Profª Mônica Eduarda De Almeida Pena
- Cemei Alexandre Sartori Faria
O INÍCIO
O projeto maior da escola é “Memória , Cultura Popular
e Meio Ambiente” e cada professora desenvolve um sub tema em cada
sala adequando à faixa etária , todo projeto tem que partir
do interesse das crianças , fiquei muito preocupada sobre como
escolher com as crianças o tema para nosso trabalho, algo que realmente
elas se interessassem , sem ficar um trabalho forçado , eram crianças
pequenas , de três anos , no ano anterior já tinham trabalhado
com os animais da nossa região , pensei na possibilidade em dar
continuidade e agregar o tema flores , resgatando as flores dos jardins
que podíamos encontrar nas casas das avós , como capitão
, dália e tantas outras , iniciamos observando o que estava mais
próximo das crianças , os jardins da escola ,nos passeios
pelas ruas próximas a ela , as crianças encontraram gafanhotos
, formigas , percebi então que poderíamos trabalhar os insetos
e as flores do jardim , já não era significativo o tema
com animais.
Para despertar mais o interesse nos insetos do entorno utilizei como atividade
disparadora uma fita de vídeo sobre a vida de vários insetos
– “Mundo incrível”(1), que as crianças
assistiram muito interessadas . Após o término estavam animadas,
todas queriam fazer um comentário sobre os besouros , o tatu bolinha
, a aranha , foi então que saímos para observar mais uma
vez o jardim da nossa escola, mas agora com outra visão - olhos
de observadores ,levamos uma pazinha , uma caixa e coletamos alguns tatu-
bolinhas ,grilos , formigas . Quando voltamos para a sala, no centro da
roda, colocamos tudo o que encontramos , as crianças puderam observar
como o tatu bolinha se enrolava para se defender de outros insetos e aves
. Fomos até a área coberta em frente à nossa sala
e começaram a imitar o tatu bola , engatinhando e ao sinal as crianças
faziam com seu corpo o movimento de se enrolarem ,ficavam todos como bolinhas
, depois se desenrolavam , as crianças acharam engraçado
, brincaram mais algumas vezes .Em todos os momentos que apareceram insetos
como gafanhotos , grilos , bicho pau , n[os sempre nos trabalhávamos
as expressões corporais . As imitações e os gestos
possuem um papel importante na expressão de sentimentos e em sua
comunicação , o corpo e o movimento são formas privilegiadas
de expressão .
“....no desenrolar da brincadeira dramatizada ,
os animais estarão numa condição humanizada , pois
o “personagem” criado é apenas uma motivação
psicodramática para que o atuante desenvolva ,não a visão
que possui do animal , mas a sua própria movimentação
, sobretudo a expressão corporal que é a tônica de
toda a brincadeira dramatizada .A expressão corporal é nessa
fase , mais importante como instrumento para o sentido de comunicação,
que está se desenvolvendo , do que a palavra.”
( Lopes ,1981 p.49)
MIMETISMO
Levei para a sala dois bicho-paus em um recipiente transparente
(dentro do pote coloquei um galhinho de árvore da mesma cor dos
insetos).Logo que cheguei todos já correram em minha volta para
ver , fizemos a roda e começamos a passar de mão em mão
aquele pote com os bicho-paus. Perguntei para as crianças : _ O
que tem dentro do vidro? , - Será que tem algum inseto? . Muitos
olharam ,olharam e não tinham certeza , poucos foram os que falaram
: É o bicho pau , é o bicho pau , abri então o pote
, retirei com muito cuidado um deles e coloquei no tapete no centro da
roda , começaram as perguntas ansiosas por respostas , ele tem
boca ? ,Ele morde?, Onde é o olho? .Fui mostrando para eles que
se tratava de um inseto pois tem o corpo dividido em três partes
e três pares de pernas , e todos davam risadas ,repetiam o que eu
falava .Após pesquisar apresentei para elas o conceito de inseto
. Observamos depois as pernas compridas , o corpo fino e comprido , a
sua cor , neste momento tirei de dentro do pote o galhinho e pedi que
eles observassem , muitos ficaram apreensivos em pegar ,mas logo perceberam
que não era um inseto , mas a cor era a mesma do bicho-pau , comentei
então que este inseto é o mais conhecido exemplo de mimetismo
,isto é ele pode ser confundido com um graveto ,livrando-se de
ser caçado, é o modo como ele se defende , pudemos lembrar
do grilo que também tem esta cor marrom e do gafanhoto que é
verde e pode ser confundido com uma folha da planta .
Voltamos a observar como andava o bicho -pau , e percebemos que era lentamente
, guardamos os insetos no pote e fomos para o parque imitando o bicho-pau
,levantando uma perna de cada vez bem devagar , as crianças curtiram
bastante.Novamente está presente a expressão corporal ,
pis esta a forma privilegiada de expressão
INVASÃO DE INSETOS E OUTROS BICHOS
Após o início do projeto foi uma verdadeira
invasão de insetos e outros bichos , ou melhor dizendo não
foi invasão e sim nós é que apuramos nossos olhares
e acabamos percebendo o que sempre passou desapercebido, pois estes insetos
sempre apareceram em nossa escola e nós os varríamos para
fora da sala . Um dia apareceu um grilo no berçário ,fizemos
uma troca ,eles observaram o bicho pau e nós o grilo , observamos
sua cor , os olhos salientes na cabeça , suas pernas , pulamos
muito neste dia , a classe ficou cheia de grilos .
Num outro dia encontramos um besouro igual ao que vimos na fita de vídeo
,ele tinha uma tromba ,pesquisamos o seu nome no livro que acompanha a
fita de vídeo e descobrimos que se chamava Gorgulho , colocamos
em nosso mini insetário . O projeto era tão envolvente que
até a família da gente participou .Minha filha encontrou
um gafanhoto bem verde ,coloquei num pote e levei para a escola . Na hora
da roda , retirei o inseto do pote e segurei com as pontas dos dedos ,
todos estavam olhando com atenção quando o gafanhoto me
mordeu , fiquei assustada, com dor ,chegou a sangrar , as crianças
também ficaram assustadas , eu tive que arrancar ele do dedo que
todos queriam ver , já não interessava mais o gafanhoto
e sim o meu dedo , esta experiência serviu como ensinamento para
todos , inclusive para mim – não se deve mexer em nenhum
inseto sem proteção , este não tinha veneno , mas
se tivesse ..., aí os interesses mudaram de rumo, falamos sobre
o cuidado que devemos ter quando encontrarmos algum inseto ,mexer com
um pauzinho e colocar em um vidro tudo isto com ajuda de um adulto.
Sempre que estamos passeando pelos arredores da nossa escola , visitamos
os jardins das casas dos vizinhos da escola .Neste dia toda a turma, a
monitora Terezinha e eu fomos à casa do Sr. Eduardo pudemos entrar
e observar algumas flores , árvores frutíferas e uma árvore
( cássia carnaval )cujo tronco tinha muitas cascas de cigarras
e no solo ao redor dela muitos furinhos, pois as cigarras transformam-se
em larvas e perfuram o solo até chegarem nas raízes da árvores
onde se alimentam de seiva.Ficamos ao redor desta árvore,conversamos
muito , as crianças se interessaram por um momento apenas , todos
estavam gostando mais de correr pelo quintal,brincar de pega-pega entre
as árvores , resolvemos então continuar nossa expedição
pelas redondezas do bairro ,
Encontramos muitas lagartas que levamos para a classe .
Voltando aos cuidados que devemos ter ao manusear algum inseto , encontrei
várias reportagens da revista Recreio que comentavam justamente
de lagartas , as que queimam com seus pelos , outras tem venenos nos espinhos
do seu corpo ,todo esse material ficou afixado no painel da sala .Quanto
às lagartas ,quando chegamos na sala na segunda feira ,haviam se
transformado, nos livros que pesquisamos na sala com as crianças
descobrimos que a casa que a lagarta faz tem o nome de crisálida
ou casulo, as crianças gostaram de ver e se lembraram das historinhas
– Nossa então acontece isso mesmo ? -Ai dentro tem uma borboleta
? . Todos os dias observávamos as quatro crisálidas , mas
aos poucos as crianças começaram a desanimar ,confesso que
até eu ,pois já estávamos observando a mais ou menos
duas semanas .Trabalhar com projetos exige que tenhamos um perfil de pesquisador,observador
,este processo ainda é novo para nós e as vezes ficamos
ansiosos com resultados .Cabe aqui citar um texto de Margareth Park ao
tratar sobre projetos :
“Nunca a imagem das aulas em que se planta um grão de feijão
no algodão e acompanha-se o seu crescimento dia após dia
me pareceu tão clara .A experiência nos mostra que , quando
ele brota ,suas folhas se abrem e um pequeno tronco tenta firmar-se,tudo
é jogado fora . Acabou-se a experiência ,pois já observamos
o suficiente .Mas e as flores e vagens? Sim ,porque na terra a força
das sementes traz outras sementes nas vagens , e aí produz-se um
ciclo . Bem , mas porque observamos débeis tronquinhos equilibrando-se
em algodões molhados? È o brotar da semente. Acabou .
A escola aborta muitos ciclos ....De forma alguma , ao focalizar os conflitos
e problemas estamos culpabilizando os professores que ,normalmente,acabam
ficando responsáveis únicos para o sucesso ou fracasso dos
projetos.Salientamos que os projetos pensados – principalmente os
relacionados à temática ambiental – caracterizam-se
pela absoluta necessidades de trabalho intersetorial , coletivo e de subversão
das relações espaço-temporais na escola .Por esses
motivos torna-se mais simples executar eventos – simulacros ,pequenas
experiências ,em vez de aventurar-se pelo desafio da concretização
, que de fato produz e alimenta as utopias .”
( Park,Margareth Formação de Educadores –mem...2003
,p.43)
Numa manhã quando chegamos na sala , fomos ver
os casulos ou crisálidas , e lá estavam quatro borboletas
, marrom e laranja ,iguais às lagartas . Esperamos o horário
da monitora Terezinha chegar e do aluno Thiago que esse dia ia entrar
um pouco mais tarde , aí soltamos as borboletas , foi emocionante
vê-las voando , valeu a pena ter tido toda a paciência de
pesquisador , cantamos músicas ,fotografamos , batemos palmas ,
como forma de registro confeccionamos um livro com a fases da borboleta
.Quando fizemos uma “nova expedição’ no entorno
da escola e encontramos muitas folhas secas no chão da árvore
pata de vaca .A monitora Terezinha deu a idéia de transformá-las
em borboletas , recolhemos muitas e logo que chegamos na sala começamos
a pintar as folhas com tinta guache e gliter colorido ficaram lindas borboletas
brilhantes e coloridas , confeccionamos um jardim no painel da sala com
flores e muitas borboletas .
A ARTE PRESENTE
Sem conhecimento de arte e história não é possível
a consciência de identidade nacional. A escola seria o lugar em
que se poderia exercer o princípio democrático de acesso
à formação estética de todas as classes sociais,
propiciando-se na multiculturalidade brasileira uma aproximação
de códigos culturais de diferentes grupos.
(BARBOSA,1996, p. 33).
A arte valoriza a organização do mundo da criança
, sua auto compreensão ,assim como o relacionamento com o outro
e com o meio.No trabalho com arte educação buscamos a dinâmica
entre o sentir ,o pensar e o agir relacionados à memória
, à cultura e ao meio ambiente a partir de experiências vividas
Sendo o tema do projeto insetos e flores procurei artistas que tivessem
obras pertinentes ao assunto , encontrei esculturas e xilogravuras .As
esculturas de libélula , aranha e dragão , eram do artista
Tao Sigulda , que vive na cidade de Jarinú ,próxima de Campinas
,que além de esculpir tem vários quadros com diferentes
técnicas de pintura . Mostrei um livro sobre a vida e as obras
deste artista. Apresentei as fotos destas três esculturas , todos
queriam ver e falavam ao mesmo tempo ,fazendo comentários ,pedi
para que me falassem com o que se pareciam as esculturas que apresentei
,todos logo adivinharam , perguntei então se saberiam me falar
de que material eram feitas , não conseguiram , expliquei que foram
feitas com peças automobilísticas ,eram de ferro e estas
esculturas deveriam ser bem pesadas . E um outro momento apresentei vários
materiais como argila ,pregos,parafusos , clips, contas coloridas ,pedaços
de fios e as crianças começaram a modelar alguns insetos
que já tínhamos visto na sala – besouro ,borboleta
,grilo ,libélula,colocamos para secar ,mas eram muito frágeis
e não duraram muito , porém registramos esse momento fotografando
.Comentei com as crianças sobre a “fragilidade” das
nossas peças com relação as do artista Tao Sigulda
que eram bem mais duráveis e que ficam expostas ao tempo tomando
sol e chuva ,.Comentei que algumas criações são mais
efêmeras e podem ter sua validade naquele momento , ao passo que
outras obras podem “aspirar” uma maior durabilidade .Depende
da proposta que ambas tem .
Outra obra apresentada foi do desenhista M.C. Escher que fez várias
xilogravuras, litografias e entalhes em madeira .Trabalhamos com Borboletas
entalhe em madeira de 1950 , observamos atentamente porque havia borboletas
com asas de vários formatos e tamanhos , utilizando bandejas de
isopor tentamos fazer nossa “isoporgravura” com motivo de
borboletas .
Técnica : utilizamos como suporte as embalagens de isopor ,como
ponta seca para gravar, lápis grafite , rolinho de espuma para
passar a tinta sobre o isopor . A tinta utilizada foi guache e papel sulfite
.No lugar da prensa usamos as mãos pressionando o papel sobre o
isopor .Esta técnica foi muito apreciada pelas crianças
,era como mágica , alguns quiseram fazer mais de uma “isoporgravura”.
Também foram apresentadas as obras que retratavam flores . Não
podia deixar de apresentar “Os Girassóis” de Van Gogh
e o “Vaso de Flores” de Monet .
Todos os artista e suas obras apresentados às nossas crianças
tem o propósito de enriquecer o nosso trabalho , pois a obra a
ser estudada está relacionada ao tema do projeto e não fazemos
aquela releitura que consiste na cópia da obra ,e sim em perceber
como o artista retratou , quais as técnicas usadas ,os diferentes
tipos de suporte , as tintas etc. , possibilitando vivências sensibilizadoras
tornando as crianças mais capazes em expressar suas emoções
, para depois, cada uma retratar à sua maneira a obra apresentada
, cada obra da classe é única. Damos importância para
a apresentação de artistas e suas obras ,pois, através
desta aprendizagem e observação estamos aumentando o leque
de conhecimento de nossos alunos educando o olhar ,tornando –os
mais observadores, sensíveis e apreciadores de toda e qualquer
expressão artística .
“O artista cria inspirado em algum acontecimento ,fato importante,algo
que o incomode ou que lhe dá prazer.Influenciado por seu tempo
,seu nível sócio-cultural,suas experiências ,suas
raízes culturais ,ele coloca a interpretação de mundo
na sua obra. A criança /aluno é fruto de outro tempo ,portanto,o
sentido da cópia perde significado na medida em que a obra é
expressão de um sujeito em seu tempo.
(Park e Iório ,2004 p.25)
A ARANHA
Passadas algumas semanas já estava preocupada ,imaginando que inseto
poderíamos estudar ,quando numa manhã o aluno Vinícius
entrou na sala com um pote de vidro e dentro dele uma aranha preta e peluda
,viva , aí estava o que eu mais precisava uma explosão de
interesse , todos falando ao mesmo tempo , querendo saber sobre aquele
bicho , eram perguntas de todos os lados , ela Depois de alguns minutos
todos já estavam mais calmos .Agora já havíamos formado
a roda , o pote de vidro estava no centro , pudemos observar melhor .Alguns
quiseram pegar o pote , outros não , pudemos contar quantas pernas
ela tinha , já sabíamos que os insetos possuem seis pernas
e a aranha tinha oito pernas , passei o problema para eles _ Será
que a aranha é um inseto ? , também comentei que quando
não temos certeza ou não conhecemos muito sobre algum assunto
temos que pesquisar , conversar com mais pessoas , procurar em livros
. Fomos até a biblioteca da nossa escola e procuramos livros e
revistas ,encontramos um livro sobre aranhas e descobrimos que a aranha
pertence á família dos aracnídeos ,a mesma dos escorpiões
,e que seu corpo se divide em duas partes e que a parte maior não
é o bumbum e sim o abdome ,por onde sai o fio para fazer a teia
.
No livro que encontramos na biblioteca tinha um desenho de uma aranha
em sua teia , e próxima à nossa sala tinha uma teia em um
dos pilares da varanda , fomos até lá para observarmos ,encontramos
a aranha com listras amarelas , e a sua teia na forma de um semi círculo
, aproveitamos fizemos um passeio em volta da escola para observar mais
teias e aranhas, no refeitório encontramos lá no alto ,pois
esta parede tem uns seis metros de altura , uma teia e uma libélula
presa , as crianças fizeram muitos comentários , ficaram
com dó da libélula , expliquei que as aranhas fazem as teias
para capturar insetos para se alimentarem , e que tem bichos como alguns
sapos que se alimentam das aranhas e algumas aves se alimentam dos sapos
, comentei que isto faz parte da cadeia alimentar. . Quando voltamos para
sala peguei novamente o livro “O Fascinante Mundo das Aranhas”
e procuramos saber mais sobre as teias , algumas aranhas constroem para
se locomoverem , outras para guardar seus alimentos , outras para capturar
insetos e até mesmo para acomodarem seus ovinhos , pudemos aprender
também que todas as aranhas possuem veneno e quais são as
mais venenosas .
Encontrei em uma loja de brinquedos insetos e aranhas de plásticos.
Levei dois saquinhos para a sala e as crianças puderam brincar
tranqüilamente, fizemos várias comparações com
a nossa ”aranha” verdadeira de dentro do pote de vidro e as
de plástico, estudamos as cores das aranhas ,tipos de pernas curtas
, longas ,grossas com pelos, finas ,a divisão do corpo da aranha
em três partes , contamos as pernas das joaninhas , brincamos com
os besouros rinocerontes ,tinha gafanhoto ,louva-deus ,cigarras, abelhas
, lagartas , libélulas , tinham algumas teias também de
onde as crianças podiam retirar as aranhas e depois prendê-las
novamente .
É importante ressaltar a importância do “olhar”
e do elo que existe da ciência com as artes ,ou vice versa , pois
as primeiras imagens das paisagens brasileiras foram produzidas pelos
holandeses entre 1637 e 1645 , vieram com a missão de registrar
a nossa rica e exótica fauna e flora ,estes ilustradores , artistas,
se dedicaram a um registro que ,entre o rigor detalhista da ciência
e o das técnicas da arte , se constituiu como parte importante
da história natural do Brasil.Segundo David Freedberg , historiador
da arte , esses estímulos também motivaram a arte e o progresso
da aviso ,em especial a história natural , essas informações
foram retiradas da Revista Avisalá , no que diz respeito aos nossos
alunos está aí a importância da observação
, do exercício de educar o olhar ,para olhar de uma forma diferente
.Diariamente em nossa escola as crianças são estimuladas
a observarem , esta prática é feita até para as pequeninas
do berçário .
Após descobrirmos como as aranha faziam suas teias , resolvemos
também fazer a nossa, fizemos a brincadeira da teia ,passei o rolo
de barbante entre as cadeirinhas e os pilares da varanda em frente a sala
formando uma teia onde as crianças puderam passear e enrroscar-se
,todos se sentiram o próprio Homem Aranha .Em outro momento , na
hora da roda todos sentados , uma criança segurou a ponta do barbante
e jogou o rolo para outra criança que estava bem na sua frente
,esta segurava um pedaço , e jogava o rolo para outra e assim foi
se formando uma teia , depois disto achamos que poderíamos ter
uma teia grande no teto da sala , fiz vários furos nas paredes
da sala na altura de 1,80m e coloquei ganchinhos , com as crianças
me ajudando fui passando o rolo de barbante e prendendo nos ganchos da
parede , elas foram me conduzindo – Agora aqui ..., Põe neste
agora ... . A teia ficou pronta,na parte da tarde a monitora Marlene confeccionou
com as crianças algumas aranhas , para o corpo jornal bem amassado
formando pequenas bolas ,cobriram o jornal enrolando barbante , com a
ajuda da Marlene passaram um arame grosso de um lado ao outro da bola
de jornal formando as pernas e pintaram com tinta guache preta , fixamos
as aranhas na teia grande da sala e alguns insetos como a libélula
e a cigarra, e agora quando as crianças vão dormir todas
ficam olhando a imensa teia. Também montei uma teia maior com a
armação de canos de pvc ,forma de cubo e passei por eles
um elástico largo , depois de pronto todos podiam passar por entre
os elásticos como se estivessem tentando sair da armadilha da aranha
O JARDIM
Dede o início do ano começamos com um pequeno
jardim num canteiro próximo da sala , na reunião de pais
comentei que estaríamos resgatando as flores que antigamente víamos
muito nos jardins como os capitães , as dálias , as crista
de galo , onze horas e outras , alguns pais nos mandaram as batatas das
dálias , outros mandaram sementes e mudas , nós fizemos
a comparação da semente da crista de galo que eram minúsculas
com as batatas da dália , e todos ajudaram no plantio , também
plantamos onze -horas e cravíneas, regávamos diariamente
, fomos observando o desenvolvimento da planta até florescer uma
linda dália amarela , aproveitamos para observar os tipos de pétalas
, fiz vários moldes vazados de flores e outras flores em lixa que
se coloca por debaixo do papel e passando o giz de cera aparece o que
está por baixo, foram vários tipos : margarida , beijo turco
( Maria sem vergonha) , onze –horas , girassol , dália ,
crista de galo , capitão .
Fomos visitar uma Chácara ,próxima à nossa onde o
proprietário Sr. Antonio sempre nos recebe muito bem , não
só a nossa sala , mas todos os alunos da escola , pois lá
encontramos sempre algo relacionado ao projeto de cada sala , visitamos
o viveiro de plantas ,que pudemos observar as várias etapas de
crescimento , da alfce , do mangericão , e das flores como o copo
de leite , as cravínias , também estava repleto de Maria
–sem –vergonha , no final da vista ganhamos mexiricas e bananas
,além de ganharmos mais mudas de cravínias e batatas de
dálias , e alguns copos de leite para enfeitarmos nossa sala.
Nossa escola fica numa região muito privilegiada pois podemos fazer
estes passeios a pé , e no caminho até esta chácara
vamos observando tudo , as flores , as árvores floridas como as
quaresmeiras , o ipê roxo e alguns amarelos , comemos amoras , o
que torna tudo ainda mais agradável .
Quando chegamos na escola plantamos todas as mudas , algumas vingaram
, outras não , também é um local que não tem
muito a luz solar e as flores necessitem desta luminosidade , encontramos
outro canteiro na entrada da escola e juntamente com a turma do berçário
plantamos sementes de girassol , conseguimos registrar através
de fotografia todas as etapas as crianças ficaram entusiasmadas
, quando perceberam muitos botões de girassóis , quando
elas abriram ,aliás , quando cheguei na sala de manhã todos
vieram correndo - o girassol nasceu se viu ? - e tem bastante ! - . Antes
de fazer qualquer coisa fomos para lá , observamos seu miolo ,
que era um pouco diferente daqueles que o Van Gogh pintou , mas as pétalas
eram amarelinhas , voltamos para a sala e na hora da roda o assunto foi
esse , comentamos muito sobre esta flor , olhamos algumas semente que
haviam sobrado , olhamos a do Van Gogh , uma foto de um outro girassol
, neste momento fiz a leitura da poesia O Girassol de Vinícius
de Moraes , as crianças gostaram , neste dia fizemos atividades
de pintura nas cores amarelo e marrom , colagem com papeis nas mesmas
cores , no dia seguinte procuramos nas revistas papéis também
nas cores amarelo , marrom e verde ,picamos e colamos formando um girassol
, fixamos no mural da sala .
Gostaria muito de ter levado as crianças para visitar a Expoflora
, que acontece em Holambra , cidade próxima de Campinas , mas é
um passeio caro para nossas crianças , mas eu fui e tirei muitas
fotos dos arranjos , e coloquei no mural da sala .
A CIGARRA
Próximo à nossa escola encontramos uma cigarra
grande caída no asfalto , levamos para a sala e começamos
a observar este inseto , vimos seu corpo grande e sua asa transparentes
, seus olhos salientes , fizemos silêncio na sala e pudemos ouvir
outras cantarem , fui até a biblioteca e peguei o livro da Cigarra
e a Formiga , todos ouviram com atenção , ainda nos lembramos
de quando visitamos o jardim de um vizinho que tinha uma árvore
com várias cascas de cigarras , li para as crianças como
ela canta , que vira uma larva e entra na terra , fomos buscar algumas
cascas de cigarras para pintarmos e colocarmos no mural . As crianças
puderam assistir uma peça de teatro que veio na escola , era da
Cigarra e a Formiga ,muito engraçada ,dava outra solução
para esta fábula , as crianças gostaram muito , apresentei
a música a Cigarra da cantora Simone , confeccionamos uma cigarra
grande com jornais amassados e fita crepe ,depois pintamos e colocamos
uma asa feita de renda , ficou linda , colocamos na teia da sala , as
crianças brincaram também com ela .Comentei e mostrei fotos
da cigarra saltadora .Também comentei as curiosidades e mostrei
fotos de uma cigarra que existe no Amazônas o nome dela é
Jequitiranabóia que em tupi –guarani ,significa cigarra parecida
com cobra . Cantamos como as cigarras e tentamos pular bem longe como
as saltadoras , foi interessante ,pois fomos até o tanque da areia
e pulávamos para dentro e depois de dentro para fora .
Com as crianças deste ano , foi através dos movimentos corporais
da imitação dos insetos , nas músicas que tem fazer
movimentos com o corpo , e da linguagem , era muita conversa , muitos
comentários ,e muitas histórias lidas com entusiasmo , o
giz de cera , a tinta , com pincel , com as mão , folhas de papel
grande foram a grande atração . Foi muito gratificante o
trabalho deste ano , posso ter certeza que elas também gostaram
.