Adriana Pastorello - UNESP - Grupo de pesquisa:
Processos de leitura: apropriação e objetivação
Com base na teoria histórico-cultural, analisamos
o envolvimento de crianças com condutas de leitura. Usando três
pares de histórias que envolvem estratégias de leitura,
investigamos quatro alunos de 3ª série do Ensino Fundamental,
de uma escola particular, como sujeitos desta pesquisa. Durante a aplicação
do instrumento foi possível observar como os alunos lidam com as
regras impostas pela escola acerca da leitura, o porquê de suas
respostas, como também a relatividade e a transgressão das
condutas de leitura sugeridas pelo professor. Detectamos que todas as
crianças acreditam que as regras estabelecidas pela escola, como
necessárias para o aprendizado da leitura, são inquestionáveis,
mas ao justificarem comportamentos contrários, entendem-se como
transgressores das regras estabelecidas pelo professor e avaliam o comportamento
como errado.
1 - MÉTODO CLÍNICO: OS PARES DE HISTÓRIAS
Delval (2002) conta-nos um pouco da história do
método clínico, que em princípio vem de estudos minuciosos
de doentes e de suas condições realizados no século
XVI. O método clínico foi bastante utilizado por psiquiatras
que realizavam estudos de um indivíduo e a partir deste era possível
fazer generalizações acerca de outros indivíduos
e, com isso estabelecer categorias e sintomas de doenças. Piaget
foi o primeiro nome a adaptar esse método aos novos problemas e
temas de seu interesse, quando investigou O julgamento moral na criança,
para pesquisar o pensamento da criança. No entanto, “os estudos
clínicos, por sua vez, podem seguir a orientação
piagetiana ou a de Emília Ferreiro ou ainda a da psicologia experimental-desenvolvimentista
de Vigotsky. A mesma diversidade de orientações pode se
aplicar à análise de documentos, sejam eles históricos,
didáticos, legais, pessoais etc. (Posso, por exemplo, analisá-los
numa linha estruturalista, fenomenológica, crítica, ou em
outra.)” (ANDRÉ, 2001, p. 23).
Foi possível utilizar este instrumento de coleta de dados dentro
da proposta metodológica da pesquisa-ação, porque
seu procedimento não contradiz os pressupostos teóricos
desta linha de pesquisa. Investigar como as crianças pensam, percebem,
agem e sentem, para procurar o que não é evidente no que
os sujeitos fazem ou dizem é a essência do método
clínico, que necessita para tanto de atividade por parte do pesquisador
e do pesquisado com total interação nas relações,
tendo como pressuposto teórico que a comunicação
entre os seres se dá pela interação verbal, num contexto
dialógico. Neste momento, esclarecemos que não estamos utilizando
nessa pesquisa as bases da teoria piagetiana, mas sim um mesmo instrumento
de coleta de dados que Piaget também utilizou em seus estudos.
A escolha se deu por ser este o melhor caminho para mobilizar situações
que proporcionariam enunciações por parte da criança
sobre um determinado tema que nos interessa especialmente nesta pesquisa,
as estratégias de leitura, assunto este tão difícil
de surgir espontaneamente, e até de ser verbalizado. São,
todavia, os pressupostos da teoria histórico-cultural da escola
de Vigotsky que fundamentam e viabilizam a proposta desta pesquisa. Piaget
usou o seu modelo de método clínico para compreender os
passos do desenrolar das ações do sujeito e explicar suas
construções e transformações cognitivas dentro
de uma situação social, valorizando o enfoque psicogenético
para análise dos dados. Esta pesquisa, que se fundamenta na teoria
histórico cultural, fará uso do mesmo instrumento de coleta
de dados de Piaget, mas utilizando um outro enfoque para a análise
dos dados: sociogenético de matriz histórico cultural, que
considera os processos humanos ter gênese nas relações
com o outro e com a cultura, e são essas relações
que serão investigadas ao se examinar o curso de ação
dos sujeitos desta pesquisa.
Delval (2002) especifica o método clínico como um sistema
de diagnóstico, que determina uma dada situação ao
sujeito para que este possa dialogar sobre ela. O pesquisador formula
uma hipótese sobre a situação do sujeito e através
das perguntas reforça sua hipótese primeira ou a reformula.
Por isso foram criados três pares de histórias que abordam
estratégias de leitura, com o objetivo de contá-las para
as crianças colocando-as na situação para pedir que
opinassem e fizessem comentários sobre elas. Quando entrevistava
um menino o nome utilizado para o personagem em questão era masculino
e quando a entrevistada era menina o nome usado na história era
feminino, isso para facilitar o processo de identificação
do sujeito com a personagem da história. Após a leitura
dos pares de histórias e a garantia de que as crianças haviam
compreendido, eram questionadas sobre os procedimentos utilizados pelas
personagens. As histórias permitiram colocar os sujeitos em situações
de leitura e interrogá-los sobre elas. As sessões de entrevistas
foram gravadas em fita cassete e realizadas em uma sala onde as crianças
têm encontros semanais de ludo-terapia. Gostam muito da sala, pois
é bastante confortável. Os alunos foram retirados de suas
respectivas salas durante o período de aula com a permissão
da professora da classe. Foram entrevistadas quatro, na idade de 9 anos,
duas da 3ª série A e as outras duas da 3ª série
B da uma mesma escola, sendo que 2 crianças foram consideradas
pela professora como boas leitoras e as outras duas como de mau desempenho
no exercício de compreensão. O grupo pesquisado é
uma amostragem pequena, pois apenas serviu de suporte para definir atividades
de leitura que seriam desenvolvidas com outros sujeitos de uma pesquisa
maior. Antes de realizar as entrevistas foram selecionadas seis crianças
para testar a validade do roteiro de entrevistas e avaliar possíveis
modificações.
2 – CONDUTAS DE LEITURA SUGERIDAS PELA ESCOLA –
OS PARES DE HISTÓRIA
Com a autorização da escola, foram entrevistados,
nos dias 14 e 17 de março de 2003, alunos da 3ª série
do Ensino Fundamental. O objetivo desta coleta era investigar o quanto
às regras de leitura ditadas pelas professoras interferiam no comportamento
de leitor do aluno. Usando três pares de histórias que envolvem
estratégias de leitura foi examinado como as crianças do
Ensino Fundamental lidam com as regras impostas pela escola acerca da
leitura, o porquê de suas respostas, como também a relatividade
e a transgressão das regras de leitura sugeridas pelo professor.
Com a apresentação dos dados, foi analisado o envolvimento
de alunos com regras de leitura oferecidas por professores, a partir da
concepção de leitura de Frank Smith (1999) e considerando
a palavra como signo ideológico, histórico e social, como
propõe Bakhtin (1995). Para tanto, faz-se necessário colocar
o leitor primeiramente em contato com o instrumento utilizado, nesta coleta,
com a intenção de investigar se crianças que lêem
com compreensão transgridem as regras escolares, assim como sugere
Smith (1989) em seu livro Compreendendo a leitura.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foram os pares de histórias
construídos tomando como pressuposto as três indicações
de transgressão de regras sugeridas por Smith (1989). Segundo ele,
os leitores mais fluentes usam algumas estratégias de leitura diferentes
daquelas ensinadas na escola. Ao encontrarem uma palavra que não
reconhecem, saltam por cima dela. Saltar uma palavra é uma estratégia
razoável, já que não é necessário compreendermos
cada palavra para entendermos o contexto. Uma outra estratégia
comumente usada pelos bons leitores é a de acionar o conhecimento
prévio antes de ler o material em questão, e ainda percorrendo
um caminho próprio como, por exemplo, ler o último capítulo
antes de ter chegado ao final do livro. Estas estratégias parecem
ser tudo aquilo que a escola não permite que os alunos façam,
porque reconhecem essa prática como prejudicial à compreensão.
As respostas na íntegra seguem abaixo.
HISTÓRIAS
1- a) A professora de Jean pediu que ele lesse um livro
de aventuras para conversar com ele sobre o assunto. Em sua casa Jean
leu o 1º capítulo e partiu para o último. Depois disso
leu rapidamente os outros capítulos. Após 30 dias, ele soube
responder as questões que a professora fez.
b) A professora de Letícia entregou-lhe um livro
de história infantil para que lesse em casa em 30 dias. Letícia
leu um capítulo por dia e terminou a leitura no prazo que a professora
pediu. Ao fazer a prova sobre o livro não conseguiu tirar nota.
1- Existem regras impostas pela escola para se fazer leitura?
2- Qual das regras utilizadas pelos alunos Jean e Letícia foi a
melhor? Por quê?
3- As regras de leitura que você usa na escola são diferentes
das regras de leitura que você usa em casa? Por quê?
Aluno – EMC “Jean agiu melhor, porque leu
mais rápido e decorou melhor a história. Eu acho que a professora
respeitaria o jeito que leu, mas o jeito que Letícia fez é
mais correto porque lendo da maneira certa, você não descobre
e fica na expectativa. Não existem regras para leitura na escola
e em casa. Se você gostou do jeito que leu na escola continua em
casa, se não muda o jeito, igual ler uma parte, pula para outra
depois volta naquela”.
Aluno – FFN “A que não conseguiu agiu melhor, porque
leu com calma um capítulo por dia. O certo é ler um capítulo
por dia, mas não rápido. A escola deixa a gente livre fala
para ler e pronto. Não sei por que não tirou nota. Lendo
o final já se sabe tudo por que ler o meio? O que conseguiu deve
ter chutado e acertado. Não existem regras para ler em casa e ler
na escola. Eu leio em casa igual leio na escola, mas algumas crianças
lêem em casa pulando pedaços”.
Aluno JRRS – “O Jean agiu melhor porque tirou melhor nota.
Ele prestou atenção e a Letícia não. A técnica
da Letícia foi correta, mas ela não entendeu, mas ela leu.
Não existe jeito diferente de ler. Eu leio igual a Letícia
e entendo mais ou menos.”
Aluno FCRF – “O jeito do Jean é o melhor. Ele se saiu
melhor porque prestou mais atenção. A regra do Jean é
a mais certa porque ele lê mais rápido. Eu leria como o Jean
porque eu não ia esquecer. Em casa e na escola é um mesmo
jeito de ler. Eu leio em voz alta na escola e em casa, porque a professora
pede, mas não gosto porque dos dois jeitos não entendo”.
Diante do quadro de respostas dadas pelas crianças podemos perceber
que em suas falas em relação ao primeiro par de histórias
as crianças ainda julgam pela conseqüência do ato. Estão
presas as regras coercitivas que derivam do respeito que têm pelo
adulto. Elas respeitam a professora, embora em algumas circunstâncias
possam questioná-la, mas a palavra final, como a mais correta,
permanece a da professora. As crianças assumem que a personagem
Letícia agiu corretamente por obedecer às ordens da professora.
Quanto ao Jean, como ainda estão presas as conseqüências
dos atos, e porque Jean tirou nota, então também julgam
ter agido corretamente, embora Letícia tenha sido a mais correta.
Se ela não entendeu não foi por conta da regra de leitura,
mas por um problema próprio dela. Apenas uma criança admite
a prática de Jean ter sido certa e não a da professora apresentando
indícios de autonomia. No entanto, na seqüência de sua
fala, demonstra estar ainda longe de conquistar sua autonomia o que lhe
dará condições de tomar decisões por si própria.
Em casa, mesmo longe da professora, faz o que ela pede mesmo sem obter
grandes resultados. As demais não admitem outra prática
dar certo sem ser a da professora, que ainda é reconhecida como
a autoridade máxima.
2 - a) Maria gosta de ler. Sua professora lhe ensinou
que ao encontrar palavras desconhecidas no texto deveria procurar seu
sentido no dicionário e depois retornar à leitura. Maria
não sabia muitas palavras, mas as pulou e seguiu a leitura. Soube
recontá-la quando a professora lhe pediu.
b) Lisa tem dificuldade para compreender a leitura que
faz do jornal. Resolveu seguir o procedimento que a professora de Maria
ensinou: procurar no dicionário as palavras desconhecidas. Mesmo
assim teve dificuldade em compreender o que leu.
1 – Que criança agiu melhor?
2 – Por que Lisa não conseguiu compreender o texto mesmo
seguindo a proposta da professora?
3 – Por que Maria conseguiu conversar sobre a leitura feita, mesmo
pulando as palavras desconhecidas?
Aluno EMC – “Agiu melhor o que ficou procurando
no dicionário porque as palavras fazem parte da história
e ajuda a entendê-las melhor. A primeira compreendeu porque pulou
só algumas palavras e às vezes algumas palavras não
dizem nada. Mas se tivesse visto no dia teria, entendido ainda melhor”.
Aluna – FFN “Eu não procuraria no dicionário,
mas quem agiu certo foi quem procurou no dicionário e ele pode
não ter ido bem porque o dicionário traz muitos sentidos
e às vezes ele pegou um que não tem sentido com o texto.
A gente consegue entender pulando porque as palavras às vezes não
mudam muito o sentido da frase”.
Aluno FCRF – “Ler sem parar é melhor porque não
esquece, pode marcar a palavra com lápis e depois procurar no dicionário.
Como cada vez que ela parava ela esquecia e a Maria conseguiu porque ela
não esquecia. Eu leio de uma vez só se a professora não
falou para ler de outro jeito, e eu entendo às vezes. Eu gosto
de ler livros de histórias; é mais legal do que os textos
da apostila”.
Está tão presente o papel do professor e o respeito unilateral
nas crianças que estas acham que a regra clássica que a
escola nos ensinou, a de procurar no dicionário palavras desconhecidas
para depois seguir a leitura, é inquestionável. No entanto,
não a seguem e acreditam que, mesmo quando se saíram bem
na atividade proposta, transgrediram uma regra imposta por um adulto que
é a melhor e verdadeira. Apontam outras importantes informações
sobre o processo de leitura, como a de ler o dicionário sem conhecer
o contexto em questão, ação que muitas vezes poderá
prejudicar o entendimento da leitura, pois o dicionário traz diversos
significados que nem sempre o escolhido se adequa ao contexto. Esta prática
é a marca de uma escola que prioriza a linguagem imobilizada, pois
se ao contrário desta concepção aos alunos estivessem
habituados a tratar a língua em seu caráter dialógico,
ou melhor, considerando a mobilidade da palavra, então esta dificuldade
não existiria. A palavra é polissêmica, e é
essa característica da palavra que a torna móvel e capaz
de evoluir. Neste sentido, não é possível determinar,
de maneira isolada, o significado real de uma palavra. Para Bakhtin (1995,
p. 46), “o ser, refletido no signo, não apenas nele se reflete,
mas se refrata”, ou seja desvia o sentido primitivo daquele signo
em questão, e o que determina essa refração do ser
no ideológico é o confronto de classes sociais. Assim podemos
dizer que não é o dicionário que determina o sentido
da palavra, mas a relação dialógica do ser com o
signo numa comunidade semiótica. Com suas próprias palavras,
“classes sociais diferentes servem-se de uma só e mesma língua.
Consequentemente, em todo signo ideológico confrontam-se índices
de valor contraditórios.” (BAKHTIN, 1995, p. 46)
A outra regra de leitura proposta por um aluno, a de marcar com o lápis
as palavras desconhecidas, para, somente após a leitura de o contexto
ser feita, procurar seu significado, é indício de que as
crianças desenvolvem estratégias de leitura além
daquelas apresentadas pela escola, e, neste caso, mais significativas
para o desenvolvimento do leitor, mas nesta idade, ainda não têm
autonomia para livremente usá-las, sem que pensem estar transgredindo
regras. Em alguns materiais de leitura como, por exemplo, o jornal, seria
impossível fazer sua leitura com o dicionário em mãos
devido à forma com que é estruturado. Essa regra imposta
por algumas professoras atrapalha a realização de leituras,
principalmente do jornal.
3 – a) Guilherme tinha como tarefa ler um texto
sobre desenvolvimento sustentável, mas nunca ouvira nada sobre
o assunto. Decidiu procurar seu irmão mais velho e fazer-lhe algumas
perguntas sobre o assunto. Em seguida, leu o texto e soube apresentá-lo
a classe no dia seguinte.
b) Thais tinha como tarefa ler o mesmo texto que Guilherme sobre desenvolvimento
sustentável, e também nunca ouvira nada sobre o assunto.
Após o almoço, como de costume, fez sua tarefa sozinha como
a professora sempre pedia. No dia seguinte, disse à professora
que não conseguia se lembrar o que lera.
1 - Quem agiu melhor no procedimento utilizado para fazer
a tarefa?
2 – Se ambos leram, cumpriram o dever de casa, por que somente Guilherme
se saiu bem?
Aluno EMC – “O primeiro agiu melhor porque
ele perguntou para alguém que sabia melhor e poderia explicar mais
coisas que tem no texto e também ele perguntou para o irmão
e isso ajudou a entender melhor. As pessoas precisam entender o texto
para falar para as pessoas e não decorar”.
Aluna FFN – “Ele perguntou ao irmão antes de ler e
quando leu entendeu melhor e memorizou. No caso da Thais poderia estar
ou não estar no texto a resposta ou ler rápido sem prestar
atenção no texto. Nem sempre a resposta está no texto,
por isso é bom quando a professora comenta com a classe. O Guilherme
agiu melhor”.
Aluno JRRS – “O jeito do Guilherme foi melhor porque soube
fazer o trabalho na classe. Perguntar para o irmão é ruim
porque aí é ele que faz a tarefa. O Guilherme só
se saiu bem porque perguntou para o irmão. Quando eu não
sei, eu pergunto para minha mãe.”
Somente no terceiro par de histórias encontramos uma única
resposta para todas as crianças: acessar conhecimentos prévios
sobre o assunto do texto é fundamental para sua compreensão.
Apenas um aluno achou que, ao perguntar para alguém, não
faria sua tarefa sozinho, porque contribuiria para que entendesse o texto,
possivelmente porque a professora deve pedir que o aluno faça a
tarefa sozinho, sem a ajuda de ninguém. Aqui ainda está
presente a heteronomia.
De acordo com as idéias de Smith (1989), aquelas crianças
que transgridem as regras de leitura propostas pela escola, procurando
um caminho para a compreensão dos textos lidos, seriam melhores
leitores. Vimos que realmente as crianças demonstram percorrer
caminhos alternativos em sua tarefa de ler, mas ao mesmo tempo confirmamos
a necessidade que a criança tem de um parceiro mais experiente
para que possa conquistar habilidades e aptidões na relação
com os outros. As crianças não serão autônomas
se não houver um trabalho específico por parte dos adultos
encaminhando-as para esse processo. O professor, que pouco entende como
o processo de leitura ocorre, que fixa regras para essa atividade limitando
as crianças a usá-las como a única forma possível
de atingir a compreensão, limitaria o seu desenvolvimento, pois
aos nove anos, apresenta respeito pelo adulto e é passiva ao aceitar
a instruções transmitidas pelos pais e professores. Isso
pode gerar um atraso no desenvolvimento da leitura com compreensão,
caso os professores não revejam sua prática, porque os alunos
deixarão suas práticas alternativas para obedecer aos professores,
que não conhecem bem como ocorre o processo de leitura.
Para sedimentar esta pesquisa, precisaria de um número maior de
crianças, como também entrevistas com as professoras responsáveis
pela turma para conhecer melhor seus procedimentos em sala de aula em
relação ao ensino de leitura, como também conhecer
seu conceito de leitura. No entanto, estes dados demonstraram crenças
importantes para a reflexão sobre o processo do ato de ler que
os alunos têm.
REFERÊNCIAS
ANDRE, M. Pesquisa em Educação: buscando
rigor e qualidade. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n.113, p.51-64,
jul. 2001.
ANDRE, M. Abordagem qualitativa de pesquisa. In: ANDRE, M. Etnografia
da prática escolar. Campinas: Papirus, 2000.
BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec,
1995.
DELVAL, J. Introdução à prática do método
clínico: descobrindo o pensamento das crianças. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
SMITH, F. Leitura significativa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
______. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística
da leitura e do aprender a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.