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UMA
HISTÓRIA DE LETRAMENTO NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO
Frederica Vieira
Mirtes Lessa - Coordenação do Programa Interler
Era uma vez...
(...) Então vislumbramos a perspectiva de construir
junto aos profissionais que atuam nas Escolas Municipais um trabalho que
despertasse o prazer de ler e o integrasse ao cotidiano, unificando o
ato da leitura com a prática escolar, aproximando as pessoas para
juntos compartilharmos de um sonho.
Então....
Ler para quê? A Leitura pressupõe uma meta a ser atingida.
Portanto, não basta que o professor indique a bibliografia ao aluno,
é preciso acompanhar esta leitura com atividades diversificadas,
onde o aluno utilize as informações adquiridas para seu
enriquecimento intelectual. Há, porém, um fator recomendável
ao professor: a motivação. O professor deve lançar
mão de algumas estratégias de leitura, objetivando a motivação,
muito embora seja discutível o próprio conceito de motivação,
visto que pode desfigurar a obra literária em sua prática
escolar. Cabe ao professor adequar as estratégias de leitura, a
fim de não se deixar perder o valor da obra literária utilizada.
É necessário que a obra seja apreciada na sua essência
literária de forma que o leitor, ao entrar em contato com o livro
e com o texto, permita contaminar-se e contamine a todos ao seu redor
pelas idéias, sonhos e fantasias, despertando assim sua sensibilidade.
As idas à biblioteca com os alunos oportunizam esses momentos mágicos,
que devem ser reforçados pelo professor, incentivando novas possibilidades
de aprendizagem. Nesse sentido escreve Vilarinho (1984: 101): “No
processo educativo, o mais importante é dar ao aluno o instrumento
para que proceda de modo autônomo, com independência de pensamento
e ação, o que depende basicamente de ensinar-se ao educando
aprender a aprender”.
A Coordenação de Leitura construiu o Programa Interler,
tendo em vista a necessidade de haver na Rede Municipal de Educação
um projeto onde o incentivo à prática de leitura envolve-se
todas as escolas.
Os Promotores da Leitura são professores da Rede que atuam como
extraclasse, apresentam perfil dinâmico, criativo, que põem
em prática as atividades literárias com os alunos, elaborando
projetos integrados com a equipe técnico-pedagógica, pautados
no Projeto Político Pedagógico (PPP), abrangendo todas as
formas de leitura. Tais projetos são enviados à Coordenação
do Programa, assim como os relatórios conclusivos das atividades
propostas.
O Promotor da Leitura participa de reuniões mensais, cursos de
formação continuada, oficinas de leitura, rodas literárias,
palestras, encontros com escritores e outras atividades promovidas pela
Coordenação , pois ele é o multiplicador dentro de
sua unidade escolar e comunidade.
Os projetos desenvolvidos pelas escolas são bimestrais, contendo
ao final, atividades de culminância, envolvendo todas as pessoas
que atuam no projeto e dele participam direta ou indiretamente. Esses
eventos recebem total apoio do Programa Interler, que promove a participação
de escritores, palestrantes e oficineiros.
O Município de São Gonçalo, situado na região
Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, com aproximadamente 889.668
habitantes em área de 228 km, possui uma população
representada por trabalhadores de classe média baixa, apresenta
um quantitativo de sessenta e oito escolas públicas municipais
de ensino fundamental, 30 creches comunitárias, 35 creches conveniadas
e 01 creche do município.
De acordo com o Censo Escolar de 2004, o município conta com cerca
de 76.018 alunos, matriculados no Ensino Fundamental.
No município de São Gonçalo, cerca de 50% das escolas
possuem bibliotecas, porém a maioria funciona com acervo literário
limitado e não há profissional habilitado para dinamização
do espaço. Entretanto, 80% das escolas possuem sala de leitura,
que é um espaço de oficinas, contação de histórias
e atividades literárias mais dinâmicas. Este local, embora
utilizando outra nomenclatura, é uma biblioteca mais “viva”
e atuante.
É importante que o professor rompa com o monopólio da própria
fala, livro ou olhar, buscando alternativas que possibilitem o enriquecimento
pessoal e subjacente. Alertamos para o fato da falta de valorização
da leitura em sala de aula como prática cotidiana e essencial à
formação do cidadão crítico, já que
faz parte de todo o universo escolar. Muitas vezes a leitura fica resumida
à leitura das letras, à leitura da escola, à leitura
do livro didático. Cabe ao professor ser um incentivador do ato
de ler, despertando no aluno a curiosidade e o prazer pela leitura. Dessa
forma, ele passa a ser um referencial e um orientador, contribuindo efetivamente
para desfazer a “crise da leitura”, entendida por Yasuda (1991:
p.77), como: “Ao meu ver, a já famosa crise da leitura (famosa
não por ser motivo de reflexão, mas porque se tornou chavão
dizer que o aluno não sabe, não gosta e tem preguiça
de ler) estaria centrada na dificuldade, sobretudo do professor, de perceber
- se enquanto leitor”. Para Tanto é importante viabilizar
o acesso das Unidades Escolares e das comunidades às obras literárias
e a todo material passível de leitura produzido cotidianamente,
valorizando assim os aspectos populares, socioculturais, econômicos
e políticos de nossa sociedade. A funcionalidade da leitura enquanto
prática social e importante ferramenta na compreensão da
realidade, contribuindo para a construção do indivíduo
letrado e para sua capacitação no exercício da cidadania.
Enfim proporcionar atualização, formação continuada
aos Professores e aos demais envolvidos no Programa, caminhando para uma
prática pedagógica fundamentada e autônoma, visando
a constução de projetos de leitura em cada escola que desperte
o prazer de ouvir, contar, criar, interpretar e ler histórias,
utilizando outras formas de linguagem, tais como: o desenho, a pintura,
o teatro, a dança, a música, etc. Realizar atividades que
desenvolvam a produção textual, tais como: elaboração
de texto jornalístico, narrativo, poético, visual, etc.,
que poderão dar origem a jornal escolar, varal de poesia, festival
de poesia, livros confeccionados pelos alunos entre tantas outras atividades,
fortalecendo a formação do cidadão para que este
possa valorizar a família, o Município e a Pátria,
introduzindo temas transversais.
Destacamos alguns projetos para exemplificar a prática
desenvolvida nas escolas da Rede como: “INTERLENDO NO MÊS
DE ABRIL – “HOMENAGEM A MONTEIRO LOBATO”. Durante todo
o mês de abril, produzimos atividades voltadas para a obra de Monteiro
Lobato.
Tivemos a participação dos diretores, professores em geral,
e alunos.
O evento deu origem ao projeto “JORNADA GONÇALENSE DE LEITURA”,
realizado nos anos de 2002 e 2004.
O projeto foi promovido pela Coordenação em parceria com
o SESC, envolvendo 100% das escolas da Rede Municipal. Objetivou promover
discussões de idéias para dinamizar a prática de
leituras em sala de aula, visando proporcionar aos educadores e educandos
– leitores atividades como oficinas e palestras, abordando o potencial
de criação e transformação individual e social,
resgatando as práticas de leitura no cotidiano escolar.
Os trabalhos literários produzidos pelos alunos, expostos em painéis,
fizeram parte das atrações, assim como oficinas de pintura,
de leitura, de teatro, palestras com a participação das
professoras: Sônia Monnerat (Diretora do Departamento de Letras
da Universidade Federal Fluminense); Maria Jacintha (Criadora e Diretora
do Espaço Cultural Maria Jacintha) e de escritores como: Lira Vargas,
Sandra Lima e Suzana Vargas, que realizaram atividades direcionadas ao
público infantil. As oficinas: Produção de textos
poéticos em sala de aula; Como organizar rodas de leitura; Dinâmicas
de leitura; A importância da ilustração na literatura;
Produzindo histórias em quadrinhos; Charges; Trabalhando leitura
com jornais; Biodanza; Saboreando a leitura; Trabalhando com a literatura;
Brincar e viver, foram direcionadas a professores. O evento foi encerrado
com um show cultural com os Cantadores de História “Cantando
Silvia Orthof”.
O projeto “INTERLENDO NAS ESCOLAS” surgiu a partir das propostas
acima, desta forma, conseguimos estabelecer uma continuidade de trabalhos
do vasto campo cultural. O evento foi realizado em quatro escolas municipais
com o objetivo de integrá-las com as comunidades próximas
num grande evento literário, cultural dentro do município
e cidades vizinhas, estabelecendo relação entre as atividades
literárias desenvolvidas na escola e II FEIRA GONÇALENSE
DE LEITURA. Para tanto cada escola elegeu um autor para ser homenageado,
além de organizar painéis sobre a obra de tantos outros.
O Programa Interler auxiliou essas escolas, possibilitando a realização
de show cultural, oficinas artísticas e literárias, e a
presença de escritores, palestrantes, , sendo cada uma delas organizadora
das atividades realizadas no decorrer do evento.
A I Feira Gonçalense de Leitura foi realizada em parceria com a
Secretaria de Cultura e a Fundação de Artes de São
Gonçalo no SESI/ SG, O evento promoveu a apresentação
de amostras de trabalhos e a visitação pública.
Escritores como Ferreira Goulart, Roseana Murray, Joel Rufino, Dulceléia
de Abreu, Pedro Veludo, Kátia Valladares, Suzana Vargas, Marina
Colassanti e artistas como Bia Bedran, Marcos Franca, o ilustrador Roger
Melo e tantos outros mestrandos na área da educação
ministraram palestras e oficinas, durante esses três dias, proporcionando
aos professores e alunos a oportunidade se atualizarem e/ou divertirem-se.
Ao propormos as atividades de encerramento do ano letivo, consideramos
o momento social vivido por todos nós, e nos permitimos contaminar
pelo espírito natalino. A escola é um lugar mágico
neste período. O contato com as crianças nesta época
do ano é maravilhoso. E é neste clima de total harmonia,
paz e alegria que desenvolvemos nossas atividades do SARAU DE NATAL com
o tema: “SONHO DE NATAL “ abordando textos literários
e cancões natalinas, promovendo releituras, que deram origem a
apresentações teatrais, corais e recitais de poesias, onde
os alunos da Rede protagonizaram o papel principal. Buscamos ampliar nossas
propostas natalinas nos anos que se seguiram lançamos mão
da pesquisa, atitude primordial nos tempos atuais para uma gerência
autônoma em sala de aulas, Tal iniciativa originou sugestões
bibliográficas, palestras e oficinas que abordaram teoria e prática,
relacionadas ao tema.
Focar temas atuais podem servir para revisitar cenários históricos
como: países, e épocas passadas, assim, surgiu o projeto:
“LEITURA SHOW DE BOLA”, que objetivou levar os educandos à
descoberta, na Copa do Mundo de 2002, de uma grande diversidade de assuntos,
proporcionando a interdisciplinaridade. Foram realizados trabalhos a partir
do reconhecimento da cultura de outros países.
As escolas desenvolveram o projeto de forma individual, elaborando suas
atividades a partir da sua realidade, sendo realizada a exposição
final dos trabalhos na Quadra de Eventos do Grêmio Recreativo Escola
de Samba Porto da Pedra com a participação de todas as escolas
da Rede Municipal. Enfim, um show, de múltiplas leituras, como:
exposições de painéis, oficinas literárias;
contação de histórias, produção de
textos e cartazes, livros, histórias em quadrinhos, confecção
de artefatos, que contribuiu para o enriquecimento literário e
cultural de todos os que participaram do evento, culminando com uma apresentação
da “Bateria” da Escola de Samba Porto da Pedra e seus Passistas.
Neste cenário, onde os acontecimentos atuais trazem fatos históricos
a nossa lembrança descortina-se novo tema: o projeto: “OLIMPÍADAS
LITERÁRIAS”, tendo o mesmo objetivo, aproximar a leitura
do mundo à leitura produzida na escola. Realizamos o projeto em
consonância com as Olimpíadas em Atenas, Grécia. Desta
forma, as escolas celebraram a data em vários eventos literários
dentro do município.
Nesta caminhada ousada e ao mesmo tempo utópica compactuamos com
grandes parcerias, uma delas foi o projeto: “LEIA BRASIL”.
Este projeto foi realizado na SEMED (Secretaria de Educação
de São Gonçalo). com o objetivo de atender a 100% das escolas
municipais, propiciando a todos, empréstimos de 100 títulos,
abordando temas diferenciados. Os livros foram emprestados por um prazo
determinado podendo ser renovado de acordo com a procura. O projeto em
seu lançamento contou com personalidades representante do Município
e da Acadêmia de Letras, como também, a participação
dos Diretores, Orientadores, professores e alunos, que recitaram poemas
e apresentaram jogral.
Realizar projetos-empreendimentos como estes é vislumbarmos “a
luz” que surge em cada educando, quando constroi habilidades e competências
relacionados ao ato de ler e de escrever, desta forma criamos o projeto:
“ESPAÇO LITERÁRIO PROFESSORA AÍDA FARIA”
. Este atendeu aos alunos, professores, estendendo-se a toda a comunidade,
pois visou promover a leitura em seus vários âmbitos.
Baseados nos princípios de Freinet: Trabalho, cooperação,
livre expressão e liberdade para prática transformadora,
o Espaço utilizou uma metodologia na qual ofereceu ao seu público-alvo
múltiplas oportunidades de acesso ao mundo literário, como:
encontro com escritores, rodas de leitura, lançamentos de livros,
oficinas de leitura, atividades culturais; enfim, inúmeros recursos
para incentivar e estímular aos leitores-mirins, da mesma forma,
foram direcionadas ações voltadas ao público juvenil
e adulto. Sendo, assim, proporcionou aos cidadãos gonçalenses
novos horizontes e perspectivas relacionadas ao campo social, literário
e cultural.
O Programa primou pelo prazer da leitura expontânea, perpassando
pelo lúdico, o projeto: “ARTE DE CONTAR E CANTAR HISTÓRIAS”
enriqueceu a proposta acima, com a participação especial
da cantora e contadora de histórias Bia Bedran e foram convidados
os professores da Rede Municipal de Educação. Esta oficina
abordou técnicas sobre a arte de ensinar, cantando e contando histórias,
apresentando canções e histórias de Bia Bedran, do
folclore brasileiro, de autores envolvidos com arte, educação
e linguagem musical.
O trabalho envolveu dinâmicas, jogos, expressão corporal
e vocal através do ler, cantar e contar histórias.
A oficina teve como objetivo oferecer ao educador a possibilidade de utilização
de literatura infantil em repertórios musicais, numa abordagem
criativa fazendo o livro chegar ao aluno de forma mais atraente.
Enfim, a partir do material oferecido na oficina, o professor teve a possibilidade
de promover a sua própria oficina de literatura infantil, produzindo
releituras adequadas para o seu dia-a-dia em sala e aula.
Diante da dimensão alcançada pelo Pograma, se fez necessário
desdobramento dos eventos, surgindo o projeto “ENCONTRO DE LEITURA
NAS ESCOLAS”.No ano de 2002 realizamos este projeto em duas escolas:
E. M. Mário Quintana, E. M. Estephânia de Carvalho. O projeto
objetivou promover a leitura e suas práticas em suas diversas manifestações,
culminando num projeto maior que foi o “I ENCONTRO GONÇALENSE
DE LEITURA”.
A participação de escritores nas escolas, e a mostra de
suas obras às crianças descortinaram a elas, a possibilidade
de interagirem com as propostas literárias enunciadas nos livros
por seus autores ali presentes. Assim, nasceu o projeto: "Deu Formiga
na Escola Mário Quintana". Este trabalho surgiu do convite
da escritora Neusa Peçanha, após desenvolver em sala de
aula uma atividade interativa de leitura do seu livro "O Presente”,
a autora ficou entusiasmada com a criatividade e a assimilação
teórica dos educandos em relação a sua obra.
Hoje, no ano de 2005 encontra-se em fase de conclusão a ilustração
de seu mais novo livro, "Tem Formiga no Açucareiro",
onde os alunos da Escola Municipal Mário Quintana protagonizam
o papel de ilustradores desta obra literária, orientados pelo ilustrador
Marcos Penna. A capa será assinada pela artista plástica,
Fernanda Grroetaers, neta da escritora. Em breve teremos o prazer de participar
de uma belíssima tarde de autógrafos com a citada autora
e seus ilustradores, e, melhor, poderemos ver esta obra sendo apresentada,
manuseada e adquirida em livrarias de todo o Brasil.
A Rede de Idéias propostas pelo Programa Interler contém
práticas de leituras recolhidas nas escolas, caracterizando, assim,
as vivências obtidas pelos educandos e educadores, respaldadas pelo
fazer pedagógico comprometido com práticas de leituras reais,
de uma sociedade real.
Sabemos que a leitura é um veículo essencial para a informação
do sujeito. Diante desta premissa, o I Encontro Gonçalense de Leitura
vem incentivar o ato de ler em sua pluralidade no município de
São Gonçalo.
O projeto desenvolveu-se no início do 2º semestre/ 2002, em
todas as unidades escolares. As atividades foram propostas pela equipe
técnico-pedagógica das escolas, norteada pelo PROGRAMA INTERLER.
No início do 1º semestre oferecemos aos profissionais das
escolas qualificação na área de eventos e amostras
de trabalhos acadêmicos, buscando ampliar este conceito e melhorar
a qualidade das atividades apresentadas. Os recursos materiais e humanos
foram oferecidos através do Programa em atendimento às necessidades
previstas no projeto.
Objetivando o intercâmbio entre todas as escolas, o projeto as dividiu
em dez pólos, utilizando como referência a proximidade entre
elas e selecionou em cada pólo, uma escola para representá-lo.
Assim realizamos um circuito de eventos literários por todo o município
atendendo 100% dos alunos e profissionais. Nas quatro escolas pré-estabelecidas
e relacionadas abaixo nas quais aconteceram os intercâmbios, reunimos
alunos, professores, oficineiros e palestrantes de toda a Rede.
Texto extraído do jornal em celebração à execução
do evento.
“Intensa programação foi cumprida em horário
integral no dia 31 do mês próximo passado, quando a Superintendência
Municipal de Educação, que tem à frente a professora
Lucia Helena Abreu Heletério e sua dinâmica equipe de Leitura,
realizou o I Encontro Gonçalense de Leitura.
O evento teve como cenário o SESI/ SG, gentilmente cedido pelo
seu atual gerente Luiz Ernesto Guerreiro. Esse Órgão Federal,
por repetidas vezes, tem colaborado com a Secretaria Municipal de Educação,
permitindo a realização de seminários, palestras,
exposições, além de festas de caráter educativo.
É um ambiente acolhedor, amplo, decorado pela própria natureza,
com frondosas árvores e floridos canteiros. Tudo ali é bem
cuidado, convidativo.
A coordenadora de Leitura Professora Mirtes Lessa, pois em prática
o Programa Interler, aproveitando a celebração do centenário
de nascimento do escritor/ poeta, mineiro de Itabira, Carlos Drummond
de Andrade.
Essa festa ficará indelevelmente registrada nos anais da história
da educação gonçalense pela oportunidade de se resgatar
a obra literária de Drummond, nome de peso na literatura nacional,
além de oportunizar aos alunos a mostragem do seu talento, traduzido
em representações teatrais, poemas, desenhos, caricaturas
e criativos painéis.
Na parte da manhã, logo após o hasteamento das bandeiras,
ao som do Hino Nacional Brasileiro, a professora Mirtes Lessa disse dos
objetivos daquele encontro, agradecendo a colaboração do
SESI /SG, aos professores da Rede Estadual e Municipal que muito contribuíram
para a realização do evento.
Nos standes armados na quadra de esportes, foram expostos trabalhos confeccionados
por alunos, numa mostragem do seu talento. Nada faltou para o êxito
do I Encontro Gonçalense de Leitura; o coral dirigido pelo musicista
Fernando Jose de Almeida, impecável como sempre, declamações
de poemas, números de “ballet”, pintura de vários
tipos, lançamento de livros, palestras sobre os mais variados temas,
enfim, um roteiro digno de ser acompanhado, roteiro que culminou com a
apresentação da peça “Drummond, um olhar por
tas dos óculos”.
O Programa “INTERLER” cresceu nesse I Encontro, porque teve
a participação de professores que reconhecem que a leitura
e o viés para se chegar à cultura.
A SEMED guardará com carinho, em seus arquivos, em sua memória
histórica, os nomes de Marlene Felício Faria - Coordenadora
de Educação Especial; Vânia Célia - Diretora
Pedagógica do SESI; Lucia Helena Abreu Eletério - Superintendente
de Educação - SEMED; Professoras Margarida e Jorseia - Metropolitana
II (Secretaria de Estado de Educação); Mirtes Lessa - Coordenadora
do Programa; Professora Frederica Vieira; Neuza Rodrigues Correa - Subsecretaria
Municipal de Educação. Uma plêiade de intelectuais
que numa jornada cívica, trabalham para elevar o nível cultural
desta grande pátria o Brasil.”
Aida de Souza Faria (in-memória)
Jornal NOSSO 10/11/2002
A II Feira Gonçalense de Leitura foi o desdobramento do projeto
acima. O mesmo coordenado exclusivamente pela Coordenação
do Programa Interler foi realizada em parceria com o SESC, nos dias 30
e 31 de outubro de 2003. O tema central foi “Navegadores da Literatura
Infanto-Juvenil”, sendo homenageado o escritor Vinícius de
Moraes, por seus 90 anos.
O evento ocorreu nas dependências do SESC/ São Gonçalo
e no Centro Cultural Joaquim Lavoura (SEMED). O objetivo primordial foi
o incentivo ao gosto pela leitura literária, o intercâmbio
entre as unidades escolares, perpassando pelo encantamento resultante
da produção literária dos alunos da Rede Municipal.
Os trabalhos foram realizados com antecedência, de forma criativa,
com referências bibliográficas registradas e comentadas pelos
Promotores de Leitura. Todo material foi exposto em painéis dispostos
pela área externa do SESC. Nas salas e varandas ocorreram oficinas
(para professores e alunos), na sala de multimeios (SEMED) aconteceram
palestras e mesas redondas, com a participação de escritores
e especialistas, como: Maria Jacintha, Lira Vargas, Neusa Peçanha,
Joel Rufino, Leonardo Petronilha, Suzana Vargas, Pedro Veludo, Kátia
Valadares, Célia Linhares, Walceck Carneiro da Silva, Marisa Assis,
Déila Peres, Sônia Monnerat, Bia Bedran e tantos outros.
A culminância deu-se após a mesa redonda, com o chá
literário, das 18 às 21 horas.
O projeto Interlendo em Cena realizou-se através dos filmes “Cidade
de Deus” e “Central do Brasil” exibidos para os Promotores
de Leitura e que geraram discussões a partir de questionamentos
sobre as diferenças sociais e culturais, abordando temas como:
religiosidade, solidariedade, imigração de nordestinos,
relação familiar, pluralidade cultural, valor da amizade,
analfabetismo no Brasil.
As situações vivenciadas nos filmes oportunizaram a reflexão,
transformando –se, portanto num instrumento eficaz na busca da compreensão
crítica dos movimentos reais que permeiam a sociedade como: as
situações educacionais, o despertar da consciência
para a exclusão do analfabeto, promover o processo de alfabetização,
com vias ao letramento.
As obras cinematográficas trazem para o seio familiar e escolar
estes temas disfarçados de puro entretenimento e é por este
viés da leitura que o Programa propõe as reflexões
acima.
Aproveitando a mini-série “Um só coração”,
exibido pela Rede Globo de televisão, que despertou grande interesse
dos telespectadores e, em especial, dos docentes e discentes por apresentar
os bastidores da 1ª Semana de Arte Moderna, realizada no Estado de
São Paulo em 1922, foram realizadas oficinas enfocando o “Modernismo”.
Tal trabalho foi oferecido às Promotoras de Leitura, e os educandos
de 2º Segmento, nas escolas.
Caminhando por este viés, os Promotores de Leitura participaram
de encontros com escritores, que proporcionaram maior desenvoltura a suas
práticas cotidianas possibilitando, dentro da escola, o despertar
para os textos poéticos. Culminando estes encontros, foi realizado,
em Outubro de 2004, o “ENCONTRO COM A POESIA “CHICO BUARQUE
- POESIAS E OBRAS”, onde as crianças participaram de leituras
e releituras de textos poéticos. Os promotores realizaram uma amostra
de painéis e leituras feitas pelos poetas-mirins da Rede Municipal.
Tal amostra aconteceu com a participação das escolas municipais,
estaduais e poetas convidados, que apresentaram alguns de seus trabalhos
aos presentes e promoveram uma tarde de autógrafos.
O evento foi entusiasmante, assim como demonstram os depoimentos abaixo:
“O
Encontro com a poesia deu oportunidade para os alunos mostrarem seu interesse
pela mesma, interesse que talvez eles mesmos não soubessem que
tinham. Foi válido parabenizo a equipe pelo empenho, carinho de
levar até o fim este trabalho grandioso que está sendo o
Programa de Leitura Interler”.
Promotora de Leitura Profª. Emilce M. Siqueira da E. M. Vinícius
de Moraes.
“Foi
gratificante participar desse Encontro. Senti que todos estavam envolvidos
num ambiente agradável e poético. Na prática da confecção
das poesias feitas pelos alunos, eu tive uma surpresa, não imaginei
que os meus alunos pudessem realizar um trabalho tão lindo”.
Promotora de Leitura Profª Edilene Soares Rapôso Santos da
E. M. Alberto Torres.
É
notório o interesse que a sociedade vem demonstrando, nas últimas
décadas, pela leitura como prática sociocultural. Desta
forma, o Programa ofereceu instrumentos às escolas municipais,
a fim de que pudessem avançar no sentido de concretizar o papel
fundamental que a leitura desempenha, como fator de inserção
social do indivíduo.
No sentido de subsidiar as escolas e seus professores, ao longo deste
período, protagonizando nas escolas da Rede Municipal, a Coordenação
do PROGRAMA INTERLER preocupou-se em transformar as reuniões quinzenais
em encontros pedagógicos, objetivando, além da troca de
experiências, o aperfeiçoamento.
A Coordenação do Programa deste município reuniu
e relatou sua trajetória nestes quatro anos (2000 a 2004) à
frente do trabalho e junto com os Promotores de Leitura, que veio a culminar
numa edição de sucessivas e graduais experiências,
onde a leitura é palco, cenário e protagonista de uma história
de trabalho pela educação. Tal edição compõe
um quadro norteador das ações referentes à leitura.
Ressalta-se que o desenvolvimento do trabalho com a leitura advém
das unidades escolares, dos agentes, dos alunos, de todos os envolvidos
na construção desta história.
Objetivamos valorizar o trabalho realizado nas escolas municipais, na
promoção e prática da leitura como elemento essencial
na vida do educando; relatar experiências, trabalhos e projetos
de leitura desenvolvidos nas escolas e/ou organizados pela Coordenação
de Leitura do Município de São Gonçalo.
A reunião e caracterização dos eventos de leitura
ocorridos de 2000 a 2004, através de: Organização
de relatos de experiências desenvolvidos; Apresentação
de depoimentos dos agentes escolares envolvidos, além de escritores,
pedagogos e demais participantes; Publicação dos projetos
das escolas; Apresentação de fotos dos eventos; Descrição
de atividades realizadas, respaldadas por textos literários, resultou
na realização desta obra.
CONSIDERAÇÔES
FINAIS
De acordo
com a proposta desta coordenação, atingimos grande parte
das metas e objetivos, já que 70% das escolas da Rede Municipal
de Educação possuem Professor Promotor de Leitura, responsável
pela implementação e desenvolvimento do Programa Interler.
Porém, alcançamos 100% no que diz respeito à participação
e atuação dos docentes e discentes nos eventos realizados.
Realizamos encontros quinzenais, nos quais proporcionamos a troca de experiências
e momentos de aperfeiçoamento e enriquecimento da prática
pedagógica, que deram início ao programa de formação
continuada específico à prática do ato de ler, através
de oficinas literárias, palestras, assim alcançando a segunda
meta do nosso trabalho.
Algumas escolas, estimuladas pelos Promotores , puderam viabilizar espaços
para salas de leitura, bibliotecas e “gibitecas”.
Preocupamo-nos, em primeiro lugar, com o ato de ler, sua prática
social, o prazer e a emoção que esta venha proporcionar.
Neste sentido, observamos, com satisfação na fala de diretores
e professores, o quanto a produção literária tem
auxiliado o fazer pedagógico, além de propiciar a procura,
o acesso e o gosto dos educandos e educadores pelo livro.
Cabe de ressaltar uma importante conquista do Programa Interler, que foi
de se fazer presente até mesmo nas escolas que não possuiam
um professor Promotor de Leitura. A Coordenação, neste caso,
atua interagindo com a equipe técnico-pedagógica para que
a leitura esteja presente, refletida em um trabalho articulado.
Ao expor nossas experiências entramos em contato com as realidades
diferentes e adversas que temos em nosso município, constatando,
assim, pelo quadro apresentado, nas falas e práticas dos profissionais
de educação ali envolvidos, que estamos construindo uma
história de LETRAMENTO, democratizando a leitura onde ela se faz
mais necessária, ou seja junto às classes populares, a maioria
neste país, marcada por tanta diversidade cultural, econômica
e afetiva. E é na contra-mão desta história que o
Programa Interler vem atuado e quer atuar, na escola pública. (Relatório
redigido pela Coordenação do Programa Interler)
Além do relatório da equipe de Coordenação,
pinsamos uma avaliação da Promotora de Leitura, entre tantas,
oriunda das escolas:
“Estou no Programa de Leitura desde 1995 e durante todo esse tempo
pude realizar vários projetos que, aos poucos, vêm colaborando
para a formação de novos leitores. Projetos estes que envolveram
temas como: família, meio ambiente, discriminação,
cultura popular (nas regiões brasileiras), brincadeiras infantis,
auto-estima, prevenção de drogas, ambiente escolar, a paz,
copa do mundo, os nossos medos, olimpíadas, etc., com atividades
que envolvem poesias, criação de textos, murais, dramatização,
jograis, exposições, trabalhos com autores, livros, textos,
vídeos, desenho, pintura, recorte e colagem, modelagem, dinâmica,
concursos, passeios, etc”.
Além disso, sempre foi prática constante de nosso trabalho
o empréstimo de livros e gibis, no meio escolar e organização
de murais temáticos.
Meu trabalho na escola consiste em “amarrar” as idéias,
propostas para os projetos e subsidiar materiais de pesquisa para executá-los.
Também participo na execução de atividades, organizando
horários quinzenais para todas as turmas da escola.
Em minha Unidade Escolar conto com a participação de todos:
professores, equipe técnico-pedagógica, pais e funcionários.
Mas nem sempre foi assim. Acredito que este foi um espaço conquistado
ao longo do tempo em que venho, com seriedade, mostrando a importância
de se trabalhar na leitura em todos os sentidos.
Hoje, mesmo não contando com um espaço de leitura adequado,
conto com a presença assídua de nossos alunos em busca de
empréstimos de livros e com a alegria que sentem e demonstram com
minha presença em suas salas de aula para desenvolver o trabalho.
Acredito que nossas sementinhas que foram plantadas estão dando
bons frutos.
Não posso deixar de mencionar que, para o sucesso de nosso trabalho
nas escolas, sempre contamos com o carinho, a dedicação
e a tenção da equipe de coordenação do Programa
e com a interação que elas promovem entre as outras Promotoras
de Leitura e as Unidades Escolares.”
Promotora de Leitura Prof. Silvia Letícia Brito Soares da Classe
Cooperação Filadélfia. |
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