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CAMINHOS
E SEMENTES: EXPLORANDO OS ESPAÇOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Daniela Batista de Oliveira - CECI-Centro de Convivência
Infantil Esse relato apresenta uma reflexão sobre a experiência
vivenciada com crianças de uma creche ,durante o desenvolvimento
de um projeto,que reúnem a importância da prática
concreta e busca de significados para compreensão do nosso espaço
interno e externo,ultrapassando os limites das “cercas”.
O desenho circular para representar as rampas I. 4 anos e J. G. 4 anos Assim nosso
projeto foram construídos,como um processo de aprendizagem continuo,pois
o interesse também pelas sementes e folhas não terminavam
por aqui.As crianças traziam de casa algumas sementes ,pediam para
guardá-las e na hora da alimentação separavam as
sementes e colocam para secar em guardanapos,como semente da laranja ,melancia,limão.Degustamos
uma laranja,chamada kicam ,que uma criança trouxe de casa e nos
mostrou que era comida com casca.A medida que íamos descobrindo
as coisas ficávamos ainda mais curiosos A partir
da observação do crescimento das cebolinhas , Diante dessas situações de construção coletiva ,passamos a explorar nosso ambiente externo, passeando pelo campos,fazendo passeios simples como:ir à feira,praça da paz,CAS(Creche Área da Saúde),trabalho dos pais,lagoa(próximo ao parque Ecológico).
Subimos o barranco para olhar uma outra lagoa onde fica os patos,mas um Pato começou a correr em nossa direção,as crianças ficaram com medo. Dialogo entre as crianças: N: por que ficamos olhando a lagoa?por que aqui tem peixe para fazer uma boa pescaria L: brincamos de subir e de descer o barranco quem não sabia de pé descia sentado ( o D. rasgou a calça de tanto que se arrastou. Observando as lagoas as crianças notaram que elas fazem barulho. D: gostei de cair e tava subindo com a mão I: eu gostei da lagoa e aquela lagoa fazia barulhinho e gostei do pato e da lagoa eu tenho medo da descido na e o pato nadado no fundo do mar do passeio,da rua,não da calçada do mato L: eu gostei do pato do lobão eu gostei da lagoa do passeio,posso te falar uma coisa? quando eu mudar lá em Betel ,lá bem lojão ,vou ter uma...só pra mim e pro meu irmão. I: se nos cai na lagoa nos cai e morre. J: eu gostei de ver os patinhos e a lagoa que faz barulho ,mais nada. Nosso projeto que partiu do interesse de observar e coletar as sementes e produzir um livro de receitas passaram a tomar um outro rumo até então desconhecido...com dois objetivos interligados.De um lado a exploração dos espaços externos e internos do outro a diversidade das sementes.Nos passeios a princípio tinham o objetivo de: - Identificar
os seres vivos; Com essa crescente intensificação dos nossos passeios, as crianças começaram a pegar vários objetos do chão além das sementes galhos...e sentimos a necessidade de marcar e registrar nossos caminhos como na história de João e Maria : História contada por uma criança da sala:
“Tinha uma madrasta má e o pai e eles levaram para um lugar distante daí ele vai jogando pedrinha de pão e os passarinhos comeram tudo e eles acharam uma casinha de doce e pão e a madrasta ficou boazinha para ele trouxe jóia e comida pra ele e o João dava o dedo pra ela a bruxa e a Maria deu comida pra ela e empurrou a bruxa no fogo ela era cega de um olho” Dialogo entre as crianças no dia seguinte da história da Isadora e passeio. I: e nos vai nesse mesmo caminho?da história? F: eu queria ir aí na história J: eu gosto da bruxa I: e o hospital? A: onde meu pai trabalha? I: pronto socorro F: é dos doentes I: e a goiabeira Professora: como nos vamos chegar até a praça da paz? F: desce para atravessar a rua e desce e aonde tem monte de árvore J: eu to vendo flor laranja A: que legal, posso pegar? Tivemos
a idéia de marcar nossos caminhos com pedrinhas,mas não
deu certo pois elas se confundiam com as outras.Indagamos as crianças
durante e depois dos passeios ,sobre o que elas viram o que coletavam
o que mais gostaram e assim combinamos o que fazer após os passeios
para registrá-los , as crianças faziam desenhos ou pintura
,segundo Sapadoni (apud Gobbi, 1999: 140) ,”sobretudo ,a capacidade
de observar e escutar sem expectativas para evitar cair na tentação
de interpretar com olhos de adultos o universo infantil...”
Conversa após o passeio: Professora: onde fomos passear? I: passear? I: de ônibus A: Faculdade de Educação J :depois nos voltamos para a escola M: A gente contou histórinha M: livrinho de história J: cantamos no ônibus F: nos esperamos aquela lá J: tive uma outra idéia!vamos pintar? J: eu gostei da história que o menino tava sentado no cavalo na escada M: do menino no cavalo,hoje eu vi um cavalo branco no mato comendo mato M :eu li três histórias J: eu vi o cavalo e apareceu o tubarão e o periquito voando, voando, voando... Sem experiência
em informática e recursos necessários, de registrar o imprevisto
,recorremos as fotos, escrita dos relatos das crianças e um livro
coletivo de registro das crianças, que por sua vez tinha na capa
um espelho para interpretação daqueles que o viam que,cada
um ,cada criança foi responsável na construção
daquele livro e que portanto ao olhar ele refletia sua própria
imagem. Construção
da Praça da Paz REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUFALO, J.M.P.
O imprevisto previsto. In Revista Pro-Posições n.º
28. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1999. |
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