Poliana Castro Bruno – Universidade Federal
de São Carlos - UFSCar – Capes.
Claudia Raimundo Reyes – Orientadora - Universidade Federal de São
Carlos – UFSCar.
O presente artigo é resultado da pesquisa realizada
para a obtenção do título de mestre no programa de
pós-graduação da Universidade Federal de São
Carlos – UFSCar, cujos objetivos foram verificar, identificar e
analisar os mediadores que influenciam no processo de apropriação
das normas ortográficas.
Para que pudéssemos contemplar os objetivos propostos, adotamos
como referência a teoria histórico-cultural que traz uma
concepção de linguagem baseada nos pressupostos marxistas.
Nesta concepção, o social possui um valor fundamental, uma
vez que a constituição do indivíduo ocorre nas interações
sociais, através das relações mediadas.
VYGOTSKY (1993) foi o principal autor dessa teoria, pois juntamente com
os seus colaboradores constituiu uma psicologia norteada pelas categorias
que fundamentavam o sistema econômico da URSS, o regime socialista.
Para o autor, as relações humanas são relações
fundamentalmente mediadas.
ARAÚJO (2000) define a categoria de mediação nos
seguintes termos:
A mediação consolida-se como elemento propulsor, catalisador
e configurador do complexo em que se constitui o ser humano, à
medida que o trabalho humano, que medeia a humanização do
homem se faz, necessariamente mediado não só por forças
essenciais da natureza, mas principalmente por infinitos elementos histórico-sociais
aperfeiçoados a partir da apropriação e objetivação
daquelas forças essenciais da natureza (p.24 e 25).
Conforme os pressupostos marxistas, a categoria de mediação
é inerente ao trabalho e foi através dele que se complexificou
modificando não só o meio social, mas o próprio homem,
pois à mediada em que a sociedade foi se modificando, surgiram
novas necessidades dos homens e, conseqüentemente, novas mediações.
Algumas destas mediações são explicadas por VYGOTSKY
(1993).
Por mediação entende o autor que é qualquer atividade
que permita ao homem apropriar-se de conceitos e categorias historicamente
construídas. Para tanto, o autor elucida duas atividades mediadoras
que possuem caráter essencial nas relações mediadas:
os signos e os instrumentos.
De acordo com VYGOTSKY (1993), os instrumentos são atividades mediadoras
que permitem ao homem modificar o ambiente em que vive. Segundo ele, a
mediação por instrumentos é inerente ao trabalho
humano; já os signos são elementos que atuam no sistema
psíquico do homem, são eles que permitem ao homem lembrar
e perpetuar a cultura socialmente construída. Como exemplo desta
última atividade mediadora, temos a escrita e, é a ela que
deteremos a nossa atenção.
VYGOTSKY (1993), salienta ainda, que o processo de mediação,
por meio de signos, é fundamental para o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores, isto é, a relação
entre o pensamento e a linguagem.
A linguagem é, pois, a mediação que vai possibilitar
ao homem, além de sua função precípua de comunicação,
operar mentalmente e conceitualmente; ela é o instrumento básico
da consciência, o meio pelo qual se materializa o pensar e a atividade
concreta dos homens.
De acordo com VYGOTSKY (1991), a linguagem escrita é formada por
um sistema de signos que identifica os sons e as palavras da linguagem
oral, que são por sua vez signos de objetos e relações
sociais. Conforme o autor, a linguagem escrita permite a comunicação
além do tempo, daí a sua função como mediadora
da cultura para a apropriação dos indivíduos. Por
tal razão, a escrita é um signo construído historicamente
para mediar e registrar as produções da humanidade além
do tempo presente.
Para o autor, um dos grandes problemas da escrita é que o seu aprendizado
não se dá naturalmente como ocorre com a linguagem oral.
Diferentemente da língua falada, na qual a criança pode
desenvolver por si mesma, a linguagem escrita depende de um ensino específico,
daí a importância da escola como mediadora desse processo.
Nesse sentido, a grafia correta da escrita torna-se um elemento fundamental
para a comunicação, uma vez que é um instrumento
único de uma mesma língua. Isso porque numa mesma língua
temos diversas maneiras de falar, demarcadas por variedades de gêneros,
regiões, classe etc. Dessa forma, o ensino da correta notação
gráfica deve ser enfatizado desde os primeiros anos de escolarização.
Na visão de lingüistas como CAGLIARI (1986), FRANCHI (1991),
FARACO (1992), entre outros, o ensino da língua materna na escola
tem como objetivo mostrar como a língua portuguesa funciona e quais
os usos que ela tem. Para tanto, cabe à escola ensinar como a linguagem
se caracteriza e como os alunos devem usar a língua em diversas
situações, tanto na modalidade escrita, como na oral.
MAZZEU (1992) delimita o conteúdo da Língua Portuguesa que
cabe a escola transmitir. Segundo o autor, tal conteúdo, consiste,
tanto nas informações e conhecimentos sobre a linguagem,
especialmente a linguagem escrita, quanto às habilidades necessárias
para o uso efetivo da escrita na comunicação social. Porém,
elucida o autor, é necessário que o aluno não só
domine as técnicas usuais da comunicação escrita,
mas também os significados dessas técnicas expressos através
de determinados conceitos e regras gramaticais, desenvolvendo um sentido
para essas técnicas que seja coerente com esses significados. Todavia,
não é desta maneira que a escola vem ensinando a língua
materna.
Segundo CAGLIARI (1986), a criança quando chega à escola
já é um falante da língua ainda que não saiba
ler e escrever e, mais, a criança não só sabe falar
o português como também é capaz de refletir sobre
a sua língua.
Entretanto, salienta o autor, que as crianças acabam perdendo toda
a sua capacidade de análise da linguagem oral assim que entram
na escola, dado ao fato de que nela, a escrita ortográfica é
a base para avaliar se as mesmas sabem ou não escrever. A escrita
ortográfica é ensinada para os alunos sem que haja a explicitação
de sua função para a escrita.
Segundo o autor, é evidente que as crianças se apegam às
formas fonéticas da língua, em lugar das ortográficas,
resultando nos desvios de grafia. A escrita como representação
da fala justifica um dos mais evidentes problemas com relação
às normas ortográficas. CAGLIARI (1986) diz que o que conta
para a escola não é a representação fonética
que aparece nas palavras, mas o som da letra que aparece no abecedário.
Ainda que o sistema alfabético tenha sido inventado para aproximar
a escrita da fala, a língua varia ao longo do tempo e dos fatores
sociais, geográficos, estilísticos, etc. Tal fato permite-nos
concluir as dificuldades que as crianças possuem quando chegam
à escola, nas chamadas classes de alfabetização.
Conforme CAGLIARI (1986), a dificuldade dos alunos não está
no fato do Português apresentar uma variedade de dialetos com pronúncias
diferentes, mas sim, na forma como o ensino da língua tem sido
realizado.
De acordo com CAGLIARI (1986) e FARACO (1995), sendo o objetivo das normas
ortográficas a leitura, o ensino da língua portuguesa, principalmente
na alfabetização, deve lidar com a pronúncia. Ou
seja, é necessário que a escola ensine a variação
fonológica aos alunos, e que não desmereça os diferentes
dialetos, as diferentes pronúncias, mas que ensine as crianças
que há uma linguagem denominada culta e que há regras ortográficas
que devem ser aprendidas para facilitar a comunicação entre
os leitores.
Para entendermos a importância de se ensinar a norma ortográfica,
MORAIS (2003) nos diz que a ortografia é um tipo de saber resultante
de uma convenção, de negociação social e que
assume um caráter normatizador prescritivo. Segundo o autor, a
norma ortográfica, embora arbitrária, reflete a necessidade
que os povos têm de unificar a forma como escrevemos, cuja finalidade
seria de nos comunicarmos mais facilmente.
MAZZEU (1992) evidencia a necessidade de um ensino de língua materna
que supere a dicotomia existente entre os significados das palavras e
o domínio das técnicas de comunicação escrita.
Sendo a norma ortográfica uma construção histórica
da humanidade, não ensiná-la, diz o autor, significa reforçar
a exclusão daqueles que já são excluídos socialmente,
já que a norma padrão advém da classe socialmente
prestigiada.
Descobrir quais os mediadores que influenciam no processo de apropriação
das normas ortográficas tornou-se o objeto de interesse que me
levou a aprofundar nos estudos referentes à linguagem.
De acordo com o referencial histórico-cultural, os fenômenos
devem ser entendidos como parte do processo geral do desenvolvimento histórico
da humanidade. Para tanto, tínhamos como hipóteses de trabalho
que esses mediadores estivessem relacionados com o meio sócio-cultural
dos sujeitos, entre os quais priorizamos:
- Tipo de trabalho desenvolvido pelo professor e seu conhecimento de conteúdo;
- Participação de outros indivíduos na aquisição
da leitura e da escrita;
- Condições sócio-econômicas dos sujeitos;
- Oralidade;
- Nível de letramento.
Estas foram as questões que guiaram o trabalho desenvolvido e que
permitiu definir os instrumentos de coletas de dados.
Desta forma, o materialismo histórico, enquanto método,
visa apreender a realidade unindo a teoria à prática na
busca da transformação da realidade histórica. Portanto,
a concepção materialista funde-se na forma como a sociedade
está estruturada, isto é, no seu modo de produção
social. Nas palavras de FRIGOTTO (1989):
O método está vinculado a uma concepção de
realidade, de mundo, de vida. A questão da postura antecede ao
método. O método é uma espécie de mediação
no processo de apreender, revelar e expor a estruturação,
o desenvolvimento e a transformação dos fenômenos
sociais.(p.77).
Desta forma, a pesquisa desenvolveu-se numa escola municipal de ensino
fundamental, localizada na periferia urbana da cidade de São Carlos-SP,
em uma sala de alfabetização. Para tanto, foram sujeitos
da presente pesquisa 25 alunos.
A fim de que fosse possível apreender toda a realidade dos alunos,
isto é, as atividades mediadoras que poderiam influenciar na apropriação
da correta notação gráfica utilizamos os seguintes
instrumentos de coleta de dados: observação em sala de aula;
questionário aplicado à professora sobre suas expectativas
a respeito de quais conteúdos da língua portuguesa esperava
que os alunos soubessem até o final da primeira série; questionário
aplicado à professora sobre a docência (escolha da profissão,
metodologia utilizada, relação ensino-aprendizagem etc.);
questionário socioeconômico aplicado aos alunos; entrevistas
semi-estruturadas realizada com os alunos; entrevista semi-estruturada
realizada com a professora a respeito dos conteúdos trabalhados
por ela, referentes à língua materna, durante o ano letivo.
Através dos dados obtidos foi-nos possível caracterizar
a professora sob diferentes aspectos: suas expectativas em relação
ao conteúdo que esperava desenvolver no decorrer da primeira série,
assim como o que esperava desenvolver no decorrer da primeira série,
assim como o que esperava que seus alunos soubessem; a concepção
teórica que norteava a sua prática; a forma de trabalho
desenvolvida por ela, bem como os conteúdos trabalhados.
Com relação aos alunos, através das entrevistas,
foi-nos possível identificar mediadores externos à sala
de aula e que poderiam estar influenciando no nível de apropriação
gráfica dos alunos, são eles: atividades mediadoras dos
pais, irmãos e avós; atividades mediadas por situações
de letramento; e atividades mediadas por situações de leitura
e escrita.
O questionário socioeconômico destinado aos alunos nos permitiu
verificar o nível socioeconômico de cada sujeito e se esse
era ou não, um fator influenciador para a apropriação
da correta notação gráfica.
A análise dos materiais produzidos pelos alunos permitiu chegarmos
às seguintes conclusões: que a atividade mediadora intencional
é fator determinante para a apropriação de qualquer
conhecimento. A intencionalidade na ação mediadora é
explicada por ARAÚJO (2000), como o estabelecimento de objetivos
que norteiam a atividade realizada de determinada ação,
isto é, o “por que” e o “para que”, quase
sempre esquecidos pelos professores. Entretanto, afirma a autora que tal
finalidade é demarcada por valores e concepções de
homem e de mundo construídas historicamente, tendo por fim último
levar o homem a ter “consciência da consciência”
que nada mais é senão ter a consciência de que a individualização
se constitui a partir do homem genérico e que a apropriação
da cultura socialmente construída deve levar a transformação
da ação, do pensamento, das formas de trabalho e da sociedade
como um todo.
Explicado o que vem a ser intencionalidade, foi possível constatar
a influência de diferentes mediadores na apropriação
da correta notação gráfica dependendo da atividade
intencional da ação. Assim, foram identificados os seguintes
mediadores:
• A ação mediadora dos pais em detrimento a dos irmãos,
isso porque a atividade mediadora dos pais possui a intencionalidade,
o que nem sempre é possível quando a atividade é
mediada por outras crianças. Dessa forma, a mediação
por irmãos mais velhos quase sempre ficou no nível imediato
e, não, intencional;
• A ação mediadora da leitura, ainda que nem sempre,
pois havendo três rotas distintas que operam no ato de ler, como
por exemplo, o léxico, o som e a visão da grafia, a mediação
para a apropriação da escrita só ocorria quando àquela
estava dirigida à visão da grafia, ainda que seja necessário
o engajamento de ambas as rotas para ler;
• A mediação por situações de letramento,
como atenção dirigida à escrita e leitura de anúncios,
cartazes, placas etc;
• A atividade mediadora da professora.
Identificados os mediadores fizemos um cruzamento entre eles com o desempenho
ortográfico dos alunos, o que nos permitiu chegar às seguintes
conclusões: que as crianças em nível alfabético
da escrita cometeram desvios de grafia em relação às
regularidades contextuais e morfológico-gramáticais, chegando
a refletir sobre as irregularidades da norma; já os aprendizes
que estavam nos níveis silábico da escrita, oscilando ora
em relação ao nível silábico-alfabético,
ora em relação ao nível anteriormente explicitado,
cometeram desvios em relação às regularidades diretas
e, principalmente, em relação ao apoio na oralidade. Portanto,
verificamos através de nossas análises, que o desempenho
ortográfico dos aprendizes está relacionado com o nível
de compreensão que eles possuem em relação à
língua escrita.
Após identificarmos os possíveis mediadores de tal processo
e analisá-los a partir do rendimento de cada educando foi possível
verificar que a leitura também contribui para a apropriação
da norma, desde que ela não esteja apenas direcionada à
compreensão do texto.
O trabalho da professora foi um mediador essencial para o processo de
apropriação da língua escrita - alfabética
e ortográfica, uma vez que a professora exercia um trabalho fonético
com os alunos, fato que permitia a eles verificar que nem sempre a grafia
da palavra corresponde a sua pronúncia, ou seja, o som da palavra.
Ainda que a professora não tenha sistematizado o ensino das regras,
ela era a referência que os alunos tinham da correta notação
gráfica, devido à correção feita por ela em
relação aos desvios dos alunos, ao trabalho de reflexão
conjunta sobre um determinado texto escrito e, até mesmo, pelos
exercícios de algumas regras.
Desta maneira, pudemos constatar o quanto é importante que os professores
tenham o conhecimento de tais regras, da mesma forma, que é imprescindível
a eles saberem realizar este ensino. É, também, essencial
que o professor saiba da importância de seu papel como mediador
de tal processo e o porquê da necessidade de ensinar os conteúdos
do ensino da língua materna.
Ensinar a língua padrão deve ser prioridade e responsabilidade
das nossas escolas, uma vez que é ela instrumento de poder e hierarquia
social. Saber a língua materna - ainda que se fale a variação
lingüística do grupo, da região, do bairro, da família
- é essencial para uma escrita correta, como pudemos constatar
nesta pesquisa.
Nesse sentido, a atividade do professor assume fundamental importância
dentro do trabalho educativo, não só no que diz respeito
à transmissão de conteúdos, mas também no
que se refere à definição de fins, meios e escolha
de valores que irão dirigir essa atividade de forma a transformar
não só a realidade exterior, mas o homem em si, isto é,
o seu modo de agir e pensar. Portanto, no trabalho educativo, atividade
intencional implica para o professor não só o conhecimento
das matérias pedagógicas a serem ministradas, como também
dos meios e dos fins propostos.
Assim, concluímos que para o ensino da língua materna, mais
especificamente com relação ao conteúdo da ortografia,
é necessário que os professores dominem os conteúdos,
que sistematizem o saber científico de forma a facilitar a aprendizagem
dos alunos, sem esquecer de levar em consideração o contexto
ao qual aqueles pertencem; somente assim, o professor será um mediador
relevante deste processo e estará cumprindo a sua função
política, isto é, dando acesso à correta notação
gráfica.
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