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EXPECTATIVAS
DOS ESTAGIÁRIOS DE LICENCIATURA E CONDIÇÕES PARA O
DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR?
Edna Falcão Dutra [ednadutra@mail.ufsm.Br]
- UFSM
Paula Gaida Winch [pgwinch@yahoo.com.Br] - UFSM
Liane Batistela Kist [lianekist@yahoo.com.Br] - UFSM
Eduardo A. Terrazzan [eduterra@smail.ufsm.Br] - - UFSM
INTRODUÇÃO
Este trabalho é um recorte de uma das atividades
desenvolvidas ao longo do projeto de pesquisa COTESC: “CONDICIONANTES
PARA TUTORIA ESCOLAR NO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO: ARTICULANDO
FORMAÇÃO INICIAL E FORMAÇÃO CONTINUADA DE
PROFESSORES”, cujo objetivo é justamente estudar as atuais
formas de interação Universidade-Escola buscando obter informações
que, uma vez analisadas, possam subsidiar a proposição de
parâmetros para a criação de mecanismos flexíveis,
porém estáveis para a realização dos Estágios
Curriculares na Formação Inicial de Professores, de forma
mais adequada e consistente com os resultados das pesquisas, dos estudos
e das normativas legais no campo da Educação, do Ensino
e da Formação de Professores.
Conforme as normativas legais sobre Formação de Professores,
o Estágio Curricular (EC), definido por lei, a ser realizado em
escolas de educação básica, e respeitando o regime
de colaboração entre os sistemas de ensino, deve ser desenvolvido
a partir do início da segunda metade do curso e ser avaliado conjuntamente
pela escola formadora e a escola campo de estágio (RESOLUÇÃO
CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002). Nesse sentido, podemos perceber
que o cenário no qual se define o EC é formado tanto pelos
professores das Escolas de Educação Básica (EEB),
quanto pelos professores orientadores de estágio das Instituições
de Ensino Superior (IES) e, sobretudo, pelos estagiários de Cursos
de Licenciatura que, por sua condição, transitam nos dois
espaços: IES e EEB.
Assim, neste trabalho buscamos trazer à tona a percepção
e os comentários dos estagiários sobre o desenvolvimento
de seus EC por acreditarmos que a partir deles poderíamos ter uma
melhor compreensão do desenvolvimento desse processo, ou seja,
o que eles percebem tanto em relação à Instituição
Formadora quanto em relação à Escola.
Nesse sentido nosso objetivo foi não só o de apontar as
mazelas do estágio, o que já vem sendo suficientemente denunciado
em vários estudos, mas sim apontar as expectativas dos estagiários
sobre Estágio, as condições normalmente oferecidas
para o desenvolvimento desse processo e o papel que esse processo desempenha
na formação desses futuros profissionais.
O estudo da percepção dos estagiários em relação
aos seus EC ocorreu numa etapa posterior à aplicação
de alguns instrumentos de pesquisa elaborados pela equipe do projeto COTESC,
tais como, análise de documentos (Projeto Político-Pedagógico,
Regimento, Planos de Estudo, Calendário Escolar) de 18 Escolas
da rede estadual de Ensino Médio do município de Santa Maria/RS;
aplicação de questionários e entrevistas à
equipe diretiva dessas escolas e aplicação de questionários
aos professores.
Assim, a fim de verificar a posição dos estagiários
frente aos seus EC, elaboramos, como instrumento de coleta de dados, um
questionário que foi aplicado aos alunos em EC nos Cursos de Licenciatura
da UFSM.
1 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA
Para coleta das informações utilizamos
um questionário como instrumento básico que foi aplicado
a estagiários em fase inicial e final de Estágio. Assim,
como essa etapa teve início no final do 2º semestre letivo
de 2004 e continuou no 1º semestre letivo de 2005, elaboramos um
total de três questionários: dois deles contemplando a fase
final e um contemplando a fase inicial do Estágio.
1.1 QUESTIONÁRIO APLICADO NO 2º SEMESTRE DE
2004
O primeiro questionário aplicado aos estagiários foi elaborado
no final do 2º semestre de 2004, mais precisamente quando as aulas
estavam encerrando. Em função disso, esse instrumento foi
elaborado em caráter piloto, utilizando-se para sua composição
questões referentes ao EC que compunham o quarto bloco do roteiro
da entrevista à equipe diretiva das 18 EEB, conforme quadro abaixo:
Bloco IV. Informações
sobre o Desenvolvimento dos Estágios Curriculares Supervisionados
na Escola
|
18.
A Escola
costuma oferecer vagas para estagiários?
19.
Como se dá
o processo de aceitação e de recepção de estagiários na Escola?
Quem os recebe?
20.
Existem normas
para a realização de Estágio Curricular Supervisionado na Escola?
Além das aulas ministradas, o estagiário participa de alguma outra
atividade na Escola?
21.
Que orientações
o estagiário recebe da Escola, ao ser aceito para a realização do Estágio Curricular Supervisionado?
Quem comunica estas orientações ao estagiário?
22.
Que condições
a Escola oferece para realização do Estágio Curricular Supervisionado?
(estrutura física, materiais, acompanhamento, etc...)
23.
Existe algum
tipo de discussão (atividades, estratégias, metodologia, etc...)
entre o professor responsável da turma e o estagiário sobre as aulas
que este ministrará?
24.
Quem é o
responsável na Escola pela avaliação de desempenho do estagiário
(parecer final)?
25.
Você gostaria
de acrescentar alguns comentários sobre o assunto deste bloco
|
As oito questões
que fazem parte da entrevista foram adaptadas aos estagiários.
Além disso, outras referentes à organização
do desenvolvimento do Estágio (escola, turma, turno em que ocorreria
o Estágio) foram acrescentadas, criando-se, assim, um questionário
composto por 11 questões.
1.2 QUESTIONÁRIO APLICADO NO 1º SEMESTRE DE 2005
Como mencionamos
anteriormente, o questionário de 2004 foi elaborado em caráter-piloto
e com base num outro instrumento utilizado pelo projeto. Isso nos mostrou
que precisaríamos para os próximos questionários
de um rigor maior não só quanto à elaboração
das questões como em relação ao conteúdo delas.
Assim, no início deste ano, decidimos elaborar outros dois questionários:
um a ser entregue na fase inicial do Estágio (início do
1º semestre letivo de 2005) e outro a ser entregue na fase final
do Estágio (término no 1º semestre letivo de 2005).
Além disso, por termos observado, com o questionário de
2004, que os estagiários não costumavam fornecer muitas
informações, optamos pela elaboração de questões
mais claras e específicas quanto ao objetivo da pesquisa, ou seja,
procuramos detalhar mais as questões subdividindo-as em itens para
que os estagiários pudessem nos fornecer mais detalhes sobre o
assunto que estávamos investigando.
Quanto ao conteúdo das questões, decidimos valorizar, no
questionário inicial, pontos que questionassem as expectativas
dos estagiários, as concepções que eles têm
sobre o Estágio e as formas como se desenvolve esse processo, perfazendo
assim, um total de 16 questões. No questionário final, contemplamos
questões referentes às experiências vivenciadas pelo
estagiário no desenvolvimento do Estágio Curricular e referentes
às formas de acompanhamento desse processo, perfazendo um total
de 14 questões.
2. DISTRIBUIÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
2.1 QUESTIONÁRIO
APLICADO EM 2004
Tendo em
vista o número de Cursos de Licenciatura que há na UFSM
(total de 15); considerando o caráter piloto que foi atribuído
à aplicação do instrumento e devido ao encerramento
do semestre letivo de 2004, não foi possível que os questionários
fossem entregues a todos os estagiários dos diferentes Cursos de
Licenciatura da UFSM. Além disso, também não foi
possível que tivéssemos um número expressivo de questionários
respondidos. Muitos alunos já haviam entregado seus Relatórios
de Estágio e encerrado suas atividades na instituição.
Na verdade, a distribuição ocorreu informalmente, ou seja,
não realizamos encontros para explanações sobre o
instrumento, seus objetivos e sua importância. Entregamos em mãos
aos professores Orientadores de Estágio da UFSM, os quais ficaram
encarregados de repassar o questionário para seus respectivos estagiários
e devolver à equipe do projeto.
Assim, dos 15 Cursos oferecidos pela UFSM, conseguimos entregar os questionários
para estagiários de oito Licenciaturas: Artes Visuais, Ciências
Biológicas, Física, Letras, habilitações em:
Língua Portuguesa e Língua Portuguesa/Inglesa, Matemática,
Música e Química.
LICENCIATURA |
Questionários
Aplicados
(2º
semestre/2004) |
Entregues |
Recolhidos |
Artes
Cênicas |
- |
- |
Artes
Visuais |
10 |
0 |
Ciências
Biológicas |
15 |
0 |
Educação
Física |
- |
- |
Filosofia |
- |
- |
Física |
06 |
05 |
Geografia |
- |
- |
História |
- |
- |
Letras
(hab Port) |
10 |
09 |
Letras (hab Port/Ing) |
25 |
0 |
Letras
(hab Francês) |
|
|
Letras
(Esp) |
|
|
Matemática |
25 |
05 |
Música |
04 |
03 |
Química |
20 |
0 |
TOTAL |
115 |
22 |
2.2 QUESTIONÁRIO
APLICADO EM 2005 (fase inicial)
Com o objetivo
de contemplarmos um maior número de alunos em processo de Estágio,
primeiramente, realizamos um levantamento dos cursos que teriam Estágio
Curricular no primeiro semestre letivo deste ano, e buscamos coletar informações
mais específicas quanto à organização dos
encontros entre o professor Orientador de Estágio e os seus estagiários.
Investigamos a freqüência com que ocorreriam esses encontros,
e a forma como eles se desenvolveriam, isto é, seriam feitos individual
ou coletivamente.
LICENCIATURA |
ORIENTADOR |
Tipo
de encontro |
Freqüência dos encontros |
|
Coletivo |
Individual |
Semanal |
Quinzenal |
Mensal |
|
Artes
Cênicas |
... |
... |
... |
... |
... |
... |
|
Artes
Visuais |
Orientador I |
X |
|
X |
|
|
|
Ciências
Biológicas |
Orientador I |
X |
|
X |
|
|
|
Educação
Física |
Orientador I |
X |
|
X |
|
|
|
Orientador II |
X |
|
X |
|
|
|
Filosofia |
Orientador I |
x |
|
|
X |
|
|
Física |
Orientador I |
|
X |
|
X |
|
|
Orientador II |
X |
|
|
X |
|
|
Orientador III |
X |
|
X |
|
|
|
Geografia |
Orientador I |
|
|
|
|
|
|
História |
Orientador II |
X |
|
X |
|
|
|
Letras
(Esp) |
Orientador |
X |
|
|
X |
|
|
Letras
(hab Port/Ing) |
Orientador |
X |
|
X |
|
|
|
Letras
(hab Francês) |
Orientador |
... |
... |
... |
... |
... |
|
Letras
(hab Port) |
Orientador I |
|
|
|
X |
|
|
Matemática |
Orientador |
|
X |
X |
|
|
|
|
Música |
Orientador III |
... |
... |
|
|
|
|
Química |
Orientador I |
X |
|
X |
|
|
|
Orientador II |
X |
|
X |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Assim, a
partir desses dados agendamos, juntamente com os professores Orientadores,
visitas às aulas de orientação de Estágio.
Nestas visitas entregamos o questionário em mãos aos estagiários,
explicitando a importância da participação deles,
assim como, os objetivos da aplicação do instrumento.
Quanto à distribuição dos questionários de
2005, englobamos todos os cursos, exceto os Cursos de Licenciatura em
Artes Cênicas, Música e Letras (habilitação
Francês) que não ofereciam a disciplina de Estágio
no 1º semestre letivo.
LICENCIATURA |
Questionários Aplicados em 2005 (1º semestre/2005) |
Entregues |
Recolhidos |
Artes
Cênicas |
- |
- |
Artes
Visuais |
09 |
02 |
Ciências
Biológicas |
60 |
20 |
Educação
Física |
23 |
10 |
Filosofia |
26 |
0 |
Física |
19 |
0 |
Geografia |
09 |
0 |
História |
08 |
01 |
Letras
(habilitação Português) |
09 |
08 |
Letras
(habilitação Português/Inglês) |
16 |
0 |
Letras
(habilitação Francês) |
- |
- |
Letras
(habilitação Espanhol) |
02 |
0 |
Matemática |
37 |
08 |
Música |
|
|
Química |
20 |
1 |
TOTAL |
221 |
50 |
3. RECORTES
E PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS
Para realizamos
a análise dos questionários tanto de 2004 como de 2005,
reunimos as questões de cada um dos questionários em blocos
de acordo com o tema de cada uma delas. Assim, o questionário de
2004 teve suas 11 questões divididas em dois blocos. O questionário
de 2005 (fase inicial), por sua vez, teve suas 16 questões divididas
em cinco blocos.
Neste trabalho, apresentaremos algumas considerações a partir
da análise de três dos sete bloco abaixo descriminados: bloco
2 do questionário de 2004 e blocos 1 e 5 do questionário
de 2005.
3.1 QUESTIONÁRIO
APLICADO EM 2004
BLOCO 1:
ORGANIZAÇÃO DO ESTÁGIO (questões de número
1, 2, 4, 5 , 9 e 10)
1. Em que
escola você realizou seu estágio curricular ? Em que Tuma/Turno?
2. Como você conseguiu a vaga nesta escola para realizar o estágio
curricular ? Descreva e comente o processo?
4. Ao ser aceito pela escola você recebeu orientações?
Quais e quem transmitiu essas orientações?
5. Foram apresentadas normas para a realização do estágio?
Em caso afirmativo, quem as apresentou, e de que forma (oral, escrita,
reunião, individualmente, etc.)
9. Durante o estágio foi possível observar se é hábito
da escola receber estagiários? A escola oferece algum tipo de restrição,
e/ou limitação quanto ao número de estagiários?
Eles oferecem apoio quanto à disciplina em que atuará o
estagiário(a)?
10. Na escola onde você realizou e estágio quem foi o responsável
pela avaliação do seu desempenho?
BLOCO 2:
CONDIÇÕES PARA O EC OFERECIDAS PELAS ESCOLAS (questões
de número 3, 6, 7, 8 e 11)
3. Como foi
a sua recepção na escola em que estagiou? Quem o recebeu
(profissional/função)?
6. Que condições (espaços, facilidades, estrutura
física, materiais recursos, apoios, etc.) a escola ofereceu para
a realização do estágio?
7. Houve algum tipo de discussão juntamente com o professor responsável
pela turma? Discuta e comente como foi o seu relacionamento com o professor
responsável pela turma em que você estagiou?
8. Foi oferecida a você como estagiário(a) a oportunidade
de participar de outras atividades além de ministrar aulas? Enumere
e descreva?
11. Você gostaria de acrescentar algum comentário sobre a
relação entre Estagiário-Escola?
3.2 QUESTIONÁRIO
APLICADO EM 2005
BLOCO 1:
PAPEL DO ESTÁGIO CURRICULAR (questões de número 1
e 2)
1. O que
você entende por Estágio Curricular Pré-Profisssional
(EC)?
2. Que papel / significado você atribui ao EC na formação
de futuros(as) professores(as)?
BLOCO 2:
LEGISLAÇÃO PARA OS CURSOS DE LICENCIATURA (questões
de número 3 e 6)
3. O que
você conhece sobre a atual Legislação que regulamenta
o EC?
6. A Universidade em que você estuda possui algum regulamento interno
que estabelece diretrizes para a realização dos Estágios
Curriculares nos cursos de Licenciatura? Relate seus conhecimentos sobre
a mesma.
BLOCO 3:
PREPARAÇÃO DO ESTAGIÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO
SEU EC (questões de número 4, 5 e 16)
4. Como você
avalia a preparação, que seu curso lhe proporcionou, para
a realização do EC?
5. Como você se sente para iniciar e desenvolver o seu EC? Comente.
16. Como você avalia a sua preparação para iniciar
e desenvolver seu EC? Sente-se preparado? Comente.
BLOCO 4:
ORGANIZAÇÃO DO EC NOS DIVERSOS CURSOS DE LICENCIATURA DA
UFSM (questões de número 8, 9, 10, 11 e 12)
8. Qual o
período previsto para a realização do seu EC? Especifique
em horas e/ou semanas.
9. Como você conseguiu a vaga para realizar o seu EC? Descreva e
comente o processo.
10.Você recebeu algum tipo de formulário e/ou termo de compromisso,
por parte da escola onde irá realizar o seu estágio?
11. Ao ser aceito pela escola você recebeu orientações?
Quais? Quem as transmitiu? De que forma (oral, escrita, reunião,
individualmente)? Estas orientações estão organizadas
num conjunto de Normas?
12. De que forma e com que freqüência você será
acompanhado, ao longo do EC, pelo:
Professor(a) orientador(a) de estágio;
a. Professor(a) responsável (titular / regente) da turma;
b. Membro da equipe diretiva
BLOCO 5:
EXPECTATIVAS DOS ESTAGIÁRIOS QUANTO AO EC. (questões de
número 7, 13, 14 e 15)
7.Como você
imagina que deva ser desenvolvido o EC no âmbito do seu curso de
Licenciatura? Procure enumerar e comentar os aspectos principais que devem
orientar este desenvolvimento.
13. Durante a realização de seu estágio, o que você
espera do(a):
a. Professor(a) orientador de estágio;
b. Professor(a) responsável (titular/regente) da turma.
14. Que condições você acredita serem importantes
e que devam ser oferecidas para a realização do EC, por
parte das:
a. Instituições de Ensino Superior;
b. Escolas de Educação Básica.
15. Quais desafios você prevê encontrar durante a realização
de seu EC? Como você pretende enfrentá-los?
4 ANÁLISE
DOS DADOS A PARTIR DOS TRÊS BLOCOS SELECIONADOS
4.1 QUESTIONÁRIO
APLICADO EM 2004
BLOCO 2:
CONDIÇÕES PARA O EC OFERECIDAS PELA ESCOLA
Ao questionarmos
o procedimento relativo à orientação recebida da
escola para o Estágio, todos os estagiários afirmam terem
recebido orientações que partiram da equipe diretiva e da
professora responsável pela turma. Essas orientações,
na maioria dos casos, giraram em torno do que fazer em caso de mau comportamento
ou de indisciplina dos alunos e dos conteúdos a serem trabalhados
nas aulas.
Quanto às condições oferecidas para o desenvolvimento
dos Estágios, os alunos relataram ter acesso às salas de
aula, à biblioteca, aparelhos de TV, som e vídeo, retroprojetor
e laboratórios.Os alunos do Curso de Música observaram a
carência de instrumentos musicais nas escolas.
Os estagiários afirmaram terem sido convidados a participar não
só das reuniões pedagógicas como também dos
eventos promovidos pelas escolas tais como apresentações
artísticas, projeto “Escola Aberta”, excursões,
semana da Consciência Negra, entre outros.
Apesar de algumas escolas apresentarem limitações quanto
ao Estágio no que diz respeito ao número de vagas e à
impossibilidade de se ministrar aulas nas turmas de 3º ano do Ensino
Médio, a grande maioria das escolas não apresenta restrições
quanto ao recebimento de estagiários.
No que diz respeito à relação entre o estagiário
e o professor responsável pela turma, identificamos que os estagiários
consideram o professor responsável pela turma acessível,
estabelecendo uma relação satisfatória com ele apesar
de terem afirmado que as discussões restringiam-se à metodologia,
ao comportamento dos alunos e aos conteúdos a serem trabalhados
em sala de aula.
4.2 QUESTIONÁRIO APLICADO EM 2005
BLOCO 1:
AS CONCEPÇÕES DE ESTÁGIO CURRICULAR
O Estágio
é relatado como uma oportunidade para aplicar e adequar o conhecimento
adquirido ao longo da graduação ao contexto real de ensino,
no caso as escolas. Em muitas respostas é ressaltada a dicotomia
entre teoria e prática e também a importância de se
estabelecer um contato com o espaço profissional. Além disso,
o Estágio é um momento em que o estagiário decisivamente
assume um posicionamento, uma visão de professor e não mais
de aluno.
Dessa maneira o Estágio é visto como o lugar de preparação
para a futura profissão, havendo a possibilidade de o estagiário
ter uma experiência de convívio com os professores e alunos
das escolas. Além disso, o Estágio tem sido caracterizado
como uma oportunidade de o estagiário verificar sua aptidão
para a profissão de professor, o que torna, assim, o Estágio
como uma etapa quase que decisiva:
“O
papel do estágio para mim é decisivo! E aí que muita
gente percebe que não nasceu para dar aula e resolve fazer mestrado
e ir para área de pesquisa, ou ao contrário, se apaixona
por educação e entra de cabeça nisso.” (estagiário
do Curso de Matemática)
“Atribuo
o papel de termômetro para vermos se temos ou não aptidão
para sermos professores.” (estagiário do Curso de Letras)
BLOCO 5:
EXPECTATIVAS DOS ESTAGIÁRIOS QUANTO AO EC
Os alunos
gostariam que houvesse uma interação mais significativa
entre Universidade-Escola e que os professores de Licenciatura da Universidade
fossem ministrar palestras para os professores das EEB. Também
alegam que as visitas dos professores orientadores de Estágio Curricular
deveriam ser mais freqüentes realizando, assim, um acompanhamento
mais constante.
Uma das colocações mais recorrentes é a de que a
experiência prática, ou seja o contato com a realidade escolar,
se desenvolva ao longo do Curso e não seja restrito apenas aos
últimos semestres, para que dessa forma o processo de adaptação
ao contexto escolar seja realizado de maneira gradual.
Durante a realização do Estágio Curricular, os estagiários
esperam que o professor Orientador esteja disponível para auxiliá-los
em possíveis dúvidas, ajudando a solucionar eventuais problemas
e transmitindo tranqüilidade para a realização de um
Estágio satisfatório.
Quanto ao professor titular da turma, os alunos esperam: apoio, compreensão
e dicas. Esperam que ele transmita sua sabedoria e experiência,
critique e sugira idéias para o planejamento de aulas, para o acompanhamento
do processo de regência, enfim, esperam atitudes que os estagiários
consideram cabíveis a esse profissional.
As condições que os alunos acreditam serem importantes e
que devem ser ofertadas pela IES para a realização do estágio
são, principalmente, relativas ao horário acadêmico,
visto que muitos estagiários dividem seu tempo entre os compromissos
com a universidade e a prática pedagógica nas escolas. Eles
ainda almejam auxílio financeiro, já que o Estágio
para Cursos de Licenciatura não é remunerado. Por fim, eles
exigem, conhecimentos teóricos, técnicos, científicos
e pedagógicos plausíveis com a realidade das escolas.
Por parte das Escolas de Educação Básicas, eles esperam
o reconhecimento e aceitação das atividades desenvolvidas
por eles, apoio e auxílio durante o processo. Eles também
julgam importante que a escola ofereça uma infra-estrutura adequada.
Contudo deve haver uma política de parceria entre EEB e IES a fim
de assegurar a aceitabilidade e bom desempenho dos estagiários
na escola.
5 CONCLUSÕES PRELIMINARES
5.1 QUANTO
À CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO
A partir da análise do questionário de 2004, observamos
que para se obter respostas mais consistentes, as questões devem
ser formuladas com um maior grau de detalhamento, ou seja, elas devem
ser divididas em itens, o que procuramos fazer nos questionários
reelaborados e aplicados em 2005.
Outro importante aspecto a ser considerado quanto à elaboração
das questões é que essas não devem conter palavras
e/ou expressões ambíguas como, por exemplo, a que houve
na questão número sete do questionário de 2004: “Houve
algum tipo de discussão juntamente com o professor responsável
pela turma? Discuta e comente como foi o seu relacionamento com o professor
responsável pela turma em que você estagiou?
Nessa questão, de acordo com algumas respostas, subentendeu-se
que o termo “discussão” foi compreendido como desentendimento,
ao invés de trocas de idéias, o que era nossa intenção.
Quanto à distribuição e à recolha dos questionários,
acreditamos que a obtenção de um número maior de
questionários está relacionada não só ao interesse
e à disposição dos professores orientadores de Estágio
em colaborar com a pesquisa como também à forma como conduzem
as atividades de Estágio. Alguns Orientadores não costumam
estabelecer encontros periódicos com os estagiários , o
que impediu que, em muitos casos, recolhêssemos os questionários.
Apesar de a pesquisa estar relacionada a um assunto extremamente importante
para os profissionais da área da Educação, os estagiários
não demonstram uma preocupação com possíveis
melhorias no processo de Estágio. Acreditamos que isso ocorre,
pelo fato de esses alunos estarem na etapa final de sua formação.
O período antecede às suas formaturas parece que os faz
esquecer que outros ocuparão seus lugares e que é possível
contribuir, sobretudo, com estudos e pesquisas que possam acarretar em
mudanças significativas.
5.2 QUANTO
ÀS INFORMAÇÕES OBTIDAS ATRAVÉS DO INSTRUMENTO
Apesar de
a maioria das Escolas demonstrarem-se abertas à aceitação
de estagiários, o EC ainda é visto como o momento da prática
e não como o espaço profissional a ser vivenciado pelos
estagiários em todas as suas dimensões, incluindo um comportamento
de observação, reflexão e reorganização
de suas ações.
Quanto ao papel que o Estágio desempenha na Formação
Profissional dos estagiários, é possível perceber
que esse processo não tem estimulado os futuros professores a estudar
e refletir sobre as suas ações. O estagiário não
entende o Estágio como um momento de aquisição de
conhecimento que faz parte de sua Formação Inicial, como
uma parte da graduação. Acredita que, uma vez adquiridos
todos os conhecimentos, o Estágio é só o momento
de pô-los em prática.
Além disso, em relação ao que os estagiários
esperam não só das Agências Formadoras como também
das escolas, pudemos perceber que ainda é muito forte a expectativa
de que os orientadores de Estágio resolvam não só
os problemas dos alunos em Estágio como também dêem
conta da Formação Continuada dos Professores das escolas.
Isso nos demonstrou que quaisquer mudanças no campo de Estágio
passam, primeiramente, por mudanças conceituais, sobretudo, em
relação aos papéis que os envolvidos nesse processo
devem desempenhar.
6 PERSPECTIVAS
DE CONTINUIDADE
Conforme
mencionamos no item elaboração do instrumento básico
utilizado na coleta de dados da pesquisa, estamos concluindo a entrega
do questionário final destinado aos alunos dos Cursos de Licenciatura
da UFSM que estão encerrando seus Estágios no 2º semestre
letivo de 2005. Assim, ao longo do próximo semestre, pretendemos
analisar as informações desse questionário a fim
de estabelecer mais algumas considerações juntamente com
as informações obtidas nos outros dois.
Além disso, estamos organizando oficinas sobre Estágio Curricular
para os alunos de Licenciatura do próximo semestre. Nossa intenção
é proporcionar o retorno dos resultados obtidos a partir da análise
dos questionários bem como mostrar a importância da Formação
Continuada para os profissionais ligados à Educação
bem como a necessidade de uma relação mais consistente entre
Formação Continuada e Formação Inicial de
Professores.
7 BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Resolução
CNE/CP 1/2002. Diário Oficial da União, Brasília,
4 de março de 2002. Seção 1, p.8.
GARCIA, Carlos Marcelo: (1999). Formação de Professores
– Para uma mudança educativa. Porto – Portugal: Porto
Editora.
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