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MÚLTIPLAS
LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL – DANDO VIDA ÀS
PEDRAS
Cíntia Betanho Campana Marchiori - Escola
de Educação Infantil Casa da Gente
Invence il cento c´è
Loris Malaguzzi
A criança
é feita de cem.
A criança tem cem mãos
cem pensamentos
cem modos de pensar
de jogar e falar.
Cem sempre cem
modos de escutar
de maravilhar e de amar.
Cem alegrias
para cantar e compreender.
Cem mundos
para descobrir
Cem mundos
para inventar
Cem mundos
para sonhar.
A criança tem
cem linguagens
(e depois cem cem cem)
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura
lhe separaram a cabeça do corpo.
Dizem-lhe:
de pensar sem as mãos
de fazer sem a cabeça
de escutar e não falar
de compreender sem alegrias
de amar e de maravilhar-se
só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe:
de descobrir o mundo que já existe
e de cem
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe:
que o jogo e o trabalho
a realidade e a fantasia
a ciência e a imaginação
o céu e a terra
a razão e o sonho
são coisas
que não estão juntas.
Dizem-lhe enfim:
que o cem não existe.
A criança diz:
ao contrário as cem existe.
Conforme as crianças vão ficando mais velhas, a tendência
das escolas tem sido supervalorizar a linguagem escrita, deixando as demais
em segundo plano – como se a aprendizagem só fosse possível
em momentos sistematizados e específicos ligados a linguagem escrita.
Tendo como pressuposto que corpo e mente, ação e reflexão,
pensar, agir e sentir são indissociáveis e que aprendemos
com nossos cinco sentidos, nos propomos refletir sobre a possibilidade
de situações corporais, artísticas e lúdicas
resultarem em aprendizagem significativa, mesmo que o tema central da
pesquisa seja, aparentemente, tão “sem vida” como as
pedras.
Momento histórico
A Educação Infantil, por meio da Constituição
Federal e da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), configura-se como a primeira
etapa da Educação Básica, atendendo crianças
de zero a seis anos, em creches e pré-escolas públicas e
particulares.
Nos últimos anos, documentos oficiais (como a própria LDB,
os PCNs e os Referenciais Curriculares), conceitos (temas transversais,
interdisciplinaridade, pós modernidade) e teorias de aprendizagem
invadiram às escolas, proporcionando discussões a respeito
das especificidades do trabalho com as crianças pequenas, seus
objetivos e metodologia. Fomos provocados a refletir sobre o papel da
escola e do professor... a questionar a organização do currículo,
a visão de criança e a repensar sobre como se dá
o processo de ensino-aprendizagem, em um mundo no qual a escola não
é mais a única detentora do conhecimento (uma vez que as
informações chegam a um número cada vez maior de
pessoas de forma cada vez mais rápida).
As contribuições feitas pelos espanhóis, que passaram
a organizar o currículo por projetos de trabalho, nortearam debates
que trouxeram consigo a necessidade de uma reavaliação das
práticas pedagógicas e uma conseqüente mudança
– não metodológica, mas sim filosófica –
no jeito de conceber a Educação.
Tendo claro as características e as necessidades peculiares das
crianças que freqüentam as creches e pré-escolas, fez-se
e faz-se necessário questionar:
? o que caracteriza o trabalho por projetos e como ele se estrutura;
? por que e para que trabalhar por projetos;
? quais os benefícios/ganhos possibilitados por essa organização
curricular;
? quais os papéis assumidos pelos alunos e professores;
? como viabilizar a reorganização do currículo e
das práticas pedagógicas.
Incomodada por estes questionamentos, passo a realizar uma análise
criteriosa sobre minha prática, dando forma e voz às minhas
inquietações, permitindo-me compartilhá-las neste
texto.
Contextualizando
Esse trabalho configura-se como um estudo de caso, uma
reflexão sobre as possibilidades geradas pelo Trabalho por Projetos
na Educação Infantil. Tem como ponto de partida a observação
de uma prática pedagógica, que acontece num contexto e em
uma instituição com características bastante específicas.
Assumindo a postura de educadora pesquisadora, os dados apresentados nesse
artigo foram colhidos por meio da observação / ação
junto a uma turma de crianças de seis anos na Escola de Educação
Infantil Casa da Gente.
Essa escola é uma instituição que faz parte da rede
particular de ensino da cidade de Campinas, há vinte anos atendendo
crianças de dois a seis anos, filhos/filhas de pais de classe média
alta. A trajetória da escola levou-a a construir sua linha pedagógica
baseada na concepção Sócio-interacionista, com a
aposta no Trabalho por Projetos.
O trabalho por Projetos
O Trabalho por Projetos não é meramente
uma opção metodológica, pois implica em mudança
de paradigma, na construção de um novo modo de conceber
a educação, os alunos, professores e escola.
Trabalhar por Projetos implica em estar disponível para escutar
e estar com as crianças, para pesquisar e aprender, para dividir
a responsabilidade sobre a aprendizagem com os próprios aprendizes.
Implica em flexibilidade, em lidar com imprevistos, em questionar e buscar
caminhos alternativos. Necessita planejamento, organização,
fontes variadas e ricas para pesquisa, assim como o desenvolvimento de
uma postura ativa e participante com relação ao tema-problema
pesquisado.
Quando se organiza o currículo por Projetos de Trabalho o cerne
do processo educativo passa a ser o interesse do grupo, possibilitando
que as diferenças, gostos, interesses, dúvidas, preferências,
escolhas... das crianças sejam contempladas, ocasionado um maior
comprometimento entre os aprendizes e aprendizagem. Isso significa dizer
que os alunos passam a ter responsabilidade sobre ela, percebendo que
não podem esperar passivamente que todas as respostas e soluções
venham prontas.
“Os projetos de trabalho constituem um planejamento
de ensino e aprendizagem vinculado a uma concepção da escolaridade
em que se dá importância não só à aquisição
de estratégias cognitivas de ordem superior, mas também
ao papel do estudante como responsável por sua própria aprendizagem.
Significa enfrentar o planejamento e a solução de problemas
reais e oferecer a possibilidade de investigar um tema partindo de um
enfoque relacional que vincula idéias-chave e metodologias de diferentes
disciplinas.” (HERNANDEZ,1998, p. 88-9)
O Trabalho por Projetos configura-se como um estudo aprofundado
sobre o tema-problema negociado com a turma, objetivando estabelecer múltiplas
relações e desenvolver as múltiplas linguagens e
habilidade, percorrendo caminhos que nunca são fixos. Visa ampliar
idéias sobre o assunto pesquisado, olhando para o conhecimento
de uma forma não fragmentada, favorecendo, assim, a análise,
a interpretação, a crítica e o contraste de pontos
de vista.
O Trabalho por Projetos necessita da produção / construção
coletiva de caminhos alternativos, de relações improváveis,
assim como dos processos individuais de aprendizagem que, quando socializados,
possibilitam a reflexão e o crescimento do próprio grupo.
Percorremos, trilhamos e construímos esses caminhos ao abrir as
portas para o novo, o improvável e o incomum... Ou ainda quando
permitimos / possibilitamos que o corpo, as mãos, a imaginação,
a linguagem corporal, musical, teatral, plástica... façam
parte da vida na escola, de uma escola viva, recebendo a mesma atenção
e valorização da recebida pela linguagem escrita.
O Trabalho por Projeto permite a avaliação constante do
que está sendo aprendido, avaliação esta encarada
como uma atividade indissociável do projeto, possibilitando que
os alunos reconstruam seus trajetos, transferindo suas aprendizagens para
novas situações.
O Trabalho por Projetos organiza-se por etapas. Iremos explicitá-las
a seguir, conforme formos relatando e tecendo reflexões sobre uma
experiência concreta.
Projeto “Pedras”
O início do ano de 2005 foi marcado, na Escola
de Educação Infantil Casa da Gente, por grande euforia e
entusiasmo, por reencontros, abraços, e relatos de novidades.
Era possível perceber, nas expressões e falas das crianças
da Turma de Infantil III, uma ansiedade diferente, com gostinho de expectativa,
novidade e saudade. Neste ano, elas ocupam o posto de “mais velhas”
da escola, uma vez que a instituição atende crianças
de dois a seis anos. Em contrapartida, têm que lidar com a despedida
da escola e com os sentimentos gerados por ela.
Também há a ausência dos colegas que foram cursar
o Infantil III “em escola grande” . Nas conversas em roda
ou mesmo a cada novidade apresentada, a cada combinado, registro, desenho,
brincadeira... esses amigos eram lembrados saudosamente, por meio de falas
como a de JUL:
- Nossa! O GAB ia adorar fazer essa pintura maluca!
- A BEA ia amar ter essa mochila!
Apesar das crianças, desde o primeiro dia de aula, colocarem a
vontade de estudar “as pedras”, a necessidade inicial era
o trabalho de reconstrução dos vínculos e formação
desse novo grupo, que precisava assumir uma nova identidade, uma nova
dinâmica. Por esse motivo, o primeiro projeto desenvolvido foi “Identidade
e diferenças”.
A cada vivência, o grupo foi novamente estruturando-se. Novos papéis
foram assumidos e novas relações e vínculos construídos.
A identidade do grupo materializou-se ao se auto-denominarem “Turma
das Idéias” e na elaboração de livros individuais
e coletivos, síntese dessas experiências.
Ao final desse projeto, finalmente iniciamos o estudo sobre “as
pedras.
O Desenvolvimento do Projeto
Em roda, as crianças, juntamente com a professora,
elencaram as perguntas que norteariam inicialmente as pesquisas. Entre
elas podemos citar:
• O que nasceu primeiro: as pedras ou os bichos?
• Massinha na geladeira vira pedra?
• Como as pedras foram criadas?
• Onde foi o primeiro lugar que teve pedras?
• Por que as pedras têm cores e tamanhos diferentes?
Montou-se, então, a “rede das pedras”,
que foi afixada na parede da sala. É preciso dizer que a rede é
uma forma de planejamento criada pelo professor Ulisses F. Araújo
– da UNICAMP – tendo sido adotada na escola. Ela tem possibilitado
que o ato de planejar seja dinâmico como o próprio Trabalho
por Projetos e possibilitado que as crianças acompanhem e participem
desse planejamento.
As crianças, acostumadas com “as redes”, recorrem a
ela com freqüência, tendo-a como referência sobre o andamento
das pesquisas, sobre o que já foi descoberto. Fazem parte do dia-a-dia
das crianças a tal ponto, que um dos alunos, em sua casa, criou
sua própria rede sobre o “Egito”.

A rede de
planejamento do Projeto pedras ficou assim:

Com a rede
montada, registramos as hipóteses iniciais das crianças:
• Massinha
na geladeira vira pedra
• Alguém enterrou os diamantes nas cavernas
• Tem pedra nos buracos da rua
• A malaquita é uma pedra diferente porque é oval
• Tem gente que usa pedra para enfeitar e para curar doenças
• Quando a gente pisa em uma pedra ela machuca
Também
levantaram possíveis fontes de pesquisa:
• Livros
• Revistas
• Internet
• Televisão
• Conversa com pais
• Museus
Passamos,
então, a testar as hipóteses iniciais, por meio de experiências.
Nosso objetivo ia além do testar hipóteses. Era preciso
trabalhar com a postura científica, registrando as descobertas
com o maior rigor possível.
Reescrevo, aqui, o relato de uma das experiências.
Experiência
1: Massinha na geladeira vira pedra?
Hipótese
inicial: Massinha vira pedra
Quem concorda: HEN, ISA, JUL, JOS, FEL, LUI
Quem discorda: RAF
O que vai acontecer? Por quê?
- Vai virar só uma massinha gelada. Porque como uma massinha pode
virar pedra?
- Vira pedra congelando. Vai virar pedra.
O que/Como fizemos a experiência?
A gente pegou a farinha, óleo, sal, água e anilina. Amassamos
tudo. Depois a gente modelou,
colocou a primeira letra do nome e colocou no freezer.
O que observamos ao final da experiência?
Que a massinha estava gelada, mas que não tinha virado pedra, como
a RAF achava.
Conclusão:
Aprendemos que massinha não vira pedra. Foto 5: Registro da experiência
Da mesma
forma, testamos e registramos a hipótese de que argila virava pedra.
Diante de nossas descobertas e com a negativa de nossas hipóteses
iniciais, iniciamos nossas pesquisas, primeiramente nos livros da biblioteca
da escola.
Conforme líamos as imagens – de estrelas, vulcões,
montanhas e pedras – nossa curiosidade ia aumentando. Passamos a
questionar por que as imagens dos vulcões, do interior da Terra
estavam associadas às pedras. Percebemos uma ligação
entre a origem do planeta e a origem das pedras e levantamos novos questionamentos:
como nasceu o Universo? Como nasceu a Terra?
Novas hipóteses também surgiram:
• Deus
que criou
• Universo surgiu de uma estrela
• A Terra surgiu como uma bolinha que veio do espaço sideral.
Aos poucos foi surgindo as coisas: o mar, o céu, as plantas...
Nossa pesquisa
passou pela leitura dos diversos livros que falavam sobre o tema, fazendo-nos
refletir sobre as diferentes formas de se explicar a origem do Universo:
religiosa, mitológica e a científica – na qual nos
prenderíamos na escola.
Realizamos várias dinâmicas corporais, tentando “sentir/reproduzir”
o que os cientistas chamam de “Big Bang”, ou grande explosão,
compreendendo melhor o que líamos para, em seguida, elaborarmos
registros plásticos e escrevermos as respostas às nossas
perguntas por meio de textos coletivos.
A
origem do Universo
Há
15 bilhões e bilhões de anos atrás uma massa de gases e poeira cósmica
flutuava no espaço sideral. Essa massa girava muito devagar. De
tanto girar os gases juntaram-se no centro, até que houve uma grande
explosão, que os cientistas chamam de BIG BANG.
Com essa explosão, pedaços da grande massa se espalharam
pelo espaço, formando as estrelas, planetas, luas, cometas... |
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Esse processo
de pesquisa, vivências corporais, registro plástico / artístico
esteve presente durante todo o nosso percurso e vivência do Projeto
Pedras, passando pela realização de várias atividades,
entre elas:
• Montagem da exposição de pedras
• Simular/Sentir corporalmente: o Big Bang, o que é “pressão”
• Leitura de diferentes tipos de texto: imagéticos, informativos,
jornalísticos, literário
• Experiências
• Pesquisas
• Registros – utilizando diferentes linguagens
• Produção de textos (professora como escrita/levantamento
de hipóteses...)
• Modelagem com bisquit/argila
• Pedronário
• Culinária
• Brincadeira partindo da história “A vida do gigante”
•Confecção do “Livro das pedras” (individual)
• Livros coletivos:
Releitura “O presente do mar”
“As formigas e o vulcão e o tamanduá”
É
preciso dizer que ora as descobertas eram feitas corporalmente, ora por
pesquisas em casa ou na escola. Sempre que possível o registro
utilizava mais de uma forma de expressão, buscando que a aprendizagem
fugisse da mera transmissão e reprodução de conhecimentos.
Todas as perguntas foram pesquisadas, respondidas e registradas, transformando-se
em livros individuais e coletivos, compartilhados com as demais turmas
por meio de uma grande exposição.
A avaliação final do projeto, pelas crianças, foi
a seguinte:
EU GOSTEI...
• ... de estudar as pedras porque aprendi sobre o Big Bang
• ... de saber que as pedras nascem de diferentes formas
• ... das experiências... Vou ser cientista... Um veterinário
cientista!
• ... de fazer o pedronário
• ... de saber que as pedras têm cores diferentes porque tem
ingredientes diferentes
• ... do livro coletivo que o Jos deu a idéia
• ... de montar a exposição]
• ... de tudo!
• EU GOSTEI QUE A GENTE ESTUDOU AS PEDRAS DESDE A ORIGEM. AGORA
EU SOU UM ESPECIALISTA EM PEDRAS!
Conclusão
No Trabalho
por Projetos os ganhos e conquistas das crianças são inúmeros
e evidentes. O envolvimento e o compromisso com a aprendizagem aumentam,
assim como a significatividade do que é pesquisado – do tema-problema.
Desde cedo as crianças aprendem a problematizar, contrastar opiniões
e pontos de vista, pesquisar e concluir, possibilitando o maior conhecimento
de si mesmas e do mundo que as cerca.
As crianças têm a possibilidade de lidar com relações
complexas, comparando, resignificando, reconstruindo conhecimentos enquanto
ampliam suas múltiplas linguagens e habilidades. Têm a oportunidade
de desenvolver a atitude de escuta, assim como apurar a forma de expressar-se
em público para defender seus pontos de vista.
O enfoque da educação, bem como seus objetivos e caminhos
mudam radicalmente, passando a permitir que alunos e professores aprendam
juntos, dividindo responsabilidades, sabores, dissabores, angústias,
alegrias, créditos, lembranças...
A escola movimenta-se, torna-se cada vez mais viva, pois, como toda vida,
está permeada, transpassada de questionamentos, hipóteses,
buscas, sínteses, aprendizagem, comunicação (do que
se sabe / se aprende) e novas dúvidas.
Que venha a vida! Que venha a escola viva! Que consigamos, com bastante
trabalho e alegria colorir, avivar e aprender com os mais diferentes temas-problemas,
mesmo os aparentemente “sem vida”, “sem sal”,
“sem graça”...
BIBLIOGRAFIA
EDWARDS,
Carolyn e GANDINI, Lella e FORMAN George (orgs.). As cem linguagens das
crianças, uma abordagem de Reggio Emília na educação
da primeira infância. Porto Alegre: Editora Artes Médicas,
1999.
HERNÁNDEZ, F; VENTURA, M. A organização do currículo
por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio.
5ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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MALAGUZZI, Loris. (1994) Ao contrário as cem existem. Bambini.
Milão, Fev/ano X, nº 2 (Tradução livre de Ana
Lúcia Goulart de Faria, Patrízia Piozzi e Maria Carmem Barbosa).
RABITTI, Giordana. À procura da dimensão perdida: uma escola
de infância de Reggio Emilia. Porto Alegre: Editora Artes Médicas,
1999.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 5ª ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1996. 191p.
_____. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins fontes,
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