Alessandra Rodrigues Luz - Universidade do Planalto
Catarinense - UNIPLAC
O mundo moderno está cada vez mais exigente e seletivo,
por isso provoca transformações nos perfis daqueles que
almejam ingressar no mercado de trabalho, demanda quebra de paradigmas
daqueles que já fazem parte desse mercado e aumenta a necessidade
de desenvolvimento de múltiplas habilidades profissionais, exigidas
em todas as áreas de atuação na busca por melhores
oportunidades.
Nesse panorama também se inclui o contexto acadêmico atual,
no qual o nível de exigência acerca da preparação
dos egressos da universidade é crescente. Todos os anos os cursos
de graduação deparam-se com cobranças cada vez mais
rigorosas vindas do mercado de trabalho. Frente aos novos desafios apresentados
aos seus egressos, torna-se fundamental para as instituições
de ensino superior adequar suas metodologias para a formação
de profissionais que saibam desempenhar com competência atividades
cada vez mais diversificadas, a fim de que eles possam dispor de um número
mais expressivo de opções de atuação profissional.
Para tanto, os cursos de graduação passam a avaliar e reavaliar
estruturas curriculares, enfoques, objetivos, perfis profissiográficos
previstos nos Projetos Político-Pedagógicos. Além
disso, há ainda a revisão dos conteúdos programáticos,
que se torna importante não só para atualizar as disciplinas,
mas principalmente para integrá-las entre si e torná-las
mais contemporâneas. Dessa forma, a necessidade de modernizar o
ensino num enfoque de qualidade e adequação às novas
exigências mercadológicas passa a fazer parte das discussões
acadêmicas.
Como reflexo desse quadro, também o perfil dos acadêmicos
de Letras vem se transformando e faz-se necessário que os cursos
comecem a tirar proveito das amplas e ecléticas possibilidades
de atuação profissional que são capazes de oferecer
aos seus egressos. Hoje, o magistério continua a constituir o campo
de trabalho efetivo mais comum para quem se forma em Letras, mas o fortalecimento
e a ampla difusão de outras mídias, a ascensão da
indústria editorial, a grande demanda de línguas estrangeiras
e outros fatores configuram uma modernização da vida cultural
brasileira que também precisa ser levada em conta na análise
contemporânea dos cursos de Letras.
De acordo com Lajolo (2005, p. 2),
Se é bem clara a saída profissionalizante
que o magistério representa para os egressos de um curso de Letras,
já começa a se tornar mais visível também
o mercado de trabalho que pode absorver trabalhadores intelectuais para
o exercício das altas atividades culturais de ordem desinteressada
ou técnica.
Assim, um graduado em Letras deve ser capaz de atuar com
eficiência como docente, mas a isto podem e devem somar-se outras
habilidades que possibilitem a atuação profissional competente
em funções como revisor e produtor de textos científicos,
jornalísticos, literários e publicitários, além
dos empresariais e técnicos. Nesse sentido, uma disciplina parece
ser fundamental: Produção de Textos.
No curso de Letras da Universidade do Planalto Catarinense, essa disciplina
é ministrada durante dois semestres e tem como objetivos, entre
outros, a formação de profissionais capazes de atuar como
revisores de textos, secretários, pesquisadores, assessores culturais
e produtores textuais; e a instrumentalização do aluno para
o exercício profissional atualizado de acordo com a dinâmica
do mercado de trabalho.
Entretanto o êxito no alcance dessas metas não tem sido avaliado
durante o processo de ensino nem tampouco verificado após a conclusão
da disciplina, o que dificulta sobremaneira a elaboração
do perfil do “graduado-revisor-produtor” na prática.
A preocupação com outras possibilidades de atuação
profissional não se trata, em hipótese alguma, de uma tentativa
camuflada de descaracterização do curso de licenciatura,
mas sim da proposta aberta de um posicionamento mais abrangente em relação
à graduação.
Neste ponto faz-se necessário que tanto discentes quanto docentes
responsáveis pela disciplina tenham clareza de que o trabalho de
produção textual exige o conhecimento do gênero a
ser produzido, a análise do tema, sua classificação,
sua delimitação espacial, sua adequação ao
público-alvo, para que, enfim, possa se chegar a uma síntese
do que o autor pensa, deseja e pode escrever sobre o assunto proposto.
A partir daí pode-se atribuir ao ser humano uma competência
textual, ou seja, o homem passa a ser competente para, diante de um texto,
detectar interrupções, complementar idéias, parafrasear,
resumir e interagir. Logo, entender e produzir textos depende dos processos
de raciocínio, análise e síntese.
Para melhor compreender o fenômeno dos textos escritos, é
importante entender primeiro o que caracteriza o texto. Para Val (2004,
p.3), “pode-se definir texto como ocorrência lingüística
falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal”. A autora explica ainda que:
Antes de mais nada, um texto é uma unidade de linguagem
em uso, cumprindo uma função identificável num dado
jogo de atuação sociocomunicativa. Têm papel determinante
em sua produção e recepção uma série
de fatores pragmáticos que contribuem para a construção
de seu sentido e possibilitam que seja reconhecido na língua. A
segunda propriedade básica do texto é o fato de ele constituir
uma unidade semântica. Uma ocorrência lingüística,
para ser texto, precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo.
Finalmente, o texto se caracteriza por sua unidade formal, material. Seus
constituintes lingüísticos devem se mostrar reconhecivelmente
integrados, de modo a permitir que ele seja percebido como um todo coeso.
(VAL, 2004, p.3).
Ao se pensar na origem da palavra “texto”,
que vem do latim textu (tecido), percebe-se que de fato o texto é
um tecido feito de palavras que se reúnem ordenadamente para formar
unidades de sentido, todos significativos.
Do ponto de vista da Semiótica, o texto é o produto final
de um processo que tem início na mente do enunciador. A partir
dessa visão, Andrade (2000, p. 12) explica que “antes da
redação ou apresentação oral do texto, como
produto de um processo criativo, há uma fase de percepção
das idéias e conhecimentos, que tem por base a apreensão
dos traços culturais, no nível social e no individual”.
Para Andrade (2000, p.13),
Para redigir um bom texto é indispensável
um grande domínio do pensamento sobre as palavras. É preciso
capturá-las, escolhê-las adequadamente, dominá-las,
para ordená-las em frases e parágrafos, como quem monta
um quebra-cabeça.
Em decorrência dessas características, a
luta que a maioria das pessoas enfrenta com relação à
produção de textos escritos vem de longa data e é
muito especial. Em geral, elas não apresentam dificuldades em se
expressar através da fala coloquial. Os problemas começam
a surgir quando é preciso fazer uso da expressão formal
escrita. Nesta situação é fundamental que o usuário
da língua tenha claro que há diferenças marcantes
entre falar e escrever. Isto também acontece com os acadêmicos
do curso de Letras.
Escrever não é apenas traduzir a fala em sinais gráficos.
O fato de um texto escrito não ser satisfatório não
significa que seu produtor tenha dificuldades no uso da linguagem cotidiana
e sim que ele não domina os recursos específicos da modalidade
escrita, que tem normas próprias a serem seguidas e respeitadas
quando da construção do texto. Entretanto, a simples utilização
dessas regras e de outros recursos da norma culta não garante o
sucesso de um texto escrito. É necessário que o autor se
preocupe com a constituição do discurso, além de
ter em mente a figura do interlocutor e a finalidade do texto produzido.
Faz-se necessária aqui uma breve consideração acerca
do conceito de “escrever bem” ou “escrever com qualidade”.
Para Carlos Drummond de Andrade, “escrever bem é cortar palavras”,
o que atribui mais sentido à importância de se evitar, no
texto escrito, o excesso de vocábulos.
A concisão é importante num texto, mas não pode ser
considerada a única virtude do bem escrever. A resposta ao questionamento
sobre o que é escrever bem varia, sem dúvida, de acordo
com o momento histórico vivido pela linguagem e por seus usuários.
Dessa forma, a noção de um texto bem escrito transforma-se
com o tempo e as características de estilo inerentes a cada momento
histórico. No entanto, algumas idéias sobre este tema permanecem
como foco de interesse e estudo qualquer que seja a localização
espaço-temporal do autor.
A primeira idéia é a de que escrever bem é escrever
de forma gramaticalmente correta. Todavia, qualquer usuário da
língua sabe que nem sempre um texto gramaticalmente correto é
um bom texto.
Na verdade, em algumas situações de produção
textual escrita a correção gramatical não pode ser
levada ao pé da letra e deve abrir espaço para que a intenção
comunicativa seja mais facilmente alcançada, como é o caso
das mensagens publicitárias: há que se considerar que os
anúncios conseguem uma larga abrangência devido, em primeiro
lugar, à consideração de quem são os interlocutores,
quais as relações estabelecidas entre eles, além
de outros elementos situacionais que permitem traçar uma estratégia
textual que atinja a finalidade comunicativa de texto.
Outra falsa idéia sobre o “bem escrever” que vem sendo
largamente debatida é a de que escrever bem é escrever de
forma culta e elaborada. Mais uma vez o argumento contra a afirmação
remete à discussão sobre a importância da adequação
social do texto a fim de que se alcance a eficiência comunicativa.
Em diversas situações de uso efetivo da escrita uma linguagem
excessivamente elaborada e um vocabulário demasiadamente culto
impedem ou dificultam a compreensão da mensagem – objetivo
de todo processo comunicativo.
Em qualquer um dos casos apresentados, o mesmo engano pode ser encontrado:
o de pensar que a perfeição da linguagem escrita é
anterior à situação de comunicação
em que ela será empregada.
Para Carneiro (2001, p. 21),
A mesma palavra ou construção pode ser adequada
numa determinada situação de comunicação e
totalmente inadequada em outra. Assim, pode-se dizer que escrever bem
é escrever de forma adequada à situação em
que o ato de comunicação se vai realizar, seguindo uma estratégia
conveniente.
É fundamental, ao acadêmico de Letras, ter
acesso a tais considerações para que possa adequar os elementos
de sua produção escrita às diversas situações
de comunicação, colaborar para a adequação
das produções alheias através da revisão textual
bem como desmistificar a ato de escrever nas escolas durante as aulas
de língua portuguesa.
Para Pontes (1996, p. 4),
Através da produção de textos variados
poder-se-á mergulhar o aluno em uma multidão de diferentes
vozes, fazendo dele um verdadeiro leitor/produtor; aquele que se posiciona
frente ao que lê, sendo capaz de elaborar textos coerentes com domínio
da norma culta.
Dentre as disciplinas da graduação em Letras
da Uniplac, aquela que se propõe a trabalhar mais efetivamente
a produção escrita dos alunos é a de Produção
de Textos. A disciplina tem papel relevante no curso uma vez que ler muito
– e de forma proveitosa – com certeza enriquece a experiência
do leitor e amplia sua capacidade vocabular, mas isso, por si só,
não leva o aluno-produtor a escrever bem. Por isso, a disciplina
tem a incumbência de propor, além da leitura e da compreensão
dos mais variados gêneros textuais, a detecção das
estratégias produtoras utilizadas para se conseguir os efeitos
de sentido desejados num texto. Apreendendo as estratégias textuais
o aluno poderá, certamente, aplicá-las a novos textos de
forma consciente.
As estratégias textuais, por sua vez, são elaboradas conforme
os objetivos e as funções dos textos dependendo, portanto,
do conhecimento dos gêneros que se pretende produzir em cada situação
específica de escrita. Isso significa dizer que o trabalho realizado
pela disciplina de Produção de Textos deve passar pelos
diferentes gêneros escritos se quiser alcançar os objetivos
propostos.
Mesmo não sendo escopo deste trabalho o aprofundamento das questões
de tipologia e gênero, faz-se necessário aqui um breve esclarecimento
do que são tipos e gêneros textuais para que fiquem mais
explícitas as exigências textuais encontradas pelos egressos
do curso de Letras no mercado de trabalho fora da docência. É
preciso, então, diferenciar tipos e gêneros textuais. Essa
distinção é também fundamental em todo o trabalho
com a produção e a compreensão textual.
Para explicar essa diferença parte-se do pressuposto básico,
defendido por Bakhtin em toda sua obra sobre este assunto, de que é
impossível se comunicar verbalmente a não ser por algum
gênero, da mesma forma como não se pode efetuar a comunicação
verbal sem algum texto. Logo, a idéia de comunicação
verbal só é possível a partir de algum gênero
textual.
A partir daí forma-se a idéia de que os gêneros textuais
são fenômenos históricos, profundamente vinculados
à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros
contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia.
Assim, para Marcuschi apud Dionísio, Machado et al (2002, p.19),
[...] mesmo apresentando alto poder interpretativo das ações
humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são
instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa.
Caracterizam-se como eventos textuais maleáveis, dinâmicos
e plásticos. Surgem emparelhados a necessidades e atividades sócio-culturais,
bem como na relação com inovações tecnológicas,
o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade
de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades
anteriores à comunicação escrita.
Assim, “os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se
funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracterizam-se muito
mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais
do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais”
(MARCUSCHI apud DIONÍSIO, 2002, p. 22). Quase inúmeros em
diversidade de formas, assim como surgem, podem desaparecer.
Essa visão é defendida pela maioria dos autores que tratam
a língua como uma atividade social, histórica e cognitiva
privilegiando sua natureza funcional e de interação e não
seu aspecto formal e estrutural. Marcuschi apud Dionísio, Machado
et al (2002, p. 22) faz uma breve distinção das noções
de gênero e tipo:
a) Usamos a expressão tipo textual para designar
uma espécie de seqüência teoricamente definida pela
natureza lingüística de sua composição {aspectos
lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas}.
Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias
conhecidas como: narração, argumentação, exposição,
descrição, injunção.
b) Usamos a expressão gênero textual, como uma noção
propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos
em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição
característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia,
os gêneros textuais são inúmeros. Alguns exemplos
de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial,
carta pessoal, romance, bilhete, notícia jornalística, (...),
bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.
A adequação tipológica é fundamental
para o sucesso da comunicação e diz respeito também
à relação que deve existir, na produção
de cada gênero textual, entre alguns aspectos citados por Marcuschi
apud Dionísio, Machado et al (2002, p. 34) como “natureza
da informação ou do conteúdo veiculado; nível
de linguagem; tipo de situação em que o gênero se
situa; relação entre os participantes e natureza dos objetivos
das atividades desenvolvidas”.
Espera-se que um aluno de Letras seja capaz de transitar pelos diversos
gêneros textuais fazendo uso pertinente das habilidades exigidas
para que a produção textual escrita tenha qualidade, atinja
o interlocutor, alcance seu objetivo e consiga eficiência comunicativa.
Por isso, a percepção das diferenças e semelhanças
existentes entre os vários tipos e gêneros textuais em que
as mensagens são elaboradas é importante para a escritura
de textos adequados e bem estruturados. Analisando o modo como essas diferenças
e semelhanças se organizam nos textos é possível
detectar as finalidades que orientam a elaboração destes.
Aplicando-as na produção textual pode-se planejar o que
se escreve de modo a fortalecer a eficácia e a expressividade das
mensagens.
Ao organizar seus textos, o aluno de Letras deve ser capaz de considerar
esse jogo comunicativo de gêneros textuais e de manipular com maior
eficiência o material disponível para elaboração
da mensagem. Transitar livremente pelas relações entre gêneros
e suas características não deve ser tarefa inatingível
para o acadêmico que, como prevê o Projeto Político-Pedagógico
do curso e a ementa da disciplina de Produção de Textos,
deve sair da graduação capacitado para trabalhar com a diversidade
textual não só na escola, mas como produtor e revisor de
textos em empresas, órgãos de assessoria de imprensa, jornais,
revistas, etc.
Da mesma forma que a produção textual, o trabalho do revisor
de textos exige alguns requisitos como: ótimo conhecimento da língua;
atenção; senso crítico e muita leitura de variados
gêneros. Assim, os primeiros fatores a serem considerados pelo revisor,
ao se dispor ao trabalho, segundo Flôres (2003, p. 5) são
“o gênero e o nível de linguagem em que o texto a ser
revisado está escrito, uma vez que o revisor poderá deparar-se
com textos técnicos e com textos literários”. Como
a cada gênero correspondem peculiaridades e características
diferenciadoras, a observação desses fatores também
norteará os caminhos da revisão.
Outro fator a ser considerado na revisão, de acordo com Flôres
(2003), é a adequação da linguagem ao objetivo e
ao leitor a quem se destina o texto revisado. Por isso,
O revisor deve se posicionar duplamente: como revisor
e como leitor. Pondo-se no lugar do leitor a quem o texto se destina,
o revisor será capaz de confirmar a adequação da
linguagem aos objetivos do texto e, conseqüentemente, ao leitor que
é buscado pelo autor, e sugerir, sempre que considerar necessárias,
alterações no sentido de mais e melhor adequar a linguagem
do texto. (FLÔRES, 2003, p. 6).
Exigindo, constantemente, atenção, preparo,
seriedade e minúcia; o trabalho de revisão deve, portanto,
adequar-se ao gênero revisado e às suas peculiaridades, mas
jamais pode interferir no estilo do autor ou mudar o conteúdo original
do texto. O domínio das diversidades tipológicas e de gênero
presentes na língua portuguesa é fundamental ao trabalho
do revisor podendo mesmo contribuir para que ele limite-se à sua
função. O revisor tem de contribuir com seus conhecimentos,
sua cultura geral ou especializada, está claro, mas não
pode, de forma alguma, mostrar-se um autor frustrado tentando alterar
o texto a ser revisado. Talvez esteja aí o seu maior desafio profissional.
Outra importante característica do bom revisor de textos é
sempre duvidar de seus conhecimentos e buscar respaldo em bibliografias
especializadas para solucionar suas dúvidas. Segundo Flôres
(2003, p.7), “diante da dúvida, o revisor deve fazer pesquisa
bibliográfica exaustiva. A pergunta ao colega e o ‘achismo’
nem sempre são derivativos de resposta segura”. Ao que Malta
(2000, p.28) complementa: “O revisor precisa ter a humildade de
duvidar de seus próprios conhecimentos, ou seja, deve recorrer
a fontes de consulta dezenas de vezes ao dia. Não é vergonhoso
ir ao Aurélio”.
Segundo Malta (2000, p. 30):
Falta às novas gerações, mesmo os
formados ou formandos em Letras e Comunicações – que
são normalmente os que querem ingressar no mundo da revisão
– cultura geral. Daí minha insistência: ler, diversificar
as leituras, ser curioso.
Cabe salientar ainda a importância do revisor de
textos para os veículos de comunicação impressa,
as editoras, as agências de publicidade, as assessorias de imprensa
e outras instituições que trabalham com a linguagem e a
comunicação. De acordo com Malta (2000, p. 11), “todo
texto necessita de revisão – desde um simples memorando interno
de uma empresa, ou um panfleto, até um gigantesco outdoor que será
visto, por dias ou semanas, por milhares de pessoas”.
A disciplina de Produção de Textos no curso de Letras da
Uniplac se propõe a formar produtores e revisores e deve, portanto,
oferecer subsídios aos acadêmicos para que atendam aos requisitos
solicitados por este mercado de trabalho específico, carente de
profissionais capacitados e repleto de oportunidades.
Tal proposição vai ao encontro do que preconizam as atuais
diretrizes para os cursos de Letras, aprovadas em 03 de abril de 2001,
que por sua vez afirmam que os cursos de graduação em Letras
devem ter estruturas flexíveis que:
? Facultem ao profissional a ser formado opções
de conhecimento e de atuação no mercado de trabalho;
? Criem oportunidade para o desenvolvimento de habilidades necessárias
para se atingir a competência desejada no desempenho profissional;
? Dêem prioridade à abordagem pedagógica centrada
no desenvolvimento da autonomia do aluno;
? Promovam articulação constante entre ensino, pesquisa
e extensão, além de articulação direta com
a pós-graduação;
? Propiciem o exercício da autonomia universitária, ficando
a cargo da Instituição de Ensino Superior definições
como perfil profissional, carga horária, atividades curriculares
básicas, complementares e de estágio.
De acordo com as diretrizes, o currículo deixa
de ter como foco as disciplinas e passa a ser entendido como “todo
e qualquer conjunto de atividades acadêmicas que integralizam um
curso” e o professor passa a ter duplo papel já que se espera
que ele, além de se responsabilizar pelos conteúdos, tenha
a função de orientador, influindo na qualidade da formação
do aluno.
Ainda conforme as orientações feitas pelas diretrizes curriculares,
os profissionais em Letras devem “ter domínio do uso da língua
ou das línguas que sejam objeto de seus estudos, em termos de sua
estrutura, funcionamento e manifestações culturais”.
Deles se espera múltiplas competências e habilidades para
atuarem como “professores, pesquisadores, críticos literários,
tradutores, intérpretes, revisores de textos, roteiristas, secretários,
assessores culturais, entre outras atividades”. Vale lembrar que
o processo articulatório entre habilidades e competências
no curso de Letras pressupõe o desenvolvimento de atividades de
caráter prático durante a graduação.
O curso de Letras da Uniplac está de acordo com as inovações
previstas pelas atuais diretrizes curriculares e, por isso, propõe-se
a formar profissionais competentes, capazes de resolver problemas, tomar
decisões, trabalhar em equipe e comunicar-se dentro da multidisciplinaridade
dos saberes que compõem a formação universitária
em Letras. Além disso, preocupa-se em preparar profissionais compromissados
com a ética, a responsabilidade social e educacional, e com as
conseqüências de sua atuação no mercado de trabalho.
Como se sabe, o aparecimento de novas mídias, a evolução
tecnológica e o crescimento da indústria editorial são
aspectos transformadores da realidade cultural brasileira. E é
a partir dessa transformação que uma nova realidade de trabalho
se apresenta aos egressos dos cursos de Letras e nesta realidade há
uma ampliação do mercado de atuação profissional.
Por isso, a graduação delineia-se como uma importante alternativa
para suprir as novas necessidades mercadológicas se conseguir formar,
além de docentes, profissionais aptos a atuarem como produtores
e revisores textuais em jornais, revistas, assessorias de imprensa, editoras
e agências de publicidade; assessores culturais; críticos
literários.
Na análise do Projeto Político-Pedagógico do curso
foram consideradas relevantes as seguintes informações:
1. Quanto às competências e habilidades, o curso prevê
a formação de profissionais que dominem a língua
estudada e suas culturas com vistas a atuarem como professores, pesquisadores,
críticos literários, tradutores, intérpretes, revisores
de textos, roteiristas, secretários, assessores culturais, entre
outras atividades. Por isso, o curso de Letras, de acordo com o seu Projeto
Político-Pedagógico, deve contribuir para o desenvolvimento
das seguintes competências e habilidades:
? Domínio do uso da língua portuguesa /
línguas estrangeiras, nas suas manifestações oral
e escrita, em termos de recepção e produção
de textos.
? Reflexão analítica e crítica sobre a linguagem
como fenômeno psicológico, educacional, social, histórico,
cultural, político e ideológico.
? Visão crítica das perspectivas teóricas adotadas
nas investigações lingüísticas e literárias
que fundamentam sua formação profissional.
? Exercício profissional atualizado, de acordo com a dinâmica
do mercado de trabalho.
? Percepção de diferentes contextos interculturais.
2. Os objetivos do curso de Letras da Uniplac estão
assim discriminados no Projeto Político-Pedagógico:
? Formar profissionais que dominem a língua/línguas (nas
suas manifestações oral e escrita, em termos de recepção
e produção de textos) estudadas e suas culturas, habilitando-os
para atuar nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino
Médio.
? Qualificar profissionais que entendam os diferentes contextos interculturais
e especificidades locais e que sejam capazes de adequar o ensino da língua/línguas
a essas especificidades.
? Capacitar profissionais para que possam atuar junto às classes
populares e trabalhar as variáveis lingüísticas como
diferenças e não como erros.
? Instrumentalizar profissionais para repensar sua prática pedagógica
e refletir analítica e criticamente sobre a linguagem como fenômeno
psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político
e ideológico.
3. Quanto aos campos de atuação profissional
e em concordância com as competências e habilidades desenvolvidas
pelo curso, o Projeto Político-Pedagógico prevê os
seguintes campos de atuação para os profissionais de Letras
da Uniplac:
? Como professor, em escolas da rede pública e
privada nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
? Como secretário, tradutor, intérprete e revisor de textos
em empresas ou órgãos públicos.
? Como crítico literário, em jornais, revistas ou órgãos
de comunicação.
? Como pesquisador, junto a empresas, universidades e outros órgãos
ligados à pesquisa.
? Em outras atividades, de acordo com a competência desenvolvida
no próprio curso.
Em concordância com o escopo do curso de Letras
da Uniplac, o ementário da disciplina de Produção
de Texto tem os seguintes objetivos gerais em seus dois semestres:
a) Instrumentalizar o aluno para que possa desenvolver
as seguintes competências e habilidades:
? Domínio do uso da língua portuguesa nas suas manifestações
oral e escrita – em termos de produção e recepção
de textos.
? Reflexão analítica e crítica sobre a linguagem.
? Visão crítica das perspectivas teóricas adotadas
nas investigações lingüísticas que fundamentam
a formação profissional.
? Exercício profissional atualizado, de acordo com a dinâmica
do mercado de trabalho.
b) Formar profissionais que dominem a língua, habilitando-os para
atuar nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio
– e como secretários, pesquisadores, críticos literários,
revisores de textos e assessores culturais, entre outras atividades.
A fim de obter dados para a elaboração do
comparativo entre os objetivos da disciplina de Produção
de Textos e a preparação efetiva dos egressos do curso de
Letras para o mercado de trabalho diverso do magistério, optou-se,
além do estudo do ementário da disciplina e do Projeto do
curso, pela aplicação de questionário em todos os
discentes da graduação.
A análise das respostas do questionário restringiu-se ao
total do curso, não se fixando nas peculiaridades de cada semestre.
As porcentagens representam frações do universo de 140 acadêmicos
pesquisados, que são, ao mesmo tempo, população e
amostra. Vale esclarecer também que o total do curso formou-se
pela média aritmética dos seis semestres pesquisados.
A partir das informações contidas no Projeto Político-Pedagógico
do curso de Letras e no ementário da disciplina de Produção
de Textos fica claro que a graduação preocupa-se com as
transformações do mercado de trabalho e busca adequar-se
a elas oferecendo aos seus acadêmicos possibilidades variadas de
atuação profissional. Além disso, o Projeto do curso
propõe-se a desenvolver com os acadêmicos as habilidades
e competências exigidas pelos diversos mercados de trabalho que
a graduação pretende atingir.
A análise dos objetivos gerais propostos no ementário de
Produção de Textos, por sua vez, mostra que a disciplina
está em concordância com os campos de atuação
profissional oferecidos pelo curso no que se refere ao desenvolvimento
de habilidades e competências outras, além daquelas exigidas
para o exercício do magistério. Entretanto, a diversidade
de gêneros, importante suporte para o trabalho de um produtor ou
revisor textual, é pouco abordada pelos conteúdos programáticos
dos dois semestres da disciplina na graduação.
O programa do primeiro semestre se fixa mais nos aspectos de forma e organização
textual e nos elementos constitutivos do texto. Aborda ainda alguns traços
da revisão e apresenta técnicas de elaboração
de textos científicos como resumo, resenha e relatório.
Já o conteúdo previsto para o segundo semestre traz duas
unidades. A primeira trata da organização do texto sob o
ponto de vista do interlocutor, nela abordam-se aspectos como títulos
de redações, correção e avaliação
de textos. A segunda unidade, cujo título é “Classificação,
análise e síntese de textos”, propõe o assunto
Gêneros Textuais no item classificação, mas parece
não ter a pretensão de viabilizar a produção
desses gêneros e sim, como o próprio nome da unidade prevê,
parece apenas buscar a elucidação teórica do assunto.
A análise do confronto do conteúdo programático com
os objetivos da disciplina pode levar a uma discussão acerca da
adequação do programa aos objetivos.
Além das constatações já apresentadas, verificou-se
ainda que o conteúdo programático da disciplina pode ser
uma das explicações para as respostas da questão
nove do questionário. Essa questão buscou a opinião
dos acadêmicos sobre sua preparação profissional para
atuar como revisor e produtor de diferentes gêneros textuais com
base nas habilidades desenvolvidas pela disciplina de Produção
de Textos, e 63% dos discentes considera que esta preparação
não acontece de maneira efetiva.
Outros percentuais de respostas que podem encontrar explicações
na possível “inadequação”do conteúdo
programático da disciplina aos objetivos por ela propostos são
os das perguntas quatro, cinco e sete do questionário. A quarta
questão mostrou que os acadêmicos se confundem na identificação
do enfoque da disciplina e enquanto 41% deles considera que o trabalho
volta-se para atuação em sala de aula, 43% não consegue
identificar o enfoque da disciplina, o que ratifica a discordância
entre conteúdos e objetivos. Já a questão cinco demonstra
que a ausência de foco ou a focalização confusa demonstradas
pela questão anterior reflete-se nas expectativas dos acadêmicos
através de percentuais de respostas muito próximos e pouco
conclusivos, a partir dos quais não se pode afirmar que uma resposta
tem prevalência absoluta sobre as demais: quanto ao grau de satisfação
dos discentes no que se refere ao desenvolvimento das habilidades exigidas
para a atuação no mercado de trabalho diverso do magistério,
60% dos alunos está insatisfeito ou apenas parcialmente satisfeito
com o que a disciplina de Produção de Textos oferece para
o desenvolvimento das habilidades necessárias à produção
escrita de gêneros textuais variados. Por fim, os percentuais da
sétima questão deixam evidente que as aulas de Produção
de Textos oferecem mais teoria do que prática de elaboração
textual, 53% dos discentes afirmaram no questionário que as aulas
são apenas teóricas. Isso remete a um outro questionamento:
além da teoria, não é fundamental que se pratique
a produção de diferentes gêneros textuais exigidos
pelo mercado de trabalho para que se efetive o aprendizado destes e se
prepare os acadêmicos para atuar com competência profissional
em mercados diversos do magistério?
A questão oito incrementa a análise da produção
textual no ensino superior, em especial no curso de Letras, uma vez que
teve por escopo dar uma visão geral da prática de produção
de diferentes gêneros textuais nas demais disciplinas a graduação.
De acordo com as respostas, 51% dos acadêmicos afirmaram que, durante
o curso, há possibilidade de produção de diferentes
gêneros textuais em outras disciplinas. Já 34% dos entrevistados
responderam que isso acontece “às vezes”.
Como complemento à questão de número oito, foi solicitado
no questionário que os acadêmicos citassem as disciplinas
em que as situações de produção textual ocorrem
com mais freqüência. As quatro disciplinas mais citadas foram:
Língua Portuguesa, com 38%; Literatura, com 17%; Lingüística,
com 15% e Língua Inglesa, com 14%. Neste item cada pesquisado pôde
citar mais de uma disciplina.
Ligadas à atuação profissional em mercados de trabalho
diferentes do magistério, estavam as questões um e dois.
Nelas a evolução e as mudanças no modo de pensar
dos acadêmicos de Letras também podem ser verificadas. Nas
respostas do questionário, ficou evidente que 51% dos acadêmicos
sabem das possibilidades de atuação profissional em mercados
diferentes do magistério antes de se matricular no curso de Letras
e, complementando essa resposta, uma mudança de perfil do acadêmico
pôde ser confirmada na pesquisa por meio da segunda questão,
que indagava sobre as intenções dos alunos ao procurarem
a graduação em Letras. Nessa questão os discentes
tinham a possibilidade de escolher mais de uma opção de
resposta. Num curso de licenciatura, 59% dos discentes afirmaram ter optado
por Letras para atuarem como professores – percentual já
esperado. O que demonstra a transformação de perfil dos
discentes são os índices de 34% e 33% que buscaram o curso
para aprimorarem conhecimentos em língua inglesa e língua
portuguesa, respectivamente, e os 20% que afirmaram buscar subsídios
para atuarem profissionalmente como revisores e/ou produtores textuais.
Somados, os três percentuais ultrapassam o percentual de alunos
que busca o mercado do magistério, atingindo 87%. Esse resultado
evidencia que o acadêmico de Letras também se interessa,
hoje, por outros mercados de trabalho e precisa de um curso que atenda
às suas necessidades. Para atender de forma mais eficiente esse
novo público, fica clara a necessidade de evolução
também do curso, que precisa oferecer suporte teórico/prático
para que seus graduandos tenham expectativas atendidas e acesso mais facilitado
ao mercado de trabalho que se abre de forma crescente para revisores e
produtores textuais com habilitação no ensino superior.
A terceira questão tratou de importância da disciplina Produção
de Textos e mostrou que 82% dos acadêmicos a considera indispensável.
Talvez em decorrência da relevância atribuída à
disciplina, na sexta questão 67% dos entrevistados afirmaram que
dois semestres são insuficientes para a preparação
do acadêmico de Letras que deseja atuar em áreas diversas
do magistério e mais uma vez fica evidente a necessidade de se
repensar temas pertinentes ao curso para sua maior adequação
ao público-alvo e aos diversos mercados profissionais que pretende
alcançar através de seus egressos.
Não se está afirmando aqui que o curso de Letras e a disciplina
de Produção de Textos são inadequados e improdutivos.
O que parece ter ficado claro tanto na pesquisa documental quanto na análise
dos dados colhidos pelo questionário é que alguns pontos
devem ser repensados para que a disciplina atenda mais eficientemente
àquilo que preconiza e oportunize aos acadêmicos o desenvolvimento
de competências necessárias para o ingresso em mercados de
trabalho diversos do magistério.
Já no que diz respeito ao magistério, principal campo de
atuação vislumbrado pela graduação em seu
Projeto Político-Pedagógico, 65% dos acadêmicos afirmaram
na décima pergunta do questionário que o curso de Letras
prepara o aluno para ser professor de línguas. Esse percentual
de respostas atesta a qualidade do curso em seu caráter de licenciatura.
Entretanto, o enfoque dado aos conteúdos durante a preparação
dos discentes na disciplina em foco, parece não favorecer o exercício
efetivo da escrita. Tal constatação ficou comprovada no
questionário quando 67% dos acadêmicos dos últimos
semestres do curso afirmaram não se considerarem preparados para
atuarem profissionalmente como revisores, produtores textuais e em atividades
afins.
Aqui vale ressaltar que os dados anteriormente dispostos foram baseados
no confronto entre as informações documentais da disciplina
de Produção de Textos e as respostas dos discentes no questionário;
não tendo sido ouvidas, portanto, as opiniões dos docentes
da referida cadeira.
O cruzamento das informações conseguidas em ambas as etapas
permitiu a comparação entre proposta de ensino e preparação
real dos discentes para o mercado de trabalho diverso do magistério.
Com base nesse comparativo, pôde-se chegar à conclusão
de que tanto o curso de licenciatura em Letras da Universidade do Planalto
Catarinense – Uniplac – quanto a disciplina de Produção
de Textos desempenham bem seus papéis no que se refere à
formação de docentes. Por outro lado, além da atuação
no magistério, o projeto do curso e a ementa de disciplina prevêem
a formação de profissionais capazes de atuar no mercado
de trabalho como revisores, produtores textuais e atividades afins. Sob
este aspecto o enfoque dado aos conteúdos durante a preparação
dos discentes, em particular na disciplina citada, parece não favorecer
o exercício da escrita e da análise de gêneros textuais
voltados para a atuação profissional dos egressos do curso
em veículos de comunicação, órgãos
de assessoria de imprensa, agências de publicidade e outros. Situações
vislumbradas pela disciplina e pela graduação.
Para que isso aconteça são necessárias mudanças
tanto no posicionamento dos docentes quanto na estruturação
do curso. Os acadêmicos já mostram uma ampliação
do campo de visão das possibilidades de atuação profissional
dos egressos do curso de Letras, mas é preciso agora que essas
possibilidades, também vislumbradas pela graduação,
sejam vivenciadas num trabalho efetivo de escritura de gêneros variados
e, nesse ponto, a disciplina de Produção de Textos é
fundamental.
Outro fator conclusivo que ratifica a necessidade de mudança de
posicionamento tanto da disciplina quanto da graduação foi
encontrado nas diretrizes curriculares para os cursos de Letras, que afirmam
que o graduado em Letras “deverá ser identificado por múltiplas
competências e habilidades adquiridas durante sua formação
acadêmica convencional, teórica e prática, ou fora
dela”. Ora, se o profissional de Letras deve apresentar habilidades
e competências múltiplas, parece natural que ele possa também
vislumbrar outros mercados de trabalho além do magistério.
Mas para isso, terá que dominar e ser capaz de cumprir as exigências
desses mercados no que se refere à produção e revisão
de textos dos mais variados gêneros.
Por fim, reitera-se a afirmação de que não se pretende,
em nenhum momento, descaracterizar o curso de Letras enquanto licenciatura
e tampouco criticar a prática docente na disciplina de Produção
de Textos, mas contribuir para o melhoramento da graduação
buscando rastrear mudanças no perfil dos acadêmicos e novas
perspectivas de trabalho para os profissionais de Letras nesse atual panorama
mercadológico que se delineia mais claramente a cada dia.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria M. de; MEDEIROS, João Bosco. Comunicação
em língua portuguesa para os cursos de jornalismo, Propaganda e
letras. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2001.
ANDRADE, Maria M. de; HENRIQUES, Antonio. Língua portuguesa: noções
básicas para cursos superiores. 4.ed. São Paulo: Atlas,
1994.
ANDRADE, Maria M. de. Guia prático de redação. São
Paulo: Atlas, 2000.
AZEVEDO, José Carlos de (org.). Letras e comunicação:
uma parceria no ensino de língua portuguesa. Petrópolis:
Vozes, 2001.
CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção.
São Paulo: Moderna, 2001.
DIONISIO, Ângela P.; MACHADO, Anna R.; BEZERRA, Maria A. (org.)
Gêneros textuais & ensino. 2.ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
FLÔRES, Lúcia Locatelli. Revisão de textos. Florianópolis:
EDUFSC, 2003.
INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto. 6.ed. São Paulo: Scipione,
2000.
LAJOLO, Marisa. Língua portuguesa. Disponível em: <www.unicamp.br/iel/memoria/memoriadeletras>
Acesso em 12/01/2005.
_____. Diretrizes curriculares para os cursos de Letras. In: <www.unicamp.br/iel/memoria/memoriadeletras>
Acesso em 12/01/2005.
MALTA, Luiz Roberto. Manual do revisor. São Paulo: WVC, 2000.
PONTES, E.M.P. Linguagem e interação. 2.ed. Curitiba: Módulo,
1996.
VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade.
São Paulo: Martins Fontes, 2004.