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EXPERIÊNCIAS
DA FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIAS DA PROFISSÃO: A TRANSVERSALIDADE
DOS SABERES E CONHECIMENTOS DOCENTES
Profª. Ms.Ednacelí Abreu Damasceno
– Universidade Federal do Acre/UFAC Introdução Analisar e refletir sobre como se dá a articulação
entre os saberes e conhecimentos da formação acadêmica
e saberes e conhecimentos da experiência profissional, considerando
ainda a questão sobre como os conhecimentos são transformados
em saberes no momento da ação educativa e como as professoras
entrevistadas conseguem utilizar/mobilizar em suas salas de aulas, os
conhecimentos por elas apropriados nos cursos de formação
de nível superior (Pedagogia) foi o ponto de partida desta pesquisa
realizada desde 2003 e concluída neste ano. A transversalidade dos saberes e conhecimentos docentes nas experiências da formação e da profissão Saberes, conhecimentos, teoria, prática, formação
e trabalho, são elementos que precisam estar relacionados para
que possamos ter instrumentos de análise no sentido de olhar para
a formação de professores e extrair desse olhar questões
que possam acenar a compreensão dessa realidade. No rizoma são múltiplas as linhas de fuga e, portanto, múltiplas as possibilidades de conexões, aproximações, cortes, percepções, etc. Ao romper com essa hierarquia estanque, o rizoma pede, porém, uma nova forma de trânsito possível por entre seus inúmeros saberes; podemos encontrá-la na transversalidade (GALLO, 2002, p. 32). A transversalidade proposta na relação
teoria e prática é uma relação que atravessa
essas duas instâncias de saberes e conhecimentos “abandonando
os verticalismos e horizontalismos” (GALLO, 2002, p. 33), substituindo-os
“por um fluxo que pode tomar qualquer direção, sem
nenhuma hierarquia definida de antemão” (Idem). Os saberes e conhecimentos da profissão possibilitam à compreensão da formação (acadêmica) As professoras que entrevistamos enfatizam, de um modo geral, que a prática docente exercida já há algum tempo, mais de dez anos de experiência no mínimo, tem ajudado as mesmas na compreensão dos conhecimentos adquiridos no curso que ora fazem. Relatam inclusive que, se já não tivessem o conhecimento e o saber da sala de aula, com certeza teriam muitas dificuldades em compreender teorias e conhecimentos trabalhados no curso e dão exemplos vivenciados na sala de aula no momento de dar aula em que essa situação é demonstrada. Vejamos a fala da Professora Valéria: Com certeza, você tem que ter a prática, e com a experiência que você vai adquirindo me ajuda muito mais na compreensão dos conhecimentos estudados. Com a experiência que tenho, lá no curso fica mais fácil eu entender a maneira como trabalhar. Um exemplo: ontem, nós fizemos uma prova de português e a professora citou um texto de uma criança que falava errado, quer dizer “errado” não, que nenhuma língua é errada, era a maneira dela se comunicar na vivência dela. E através desse texto é que eu fui entender que tinha que conhecer as diferenças lingüísticas pra poder trabalhar com meus alunos na sala de aula. Ajudou-me muito a compreender as diferenças lingüísticas, sociais, regionais, etc. Aceito essas diferenças e trabalho no sentido fazer com que minhas crianças adquiram a norma culta a partir do que já sabem. (Profa. Valéria – A. B. F.) A relação do que se estuda no curso dentro
da universidade é simultânea ao que se trabalha na sala de
aula da escola. Em outras palavras, é simultânea a relação
entre o que se conhece na teoria/formação com o que se sabe/faz
na prática/trabalho. Essa relação é posta
em movimento, a partir de comparações entre a teoria e a
prática e isso pode ser efetivado, por conta do vínculo
posto pelo trabalho e formação, universidade e escola, nesta
situação especial de formação de professores
em serviço. Vejamos alguns depoimentos sobre essa questão:
É
interessante o depoimento de uma professora, quando a mesma enfaticamente
diz “nós sabemos fazer essa relação entre a
teoria e a prática” (Profa. Glória – A. B. F.).
Essa professora revela que, o que se estuda no curso passa pelo crivo
de quem sabe como é a realidade do trabalho docente. Qualquer tema
discutido no momento da formação acadêmica vivenciada
no curso de pedagogia, logo é relacionado com a realidade prática
do trabalho que as professoras desenvolvem na sala de aula. Principalmente
que, o conhecimento e o saber da sala de aula, o conhecimento e o saber
das crianças, dão poder às mesmas para argumentar,
questionar, validar ou não as teorias e conhecimentos. É
assim que, a Professora Glória reage ao lhe perguntar “Se
a prática na sala de aula ajuda a compreender a teoria estudada
no curso”: A compreensão dos conhecimentos e das teorias é atravessada pelo conhecimento da realidade do trabalho. Segundo a maioria dos depoimentos das professoras entrevistadas, o conhecimento e o saber da realidade facilita e muito na compreensão de assuntos ligados ao trabalho docente. Conhecer e saber a sala de aula permite e facilita a compreensão de teorias e conhecimentos veiculados no curso, evidenciados pela relação que fazem entre sala de aula (realidade) e os conhecimentos e teorias (verdades). Essa relação parece ser fundamental: Minha experiência facilita bastante a compreensão do que eu vejo no curso porque muitos conhecimentos que são trabalhados dizem respeito a minha realidade, a realidade do meu trabalho. E quando a gente começa a ver esses conhecimentos no curso, a gente começa a fazer uma relação com o que a gente faz na sala de aula, com o nosso trabalho.Um exemplo disso foram os conteúdos passados pelo PROFA, eu me identifiquei muito com esses conhecimentos porque era a minha vivência em sala de aula, portanto, não tive dificuldade nenhuma de entendê-los. (Profa. Joiceli – M. A. T.) Questionam inclusive que, quem não sabe o que é uma sala de aula e não tem a vivência do trabalho docente, não consegue fazer a relação entre a teoria e prática: Pra quem não tem conhecimento de sala de aula fica muito difícil pra entender os conhecimentos, porque não pode fazer uma relação entre teoria e prática. A gente que está lá fica fazendo uma comparação entre a teoria e a prática. A gente automaticamente fica relacionando o que estuda no curso com a nossa prática. Um exemplo disso é quando nós estivemos estudando o PROFA, as teorias sobre as hipóteses das crianças, mostrava um vídeo onde a criança estava na hipótese pré-silábica, silábica, então quando a gente via aquilo ali, pensávamos: “aquilo acontece na minha sala, ou seja, quando a gente fala, há crianças que assimilam só as vogais, às vezes só as consoantes, ou as duas. (Profa. Enilda – M. C. ) Em relação ao que foi evidenciado pelas professoras entrevistadas, duas premissas ficam claras na leitura que faço: a primeira delas é que elas (professoras) que estudam e trabalham, ou seja, freqüentam a universidade à noite e a escola durante o dia, têm condições de fazer a relação entre universidade-escola, formação-trabalho. Transitam entre uma instância e outra, levando e trazendo conhecimentos, saberes, experiências, teorias, práticas, idéias, dúvidas, inseguranças, seguranças, certezas, incertezas, enfim, vários mundos de saberes e conhecimentos ocasionados pela festa do encontro. Permito-me elaborar esse pensamento principalmente quando, de uma forma ou de outra, elas me dizem: “nós sabemos fazer a relação entre a teoria e a prática” é como se elas (professoras) me dissessem em outras palavras, as palavras de Stenhouse (apud ZEICHNER, 1993): Os bons professores são necessariamente autônomos relativamente à sua profissão. Não precisam que lhes digam o que hão de fazer. Profissionalmente, não dependem de investigadores, superintendentes, inovadores ou supervisores. Isso não significa que não queiram ter acesso às idéias criadas por outras pessoas, noutros lugares ou noutros tempos, nem que rejeitem conselhos, opiniões ou ajudas, mas sim que sabem que as idéias e as pessoas só servem para alguma coisa depois de terem sido digeridas até ficarem sujeitas ao julgamento do próprio professor. Em resumo, todos os formadores fora da sala de aula devem servir os professores, pois só eles estão em posição de criar um bom ensino. (p. 20). A segunda
premissa é que a sala de aula é ponto de referência
da relação entre teoria e prática. “A sala
de aula: eis uma realidade que contém muitas realidades”
(MORAIS, 1995, p. 10). A sala de aula é a realidade em que se põem
em movimento todos os conhecimentos e teorias estudadas no sentido de
transformá-los em saberes docentes. As respostas do professor traduzem-se na sua forma de intervenção sobre a realidade em que atua: a sala de aula. Tais respostas, quando ainda não são o saber pedagógico, constituem o seu gérmen. O saber pedagógico – elaborado a partir do conhecimento e/ou saber que o professor possui e na relação estabelecida entre esses e sua vivência – identifica-se com a relação teoria-prática da ação docente; identifica-se com a sua práxis (p. 46). Santos Neto (2002), ainda sobre a sala de aula nos diz: A sala de aula abriga, pois, um encontro de complexidades humanas no concreto contexto histórico e social. A complexidade do professor encontra-se com a complexidade do aluno e do grupo. Como não considerar tal condição no processo formativo dos professores, seja ela na formação inicial ou na formação continuada? (p. 48)
Os saberes e conhecimentos da formação (acadêmica) possibilita à compreensão da profissão O papel
das teorias, dos conhecimentos, em nenhum momento foi desconsiderado nas
falas das professoras entrevistadas. Pelo contrário, as teorias,
os conhecimentos têm exercido um papel fundamental na compreensão
da prática pedagógica, segundo as próprias professoras
investigadas. Apontam inclusive, as especificidades do trabalho docente
desenvolvido com as crianças, colocando como o conhecimento da
teoria tem ajudado a compreender melhor o como fazer pedagógico,
percebendo as diferenças entre o como faziam antes e como fazem
agora, evidenciando a melhor forma de fazer. E segundo as mesmas, a melhor
forma de fazer, é tendo o conhecimento da teoria interagindo com
a realidade do trabalho pedagógico. A teoria me ajuda muito a compreender melhor o que se passava em minha sala de aula. O curso me ensinou muito a levar em consideração os conhecimentos prévios dos alunos. Por exemplo, essa semana trabalhando com o tema mapa, antes eu perguntei pras crianças o que elas entendiam pela palavra mapa, e um aluno respondeu: “professora mapa é um corpo”. Aí eu quis dizer “tá errado”, mas aí me lembrei que eu tenho que levar em conta o que ele sabe e comecei a questioná-lo sobre o porquê dessa resposta. Foi então que ele me disse “professora, é que eu já assisti um filme onde tinha um mapa do tesouro e o mapa estava dentro do estômago do homem. De repente, eu poderia ter dito: “que mapa é corpo coisa nenhuma menino” (nesse momento ri). Uma outra aluna disse: “professora, mapa ajuda a conhecer um lugar”. Se fosse em outro tempo, eu ia logo dando o conceito certo de mapa e pronto, mas agora, eu parto do que eles já sabem e conhecem. Teve uma época quando eu trabalhei com a 4ªsérie, eu tinha um aluno que a vida dele era desenhar. Eu estava explicando e ele desenhando. Aquilo me aborrecia profundamente (fecha as mãos e põe na cabeça) e dizia: “menino, larga esses caderno!”. Eu não tinha ainda não fazia faculdade. Eu não sabia lidar com aquele conhecimento que o aluno tinha, porque eu não trouxe pra minha experiência aquele conhecimento que ele tinha, porque de certa forma eu poderia ter aproveitado desse conhecimento e trazido para o benefício de minhas aulas e até mesmo do meu trabalho. Hoje esse menino é um excelente pintor. Desenha tudo. E eu digo pra mãe dele; “olha, eu impliquei muito com seu filho”. Naquele tempo eu não sabia como valorizar esse conhecimento, pelo contrário, isso me aborrecia. Hoje em dia, se eu tiver um aluno com essa habilidade, eu vou até pedir pra ele me ajudar a fazer alguma coisa. . (Profa. Susi – A. B. F.)
Umas das coisas que eu aprendi no curso e que trouxe uma grande contribuição para a minha prática pedagógica foi o PROFA. O PROFA trouxe uma visão muito legal pra gente compreender o que o aluno faz na sala de aula. Muitas vezes a gente cometia erros por não saber, não entender o que estava acontecendo. E o PROFA trouxe o conhecimento das hipóteses de leitura e escrita. Quando a criança escreve uma palavra errada, ele não está errando por errar, ele está tentando acertar aquela palavra. Então nós aprendemos a fazer a leitura das palavras, das frases, dos textos que os alunos escrevem e valorizar. O que antes a gente considerava errado, hoje já compreendemos que a criança elabora hipóteses de acordo com a fase em que se encontra de leitura e escrita e isso é importante para o desenvolvimento de sua aprendizagem. (Profa. Glória – A. B. F.) Compreender
o que se passa em educação, o que se passa no cotidiano
da sala de aula nos obriga a considerar o contexto/realidade onde o trabalho
docente se efetiva, como também os saberes produzidos pelos(as)
docentes a partir da filtragem dos “conhecimentos teóricos”
capazes de serem postos em prática, superando o aplicacionismo
das teorias. O que até agora conhecemos como realidade é um resultado da interação de múltiplas forças e condicionamentos. Não é o efeito da aplicação de teorias científicas concretas; ou, ao menos, não é apenas nem fundamentalmente o resultado dessa aplicação. Na prática projetam-se elementos teóricos, mas não se pode compreendê-la somente recorrendo a tais elementos. É sobre isso que fala a Professora Susi; Muitas coisas que a gente estuda na sala de aula são verdadeiras e outras, eu acho que não se aplicam à nossa realidade. Muitas eu mudo e outras que eu acho que dão resultados positivos eu continuo a fazer como eu fazia antes de estudar. Mas o meu maior desejo é terminar a faculdade pra colocar realmente em prática tudo que aprendi no curso, porque agora nós não temos muito tempo, pois é uma correria entre o estudo e o trabalho. (Profa. Susi – A. B. F.) A compreensão
da prática pedagógica exige um exercício de reflexão.
E esse exercício de refletir, sem dúvida, possui um caráter
teórico. É importante perceber, como essas professoras dizem
precisar da teoria para ajudá-las a compreender melhor o que acontece
no trabalho pedagógico, mas pensar, refletir à luz das teorias,
só tem sentido se o contexto nascer da prática. Possibilidades construídas no movimento de transversalidade entre os saberes e conhecimentos da formação e os saberes e conhecimentos da profissão
Nietzsche apud Larrosa, 2002, p. 46 Foi trilhando
caminhos por-vir imaginados, submetendo-os à prova, que desvelamos
os horizontes de possibilidades construídos a partir das relações
entre os saberes e conhecimentos da formação acadêmica
e os saberes e conhecimentos da experiência profissional. Quais
os achados nessa travessia? Como ocorre esse processo de atravessamento
entre essas duas instâncias de produção de saberes
e conhecimentos e quais relações são estabelecidas
a partir delas? a) Uma relação onde os conhecimentos e saberes da formação acadêmica são apreendidos de forma reflexiva na e sobre a própria ação, apoiando-se em concepções teóricas que são traduzidos em saberes contextualizados, sempre situados, intensamente ligados às características das professoras entrevistadas e à especificidade da realidade do trabalho docente – “verdades da realidade” são transformadas em “realidade das verdades”: CONHECIMENTO DA PRÁTICA . b) Uma relação onde os conhecimentos e saberes da formação acadêmica são aplicados de forma direta e imediata no contexto da ação pedagógica por imitação/adaptação a fim de incorporá-los ao trabalho docente – “verdades da realidade” continuam sendo “verdades da realidade”: CONHECIMENTO PARA A PRÁTICA. Dentro da
primeira proposição acima explicitada pela letra a, a maioria
das professoras entrevistadas, 17 do total de 20, ao articular os conhecimentos
e saberes da formação (acadêmica) com os conhecimentos
e saberes da experiência, terminam por contextualizá-los
e situá-los na realidade do trabalho docente. Respeitando as considerações
conceituais realizadas ao longo desse texto, ouso dizer que a maioria
das professoras transforma a “verdade da realidade” em “realidade
da verdade”. O que é realidade? De que realidades falam as professoras? E que relação há entre esta e os saberes e conhecimentos docentes? Tento discutir o conceito de realidade apoiada em Critelli (1996) e Heidegger (1978) apud Martins (2002), compreensão essa onde “realidade” é entendida nesse contexto como sendo o movimento de realização, objetivação dos modos de ser das coisas, não significando que estão imunes ao tempo e, conseqüentemente, à mudança. Por estar em movimento, a realidade está em contínuo processo de transformação à luz do ser-no-mundo-com-os-outros. (...) quando dizemos que o homem habita o mundo, não falamos meramente de um mundo concreto, como pura terra, puro planeta, mas de um mundo realizado.Habitar o mundo é habitar o real. A realidade não é concretude nem objetividade, mas o produto deste movimento de realização. Assim o homem é-no-mundo realizando o mundo, as coisas do mundo, os outros e a si mesmo. Realizar é mais que empreender, é desvelar, testemunhar, veracizar, autenticar. (CRITELLI apud MARTINS, 2002, p. 99). É,
nesse sentido que, as professoras que habitam o mundo, habitam o real,
habitam o mundo real do trabalho docente, mais do que empreender, desvelam,
testemunham, veracizam e autenticam os saberes e conhecimentos possíveis
do movimento de realização num desdobramento temporal e
existencial, transformando assim, dentro do contexto de trabalho as “verdades”
encontradas. Nós discutimos no curso uma questão que se refere a uma das rotinas escolares. E uma das rotinas que a gente faz no jardim, é que as crianças devem andar em fila. Na faculdade, nos ensinaram que essa prática não é uma coisa boa para as crianças porque elas ficam condicionadas a andar uma atrás da outra e não serão pessoas críticas, impedindo que ass mesmas sejam autônomas e tenham uma auto-estima elevada. Certos autores colocam que a fila marca a rotina da escola pela organização militarizada. Eu discordo desse pensamento, porque a questão da fila é o dia a dia da gente, é o mundo do adulto, você vai no banco você tem que enfrentar fila vai ser atendido no hospital, tem que enfrentar fila, ou seja, são várias situações do cotidiano do mundo adulto que nós temos que saber como agirmos numa sociedade. Não é que toda hora a gente vai estar organizando as crianças em fila, mas se a situação exige uma certa organização, a gente faz, até para o bem mesmo da criança, porque quando a gente faz uma atividade fora da sala de aula, temos que zelar pela segurança dessas crianças e a melhor forma de lidar com essa questão da organização é a fila. (Profa. Enilda – M. C.) Essa mesma questão foi lembrada também pela Professora Rosa Mônica: A cada disciplina que aparece como se nós estivéssemos vivenciando a sala de aula da gente. Quando cita alguma coisa a gente logo se situa na sala de aula da gente. Um dos momentos em que mais participei no curso foi quando estava tratando de uma disciplina que teve chamada “Educação Infantil e Cotidiano” foi uma polêmica grande na sala de aula inteira sobre a questão de abolir a fila, porque assim as crianças ficariam com a autonomia e auto-estima mais elevadas. Foi ai que eu discordei bastante porque com o saber que tenho da minha sala de aula, não vai ser uma fila que vai impedir de minha criança ter autonomia. Há coisas muito mais fundamentais que com certeza vão deixá-las mais autônomas. Então quando se trata de um assunto e que você discorda prontamente, é porque temos saberes que aprendemos na prática. E ainda acrescenta: Um outro assunto que foi discutido bastante na sala de aula e que eu discordo é sobre os “cantinhos na sala de aula”, segundo o que vimos no curso, esses cantinhos são meros passatempos e que a criança vai só lá pra brincar. Eu discordo! Nós usamos os cantinho de tal forma que ela vai lá para aprender alguma coisa, tudo tem objetivo. (Profa. Rosa Mônica – M. C.) Desse ponto
de vista, a prática profissional nunca é um espaço
de aplicação dos conhecimentos universitários. Ela
é, na melhor das hipóteses, um processo de filtração
que os dilui e os transforma em função das exigências
do trabalho e na pior das hipóteses, um muro contra o qual se vêm
jogar e morrer conhecimentos universitários considerados inúteis,
sem relação com a realidade do trabalho docente diário
nem com os contextos concretos de exercício da função
docente. (TARDIF, 2002, p. 257). A gente faz sempre uma comparação entre o nosso trabalho, da vivência do nosso dia-a-dia com os conhecimentos que a gente aprende no curso. E vai colocando em prática tudo que é de novo e quando não dá certo a gente insiste em outras situações pra ver até onde a gente vai conseguir colocar em prática. Muitas vezes a teoria não dá certo na prática porque outros fatores interferem em nosso trabalho, não é só o professor o aluno e a sala de aula. Tem a família, a condição social das crianças que nós temos, a economia que influi bastante, faltam condições de trabalho também. (Profa. Glória – A. B. F.) Consciente
de que a complexidade do trabalho pedagógico é atravessada
por questões sociais, econômicas, políticas, culturais
e familiares, o depoimento da Professora Glória desenvolve uma
apreciação crítica da situação de trabalho
e da situação de formação, analisando todas
as implicações citadas acima que condiciona, de certa forma,
a prática desenvolvida nos espaços do trabalho pedagógico.
Neste mesmo depoimento, a professora ainda problematiza a relação
“teoria e prática” e insiste em por em prática
o que está aprendendo, mesmo que, na primeira tentativa, não
dê certo e fracasse. Na sua insistência em melhorar a sua
ação e enfrentar os mais variados problemas da sala de aula,
faz modificações, adaptações de acordo com
as contingências do trabalho que realiza, julga e tenta fundamentar
suas escolhas, reflete sobre sua prática e produz saberes. a tarefa dos professores consiste em um sutil equilíbrio entre regras e autonomia. Este equilíbrio define de maneira explícita a margem de liberdade (e de angústia) pedagógica e a relação entre os componentes de concepção e execução. Como explica Durand (1996, p. 62), “a tarefa do ensino se caracteriza por um espetacular contraste entre uma ampla liberdade pedagógica e regras administrativas rigorosas” (THERRIEN e LOIOLA, 2001, p.152). Nesse mesmo grupo situa-se a Professora Joiceli expondo: Relaciono sempre fazendo uma avaliação entre a teoria que estou aprendendo e a minha prática. Então quando eu acho que tenho que mudar, eu mudo. Quando eu acho que o que estou fazendo é certo, continuo fazendo a mesma coisa. Porque nem sempre a teoria dá certo na prática. Por exemplo, hoje querem que o professor ensine o aluno a aprender a ler através de agrupamentos, só que nem sempre dá certo. Quando dá certo eu trabalho, mas às vezes só dá certo de forma individualizada. (Profa. Joiceli – M. A. T.) De fato,
a Professora Joiceli revela sinais que o contexto onde o trabalho pedagógico
se realiza nem sempre favorece a uma única opção
metodológica para dar conta do trabalho docente. E também
que, o novo nem sempre é o melhor. Assinala que, quando o “novo”
é melhor muda sua prática, mas quando não é,
continua fazendo o que fazia antes e que dava certo. Porém faz
isso valorizando a teoria e o mais importante, relacionando-a com a sua
prática. Pois, para realizar seu trabalho docente o(a) professor(a)
baseia-se em sua experiência vivida e em seus juízos profissionais
buscando guiar/orientar suas ações pedagógicas. Isto
está claro no depoimento da Professora Joiceli quando afirma que,
nem sempre é possível haver coerência teórica
associada a uma coerência pragmática. Na maioria das vezes a teoria me ajuda na prática, só que às vezes ela fica muito distante porque eu ainda acho que nós temos uma realidade muito diferente da que devíamos ter. Por exemplo, em relação às diferenças entre os alunos que nós temos que trabalhar em sala de aula, a educação não vai bem porque exige coisas do professor que não é possível realizar. Como vou trabalhar essas diferenças entre meus alunos com uma classe de 30 alunos? Assim a teoria fica muito distante da realidade.Quando a gente traz a teoria pra sala de aula, nós percebemos que ela não está condizente com a realidade que a gente tem. Agora a teoria ajuda a gente a compreender melhor nossos alunos, saber o que eles precisam, e aí a gente já sabe como trabalhar com esses alunos. Então na medida do possível a gente vai utilizando as teorias. (Profa. Auxiliadora – M. A. T.) Nesse depoimento,
novamente percebe-se a preocupação da professora em descobrir
as possibilidades de uma coerência da teoria na realidade do trabalho
docente. Revela que muitas vezes o professor sabe o que fazer, mas não
tem como fazer, diante das condições de trabalho impostas
à sua profissão, fator esse que interfere diretamente no
resultado de seu trabalho. No âmbito dessa questão, Martins
apud Martins (2002), se expressa dizendo não ser possível
uma correspondência direta entre a teoria e a prática, inclusive
pela natureza diversa de ambas. não se trata de descartar a necessidade do aprofundamento teórico, mas ao contrário, dar ao aprofundamento teórico o sentido da busca de respostas, que se abrem a novas perguntas num movimento que não encontra um ponto terminal” (p. 15). Para essas
professoras, parece claro que, a realidade das condições
de trabalho docente interfere na relação e utilidade dos
conhecimentos teórico-acadêmicos com a realidade da prática
educativa, levando-as a refletirem sobre a teoria, sobre a prática
docente, sobre suas ações, desvelando, decifrando o que
é pertinente ou não a cada situação didática
no momento do trabalho pedagógico e mais do que isso: permitindo
mudanças em seu ofício, em sua prática pedagógica
na medida em que reconhecem os conhecimentos como passíveis e possíveis
de serem transformados em saberes docentes. Os conhecimentos que estamos adquirindo no curso de pedagogia são direcionados a realidade do nosso trabalho. Inicialmente nós vimos os conhecimentos de fundamentos, mas agora que está afunilando mais o curso, nós estamos vendo os conhecimentos mais direcionados a nossa prática. Os fundamentos não vão diretamente para a prática, mas me dá um suporte pra prática. Porque a prática a gente já tem, o que falta é um suporte teórico, o conhecimento de outras concepções para que eu possa ter o discernimento para explicar porque eu ajo de determinada maneira ou não. (Profa. Carla – M. A. T.) A Professora
Carla ressalta a importância do papel que os conhecimentos teórico-científicos
exercem em sua formação. Para esta professora, é
muito importante ter conhecimentos que possam fundamentar e justificar
suas ações pedagógicas. O que nos faz perceber, é
o anúncio de uma prática cada vez mais autônoma, invertendo
o papel que sempre esteve presente na maioria de nossas escolas públicas
brasileiras: o papel de meros executores do que foi pensado e idealizado
por outros “estranhos” do ninho da sala de aula. Nós fazemos uma relação de nossa prática com o que nós estamos estudando. E acabamos repensando o que fazemos, refletindo sobre nossa prática, sobre o que fazemos no nosso trabalho e mudamos aquilo que pode ser melhorado.E fazemos um registro de nossas reflexões sobre o trabalho, sobre o que aprendemos num caderno de registro. (Profa. Enilda – M. C.) Pra mim a reflexão é fundamental. O professor que pára para refletir sobre sua prática, se ela está ou não correta, se precisa melhorar, ele pode cada vez mais desenvolver um bom trabalho. Será que o que fiz deu certo? Será que meu aluno vai aprender? Todas essas questões eu procuro anotar num caderninho pra depois refletir sobre elas. (Profa. Susi – A. B. F.) Resgatar
a base reflexiva da atuação profissional é fundamental
para compreender a forma como as professoras entendem e relacionam os
conhecimentos teórico-acadêmicos com seus saberes e situações
problemáticas da prática pedagógica. Apesar de que,
o termo reflexão e a idéia do docente como profissional
reflexivo, segundo Contreras (2002), passou a ser moeda corrente na literatura
pedagógica, e que seu uso está longe de manter uma convergência
de propostas e enfoques. Individualizar
o problema da ‘qualidade’ (...) das escolas deixando que cada
professor reflita individualmente sobre sua prática é passar-lhes
um instrumento que muitas vezes se voltará contra eles na busca
desesperada do que é ou vai mal no ensino.Rotulando o problema
dessa maneira (isto é, a necessidade de que os docentes sejam mais
reflexivos em sua prática), estamos isolando-os de forma elegante.
Retratar os problemas enfrentados nas escolas como se fossem, em alguma
medida, causados por uma falta de competência por parte dos docentes
e das escolas, e como se pudessem ser resolvidos por indivíduos
(ou grupos de professores), é desviar de forma eficaz a atenção
dos problemas estruturais reais que estão profundamente incrustados
nas desigualdades sociais, econômicas e políticas”.
(SMYTH apud CONTRERAS, 2002, p. 138) Os professores podem não ser conscientes da natureza de sua própria alienação, ou podem não reconhecer o problema como tal [...]. Esta é precisamente a idéia da teoria crítica: ajudar os professores a desenvolverem uma apreciação crítica da situação na qual se encontram. (p.156). Mas há professoras que, explicitam muito bem a transcendência dos limites nos quais seu trabalho docente está inscrito, reduzindo as possibilidades de efetivação de ações valiosas para aprendizagem de seus alunos com suas respectivas realidades sociais, é o que dizem as professoras abaixo: Muitas vezes a teoria não dá certo na prática porque outros fatores interferem em nosso trabalho, não é só o professor o aluno e a sala de aula. Tem a família, a condição social das crianças que nós temos, a economia que influi bastante, faltam condições de trabalho também. (Profa. Glória – A. B. F.) Acredito
que essa dificuldade se dá porque a teoria vem do sistema, o sistema
planeja tudo e às vezes você não tem como mudar. Os
projetos já vêm prontos e acabados, só pra você
executar. E muitas vezes não é a nossa realidade.Nós
temos que produzir projetos e teorias de acordo com a nossa escola, com
a realidade social dos alunos que nós temos, acredito que assim
dá mais certo. Então aquilo que eu vejo que dá pra
eu ensinar na minha sala de aula eu aplico e aqueles conhecimentos que
eu vejo que não tem condições de aplicá-los
na sala de aula por conta da nossa realidade, eu nem coloco em prática.
(Profa. Francisca – M. A. T.) A relação entre teoria e prática é muito diferente. Às vezes a teoria é pronta e acabada, então você pensa: “vou fazer isso” e quando chega na prática nada dá certo. (Profa. Francisca – M. A. T.) Percebemos,
então, que a questão dos saberes docentes e da formação
de professores não pode estar separada da questão do trabalho. Os saberes nos quais os professores se apóiam dependem diretamente das condições sociais e históricas nas quais eles exercem sua profissão. Parece de fato evidente que os saberes dos professores sói possam ser compreendidos em relação às condições que estruturam seu trabalho. [...] esses saberes estão ligados às condições concretas próprias ao trabalho numa escola que levam os professores a produzir soluções para os problemas que encontram. A questão dos saberes não pode, assim, ser separada da questão do trabalho (p. 343). Ainda sobre a ligação dos saberes docentes ao contexto de trabalho e sobre a questão da relação entre teoria e prática, Carr e Kemmis (apud FIORENTINI, 1998), desenvolvem a seguinte proposição: O saber do professor proporciona um ponto de partida para a reflexão crítica. Simplesmente, não pode dar-se por pronto ou sistematizado na teoria, nem tomar-se definitivo na prática. E isto não ocorre porque o saber do professor é menos exigente do que o de outros, senão porque os atos educativos são atos sociais, e portanto reflexivos, historicamente localizados, e abstraídos de contextos intelectuais e sociais concretos. De tal forma que o saber acerca da educação há de mudar de acordo com as circunstâncias históricas, os contextos sociais e o diferente entendimento dos protagonistas frente ao que acontece durante o encontro educativo. Também é evidente que o saber de que dispomos dependerá em grande parte das situações históricas e sociais do caso (p. 326). Sendo assim,
a relação entre os conhecimentos e saberes teóricos
apropriados no curso de formação superior (Pedagogia) e
os conhecimentos e saberes construídos na emergência da prática
pedagógica está sempre mediada pela realidade contextual
onde o trabalho se realiza. E percebo, ainda, que a construção
dos saberes docentes da prática/trabalho em relação
às teorias apropriadas na formação acadêmica
não é algo resultante apenas de uma transposição
passiva para a sala de aula, para a escola. A gente não passa do jeito que é transmitido pra gente lá na universidade, mas tudo o que aprendemos lá eu passo pra eles. Principalmente os conteúdos de arte, as atividades de educação física, apesar de não termos espaço pra realizar as atividades que gostaria. A maioria dos conhecimentos que a gente aprende na universidade dá pra colocar em prática na sala de aula. (Profa. Marina – A. B. F.) A preocupação
da Professora Marina é de, imediatamente, transpor para sua sala
de aula o que aprende no curso. Como ela mesmo diz, atividades que são
desenvolvidas na sala de aula da universidade, em seu curso de formação
superior, ela procura também realizá-las em sua sala de
aula da escola em que trabalha. E fala ainda, das dificuldades em fazer
isso, pois, o espaço que tem para realizar essas atividades não
é adequado. Eu aplico a maioria dos conhecimentos aprendidos no curso na sala de aula. Eu acabo distribuindo nas diversas áreas de conhecimento estudados em sala de aula o que aprendo no curso, tais como conhecimentos de artes, de geografia, de educação física, etc. (Profa. Ana – A. B. F.) A facilidade
em transpor os conhecimentos adquiridos no curso para algumas disciplinas
trabalhadas no currículo das séries iniciais do Ensino Fundamental
se dá pela natureza das atividades propostas nas áreas de
Educação Física, Artes, Geografia, entre outras.
Essas atividades a que fazem referências essas professoras são
atividades práticas que já vêm prontas. E, quando
aplicadas no curso, como pretexto para serem discutidos seus fundamentos
teóricos, imediatamente são aplicadas também em suas
salas de aula como exercício/tarefas para as crianças desenvolverem.
O que eu acho bom eu procuro desenvolver aqui na minha sala de aula, sempre adaptando aos meus alunos, a minha sala de aula. E o que eu acho que não dá certo, eu não aplico. (Profa. Valéria – A. B. F.) Pelo que
se percebe, a Professora Valéria focaliza a limitação
do seu universo de reflexão. Apenas enfatiza que o que dá
certo, aplica em sala de aula e o que não dá certo, não
aplica. Novamente o que está implícito nesse pensamento,
é a natureza prático-utilitarista do conhecimento apropriado
no curso de formação (Pedagogia) aplicando diretamente ou
indiretamente e de forma imediata o que aprendem no curso em forma de
atividades, metodologias, formas de avaliação, formas de
planejamento. É uma construção complexa, que requer o apoio da teoria, sem, contudo deixar de extrair das próprias práticas teoria e valores. Está a se necessitar de tempo para que o sujeito possa romper com a dependência das fórmulas metodológicas mágicas e possa adquirir a capacidade contínua da revisão da própria prática e do contexto onde está inserido (p. 394). Analisar esse quadro que, se configura no grupo dessas três professoras onde compreendemos que a apropriação dos conhecimentos e saberes trabalhados no curso de formação (Pedagogia) são aplicados direta ou indiretamente e de forma imediata no contexto da ação pedagógica, permite considerar o trabalho docente situado em diferentes níveis de elaboração. Essa variação
é determinada em grande parte pela qualificação e
compromisso do professor com o seu trabalho. A qualificação
é aqui entendida como capacidades e habilidades profissionais que
eles apresentam. Concepção 1 – Conhecimento para a prática A primeira concepção, denominada “conhecimento para a prática” (Knowledge-for-practice) refere-se a aprendizagem dos conhecimentos, teorias educacionais, estratégias pedagógicas, enfim, toda e qualquer produção de pesquisa da universidade e que formam a base de conhecimentos que os professores devem utilizar para melhorar a prática profissional. Nesta concepção está implícita a aplicação direta e imediata do que se produz na universidade em relação aos conhecimentos, teorias e pesquisas na sala de aula, tornando-se uma base de conhecimentos, um referencial para a prática. Essa concepção epistemológica está marcada por uma grande tradição positivista fundamentada nos princípios da racionalidade técnica na qual se assenta a justificativa de que os conhecimentos científicos devem ser aplicados na prática. Concepção 2 – Conhecimento na prática A segunda concepção é denominada por Cochram-Smith (1999) de “conhecimento na prática” (knowledge-in-practice). Esta perspectiva se baseia no aperfeiçoamento dos conhecimentos dos professores para ensinar construídos na experiência da prática. É com base na prática que os professores refletem, perguntam, vivenciam experiências do trabalho e assim, aprendem a ser professores. Esta concepção representou um avanço epistemológico em relação a primeira, pois propõem uma reflexão na ação para encontrar soluções para os problemas que se apresentam no contexto do cotidiano da sala de aula e não na aplicação direta de uma solução criada fora do contexto de trabalho. Concepção 3 – Conhecimento da prática Mas, há
ainda uma terceira concepção, denominada “conhecimento
da prática” (knowledge-of-practice). Esta perspectiva considera
ambos os conhecimentos: os formais produzidos pelas teorias e pesquisas
educacionais, quanto os conhecimentos produzidos pela experiência
profissional. Cochram-Smith (1999), aborda o conhecimento nessa perspectiva
como uma ação pedagógica construída no contexto
da prática intimamente ligada ao saber e embora seja relevante,
não pode dispensar um processo de teorização para
problematizar seus conhecimentos e suas práticas. Acabamentos provisórios construídos ao longo dessa viagem São
muitos os outros que comigo escreveram esse trabalho, pois na sua escrita
habita muitas vozes. A dádiva da criação de todos
esses outros, de todas essas vozes me permitiram dar a esse texto o acabamento
possível e certamente sempre provisório quando se trata
de um texto sobre saberes e conhecimentos, especificamente saberes e conhecimentos
docentes. Ponto final não existe neste trabalho, o que existe é
uma vontade de saber sempre mais, de encontrar não só a
“verdade da realidade”, mas ir de encontro a “realidade
da verdade”. Precisa saber
e precisa ter conhecimento. AMORIM, Marília.
O Pesquisador e seu outro: Bakhtin nas Ciências Humanas. São
Paulo: Musa Editora, 2004. 303 p. |
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