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EDUCAÇÃO
EM MEIO ÀS DIFERENÇAS
Lenise Maria Ribeiro Ortega - Pontifícia
Universidade Católica de Minas - PUC Minas Este texto apresenta dados de uma pesquisa sobre práticas inclusivas verificadas no interior de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Na tentativa de compor um cenário que contemple diferentes perspectivas e olhares sobre a inclusão, o presente estudo incluiu uma diversidade de informantes: professores, funcionários, alunos regulares e alunos com necessidades especiais. O resultado da pesquisa indica que “educar nas e para as diferenças” é um processo ainda incipiente, fazendo-se necessárias políticas públicas educacionais no tocante a essa temática. Conclui-se que urge transcender a adaptação do espaço físico às necessidades dos alunos, investindo em consistentes programas de formação continuada de educadores.
A necessidade de se pensar uma escola verdadeiramente
inclusiva, pressupõe uma série de medidas educacionais,
com estratégias adequadas ao atendimento das diferentes necessidades
do alunado. estratégias e critérios de atuação docente, admitindo decisões que oportunizam adequar a ação educativa escolar às maneiras peculiares de aprendizagem dos alunos, considerando que o processo de ensino-aprendizagem pressupõe atender à diversificação de necessidades dos alunos na escola (MEC/SEESP/SEB, 1998, p. 15). Essa demanda aponta para o conceito de Escola Inclusiva que, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial (MEC/SEESP, 1998), implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogenias. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com necessidades especiais. [...] Inclusão, portanto, não significa, simplesmente matricular os educandos com necessidades especiais na classe comum, ignorando suas necessidades específicas, mas significa dar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica. Nesse sentido, a Educação Especial não
pode mais ser concebida como um sistema educacional paralelo ou segregado,
mas se faz necessário, compreendê-la como um conjunto de
medidas que viabiliza uma pro-ação em resposta à
diversidade dos alunos. Sem esse posicionamento, o cenário da instituição
escolar passa a ser alvo de questionamentos e de conflitos, provavelmente,
por expor a diversidade e o compartilhamento de interesses, contradições,
expectativas e identidades. representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte, para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo favorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos seletos de estudantes sobre outros grupos, com freqüência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero. Nessa direção, a formação de profissionais para atuarem na escola inclusiva revela-se essencial. Sobre esse aspecto, ressalta-se o que afirmam Oliveira e Costa (2002): [...] sentimos o escorregadio da incerteza, percebemos a tonalidade da incompletude. Não há respostas fechadas quanto à dicotomia entre as perspectivas de inclusão e a manutenção das “identidades coartadas” pela exclusão diária e contumaz. Não se constrói um currículo de forma apriorística, através de planilhas rígidas e objetivos estereotipados. Ele é vivo, produto de uma construção coletiva, vivenciado no cotidiano da Educação. Para vencer, então, esse desafio, políticas públicas de formação continuada de professores são emergenciais e devem tornar-se uma prática sistemática. A PESQUISA DESENVOLVIDA Com o propósito de mapear a situação
da educação inclusiva nas escolas de Belo Horizonte, bem
como promover uma reflexão sobre a qualidade da inclusão
nas redes de ensino pública e particular, propôs-se às
graduandas do último período do Curso Normal Superior da
PUC Minas o desenvolvimento de uma pesquisa teórica e um trabalho
de campo. Essa iniciativa partiu dos questionamentos gerados pelas discussões
sobre a inclusão, no tocante às condições
da escola para efetivar esse processo, em consonância com as orientações
das “Declarações de Salamanca” e “Educação
para Todos”.
Como procedimento
investigativo, optou-se por preparar um questionário fechado para
cada grupo de sujeito – professores, funcionários, alunos
e alunos com necessidades especiais. OS RESULTADOS OBTIDOS Os resultados
mostraram que 53% dos professores se sentem preparados para receber alunos
com necessidades especiais e 51% disseram estar preparados para receber
mais de um aluno em suas salas de aula. No entanto, 54% deles afirmaram
que já tiveram dificuldades para trabalhar com eles e 52% do total
de sujeitos, já se negaram a receber alunos com necessidades especiais.
Os professores (55%) também afirmaram que a escola tem condições
de oferecer suporte para se trabalhar com os alunos com necessidades especiais.
Já 58% dos funcionários afirmam que não recebem suporte
teórico-prático, nem de infra-estrutura para trabalharem
com os alunos com necessidades especiais. 22% deles já participaram
de cursos preparatórios para receber alunos com necessidades especiais
e deste, apenas 5% responderam que foi a escola quem ofereceu o curso. CONCLUSÃO A pesquisa
propiciou um mapeamento dos diferentes âmbitos do funcionamento
da escola, no que se refere à visão particular dos atores
de cada seguimento sobre a inclusão, nas diferentes redes de ensino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério
da Educação. Secretaria de Educação Especial.
Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Especial,
1998. |
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