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  FABULÁRIO: INVENCIONICES DE ESOPO A MILLÔR

Ana Thomyres Basseto Malagutti - Educativa – Instituto de Educação e Cultura
Tânia Gisela Aleva - Educativa – Instituto de Educação e Cultura

I. Justificativa

Por que fábula?
São textos que remontam a séculos e que estão sempre sendo recuperados nos mais diferentes tipos de texto (verbal e não-verbal), portanto permitem um trabalho interessante de intertextualidade e de interdiscursividade.
Além de serem narrativas curtas de fácil memorização, e repletas de simbologia, são textos que chegam até nós trazendo as marcas das leituras que precederam à nossa, cabe ao leitor desvendar estas marcas impressas no discurso do outro e perceber que a atualização destes textos se dá através das marcas das culturas atuais que vão sendo deixadas ao longo do texto e que só serão percebidas pelo leitor consciente.
Também são importantes para o enriquecimento da cultura geral do leitor que, a partir dessas leituras, tomará conhecimento e passará a compreender muitos ditados populares que estão contidos nesse tipo de narrativa. Assim, o leitor poderá ficar sabendo o significado de ditados como: “quem desdenha quer comprar”, “mais vale um pássaro na mão que dois voando” (este último provérbio, por exemplo, se usado em um discurso publicitário sobre a necessidade de preservação do meio ambiente, assume um outro significado que só poderá ser depreendido se o destinatário conhecer o primeiro significado) e, até mesmo, questionar os valores neles implícitos. É importante para um entendimento mais profundo dos provérbios, perceber o contexto histórico em que se deu a produção do discurso. Que valores tinham as pessoas que viveram naquela época, quais as intenções do enunciador e confrontar essas idéias com as atuais. Portanto, é também um discurso ideológico. Por exemplo, quais são os valores ideológicos implícitos nas fábulas de La Fontaine, escritas no século XVII?
Por ser uma narrativa curta, chamada de forma simples, que, segundo Coelho são
“determinadas narrativas que, há milênios, surgiram anonimamente e passaram a circular entre os povos da Antiguidade, transformando-se com o tempo no que hoje conhecemos como tradição popular. De terra em terra, de região a região, foram sendo levadas por contadores de histórias, peregrinos, viajantes, povos emigrantes, etc que acabaram por ser absorvidas por diferentes povos e, atualmente, representam fator comum entre diferentes tradições folclóricas.” (COELHO, p. 164-65)
pode-se explorar também os elementos e a estrutura da narrativa (orientação, complicação, avaliação, resolução e moral) que se mantém a mesma, mesmo nos textos recuperados em outras linguagens. Há que se destacar também o trabalho com os personagens tipos que são sempre símbolos, isto é, representam algo num contexto universal (por exemplo: o leão, símbolo da força, majestade, poder; a raposa, símbolo da astúcia, etc.). Nos textos atuais, o personagem-animal é uma das mais encontradas, tanto na literatura infantil como na adulta (por exemplo, A metamorfose de Kafka, The Fox de Lawrence, Revolução dos bichos de George Orwell). Num trabalho de leitura com os textos atuais, pode-se analisar se as características representadas pelos personagens-símbolo permanecem as mesmas.
Enfim, esse trabalho poderá estimular as crianças e jovens a tornarem-se leitores eficazes e capazes de transformar essa competência em uma ferramenta que possa capacitá-los para o exercício pleno da cidadania. Acredita-se que, quanto maior o conhecimento que o indivíduo tiver dos textos tradicionais, em especial, as fábulas, maior será sua capacidade de compreensão de textos.
Há que se considerar, também, a necessidade de se buscar novas metodologias de ensino da Língua e da Literatura, a fim de despertar o indivíduo para a leitura, a compreensão e a produção de diferentes tipos de textos.
A exposição demonstrará os passos do desenvolvimento do trabalho com os professores na busca de novas metodologias de ensino de Língua e Literatura e o resultado da sua aplicação com os alunos.

II. Objetivo

Capacitar o professor do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries) e do Núcleo de Educação Infantil para que, a partir do conhecimento, da compreensão e da exploração de fábulas diversas, em diferentes linguagens e nas mais diversas recriações e adaptações, possa desenvolver no aluno:
• A habilidade de produzir textos verbais e não verbais
• A criatividade na produção de diferentes tipos de texto em linguagem verbal e não-verbal
• A reflexão sobre os valores morais que são transmitidos através das fábulas
• O trabalho em equipe
• O gosto pela leitura
• A compreensão das mensagens veiculadas nos diferentes tipos de texto
• A capacidade de compreender a superação dos valores morais, a partir do resgate daqueles implícitos nas fábulas.

III. Origem e Evolução

A fábula é uma das mais antigas formas de narrativa. Primeiramente, ela aparece no antigo Egito e na Índia. No Ocidente, ela surge no séc V I a.C através de seu maior fabulista, o grego Esopo .
Dizem que Esopo é um rótulo, pois não se tem comprovação histórica de sua existência, porém as fábulas atribuídas a ele vêm sendo contadas há mais de 2.500 anos. São narrativas curtas, bem humoradas e suas mensagens e ensinamentos estão relacionados com os fatos do cotidiano.
Muitos apregoam que os animais falantes de suas histórias são considerados os precursores do desenho animado e das histórias em quadrinhos.
Outros fabulistas importantes foram o latino Fedro, (séc.I a.C , que a enriqueceu estilisticamente) e o francês Jean de La Fontaine., 1621 – 1695. No Brasil, Monteiro Lobato (século XX) foi quem as recriou.
Atualmente, Millôr Fernandes, escritor carioca, contou, de forma satírica e engraçada, as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine,
IV. Definição de Fábula, Parábola, Apólogo e Alegoria
Fábula (lat. Fari = falar e gr. Phaó= dizer, contar algo) é a narrativa (de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais que alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Moderna, 2003.
Parábola (comparação, similitude) é a narrativa breve de uma situação vivida por seres humanos (ou por humanos e animais), da qual se deduz, por comparação, um ensinamento moral ou espiritual. A parábola foi muito cultivada pelos povos semitas, sendo a Bíblia uma de suas fontes mais ricas. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Moderna, 2003.
Alegoria (expressão de uma idéia através de uma imagem) é uma narrativa (em prosa ou em verso) que tem significação completa em dois níveis: no da narrativa em si, como história, e no de seu sentido translato, figurado.(...) O que distingue a alegoria é principalmente a presença de entes sobrenaturais, mitológicos, lendários... e um tom elevado ou sério (“A Morte e o Lenhador” de La Fontaine). COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Moderna, 2003.
Apólogo (gr. Apo = sobre e logus = discurso) é a narrativa breve de uma situação vivida por seres inanimados, ou melhor, sem vida animal ou humana ( por exemplo, objetos ou elementos da natureza...) , que, ali, adquirem vida e e que aludem a uma situação exemplar para os homens. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Moderna, 2003.

V. Características:

a) Estrutura textual
Orientação: descrição da situação
Complicação: conflito
Desfecho : solução ou conflito
Moral : ensinamento
b) Narrativas curtas: geralmente com uma única cena.
Personagens: são animais colocados em uma situação humana e exemplar. Representam tipos humanos, como o egoísta, o ingênuo, o espertalhão, o vaidoso, o mentiroso. Algumas dessas características permanecem até hoje, por exemplo: Leão/poder; Lobo/dominação do mais forte; Raposa /astúcia/esperteza; Cordeiro/ingenuidade.

VI. Importância

a) Formação de leitores
b) Formação de valores
c) Retrato da época
d) Intertextualidade
e) Construção dos andaimes da interpretação
f) Facilidade de memorização
g) Facilidade de reescrita
h) Personagens tipos recorrentes

VII. Recuperação do fabulário tradicional

a) Histórias em quadrinhos
b) Discursos publicitários
c) Músicas
d) Anedotas
e) Pinturas
f) Provérbios
g) Textos teatrais
h) Textos jornalísticos
i) Selos
j) Figuras geométricas

VIII. Atividades sugeridas

a) Produção de textos diversos (histórias em quadrinhos, antiprovérbios, discurso publicitário)
b) Resgate dos costumes de cada época implícitos nas fábulas
c) Recursos lingüísticos utilizados pelos escritores em seus textos
d) Levantamento dos recursos lingüísticos utilizados nas histórias em quadrinhos (onomatopéias, expressões fisionômicas, tipos e tamanhos de balões e letras, cores de fundo do cenário, dos personagens e dos desenhos)
e) Leitura e interpretação de textos diversos que explorem as mesmas temáticas das fábulas (músicas, HQ, anedotas, discurso publicitário, matéria de jornal, cartum, peça de teatro, etc.)
f) Produção de fábulas utilizando figuras geométricas
g) Dramatizações, leitura oral dialogada e leitura silenciosa
h) Reescrita coletiva das fábulas
i) Alfabetização
j) Exercícios de memorização
k) Resgate e superação dos valores implícitos nas fábulas
l) Trabalho com valores morais, éticos e sociais
m) Exercícios de reflexão sobre a língua (vocabulário temático, pesquisa ortográfica, coesão, coerência)

Para maiores informações acessar www.educativa.com.br/projetos

 
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