Angelo Leonardo Mondin (jetroreuel@yahoo.com.br),
graduando em Letras pelo Instituo de Estudos da Linguagem e Bolsista SAE;
Viviane Maria Missio (acmissio@uol.com.br) - graduanda pela Faculdade
de Educação da Unicamp;
Deise Tallarico Pupo (dtpupo@unicamp.br), bibliotecária responsável
pela Sala de Acesso à Informação do LAB;
Sílvia Helena Rodrigues de Carvalho, pedagoga especialista do CEPRE
e coordenadora do Laboratório de Apoio Didático do LAB.
Depoimento de Viviane Maria Missio
Ao longo de minha trajetória escolar, dentro do
Sistema Regular de Ensino, encontrei diversas dificuldades. Talvez, a
maior delas tenha sido a falta de acessibilidade em relação
aos matérias didáticos, os quais são fundamentais
para que o estudante acompanhe com sucesso qualquer tipo de aula.
Com a ajuda de meus familiares usei de minhas anotações
feitas em sala de aula para construir meu próprio material de estudo,
o que me permitiu ingressar em uma Universidade pública de qualidade
e me tornar graduanda do curso de Pedagogia da Unicamp.
Foi no começo do curso de Pedagogia que tive contato com esse conceito
inovador: a inclusão. Soube que existia algumas leis (principalmente
a LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que determinam
que “as pessoas portadoras de necessidades especiais”, devem
ter condições de permanecer no sistema de ensino e isso
se constitui como direito dessas pessoas. Mas, para que garantir essa
permanência do (no meu caso) aluno com deficiência visual
é preciso que os recursos necessários sejam utilizados para
que seja possível sua efetiva inserção na instituição
de ensino. Por isso, mesmo tempo em que ficava entusiasmada com todo esse
discurso eu percebia que, em meu dia-a-dia na faculdade, isso não
ocorria, o que me fez chegar a duvidar da existência dessa tão
falada inclusão; palavra cujo significado embutido fazia tanto
sentido para mim.
Então, alguma coisa me fez acreditar em tudo isso novamente, a
criação do Laboratório de Acessibilidade na BC da
Unicamp e, neste ano, a surpreendente proposta de trabalhar com monitor.
A partir de então o Léo (como é carinhosamente chamado),
começou adaptar meus materiais em Braille e acompanhando-me nas
aulas, narrando os filmes e descrevendo as imagens que eram passadas via
retro-projetor, garantiu que eu acompanhasse o curso de forma motivadora.
Fomos juntos adaptando e planejando maneiras de viabilizar as transcrições
dos textos e a transmissão das aulas, para que eu compreendesse
os conteúdos ensinados.
Acredito que essa experiência compartilhada me ajudou a visualizar,
pelos olhos de outra pessoa o que eu não vejo com os meus, mas
pude mostrar também que a deficiência visual não é
importante e que pode ser superada através de nossos próprios
recursos e daqueles emprestados de outras pessoas. A partir de então
passei a encarar a inclusão não como um simples postulado,
mas sim como uma relação entre pessoas, educador/educando,
colegas de classe, etc. Como futura educadora acredito que devo levantar
essa bandeira: a de que a inclusão vale a pena e nos transforma
diariamente.
Depoimento de Angelo Leonardo Mondin.
Nunca tive qualquer contato e nem mesmo sabia da existência
do Laboratório de Acessibilidade; o que eu sabia era que em 2005
eu precisava de bolsa-trabalho. Sem absolutamente nenhuma experiência,
fui convocado para trabalhar como responsável pelas demandas de
uma graduanda em pedagogia (a “Vivi” – Viviane Maria
Missio), porém havia um detalhe: ela era cega. Lidar com essa experiência
num primeiro momento foi algo aterrorizante. Eu pensava “E se eu
não der conta, o curso dela vai pelos ares e eu serei o culpado!”.
Todavia, esta inserção nesta nova realidade foi uma experiência
que deu certo.