as Novas Tecnologias na Educação
como um campo de conhecimento e não apenas como manuseio do aparato
tecnológico. Para os futuros pedagogos é primordial que
se mantenham “alfabetizados tecnologicamente” para não
estagnarem perante a realidade das transformações que estão
ocorrendo em nossa atualidade. Tal necessidade ainda não está
sendo contemplada na formação dos alunos pesquisados.
Tendo uma base de conhecimentos educacionais, associada a uma compreensão
do papel das Novas Tecnologias em Educação, cada docente
poderá encontrar uma forma mais adequada de integrar as várias
tecnologias que despontam a cada dia à sua prática pedagógica.
Não se pode ignorar o advento da Internet e com ela a possibilidade
da Educação à Distância (EaD). Para entender
o papel do educador na EaD e em relação ao uso da Internet,
é necessário lembrar que a EaD é o processo de ensino-aprendizagem,
mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados
espacial e/ou temporalmente. Apesar de não estarem juntos, de maneira
presencial, eles podem estar conectados, interligados por tecnologias,
principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também
podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o
vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
A EaD e o uso da Internet são práticas que permitem um equilíbrio
entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma
presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar
rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir
resultados. Por isso, neste trabalho, fez-se questão em abordá-las:
não se trata de fazer toda a formação docente num
sistema virtual ou semi-presencial (como já existem muitos hoje
em dia), mas aprender a usar esta forma de Educação para
contactar outras formas de pensar diferentes das de nossa sociedade, além
do incentivo às habilidades individuais e coletivas.
A incorporação das Novas Tecnologias na sociedade traz mudanças
na forma de educar e na relação professor-aluno que devem
ser consideradas. Com ela, o papel do professor e do aluno se modifica
profundamente. O aluno deixa de ser visto como mero receptor de informações
ou assimilador de conteúdos a serem reproduzidos em testes ou exercícios.
O professor deixa de ser um provedor de informações ou um
organizador de atividades para a aprendizagem do aluno. Aluno e professor
passam a ser companheiros de comunidade de aprendizagem, o professor com
uma função de liderança, de "animação"
no sentido mais literal da palavra, de despertar a "alma" da
comunidade. E nisto é apoiado e acompanhado por seus alunos, que
se animam uns aos outros, procurando o crescimento comum.
Como se vê, são desafios grandes que exigem um grande esforço
por parte de todos. Em primeiro lugar, depara-se com o desafio para aprender
a ser um aluno online. Ser um aluno online é mais do que aprender
a surfar na Internet ou usar o correio eletrônico, é ser
capaz de atender às demandas dos novos ambientes online de aprendizagem,
é ser capaz de se perceber como parte de uma comunidade virtual
de aprendizagem colaborativa e desempenhar o novo papel a ele reservado
nesta comunidade.
Em segundo lugar, exige um esforço por parte do professor de tornar-se
um professor online, ou como afirma Arruda (2004), um “Ciberprofessor”.
Não se trata apenas de formar o professor ou os futuros pedagogos
a "mexer com o computador", navegar na web ou usar o e-mail.
Assim como aprender a usar o quadro e o giz não faz de ninguém
um professor convencional, aprender a usar computador, periféricos
e software não faz de ninguém um professor online ou um
Ciberprofessor.
O professor online precisa, antes de tudo, embuir-se dos novos conceitos
em Educação, o que vai exigir dele ser mais flexível,
criativo e crítico. Não é apenas algo pronto a ser
aprendido e executado, e sim constitui um novo meio no qual ele tem que
aprender a se movimentar, ajudando a elaborar uma nova proposta pedagógica
que ele ajudará a criar com a sua prática educacional. Assumir
o papel de companheiro, líder, animador da coletividade é
algo bem diferente do que tem sido a atividade realizada pelo professor
até os dias de hoje.
A grande competência do professor deverá se concentrar não
apenas no domínio de um conteúdo ou de técnicas didáticas,
mas na capacidade de mobilizar a comunidade de aprendizes em torno da
sua própria aprendizagem, de fomentar o debate, manter o clima
para a ajuda mútua, incentivar cada um a se tornar responsável
pela motivação de todo o grupo.
Tanto nos cursos convencionais como nos cursos a distância teremos
que aprender a lidar com a informação e o conhecimento de
formas novas, pesquisando muito e comunicando-nos constantemente. Isso
nos fará avançar mais rapidamente na compreensão
integral dos assuntos específicos, integrando-os num contexto pessoal,
emocional e intelectual mais rico e transformador. (...) Ensinar não
é só falar, mas se comunicar com credibilidade. É
falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela
interação autêntica, contribua para que os outros
e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe.
(Moran, 2000, p. 61-62)
A análise dos dados junto ao corpo discente do
curso de Pedagogia pesquisado constatou assim que, embora haja uma visão
bastante favorável dos alunos à inserção das
Novas Tecnologias na Educação, o Curso ainda não
contempla de forma suficiente esta temática, nem na prática
nem em teoria: a Grade Curricular não menciona, no elenco das disciplinas,
alguma referente a este assunto; pelas respostas dos alunos sobre o Curso
e as NTIC´s, apurou-se que o assunto não aparece também
como tópico de discussão nas disciplinas componentes da
Grade em questão.
Esta ausência de discussão sobre a temática no curso
gera expectativas no decorrer do mesmo, sobre qual a melhor forma de se
utilizar as Novas Tecnologias no cotidiano da prática educativa.
Para que esta situação seja otimizada enfim, percebe-se
a necessidade da inclusão de conteúdos conceituais sobre
o assunto que perpasse todas as disciplinas do curso de Pedagogia, bem
como poderia ser organizado um melhor aproveitamento do Laboratório
de Informática do curso conforme já explicitado anteriormente.
Muitos são os desafios a serem percorridos na formação
dos futuros pedagogos contudo, os alunos do curso de Pedagogia mostraram-se
entusiasmados com estas NTIC´s, ao mesmo tempo preocupados com a
falta de integração destas no curso freqüentado por
eles.
Finalmente, este trabalho buscou colaborar com a discussão acerca
das Novas Tecnologias na Educação focando o curso universitário
de formação de professores e o olhar discente sobre a questão
para, quem sabe, provocar outras investigações a respeito.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
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tecnologias, ensino e trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica/FCH-FUMEC,
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rev., atual. e ampl. São Paulo: Érica, 2000.