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A
FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS NA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE VIÇOSA
Rosa Cristina Porcaro - Universidade Federal de
Viçosa – UFV
RESUMO
A Universidade Federal de Viçosa vem formando
educadores de jovens e adultos desde 1987, com a estruturação
de um Núcleo de Educação de Adultos. Este Núcleo
vem oferecendo para os funcionários e a comunidade em geral, desde
alfabetização até preparação para os
exames supletivos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. As aulas
são ministradas por alunos do Curso de Pedagogia e das Licenciaturas,
que buscam formação nessa área. Esse processo de
formação não se dá tão somente pela
prática pedagógica em sala de aula, mas também e
principalmente pelas reflexões desenvolvidas pelo grupo quanto
a esta, num processo coletivo de construção e reconstrução
de novas práticas educativas em EJA.
I - INTRODUÇÃO
Em outubro de 1984, quando a ASAV (Associação
de Servidores Administrativos da Universidade Federal de Viçosa)
fez sua primeira Assembléia Geral, teve como uma de suas principais
reivindicações a criação de um curso de alfabetização
para os funcionários da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Essa reivindicação surgiu em função de um
levantamento da demanda entre esses funcionários, onde foi constatado
um percentual de 30% destes que ainda não haviam sido alfabetizados.
Em 1985, a Comissão de Revisão dos Planos de Cargos e Salários
da UFV propôs a criação deste espaço para os
funcionários. A partir dessa concessão, em outubro de 1986,
o então Reitor, professor Geraldo Chaves, autorizou o funcionamento
do curso e a liberação dos funcionários de seu trabalho
por duas horas diárias, para que pudessem freqüentar as aulas.
Criou-se, assim, o Projeto de Educação Básica e Alfabetização
de Adultos da UFV, que passou a funcionar no início do ano de 1987,
em salas cedidas pelo CEE (Centro de Ensino e Extensão), sob a
orientação de professores do Departamento de Educação
(DPE). Foram selecionados para ministrar aulas, dois alunos do curso de
Pedagogia, pagos inicialmente pela ASAV e, após alguns meses, pelo
MEC, de acordo com um convênio firmado com este. Tal situação
durou apenas 3 anos e, a partir daí, estes professores passaram
a receber bolsa de monitoria da Pró Reitoria de Ensino.
Este projeto passou por várias coordenações durante
estes anos. Inicialmente, a coordenação ficava a cargo da
diretoria da ASAV, com a orientação dos professores do DPE.
A partir de 1990, passaram a ser indicados nomes de professores do DPE
para tal trabalho, o que permanece acontecendo até a presente data.
A partir do ano de 1990, o Projeto ampliou sua abrangência de atuação,
se tornando, além de um local de ensino para os funcionários,
também um local de pesquisa para os professores do DPE e para os
alunos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas. Com alguns recursos adquiridos
através destas pesquisas e com a concessão de uso, pela
Reitoria, de uma casa da Vila Gianetti, o trabalho desenvolvido foi transferido
do CEE para uma sede própria, situada à Vila Gianetti, no
33, onde funciona até hoje.
No ano de 1993, o curso estendeu seu atendimento, que anteriormente era
apenas de alfabetização, passando a oferecer um curso de
preparação para exames de suplência de 1a a 4a série.
Com o decorrer do tempo, à medida em que esses alunos iam sendo
aprovados nos exames de suplência de 1a a 4a série, iam passando
a reivindicar a criação também do curso de preparação
para exames de suplência de 5a a 8a série, o que foi atendido
em 1995, com a criação de uma turma com 30 vagas. Nesse
momento, foi estendido também o direito de matrícula para
os familiares dos funcionários, desde que houvessem vagas para
tal, após matriculados os funcionários da UFV.
Ainda nesse período, devido a essa ampliação de seu
atendimento, o Projeto teve sua denominação alterada: de
Projeto de Alfabetização de Jovens e Adultos para Núcleo
de Educação de Adultos.
Em 1999, por fim, foi aberta uma turma de preparação para
exames de suplência do Ensino Médio, com o objetivo de atender
à necessidade dos mesmos alunos, agora concluintes do Ensino Fundamental.
II – O TRABALHO QUE VEM SENDO DESENVOLVIDO ATUALMENTE
O NEAd, hoje, funciona na Vila Gianetti, n. 33, no horário
de 07:00 às 09:00 e de 13:00 às 17:00 horas. Até
o ano de 2003, o funcionamento do NEAd se limitava ao turno da manhã.
Porém, devido à falta de espaço para o oferecimento
de todas as turmas requisitadas e à solicitação de
alguns chefes de setor da UFV por um novo horário, que correspondesse
às necessidades destes setores, foram criadas novas turmas e oferecidas
no turno da tarde.
O NEAd atende, atualmente, a uma média de 120 alunos, entre funcionários
da UFV, familiares destes e até pessoas da comunidade, conforme
haja vagas. Esses alunos são divididos em turmas de alfabetização
(Nível 1 e Nível 2), preparação para exames
de suplência de 1a a 4a série (Nível 3) e de 5a a
8a série do Ensino Fundamental e do Ensino Médio (divididos
por matéria – Português, Matemática, Geografia,
História, Inglês, etc). O trabalho é desenvolvido
por 14 professoras, alunas do curso de Pedagogia e das Licenciaturas.
Destas, cinco recebem bolsa de monitoria da Pró Reitoria de Ensino,
cinco recebem bolsa de alimentação da Pró Reitoria
de Assuntos Comunitários, uma recebe uma bolsa da FUNARBE (Fundação
Artur Bernardes), uma recebe bolsa da ASAV e duas desenvolvem um trabalho
voluntário, visando adquirir experiência na área e
enriquecer seu currículo.
No horário de 07:00 às 09:00 horas, portanto, são
oferecidas turmas de alfabetização e de preparação
para exames de suplência de 1a a 4a série e de 5a a 8a série
do Ensino Fundamental. No horário de 13:00 às 17:00, são
oferecidas turmas de preparação para exames de suplência
de do Ensino Médio.
A coordenação do trabalho fica a cargo de uma professora
do Departamento de Educação, que conta com a ajuda de 6
professores do DPE, no sentido de orientarem o trabalho das estagiárias
e monitoras. Estes professores são chamados de Coordenadores de
Área, se dividindo em 6 grandes áreas, a saber:
- Área de Português;
- Área de Matemática;
- Área de Geografia;
- Área de História;
- Área de Ciências;
- Área de Planejamento e Avaliação.
Quanto ao quadro funcional do NEAd no ano de 2005, portanto, temos o que
se segue:
COORDENADORA GERAL |
ROSA CRISTINA PORCARO (professora do DPE) |
SECRETÁRIA |
FÁTIMA MAFFILLI (funcionária da instituição) |
COORDENADORA DO NÍVEL BÁSICO |
PATRÍCIA LUIZ DA SILVA (aluna da Pedagogia) |
PROFESSORAS DO NÍVEL BASICO |
NÍVEL 1 |
GLÁUCIA LAUREANO |
NÍVEL 2 |
PATRÍCIA LUIZ DA SILVA |
NÍVEL 3 |
KELLEN RODRIGUES DA FONSECA |
COORDENADORA DA SUPLÊNCIA DE 5ª A 8ª SÉRIE |
ALESSANDRA DUARTE (aluna da Pedagogia) |
PROFESSORAS DA SUPLÊNCIA DE 5ª A 8ª SÉRIE |
PORTUGUES |
EUNICE MENDES |
INGLÊS |
MATEMÁTICA 1 |
ALESSANDRA DUARTE |
MATEMÁTICA 2 |
TELMA DE ASSIS BERNARDES |
CIÊNCIAS 1 |
JANICE CORDEIRO |
CIÊNCIAS 2 |
ELIZABETE ALVES FRANCA |
HISTÓRIA |
MARISTELA SILVA |
COORDENADORA DO ENSINO MÉDIO |
ELIZABETE ALVES FRANCA (aluna da Pedagogia) |
PROFESSORAS DO ENSINO MÉDIO |
BIOLOGIA |
JANAÍNA FERREIRA |
HISTÓRIA |
QUÍMICA |
ALESSANDRA DUARTE |
FÍSICA |
JANICE CORDEIRO |
MATEMÁTICA |
ELIZABETE ALVES FRANCA |
Uma atividade
que tem sido desenvolvida pelo NEAd nos últimos anos, devendo ser
repetida nos anos seguintes, pelo sucesso alcançado, é a
Feira de Conhecimento, onde os alunos têm a oportunidade de expor
trabalhos preparados por eles mesmos, em equipes,abordando vários
temas estudados no Núcleo, associados à sua realidade profissional.
Esta Feira é, geralmente, organizada pelos professores, alunos
e coordenadora, com a assessoria dos coordenadores de área e apresentada
ao público em geral (família, chefes de setor, colegas de
trabalho, comunidade em geral). O objetivo principal desta Feira é
o de desenvolver a capacidade de expressão verbal dos educandos,
aumentar sua auto estima, recuperar nestes educandos a segurança
em sua própria capacidade de criar e produzir conhecimento e, paralelo
a isso, divulgar os trabalhos desenvolvidos no NEAd, motivando, assim,
outros funcionários a buscarem os estudos e outros chefes de setor
a liberarem seus funcionários para as aulas.
O NEAd tem conseguido bons resultados no desenvolvimento de seu trabalho.
Em média, 70% de seus alunos conseguem ser aprovados nos exames
de suplência aplicados pelo CESEC (Centro de Ensino Supletivo e
Educação Continuada). Além disso, tem conseguido
resgatar, em seus educandos, a auto estima, que sempre é muito
baixa quando iniciam seus estudos no Núcleo, devido aos inúmeros
fracassos vivenciados por estes no processo regular de ensino.
Outra conquista do NEAd em relação aos seus educandos é
a de conseguir enriquecer, com estes, o processo de socialização.
Quando chegam ao NEAd, demonstram imensa dificuldade de se expressar verbalmente.
Após um período de permanência no curso, se tornam
comunicativos e desinibidos para a convivência social. Quando iniciam
seus estudos no NEAd, têm dificuldade de desenvolver trabalhos em
grupo e de confiar em seus pares. Após um tempo de permanência
no NEAd, desenvolvem solidariedade, respeito mútuo, confiança,
etc.
Em relação aos alunos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas
que são professores do NEAd, o trabalho que ali desenvolvem representa
um efetivo estágio, proporcionando-lhes o contato direto com essa
área de atuação docente, o que não conseguiriam
apenas com o curso, ou mesmo com o estágio curricular desenvolvido
durante o curso de graduação, que tem uma curta duração.
Através deste trabalho, desenvolvem a habilidade de ministrar aulas,
a responsabilidade, a independência em sala de aula, etc, o que
lhes possibilitará um melhor desempenho em sua vida profissional.
Além disso, aprendem a conhecer o educando adulto em suas especificidades
e a trabalhar com metodologias adequadas a esses alunos.
Em relação ao Departamento de Educação, o
NEAd tem sido, desde o ano de 1990, um local de excelência para
o desenvolvimento de pesquisas, por haver abertura dos educadores, educandos
e coordenadora para tal. Essas pesquisas são desenvolvidas por
professores, alunos da graduação e alunos da pós
graduação do DPE, tendo gerado, inclusive, diversos trabalhos
monográficos. Desde a sua criação até os dias
atuais, já foram desenvolvidas neste local uma média de
20 pesquisas, todas elas voltadas para o aprofundamento na questão
da educação de jovens e adultos.
Em relação à Universidade Federal de Viçosa,
o NEAd tem sido o responsável por reduzir o índice de analfabetismo
entre os seus funcionários, que em 1987 girava em torno de 30%
dos funcionários e hoje se reduz a apenas 6 funcionários
(dados do DRH/2001). Além disso, o NEAd favorece a cada setor de
trabalho da UFV, à medida em que proporciona um crescimento aos
funcionários em seu setor de trabalho. O trabalhador alfabetizado
e escolarizado tem sempre um melhor desempenho em seu trabalho, o que
representa ganho para a Universidade.
As professoras / estagiárias e a coordenadora do NEAd, ultimamente,
têm sido convidados por algumas Prefeituras, ONG’s e órgãos
envolvidos com a Educação de Adultos para ministrarem cursos,
mini cursos, palestras e oficinas sobre EJA, devido à experiência
que têm adquirido na área. Além disso, puderam participar,
durante o ano de 2004, do desenvolvimento do PROAJA (Projeto de Alfabetização
de Jovens e Adultos), em convênio com o Programa Brasil Alfabetizado,
junto ao MEC / FNDE e 12 Prefeituras das micro regiões de Viçosa,
Ubá e Ponte Nova, capacitando 120 professores para o processo de
alfabetização de 2526 adultos.
III - O DESENVOLVIMENTO
DOS EDUCANDOS NO NEAD
O trabalho
desenvolvido pelo NEAd no ano de 2004 apresentou os seguintes resultados
em termos de matrículas iniciais, finais e índice de evasão:
Em relação às matrículas iniciais e finais,
podemos perceber, no quadro abaixo, que o índice de evasão
girou em torno de 14 a 36%, apresentando um número maior no Nível
3, por ser este o momento em que os alunos começam a ser estimulados
a procurarem os órgãos responsáveis pelos exames
supletivos das séries iniciais. A insegurança, característica
marcante em educandos adultos, faz com que alguns destes “fujam”
das aulas, para que não tenham que passar pela avaliação
formal. Outros índices elevados de evasão podem ser verificados
nas turmas de Ciências das Séries Finais do Ensino Fundamental
e nas turmas de Biologia do Ensino Médio. Esta evasão se
justifica pela dificuldade encontrada por estes educandos nas disciplinas
da área de Ciências Biológicas. No ano de 2005, buscamos,
então, no sentido de minimizar estas dificuldades, trabalhar com
turmas de reforço para os alunos que apresentavam maior dificuldade.
Podemos perceber, também, que o índice de evasão
vai, gradativamente, diminuindo a cada nível vencido pelos alunos,
sendo maior no Nível Básico e menor no Ensino Médio.
Isso se deve à maturidade desenvolvida pelos educandos à
medida em que permanecem no NEAd. Com o tempo de estudos, os educando
vão desenvolvendo um maior compromisso com os estudos e uma maior
familiaridade com os estudos, aumentando também sua auto estima
e sua segurança quanto à própria capacidade de vencer
cada etapa.
No que se refere ao índice de aprovação, podemos
constatar que o trabalho desenvolvido tem alcançado bons resultados,
já que 95% dos educandos conseguiram ser aprovados nos exames supletivos
em 2004. Podemos ver que a maior dificuldade destes alunos tem sido na
Matemática e no Inglês. Também foi adotado, para minimizar
tal situação, aulas de reforço no ano de 2005 para
alunos destas disciplinas.
NÍVEL |
TURMA |
MATRÍCULA
INICIAL |
MATRÍCULA
FINAL |
EVASÃO
% |
CONCLUÍRAM
N. ABSOLUTO % |
BÁSICO |
NÍVEL 1 – T1 |
07 |
05 |
29 |
05 |
100 |
NÍVEL 1 – T2 |
03 |
03 |
0 |
03 |
100 |
NÍVEL 2 |
12 |
10 |
17 |
10 |
100 |
NÍVEL 3 |
22 |
14 |
36 |
14 |
100 |
TOTAL |
|
44 |
32 |
17 |
32 |
100 |
5ª A 8ª SÉRIE |
PORTUGUÊS |
15 |
12
|
20 |
12 |
100 |
INGLÊS |
10 |
08
|
20 |
5 |
62,5 |
MATEMÁTICA – T1 |
04 |
04 |
0 |
4 |
100 |
MATEMÁTICA – T2 |
06 |
05 |
17 |
5 |
100 |
CIÊNCIAS |
03 |
02 |
33 |
2 |
100 |
HISTÓRIA |
12 |
11
|
9 |
9 |
81,8 |
TOTAL |
|
50 |
42 |
16 |
37 |
88,1 |
ENSINO MÉDIO |
MATEMÁTICA |
05 |
05
|
0 |
02 |
40,0 |
QUÍMICA |
13 |
13 |
0 |
13 |
100 |
BIOLOGIA |
10 |
07 |
30 |
07 |
100 |
HISTÓRIA |
07 |
05 |
29 |
05 |
100 |
TOTAL |
|
35 |
30 |
14 |
27 |
90 |
TOTAL
GERAL |
|
129 |
104 |
19 |
96 |
95,1 |
Ainda não
temos uma avaliação concluída sobre o trabalho desenvolvido
no primeiro semestre de 2005, mas estão sendo desenvolvidas reuniões
de Conselhos de Classe para a avaliação do processo e planejamento
do segundo semestre. O que se percebe nestes é que as aulas de
reforço desenvolvidas durante esse primeiro semestre têm
permitido aos professores um melhor acompanhamento do desenvolvimento
dos alunos que apresentam mais dificuldades e, conseqüentemente,
uma melhor assessoramento a estes.
Em 2005,
os números apresentados pelo NEAd, no que se refere à matrícula
inicial, são os que se seguem:
NÍVEL |
TURMA |
MATRÍCULA |
NOVATOS |
BÁSICO |
NÍVEL 1 |
14 |
09 |
NÍVEL 2 |
07 |
02 |
NÍVEL 3 |
10 |
04 |
TOTAL |
|
31 |
15 |
5ª A 8ª SÉRIE |
PORTUGUÊS |
09 |
- |
INGLÊS |
08 |
- |
MATEMÁTICA 1 |
08 |
- |
MATEMÁTICA 2 |
12 |
12 |
CIÊNCIAS 1 |
02 |
- |
CIÊNCIAS 2 |
07 |
- |
HISTÓRIA |
04 |
- |
TOTAL |
|
50 |
12 |
ENSINO MÉDIO |
MATEMÁTICA 1 |
04 |
- |
MATEMÁTICA 2 |
06 |
06 |
BIOLOGIA |
05 |
- |
HISTÓRIA |
03 |
- |
QUÍMICA |
13 |
- |
FÍSICA |
19 |
19 |
TOTAL |
|
50 |
25 |
TOTAL GERAL |
|
131 |
52 |
V –
AS METAS DO NEAd PARA OS PRÓXIMOS ANOS
Atualmente,
uma das metas do NEAd é a de auxiliar a UFV no cumprimento da meta
estabelecida pelo SIAPE – de escolarizar todos os funcionários
públicos até 2006, levando-os a concluir o Ensino Médio.
Porém, a estrutura física do NEAd não comporta um
número muito elevado de alunos, o que tem obrigado os responsáveis
por esse Núcleo a limitar o número de matrículas
e, ao alcançar um número determinado de alunos, deixar arquivada
uma longa lista de espera, no aguardo de alguma desistência.
Além disso, o oferecimento de turmas no período da tarde
não é o ideal para os funcionários da instituição,
visto que estes acabam sendo obrigados a se ausentar do trabalho num horário
não muito interessante para os diversos setores. Estas turmas vespertinas
foram criadas devido à falta de espaço no período
matutino, o que só pode ser resolvido com a ampliação
da sede do NEAd.
O NEAd funciona numa casa que não comportava um número muito
elevado de alunos, por possuir poucos cômodos e pequenos, sempre
insuficientes para o número de alunos que procuram matricular-se.
As salas eram mínimas em sua dimensão, comportando um número
máximo de 15 carteiras, o que nos obrigava a formar turmas pequenas
e, por esse motivo, depender de um número maior de professores
para o trabalho.
Sendo assim, a demanda por vagas era sempre muito maior que o número
de vagas oferecido. Éramos, então, obrigados a utilizar
um processo de seleção dos alunos da graduação
que pretendiam atuar, quer como monitores, quer como estagiários
voluntários e dos adultos que pretendiam estudar.
No entanto, como o terreno onde se localiza a casa era bastante amplo
e comportava a construção de mais salas de aula, mais amplas
e espaçosas, o que nos possibilitaria ampliar nosso atendimento
quantitativa e qualitativamente, reivindicamos da instituição
e conseguimos iniciar uma reforma / ampliação na casa onde
funciona o NEAd. Uma de nossas metas atuais, portanto, é a conclusão
da reforma e da ampliação da sede do NEAd, iniciada em dezembro
de 2003 e já em fase de conclusão, com a construção
de mais duas salas de aula e ampliação das quatro já
existentes.
Além disso, o mobiliário utilizado no NEAd era bastante
antigo, tendo sido adquirido em 1995, grande parte deste já doado
por outros setores da Universidade, encontrando-se, portanto, desgastados
pelo tempo. Por esse motivo, reformamos todo o mobiliário, incluindo
aí: carteiras, escrivaninhas, armários e arquivos. Porém,
este mobiliário será insuficiente, devido à construção
das novas salas, havendo, portanto, a necessidade de aquisição
de mais carteiras e quadros – outra meta do NEAd.
Para o ano de 2005 temos, portanto, algumas metas que consideramos essenciais
para a equipe do NEAd, quais sejam:
- Concluir a reforma iniciada na sede do Núcleo, o que nos possibilitará
um trabalho de mais qualidade e com maior organização;
- Ampliar o número de alunos atendidos, atendendo à demanda
sempre crescente e fixando novos horários para as aulas, na parte
da manhã e da tarde, o que favorece o trabalho destes na instituição;
- Ampliar o número de professores / estagiários para o cumprimento
da meta anterior, dando assim mais oportunidades a um maior número
de graduandos da Pedagogia e das Licenciaturas, que buscam por estágio
nesta área e não encontram;
- Transformar o Núcleo de Educação de Adultos num
Centro de Formação Continuada de Educadores de Jovens e
Adultos, ampliando o trabalho já realizado com os alunos da graduação
da UFV para os educadores da comunidade viçosence e dos municípios
vizinhos, atendendo a uma demanda que vem surgindo e se confirmando a
cada dia.
VI - A FORMAÇÃO
DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS - NEAD E UFV
O NEAd,
portanto, tem como função primordial, a formação
continuada de educadores de jovens e adultos, através da própria
prática pedagógica destes educadores no NEAd. À medida
em que estes educadores – alunos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas
– vão desenvolvendo seu trabalho em sala de aula, reuniões
pedagógicas semanais vão sendo feitas e, nestas reuniões,
o processo vai sendo discutido, as experiências vão sendo
socializadas, as dúvidas vão sendo expostas e as respostas
a estas dúvidas vão sendo construídas pelo próprio
grupo. Quando o grupo de docentes não consegue construir estas
respostas a partir da própria prática e das discussões
desenvolvidas coletivamente, solicitam à Coordenação
do NEAd o assessoramento de professores de áreas de conhecimento
específicas, conforme a questão levantada e esta vai em
busca de professores do Departamento de Educação ou de outro
setor da Universidade, contratando-os para o desenvolvimento de cursos,
mini-cursos, palestras, oficinas, de acordo com a necessidade levantada.
A formação continuada dos educadores do NEAd também
se dá pela participação destes nos Fóruns
Estaduais de Educação de Jovens e Adultos e nos Encontros
Nacionais de Educação de Jovens e Adultos (ENEJA’s).
Os Fóruns ocorrem mensalmente e, a cada mês, dois educadores
são enviados à Belo Horizonte, para participarem das discussões
desenvolvidas nestas ocasiões. Os ENEJA’s ocorrem anualmente
e, a cada ano, um educador do NEAd é enviado para participar destes.
A participação dos educadores do NEAd nos Fóruns
de EJA e nos ENEJA’s tem como objetivo principal proporcionar a
estes a oportunidade de atualização de seus conhecimentos
no que se refere às discussões desenvolvidas estadual e
nacionalmente. A cada mês, portanto, dois educadores participam
do Fórum Estadual de EJA e apresentam ao coletivo dos educadores
do NEAd o relato de sua vivência, sendo, então, discutidas
as questões levantadas nos Fóruns de acordo com a realidade
cotidiana do Núcleo. Igualmente, a cada ano, um educador participa
do ENEJA e apresenta ao coletivo dos educadores o relato de sua vivência,
discutindo-se as questões levantadas nos ENEJA’s de acordo
com a realidade do Núcleo.
A base teórica do processo de formação dos educandos
e educadores do NEAd tem sido Paulo Freire. Essa opção se
dá pela constatação de que este autor desenvolveu
um excelente trabalho na área de educação de jovens
e adultos, indo ao encontro das reais necessidades do educando adulto.
Nesse sentido, sua proposta de trabalho tem se mostrado mais propícia
ao processo de ensino desenvolvido no NEAd, que tem como objetivo central
a formação integral do adulto, envolvendo aí o desenvolvimento
da auto estima do adulto, a capacidade de expressão escrita e falada,
a formação da cidadania.
A teoria de Paulo Freire, portanto, tem sido estudada e adotada pelos
educadores do NEAd em sua prática pedagógica em todos os
níveis de ensino e não só no processo de alfabetização.
O processo dialógico tem sido a tônica central dentro de
sala de aula, onde os educadores do NEAd buscam trabalhar ao máximo
com a realidade do educando, trazendo para dentro da sala o cotidiano
destes alunos, por meio dos temas e palavras geradoras. Essa prática
é priorizada em todos os níveis, desde as turmas de alfabetização
até as do Ensino Médio. Além disso, também
o processo de formação dos educadores se dá através
do processo dialógico e da reflexão sobre a prática,
uma das práticas propostas por Paulo Freire.
Ao final de cada ano, durante toda a última semana de aulas, a
coordenadora do NEAd se reúne com as professoras / estagiárias
para uma avaliação do processo pedagógico desenvolvido
durante o ano. Nesse processo de avaliação, discute-se as
dificuldades encontradas pelas professoras no desenvolvimento de sua prática
e as carências de formação destas. Esse processo inicial
de avaliação tem continuidade no início do ano seguinte,
durante a primeira semana de aulas, quando se decide que cursos, mini
cursos, palestras e oficinas serão solicitados para a complementação
do processo de formação destas.
No ano de 2004, na última semana de aulas, e no início de
2005, durante a primeira semana de aulas do NEAd, foram feitas estas reuniões
de avaliação, referente ao processo pedagógico desenvolvido
em 2004 e de planejamento do processo pedagógico para o ano de
2005. Nessas reuniões, foi levantada a demanda, entre os professores
do NEAd, de temas específicos para o desenvolvimento de cursos
de capacitação. A partir deste levantamento, foi construído
um Programa de Capacitação dos Professores do NEAd –
Ano 2005, conforme segue no quadro abaixo:
DIA
|
HORA |
TEMA |
PROFESSOR |
05/03
|
08 ÀS 16 |
O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO DE PAULO FREIRE
|
MÍRIAM PORFÍRIO |
12/03
|
08 ÀS 10 |
A VISÃO DO ERRO COMO CONSTRUTIVO EM EJA
|
VANDERLÉIA SANTOS |
12/03 |
10 ÀS 12 |
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO NO NEAD
|
ROSA PORCARO |
12/03
|
14 ÀS 16 |
O TRABALHO COM TURMAS HETEROGÊNEAS EM EJA |
ROSA PORCARO |
16/03
|
09 ÀS 11 |
REUNIÃO DE AVALIAÇÃO PARCIAL DO PROCESSO |
ROSA PORCARO |
18/03 |
09 ÀS 11 |
O PLANEJAMENTO DE AULAS NO NEAD
|
ETELVINA VALENTE |
19/03 |
09 ÀS 12 |
O TRABALHO COM A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
|
PER CRISTIAN |
19/03 |
14 ÀS 16 |
O USO DE JOGOS EDUCATIVOS EM EJA
|
JANICE CORDEIRO |
21/03 |
09 ÀS 11 |
O DÉFICIT COGNITIVO EM EJA
|
ALICE MOREIRA |
23/03 |
09 ÀS 11 |
A AUTO ESTIMA DO EDUCANDO ADULTO
|
EDUARDO SIMONINI |
28/03 |
09 ÀS 11 |
O USO DO DICIONÁRIO EM EJA
|
LECI MOURA |
30/03
|
09 ÀS 11 |
O ENSINO DA GEOGRAFIA EM EJA |
RITA BRAÚNA |
01/04 |
09 ÀS 11 |
REUNIÃO DE AVALIAÇÃO PARCIAL DO PROCESSO
|
ROSA PORCARO |
04/04
|
09 ÀS 11 |
O ENSINO DE CIÊNCIAS EM EJA
|
ANGELA MAFFIA |
06/04
|
09 ÀS 11 |
O ENSINO DE HISTÓRIA EM EJA
|
DENILSON SANTOS |
08/04
|
09 ÀS 11 |
O ENSINO DA GEOMETRIA EM EJA
|
TÂNIA MENEGON |
11/04
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09 ÀS 11 |
ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA EM EJA |
ALESSANDRA DUARTE |
13/04
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09 ÀS 11 |
REUNIÃO DE AVALIAÇÃO FINAL DO PROCESSO |
ROSA PORCARO |
VII - CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A discussão
existente, hoje, a nível nacional, quanto à formação
inicial e continuada dos educadores de educação de jovens
e adultos, tem sido no sentido de se identificar e manifestar a necessidade
de criação, por parte do governo federal, de uma política
específica de formação destes, visto que a demanda
de escolarização por parte dos cidadãos brasileiros
– jovens e adultos – tem crescido rapidamente.
O ideal seria que as universidades oferecessem, dento de seus cursos de
formação de professores – tanto nos cursos de Pedagogia,
quanto nos cursos gerais de Licenciaturas - a habilitação
em EJA. Porém, este ideal ainda se encontra muito distante de se
concretizar, sendo poucas as universidades que oferecem esta habilitação
e, ainda, quando oferecem, não encontram a devida valorização
pelos órgãos responsáveis e uma apropriada divulgação
do trabalho desenvolvido.
A Universidade Federal de Viçosa oferece cursos de graduação
em Pedagogia, Letras, Matemática, Geografia, História, Biologia,
Física e Química. Todos esses profissionais, um dia, poderão
ter a possibilidade de atuação na área de educação
de jovens e adultos, já que estarão inserindo-se no sistema
educacional como docentes. No entanto, não poderão desenvolver
um bom trabalho, já que não têm a devida qualificação
para o trabalho com jovens e adultos.
É fato comprovado que o processo de ensino com jovens e adultos
tem especificidades que precisam ser consideradas pelos educadores no
desenvolvimento de seu trabalho, sob pena de não alcançarem
resultados satisfatórios caso ajam com estas turmas da mesma forma
que agiriam com crianças. Porém, em nenhum dos cursos acima
citados, existe a preocupação com a capacitação
do docente na área de EJA, não havendo nestes nenhuma disciplina
obrigatória referente a este tema.
No curso de Pedagogia, existe uma disciplina denominada Educação
de Jovens e Adultos, mas com caráter de optativa, o que não
garante à totalidade dos educandos do curso uma convivência
mínima que seja com os conceitos básicos ou com a abordagem
da especificidade do processo de ensino em EJA. O que ocorre, devido a
isso, é que aqueles graduandos que têm algum contato com
esta área do ensino e que, devido a isso, despertam o interesse
por esta temática, não encontram outra alternativa senão
a de buscar a vivência do estágio extra curricular no NEAd,
que não tem como abarcar todos os estudantes que demandam esse
estágio.
Devido a essa situação, alguns profissionais da educação
formados nas Licenciaturas e no Curso de Pedagogia, tão logo concluam
seus cursos, vão sendo obrigados a assumir turmas de EJA sem nenhum
ou quase nenhum conhecimento sobre o processo de ensino com jovens e adultos,
o que acaba por dificultar o desenvolvimento de seu trabalho em sala de
aula. Por esse motivo, pode-se constatar uma crescente demanda pela formação
continuada para os educadores de EJA que, sendo obrigados a desenvolver
seu trabalho sem a mínima formação necessária,
no que se refere a uma formação inicial, buscam resolver
tal situação buscando envolver-se com algumas ações
isoladas de formação continuada, incluindo-se aí
cursos, mini cursos, palestras, orientações didáticas
e metodológicas, material didático específico, etc.
O NEAd tem tentado suprir essa carência em termos de formação
inicial na área de EJA, organizando e desenvolvendo, nas cidades
circunvizinhas, mediante convênios e contratos, alguns programas
de formação continuada, oferecendo assessoramento pedagógico
e cursos de capacitação para educadores de jovens e adultos.
Estes cursos, mini cursos, palestras e oficinas pedagógicas são
oferecidas pelas próprias educadoras, juntamente com a coordenadora
do NEAd que, após um período de estudos conjuntos, prática
pedagógica e troca de experiências dentro do próprio
NEAd, passam a desenvolver esse intercâmbio entre a UFV e outras
instituições de ensino. Estas experiências educativas
têm representado um crescimento individual e profissional imensurável
para estas educadoras / graduandas, que concluem seus cursos de graduação
verdadeiramente formadas para uma atuação efetiva na área
de EJA. |
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