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RODA DE CONVERSA E O PROCESSO CIVILIZADOR
Rodrigo Antonio Chioda (FE/UNICAMP) Esta comunicação apresenta a análise
de uma prática escolar de abertura e fechamento das aulas, denominada
roda de conversa e analisa esta como instrumento de aquisição
do Processo Civilizador ocidental. Trata-se de algumas reflexões
realizadas em uma pesquisa de mestrado. Durante esta pesquisa, fiz observações
sistemáticas por um ano em uma sala de aula de primeira série.
Nestas observações eu estive presente durante toda a aula
e no fundo da sala, com exceção das rodas durante as quais
eu participava sentado no círculo, observando os fatos e anotando
em meu diário de campo. Escolhi a primeira série porque
é nesta série que ocorrem as primeiras incorporações
das rotinas específicas da escola e neste caso específico
da roda, já que esta é pratica realizada por toda escola
em questão. Assim, eu acreditava ser mais fácil observar
as incorporações das regras de conduta da roda nesta faixa
etária em comparação com alunos de quarta série,
por exemplo, que vivenciaram por quatro anos a rotina da roda. “Os membros de uma sociedade vão adquirindo normas, padrões, crenças e valores que norteiam o comportamento dos indivíduos; vão, enfim, aprendendo com a cultura. O corpo, como instância primária de contato do indivíduo com o meio que o cerca, também vai aprendendo certos hábitos motores característicos de uma determinada cultura. O corpo expressa uma cultura e esta determina os corpos.” Desse modo, se é no corpo que se constrói
o ser social, podemos considerar uma determinada cultura como transmissora
de usos específicos do corpo e é nesse contexto que a prática
da roda nessa escola se insere. Portanto, a educação corporal
encontra-se imersa nos mais diversos espaços sociais, inclusive
na roda e é realizada pelos seus participantes de maneira mais
ou menos consciente e intencional. Os alunos e a professora sentam-se
em círculo no chão, geralmente com as pernas cruzadas ou
“pernas de índio” como denominam, ou seja, com os tornozelos
cruzados de modo que os joelhos formam a figura de duas asas, razão
pela qual essa posição também é conhecida
como “borboleta”, na frente do corpo. “Seja como for, o certo é que os membros de todas as sociedades conhecidas presumem-se primordialmente reconhecíveis por todos os conhecidos de seu grupo, como pessoas particulares e únicas, através de seus rostos – suplementados pela referência a seus nomes. Isso mostra, de maneira inequívoca, como a consciência de nossa reconhecibilidade como distintos de outras pessoas está ligada indissociavelmente à consciência que temos de sermos reconhecíveis por outras pessoas. Somente por conviverem com outras é que as pessoas podem perceber-se como indivíduos diferentes dos demais. E essa percepção de si como pessoa distinta das outras é inseparável da consciência de também se ser percebido pelos outros, não apenas como alguém semelhante a eles, mas, em alguns aspectos, como diferentes de todos os demais.” Pg.161 A capacidade de “reconhecibilidade” presente
na roda é muito grande e a própria situação
circular já favorece isso. Estando em círculo posso ver
todos os participantes da roda, posso gradativamente memorizar o rosto
dos meus colegas e também ter o meu memorizado(Siste 2003). “A identidade coletiva e, como parte dela, o orgulho coletivo e as pretensões carismáticas grupais ajudam a moldar a identidade individual, na experiência que o sujeito tem de si e das outras pessoas. Nenhum indivíduo cresce sem esse alicerce de sua identidade pessoal na identificação com um ou vários grupos, ainda que ele possa manter-se tênue e ser esquecido em épocas posteriores...” Essa co-influência entre os fatores individuais e coletivos de identidade é fundamental em um lugar social que pré-supõe diferentes indivíduos com objetivo comum, como a escola. Dessa forma, as informações das normas de conduta em uma roda são transmitidas a todos. Algumas medidas punitivas também são utilizadas em momentos em que, o desrespeito às normas, excede o limite do controlável, como veremos no trecho abaixo ocorrido no início do ano letivo: (os alunos estão sentados no chão com as
pernas cruzadas, contudo alguns, talvez por tédio ou cansaço,
relaxam o corpo colocando os braços no chão, para trás,
esticam as pernas ou deitam a cabeça no ombro do amigo ao lado
ou ainda deitam-se displicentes) Mesmo encontrando no trecho diversas maneiras de se sentar na roda, vemos nesse trecho uma definição do que não seria uma “postura de roda”. Assim, vemos na roda um processo semelhante, em um nível específico, ao processo civilizador ocorrido com a sociedade ocidental. Trata-se de uma tarefa complexa, já que envolve indivíduos diferentes com pensamentos e atitudes diferentes e que ainda nesta idade possuem um nível pequeno de auto-regulação, como foi dito, para participar de um evento desse tipo. As punições visam controlar os impulsos de modo que se possa estabelecer essa forma de convívio coletivo que é a roda. A roda, portanto trata-se de uma maneira que busca educar os participantes tanto para esse evento, já que os alunos que continuarão na escola conviverão com este momento até o quarto ano do ensino fundamental, como para outras relações sociais semelhantes, o que exige um controle interno que torna-se constituinte da personalidade do indivíduo e sobre isto nos fundamenta Elias (1994b): “A agência controladora que se forma como parte da estrutura da personalidade do indivíduo corresponde à agência controladora que se forma na sociedade em geral. A primeira, como a segunda, tende a impor uma regulação altamente diferenciada a todos os impulsos emocionais, à conduta do homem na sua totalidade. Ambas – cada uma delas mediada em grande parte pela outra – exercem pressão constante, uniforme, para inibir explosões emocionais. Abrandam as flutuações extremas no comportamento e nas emoções.” Pg.201-201 Essa “regulação altamente diferenciada” dos “impulsos emocionais” necessária ao ser humano “civilizado” é uma tarefa complexa e, por vezes, atitude individualizada pode gerar uma desarmonia no que é coletivo e para que isso não ocorra é preciso desenvolver o autocontrole necessário à participação na roda como exemplificaremos com o caso de P.: O caso P.: O autocontrole Professora: Bom turma, essa é a nossa última
semana, a gente tem que terminar todo o trabalho que a gente tem pra fazer,
tá bom? Portanto, como se tem uma rotina a ser informada/deliberada
durante a roda isso se torna prioritário contrapondo-se, muitas
vezes, aos assuntos de ordem individual. As informações
transmitidas pela professora referem-se ao trabalho que deve ser executado
no dia. Dessa forma, existe uma hierarquização dos assuntos
a serem discutidos na roda, orientações e informações
que devem ser passadas pela professora que não podem deixar de
acontecer. Como a roda abre os trabalhos do dia, esses assuntos têm
prioridade. Assim, os alunos percebem a hierarquização dos
assuntos, como demonstra a atitude de P. aguardando seu momento de fala.
Alguns alunos também percebem os momentos em que podem colocar
assuntos individuais, nem todos, como podemos comprovar pela necessidade
de se reafirmar as regras da roda por diversas vezes. Assim que a professora
terminou o assunto, Pd. já se colocou contando sobre o cachorro
que iria ganhar. Todavia não foi o caso de P. que por um período
conteve sua fala e somente quando Pd. colocou-se, é que P. percebeu
a abertura e retomou seu assunto. “Na esteira da pacificação, mudou também a sensibilidade das pessoas à conduta social. Medos interiores crescem na mesma medida que diminuem os exteriores – os medos de um setor da personalidade no lugar dos de outro. Como resultado dessas tensões internas, as pessoas começam a sentir experiências umas das outras que haviam sido vedadas enquanto enfrentavam constantemente sérias e inescapáveis ameaças de origem externa. Assim grande parte das tensões que antes se liberavam diretamente no combate de um homem com outro tinham que se resolver, convertidas em tensão interior na luta consigo mesmo.” Portanto, a sensibilidade ao coletivo necessária
para uma pessoa participar de uma roda é grande, devido ao fato
de a roda ser um espaço informativo/deliberativo e integrativo
dos participantes. Dessa forma, o autocontrole se faz necessário
para que o coletivo prevaleça e para isso várias são
as estratégias utilizadas, algumas de contenção externa
e outras de contenção interna, como no caso de P., mas todas
visam desenvolver no aluno o autocontrole necessário para participar
em todos os segmentos sociais “civilizados”. Ou seja, o processo
de incorporação desse autocontrole pelo aluno é semelhante
ao processo histórico que a sociedade ocidental passou para “civilizar-se”,
portanto tão conflituoso quanto. Com o fim da Idade Média
e a “pacificação” proporcionada pelos monopólios
de força, destituindo o restante da população da
violência física, as pessoas construíram novas formas
de se relacionar e organizar. No espaço específico da sala
de aula, a monopolização da força, neste caso simbólica,
é necessária a presença de um mediador que tenha
autoridade suficiente para personificar o que é aceitável
e o que extrapola ao contexto da roda, no caso a professora, que é
a própria norma da roda, presente fisicamente. Sua presença
e intervenção, quando necessária, garante um espaço
de relações que todos possam se posicionar, até mesmo
por vezes com posturas conflitantes. Desse modo não só é eficaz para o
boxeador que ele regule suas emoções de modo a aguardar
pacientemente o momento certo para aplicar o golpe, como também
para evitá-lo, pois um movimento não avaliado pode proporcionar
um contra-ataque do adversário e sua derrota. Podemos então
iniciar nossa analogia do autocontrole de um boxeador, portanto conflito
externo e mais “visível”, com o autocontrole construído
durante a roda, interno e portanto “intangível”. (a professora chama todos para a roda final) Sendo a roda, como dito anteriormente, um importante elemento civilizador das relações do grupo em questão, a observação mútua, sobretudo da professora aos alunos, constituem um importante elemento para a reafirmação do autocontrole necessário à prática da roda, como nos fundamenta Elias (2001a:Pg.121): “Todavia, a arte de observar as pessoas não se refere apenas aos outros, mas estende-se até o próprio observador. Desenvolve-se então uma forma específica de auto-observação[...]A auto-obsevação e a observação das outras pessoas são correspondentes. Uma não teria sentido sem a outra.” Nem sempre o ser humano baseou e controlou suas atividades
por meio dos exemplos, ou melhor, do olhar. Foi no fim da Idade Média
e mais precisamente com o início do período monárquico,
na vida na corte, como nos conta Elias (2001) que essa habilidade se fez
necessária. Neste período as pessoas têm suas vidas
e seus interesses extremamente vinculados aos que lhe rodeiam e, sobretudo
ao rei, esse vínculo gera um “jogo” de poder de modo
que as pessoas manipulam umas às outras para conseguirem favores.
Neste contexto, faz-se necessário, para a sobrevivência nesse
espaço, a observação atenta às atitudes das
pessoas de modo a se prever o que estas planejam. A atitude de observar
as outras pessoas, entretanto, modificou estruturalmente a personalidade
das pessoas de maneira que elas começaram a pautar as suas atitudes
baseadas na observação das atitudes de outras pessoas. Essa
mudança de comportamento constituiu-se em um importante elemento
de autocontrole necessário para a nova estrutura relacional gerada
a partir daí, o que faz dessa atitude um importante elemento do
processo civilizador ocidental. “O treino ensina os movimentos - o que é mais evidente -, mas ele inculca também, de maneira prática, os esquemas que permitem melhor diferenciá-los, avaliá-los, e, portanto, ao final, reproduzi-los. Ele põe em ação uma dialética do corporal e do visual: para compreender o que se deve fazer, olha-se os outros boxearem, mas só se vê verdadeiramente o que eles fazem quando isso já foi um pouco compreendido com os olhos, isto é, com o corpo.” Essa “dialética do corporal e do visual” também se estabelece na roda. Assim como acontece com os boxeadores, nos alunos, aos poucos, a observação deixa de ser externa, a observação dos colegas e da professora, e passa para uma auto-observação e, conseqüentemente, uma auto-regulação. Como podemos ver, por exemplo, em algumas situações em que os alunos se auto regulam, começando a falar sem levantar a mão e posteriormente e se corrigindo, levantando a mão e esperando sua vez de falar, vemos então que a incorporação desse autocontrole já começa, considerando que esse trecho refere-se ao final do ano, portanto com um ano de vivência da roda, a se transformar em algo para além do consciente, da mesma forma, como nos conta Elias (1994a e b) que por meio do processo civilizador transformaram nossos patamares de vergonha, repugnância e agressividade constituindo hoje em uma outra estrutura de personalidade, Elias (1994b:Pg.202): “Em parte automaticamente, e até certo ponto através da conduta e dos hábitos, os adultos induzem modelos de comportamento correspondentes nas crianças. Desde o começo da mocidade, o indivíduo é treinado no autocontrole e no espírito de previsão dos resultados de seus atos, de que precisará para desempenhar funções adultas. Esse autocontrole é instilado tão profundamente desde essa tenra idade que, como se fosse uma estação de retransmissão de padrões sociais, desenvolve nele uma supervisão automática de paixões, um ‘superego’ mais diferenciado e estável, e uma parte dos impulsos emocionais e inclinações afetivas sai por completo do alcance direto do nível de consciência.” Quando Elias se refere a ‘superego’ certamente não está querendo aprofundar no estudo psicológico ao qual esse termo nos remete, ainda que Elias tenha estudado a matéria. Elias nos remete, sobretudo aos automatismos das estruturas sociais agindo sobre o indivíduo de modo que sua própria personalidade se modifica em função dela, portanto quem fala o que deve ou não ser feito é o próprio indivíduo constituído por sua relação com as estruturas sociais o que podemos observar não somente na roda, ou na escola, como também em vários espaços sociais, vamos novamente exemplificar com um salão de treinos de boxeadores através de Wacquant (2002:Pg.75): “A maioria das cláusulas desse ‘regulamento interno’ implícito exibe-se no porte e no comportamento dos regulars , que pouco a pouco interiorizam-nos, e elas são objetos de apelos à ordem, quando são infringidas. Os que não conseguem assimilá-las são prontamente advertidos por DeeDee ou firmemente convidados a freqüentar outra academia.” No nosso caso de uma situação de roda esses apelos à ordem, quando as atitudes extrapolam o previsível, são feitos tanto pelos próprios alunos como pela própria professora, quando isso é necessário. Para os indivíduos participantes deste contexto social a roda é fundamental na incorporação das condutas que regem o grupo. Podemos ver, então, uma consonância entre suas regras normas e valores com aqueles já transmitidos historicamente pelo processo civilizador. Podemos, portanto, perceber a importância da roda e da instituição escolar, de um modo geral como coadjuvantes desse processo civilizador, já que como nos esclarece Elias (1994b:Pg.206): “É muito difícil a modelação social de indivíduos de acordo com a estrutura do processo civilizador que hoje chamamos de ocidente. A fim de ser razoavelmente bem-sucedida, ela requer, dada a estrutura da sociedade ocidental, uma diferenciação muito alta, uma regulação intensa e estável de paixões e sentimentos, de todas as pulsões humanas mais elementares. Por isso mesmo geralmente exige mais tempo, sobretudo nas classes média e alta, do que a modelagem social de indivíduos em sociedades menos complexas.” Dessa forma a roda, como vimos, exige/produz relações nas quais o autocontrole é componente fundamental, este, entretanto, não é específico desta situação, trata-se do mesmo processo no qual a sociedade ocidental se “civilizou”. Todavia o fato de um indivíduo passar por esse processo educativo no qual a roda é componente fundamental na organização do trabalho lhe facilita, não quero dizer simplifica, seu processo civilizador que, como disse Elias no primeiro capítulo “...não é ‘razoável’, nem ‘racional’, como também não é ‘irracional’.”; que age sobre o indivíduo, como o próprio Elias (1994b:Pg.205) explica, de modo que: “A aprendizagem dos autocontroles, chama-se a eles de ‘razão’, ‘consciência’, ‘ego’ ou ‘superego’, e a conseqüente moderação dos impulsos e emoções mais animalescas, em suma, a civilização do ser humano jovem, jamais é um processo inteiramente indolor, e sempre deixa cicatrizes. Se a pessoa tem sorte – uma vez que ninguém, nem os pais, nem o médico, nem um conselheiro podem, no presente, dirigir esse processo na criança de acordo com um conhecimento claro do que é melhor para seu futuro, porque tudo é ainda na maior parte uma questão de sorte -, saram as feridas dos conflitos socializadores incorridas na infância e as cicatrizes deixadas por eles não são muito profundas.” Como já disse, creio que a roda é um processo
de incorporação das relações sociais necessárias
à um processo civilizador maior, ou seja, que historicamente envolve
toda a nossa sociedade ocidental. Ela é um componente desse processo
maior, onde as crianças praticam e se educam para essas relações
sociais que exigem um grande autocontrole, apreendido, sobretudo, por
meio de contenções externas de corpo e de fala. Devido à
forma como a roda é praticada, principalmente pelo seu caráter
de resolução pública de conflitos de modo a produzir
uma clareza de relações creio que “as cicatrizes deixadas
por ela (roda) não são muito profundas.” Enfim, creio
que através de uma prática de roda considerando todos os
aspectos levantados nesse estudo os(as) professores(as) podem aumentar
o grau de previsibilidade dos efeitos educacionais que a roda produz e
assim diminuir o fator “sorte” ao qual a criança está
submetida pelo processo civilizador. “Isto não quer dizer que os indivíduos sejam produtos mecânicos de uma linha de montagem. O homem como ser variável, mutável no temperamento e no comportamento, não fica à mercê de sua natureza e de sua cultura, mas sim está sujeito a condições históricas determinadas e determinantes do universo em que está inserido”. (Gusmão, 1997: Pg.15) Assim mesmo a escola tendo a função de transmitir
o processo acumulado e construído historicamente que possibilitou
nossa “civilidade” a maneira como isso é feito é
que está em jogo. Pode ser feito por meio de “condicionamento”
ou por meio de um processo participativo e explícito como interpretei
ser o caso desta roda, praticada por esta professora. Creio que toda a
experiência vivida durante esta roda permitiu ao aluno vivenciar
a transmissão do processo civilizador e interagir no contexto social
no qual ele e outros estão inseridos e possibilitou, conseqüentemente
a produção de instrumentos culturais para interferir no
mesmo. O que tentei apresentar com esta reflexão foi uma “desnaturalização”
de alguns gestos dos alunos na roda. Por exemplo, o incômodo e a
ansiedade ao esperar a vez para falar não é natural, faz
parte de um aprendizado “civilizador” que interfere no aprendizado
da contenção corporal, ou vice-versa, um aprendizado da
contenção corporal que interfere na assimilação
do processo civilizador. “O objetivo é assimilar o indivíduo à ordem social propiciadora do nós coletivo e que, ao mesmo tempo em que integra buscando homogeneizar, diferencia cada um por suas características pessoais, por gênero, por idade, garantindo o equilíbrio da vida em sociedade. A educação realiza-se, então no interior da sociedade, composta por diferentes grupos e culturas, visando um certo controle sobre a existência social, de modo a assegurar sua reprodução por formas sociais coletivamente transmitidas” (Gusmão, 1997: Pg.14) Por meio do visível corporalmente, nos gestos dos
participantes da roda, pude observar em uma menor escala, os sinais e
as marcas que uma prática educativa imprimiu nos corpos dos participantes
deste “micro” processo civilizador que é a roda. Contudo,
esta roda de conversa está inserida em um contexto maior de aula
de uma professora situada em uma escola particular do sistema de ensino
brasileiro, portanto é parte do processo civilizador que passou
toda a sociedade ocidental. Entretanto, esta roda possuía elementos,
tais como suas regras de conduta e as relações sociais que
delas emergem, que me possibilitou classificá-la de “micro”
processo civilizador, pois através da roda inúmeras habilidades
relacionais do mundo “civilizado” são apreendidas e
desenvolvidas. Referências Bibliográficas ALVES, A. J. “O Planejamento de Pesquisas Qualitativas
em Educação” in Caderno de pesquisa n? 77, São
Paulo, 1991 |
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