Pedro Luís Rodrigues - UIRAPURU SUPERIOR/ISEU
Para Habermas (2003:10), há dois significados para
tolerância: um relaciona-se à ordem jurídica, que
preserva o direito de exercer diferentes atividades (principalmente a
religiosa) praticadas por várias comunidades humanas; outro, à
expectativa de um relacionamento tolerante, que nada mais é do
que a virtude de tratar o outro com paciência. Para o autor, a tolerância
é componente central de uma cultura política liberal.
Contudo, na medida em que o comportamento tolerante não se aplica
em determinadas situações porque alguns não aceitam
as diferenças dos outros, tem-se instalada a intolerância
que, segundo Rouanet (2003:10), é “uma atitude de ódio
sistemático e de agressividade irracional com relação
a indivíduos e grupos específicos , à sua maneira
de ser, a seu estilo de vida e às suas crenças e convicções.
Essa atitude genérica se atualiza em manifestações
múltiplas, de caráter religioso, nacional, racial, étnico
e outros.”
De acordo com as idéias de Rouanet (op. cit.), a intolerância
se funda quando determinado indivíduo, convicto de que ele é
o detentor da verdade, afirma um só ponto de vista para a humanidade
inteira e passa a rejeitar e excluir outros pontos, o que pode assumir
formas virulentas e autoritárias, como as da intolerância
religiosa, por exemplo. A intolerância caracteriza-se pela incapacidade
de descentramento, de empatia com o ponto de vista do outro e pode operar
por meio de estigmatizações e de atribuições
de estereótipos. O intolerante acredita que há apenas uma
verdade pela qual se deve lutar. É, de certa forma, um fanático,
pois considera errados todos os que pensam diferentemente.
Ainda segundo o autor há várias razões para a intolerância.
Uma delas se enraíza na própria natureza humana. Ao identificar-se
com o grupo a que pertence e amá-lo de forma narcísica,
pois o considera a soma de todas as perfeições, o indivíduo
passa a odiar tudo o que está de fora do grupo a que pertence.
Este, ao idealizar os valores do seu grupo, tende a sobrevalorizá-lo
e a desprezar a alteridade.
Sobre o mesmo assunto Bobbio (1992:210) lembra-nos que os termos tolerância
e intolerância possuem um sentido positivo e outro negativo. Em
sentido positivo, tolerância vai se opor à intolerância
em sentido negativo; e, vice-versa, “ao sentido negativo de tolerância
se contrapõe o sentido positivo de intolerância” (op.
cit.). Assim, em sentido positivo o intolerante é severo, rígido,
firme; já em sentido negativo ele é condescendente.
De acordo com as idéias desse mesmo autor, os que são intolerantes
se valem do que chama de sentido negativo da tolerância, que seria
“indulgência culposa, condescendência com o mal, com
o erro.” (Bobbio, 1992:211). Ao denegrirem essa chamada tolerância
negativa, passam a praticar a intolerância como sinônimo de
severidade, rigor, firmeza.
Por a intolerância se caracterizar como um sistema daqueles que
não admitem opiniões divergentes das suas, em questões
sociais, políticas ou religiosas ela tende a gerar um julgamento
ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste,
uma idéia preconcebida, conformando o fenômeno conhecido
como preconceito.
Diante do exposto, verificamos que a tolerância se faz necessária
quando recusamos o diferente, quando discordamos das concepções
e atitudes do outro. Já a intolerância se manifesta porque
alguns indivíduos acreditam num único ponto de vista e antipatizam-se
com o ponto de vista do outro. Os intolerantes, por odiarem sistematicamente
aqueles que têm convicções contrárias às
deles, passam a rechaçar, autoritariamente, os outros por meio
de estigmatizações e preconceitos.
Pode-se dizer que, sob o ponto de vista da linguagem, o que se assemelha
à lei do subsistema jurídico, é a norma prescritiva,
uma vez que ela se constitui como um conjunto de regras que tem de ser
seguido pelos usuários pertencentes aos chamados segmentos cultos
da sociedade, sob pena de, se não a praticarem, sofrerem uma sanção
social.
Porém, em algumas situações, essas regras não
são seguidas, quando os usuários praticam outras normas
lingüísticas. Algumas pessoas, não aceitando a variação
normativa, mostram-se intolerantes e assumem uma atitude agressiva em
relação aos “infratores”, porque julgam mal
todas as normas que divergem da prescritiva e as consideram como um uso
espúrio da língua. Esse tipo de atitude pode ser comparada,
conforme Rouanet (2003), à atitude de ódio sistemático
dos intolerantes.
Transpondo as idéias de Rouanet (2003) para o campo da linguagem
e, de acordo com as idéias gerais acerca dos conceitos de tolerância/intolerância,
podemos dizer que a intolerância lingüística se manifesta
quando determinados usuários da língua são discriminados
e, conseqüentemente, sancionados por não utilizarem a “norma
culta”, considerada por eles como a ideal. Esse tipo de intolerância
advém do fato de determinados indivíduos não considerarem
o processo de variação lingüística e da constituição
das línguas naturais. Essa atitude discriminatória frente
à língua leva os intolerantes a elegerem a “norma
culta” como a única realização não passível
de sanções.
Paralelamente à idéia de Rouanet de que, politicamente,
o nacionalismo é a principal matriz da intolerância, podemos
afirmar que, no âmbito da lingüística, a “norma
culta” seria a matriz da intolerância lingüística.
Como o conceito de norma culta é carregado de ambigüidades,
de um lado pode-se entendê-la como a norma tradicional e, de outro
lado, como a linguagem praticada pelos falantes cultos, mesmo que essa
linguagem esteja ou não de acordo com a prescrição.
Disso surge o dualismo norma culta X outras normas, simplificador e alimentador
de estereótipos do tipo “fala bem” quem segue os preceitos
da norma prescritiva, que estão presentes nas gramáticas
normativas. Para os “lingüisticamente intolerantes” quem
não “fala bem” está excluído das “benesses”
da sociedade.
Aquele que pratica a intolerância lingüística acredita
que a verdadeira língua, a língua “politicamente correta”,
é a que segue as regras constantes da gramática tradicional.
Ao desconsiderar que as regras básicas da língua são
apreendidas, assimiladas naturalmente, pois são pertinentes ao
funcionamento global da língua, o “lingüisticamente
intolerante” cria formas de intolerância porque baseia seu
julgamento apenas em uma das possibilidades de realização
da língua – a culta – esquecendo-se de que ao lado
dessa existem outras realizações também legítimas.
Isso leva o intolerante a julgar que os falantes, por não seguirem
os preceitos da norma prescritiva, não sabem usar bem a língua,
ou porque não são escolarizados, ou porque são pobres.
Os “lingüisticamente intolerantes” são adeptos
da idéia de que a língua portuguesa é uma entidade
monolítica, pois consideram que só há uma possibilidade
de realizá-la e esta realização é determinada
pela norma prescritiva, e fugir disso significará “não
saber utilizar bem a língua portuguesa”. Os usuários
que não realizam a norma mais próxima da tradição
da língua são rechaçados, são discriminados,
são estigmatizados e serão sempre sancionados. A língua
de que esses se utilizam é considerada “pobre”, é
um “português esquisito”. Como nos lembra Leite (2003:84),
ao criticar as idéias de Reinaldo Polito sobre língua ,
para quem aquele que não “fala bem” peca à moda
da moral religiosa e o que usa bem a língua pertence ao grupo dos
virtuosos e é aceito nas mais altas esferas da sociedade.
Os lingüisticamente intolerantes tendem a interpretar a atitude dos
especialistas no estudo da linguagem, os lingüistas, como uma forma
de tolerância negativa, já que esses não se preocupam
em julgar essa ou aquela norma, preocupam-se apenas em descrevê-las.
Acreditamos seja esta a posição do autor das colunas que
constam do corpus que analisamos. Ele interpreta a atitude descritiva
dos profissionais da linguagem como “condescendência com o
mal, com o erro”.
O comportamento dos autores das colunas pode ser interpretado como intolerante
e é decorrente do seu preconceito em relação às
realizações que não estão em consonância
com o que prescreve a gramática tradicional. Ao construírem
seus comentários sobre a língua, os colunistas baseiam-se
nas prescrições que constam da gramática tradicional
e, por considerá-la como um conjunto de dogmas irrefutáveis,
elegem-na como sua ”verdade lingüística”. Em linhas
gerais, o que configura a norma culta, nas colunas, são apenas
as realizações abonadas pela gramática tradicional.
Segundo os colunistas, hoje, no Brasil, fala bem o usuário que
segue as regras prescritas pela gramática tradicional. Os autores
mostram-se também intolerantes nos momentos em que, numa perspectiva
exclusivamente de língua escrita, rechaçam usos específicos
da língua oral.
Passemos à análise de alguns fragmentos das colunas metalingüísticas
de Pasquale Cipro Neto: no exemplo (01) é possível perceber
a intolerância do autor em não reconhecer determinados usos,
ainda que sejam realizações escritas de autores consagrados:
01)
Contextualização: discussão sobre alguns casos de
regência verbal.
“Ensinam as gramáticas tradicionais que o verbo ‘esquecer’
se constrói de três maneiras. Duas delas são muito
conhecidas e bastante palatáveis: ‘Ela esqueceu o livro’/‘Ela
se esqueceu do livro’; ’Não esqueço aquelas
palavras’/’Não me esqueço daquelas palavras’
(...).
Na língua do Brasil, no entanto, surgiu uma fusão dessas
duas possibilidades: esquecer de algo ou de alguém. Essa forma
é usadíssima na fala e encontra registro na escrita, sobretudo
quando o complemento de ‘esquecer’ é um infinitivo:
‘Ia esquecendo de fazer uma confidência importante’
(Érico Veríssimo). (...)
Sou obrigado a dizer a você que, se participar de um concurso público,
de um vestibular, de uma prova tradicional, você deve considerar
erradas as construções do parágrafo anterior, apesar
de serem comuns na fala e na escrita brasileiras.” (Cipro Neto,
Cult nº 25, GN).
Ainda que aceite a existência de usos desviantes ao que prescreve
a gramática, tanto na língua falada quanto na escrita, o
autor aceita-os com restrições e tende a considerá-los
como “desvios à norma tradicional”. Para ele a autoridade
máxima será sempre a gramática em todas as circunstâncias.
Sobre esse ponto, contudo, podemos recorrer ao que diz um dicionarista
muito citado pelo colunista, em cuja obra ele busca encontrar abonações.
Trata-se de Luft (1987:277) que, ao tratar dessa questão, traz
o seguinte: “o brasileirismo esquecer de pode derivar de esquecer-se
de, por despronominação (...). Tal construção,
considerada viciosa pelos gramáticos [cf. Cegalla:416], mas muito
freqüente no colóquio diário dos brasileiros, já
se vem insinuando na linguagem literária, principalmente quando
o complemento de esquecer é um infinitivo.”
Vale ressaltar o fato de o dicionarista referir-se a um gramático
muito citado nas décadas de 70 e 80, que considerou todos os usos
“novos” uma aberração. Essa referência
ao gramático é proposital, pois o objetivo de Luft é
mostrar-se em dia com certos usos e, ao reconhecê-los, demonstrar
uma visão um pouco diferente da dos gramáticos. Isso prova
que, apesar de ser um dicionarista, Luft dobra-se ao fenômeno do
uso.
Também Neves (2003:313), afirma que o verbo esquecer, na acepção
de “perder a lembrança de”, num registro mais informal
pode ser usado com a preposição de: “Parece que o
cronometrista esqueceu do tempo.” (Diário de Pernambuco).
Como vimos, as opiniões do colunista nem sempre estão em
consonância com o que dizem gramáticos e dicionaristas mais
tradicionais, pois, algumas vezes, eles mesmos reconhecem que a força
de lei em termos de língua está exatamente no uso que músicos
e literatos fazem dela.
Vejamos no exemplo a seguir como o autor tece seus comentários
sobre a língua sem considerar o gênero em que o enunciado
foi produzido:
02)
Contextualização: comentários sobre a ambigüidade
presente na linguagem publicitária.
“Uma fábrica de telefones celulares está fazendo uma
propaganda, cujo texto diz: ‘O mundo inteiro só fala nele’.
Talvez tenha havido a intenção de criar a ambigüidade.
Como se pode falar de algo ou em algo, um dos sentidos da frase é
que o telefone é o único assunto das pessoas. Mas o outro
sentido pretendido esbarra num problema de regência: as gramáticas
dizem que se fala ao telefone, e não no telefone. Para a gramática
normativa, a frase tem apenas um sentido. É isso.” (Cipro
Neto, Falamos desde, p.82, GN).
Segundo Preti (1997:19), a linguagem da propaganda mesmo que seja escrita,
traz associados o oral e o escrito. Ela se vale das estruturas da fala
espontânea e associa-as aos preceitos da gramática tradicional,
o que se transformou em norma na linguagem urbana comum. O vocabulário
da linguagem da propaganda é uma mistura de vocábulos cultos
com vocábulos populares e gírios. Isso pode ser comprovado
pelo exemplo acima, pois o que a agência publicitária de
fato pretende com a utilização de uma regência em
desacordo com as prescrições da gramática é
obter uma interação imediata com os consumidores.
Fica evidente que a intenção do colunista é apenas
a de analisar as construções sob um enfoque meramente gramatical
e, por isso, deixa de considerar o aspecto pragmático e o gênero
em que o enunciado foi construído.
No exemplo (03) poderemos perceber como a excessiva preocupação
prescritivista do autor gera uma certa confusão de sentimentos
em relação aos usos da língua:
(03)
Contextualização: discussão sobre um caso de variação
regional.
“Em entrevista que me concedeu em sua casa, o poeta mineiro Fernando
Brant, autor de letras primorosas, como a de ‘Travessia’,
disse, mineirissimamente: ‘Eu formei em direito, mas...’.
Dizem que mineiro é mão fechada e que economiza até
nas palavras. (...)
Particularmente, acho uma delícia. Exulto quando ouço um
mineiro, com aquele sotaque cordial, gentil, doce, dizer ‘Ele desesperou
e acabou precipitando’. Porém, como diria Chico Buarque,
‘mas eis que chega a roda-viva’ e acaba com a festa. A roda-viva,
no caso, é a gramática normativa, obrigada – por sua
própria função – a estabelecer um padrão
transregional. (Cipro Neto, Ela arrependeu, p.46, GN).
Nesse exemplo, o colunista analisa o fenômeno da variação
lingüística, mas o faz sob o enfoque ainda de quem é
detentor do saber do que é “certo”, manifestado de
modo pedante. O autor mostra-se contraditório também nos
comentários que faz sobre usos regionais, pois, ao mesmo tempo
em que diz apreciá-los, deprecia-os por considerá-los em
desacordo com as prescrições da gramática tradicional.
De forma irônica, ele diz que o poeta disse ‘mineiramente’,
porém há nesse comentário uma confusão de
julgamento, já que não há, por parte do colunista,
um parâmetro de julgamento para as modalidades e situações
de uso da língua. De um lado vê-se a cortesia e gentileza
que o colunista tem de ter com o poeta citado; de outro, vê-se a
crítica, o “poder do gramático”.
De acordo com Camacho (1988:29), a língua é um objeto histórico
e está sujeita a transformações no tempo e pode se
diversificar no espaço. Conseqüentemente, em uma comunidade
lingüística relativamente extensa como a do Brasil notam-se
variações de caráter regional, em todos os níveis
de análise lingüístico-discursiva, que acabam por criar
outras comunidades lingüísticas geograficamente delimitadas.
Pelo exemplo (03), percebemos que, ainda que as gramáticas regulamentem
um uso comum aos falantes de uma língua histórica e que
sejam imparciais quanto às diferenças regionais, as suas
regras prescritivas não impedem que determinada língua se
transforme geograficamente. É de extrema importância atentar
para o fato de que a norma prescritiva, como todas as normas é
fator de unificação, contudo, “seu poder’ se
faz sentir mais fortemente em certos gêneros da modalidade escrita
da língua.
De acordo com Preti (2000:48), a oposição diversidade/uniformidade
mantém a língua num fluxo e refluxo constante: há
uma força diversificadora de um lado e uma disciplinadora, de outro.
Ambas tentam se manter e abrem concessões mútuas de um modo
que o usuário da língua tende a controlar sua criatividade
em função de suas necessidades comunicativas, para enquadrar-se
na linguagem de sua comunidade. Essa, por sua vez, admite criações
individuais e incorpora, mais ou menos rapidamente, criações
lingüísticas atualizadas nas falas individuais e que se vão
incorporando à fala coletiva que, assim, vai se transformando.
No próximo exemplo, é possível perceber o modo inconsistente
com que o autor trata usos mais coloquiais:
(04)
Contextualização: comentários sobre o emprego do
pronome “lhe” como objeto direto.
“(...) Para a gramática normativa, o pronome ‘lhe’
só deve ser usado com verbos que pedem preposição.
(...)”.
Não cabe a um gramático castrar hábitos lingüísticos
diferentes dos que prega a norma. Cabe-lhe mostrar no que os vários
padrões coloquiais diferem do padrão culto. E cabe-lhe,
também, a obrigação de ressaltar que, em certos casos,
o conhecimento e o emprego da norma culta são desejáveis
e imprescindíveis.” (Cipro Neto, Quero-a, p.124,GN).
Pelo exemplo, observamos que o colunista emprega o qualificativo
culto em oposição a coloquial. Assim padrão culto
seria aquele utilizado por usuários que, em todos os contextos
de interação, sabem se utilizar das regras prescritas pela
gramática tradicional e padrão coloquial o praticado pelos
usuários que não sabem ou não se utilizam dessas
mesmas regras. Portanto, para o autor, o padrão culto está
diretamente relacionado à norma prescritiva. O autor desqualifica,
evidentemente, a possibilidade da prática coloquial da norma culta.
Essa perspectiva, segundo as idéias de Faraco (2002:39) , está
presente no universo dos falantes cultos que julgam os falantes de outras
normas, que não a considerada culta, como “maus falantes”,
nesse caso, do português do Brasil. Como o colunista vê na
norma prescritiva a única possibilidade de realização
da língua, os desvios ao que prescreve essa norma são tratados
por ele como erros. Conseqüentemente, há a tendência
de os leitores julgarem que, se não seguirem as prescrições
normativistas não estarão usando “bem” a língua.
Quanto ao fato lingüístico que gerou a avaliação
do colunista, é possível dizer que a utilização,
cada vez mais freqüente, do pronome lhe com função
de objeto direto pode ser analisada numa perspectiva mais funcionalista,
como a de Possenti (2001:98), quando afirma o fato de que “são
cada vez mais raras as ocorrências das formas-padrão ‘o,
a, os, as’ em posição de objeto direto. E é
cada vez mais freqüente que ‘lhe’, ‘lhes’
ocorram com essa função, sendo que os objetos indiretos
acabam sendo expressos através das formas ‘a ele/a’,
‘para ele/a’.”
Para explicar as causas desse uso, Possenti recorre ao texto de Mattoso
Câmara, intitulado “Ele como acusativo no português
do Brasil”, publicado em Dispersos. Nesse texto, Mattoso explica
o fato por meio de dois argumentos: (1) o pronome ele está voltando
a comportar-se como um demonstrativo e (2) os pronomes me e te formam
com lhe uma família fonologicamente simétrica, o que não
acontece com me, te, o/a. Isso nos leva a considerar que até mesmo
os usuários considerados falantes cultos, em alguns momentos, não
seguem fielmente o preceptismo presente na “norma culta”.
Neves também trata desse uso em sua Gramática de usos, uma
obra que tem como objetivo “propor uma descrição do
uso efetivo dos itens da língua, compondo uma gramática
referencial do português” de forma prática, mas de
orientação teórica segura. A autora, apesar de afirmar
o fato de que “construções com o pronome LHE funcionando
como complemento de verbos que se constroem com objeto direto não
são aceitas como de norma culta”, traz alguns exemplos como:
“Nunca LHE vi desse jeito. Que foi, afinal? (DZ)”. (2000:454)
Devido à inconsistência teórica e também ao
fato de suas observações carecerem de maior aprofundamento
nos termos lingüísticos, o colunista faz a oposição
padrões coloquiais x padrão culto e tenta relacionar os
padrões coloquiais a desvios da norma prescritiva.
Acreditamos que o conceito de padrão coloquial utilizado pelo colunista
coincide com o que Halliday (1974) chama estilo – formal e informal
– ligado ao registro. No corpus, o termo padrão coloquial
é utilizado para marcar expressões desviantes das que prescreve
a norma tradicional . Isso nos faz pensar que, para o autor, o padrão
coloquial é sempre “gramaticalmente incorreto”. Como
a idéia de padrão culto remete-nos à idéia
de falante culto, acreditamos que o colunista não reconhece o fato
de que, segundo as idéias de Leite (2001:3), “o domínio
de várias normas lingüísticas, inclusive a prescritiva,
configura o falante culto” e que, por isso mesmo, o fato de às
vezes o usuário não estar, exatamente, alinhado à
prescrição não o destitui da condição
de “falante culto”.
Como nos adverte Faraco (2002:38), numa sociedade diversificada e estratificada
como a nossa sempre haverá a concorrência de inúmeras
normas: a norma típica de comunidades rurais, a norma de grupos
juvenis urbanos, a norma das periferias urbanas, a norma informal da classe
média urbana e tantas outras. O que determinará um uso específico
será sempre o contexto situacional, os papéis sociais que
os envolvidos na interação representam, bem como suas intenções
comunicativas, além, é claro, do gênero em que o enunciado
(oral ou escrito) é produzido.
Como se pode perceber, o colunista não considera como norma culta
um uso mais elaborado da língua, mais próximo da tradição,
se não corresponder, exatamente, à norma prescritiva. Para
ele, a realização culta é aquela que representa o
domínio completo, total, das regras prescritivas da gramática
tradicional.
A sua intransigência e não aceitação de outras
normas de uso da língua faz o colunista interpretar a língua
de forma intolerante.
Vejamos no exemplo (05) como o colunista analisa os usos da língua
sem considerar as variações de linguagem presentes nas classes
sociais:
(05)
Contextualização: discussão sobre a concordância
verbal com sujeito
posposto
“Na língua do dia-a-dia, é muito comum que o verbo
ser apareça na terceira pessoa do singular, em frases como ‘Não
foi eu que fiz’, ou simplesmente ‘Não foi nós’.
Essa concordância – gramaticalmente errada – talvez
se explique pelo uso generalizado da terceira pessoa (‘Cabe dez’;
‘Falta quinze’; ‘Acabou as fichas’; ‘Sobrou
vinte’; ‘Chegou os manuais’, o que é comum em
todas as classes sociais.
Os mais velhos devem lembrar-se de uma canção da década
de 70, ‘Última forma’, de Baden Powel e Paulo César
Pinheiro, cuja letra diz: ‘E graças a Deus não vai
ser eu quem vai mudar’.
(...) No padrão coloquial, quando o verbo vem na frente, lasca-se
a terceira do singular. A correção é muito simples:
‘Não vou ser eu quem vai mudar’. Essa música
foi gravada pelo MPB-4 e pela cantora Márcia, que não perceberam
o problema e mantiveram a concordância errada”. (Cipro Neto:
Não sou eu, p. 10, GN).
Percebe-se, pelo exemplo acima, que há uma tentativa de se definirem
comportamentos lingüísticos da sociedade em geral, mas sem
referência aos dialetos, como uma variação que ocorre
devida a fatores relacionados ao próprio usuário da língua
e não ao seu uso. As noções de dialeto e registro
estão subjacentes no discurso do colunista, mas, em seus comentários,
ele não as legitima, e trata as expressões oriundas do registro
(Acabou as ficha, por exemplo) simplesmente como “gramaticalmente
erradas”. Essas expressões poderiam, por exemplo, ser consideradas
como representantes de dialetos sociais.
O vocábulo “lasca-se”, próprio de gêneros
discursivos mais informais, pode ser considerado como manifestação
da intolerância do colunista frente a usos diferentes do que prescreve
a norma, porque é grosseiro. A idéia de correção
gramatical também está presente quando o autor propõe
uma outra construção para a letra da música, sem
considerar que, talvez, no plano da musicalidade, a forma escolhida pelos
letristas tenha sido a melhor. Trata-se de uma canção popular
e, como o que o povo espera ouvir nessas canções é
a língua de que ele se utiliza cotidianamente, talvez se possa
dizer que os autores da letra estejam, justamente, querendo registrar
um uso de uma comunidade lingüística específica.
O colunista e a intolerância com os lingüistas
De acordo com François (1979:92), assumir uma atitude descritivista
para analisar a língua significa não se esforçar
em fixar-lhe um padrão ideal, mas apenas observá-la e mostrá-la
como um instrumento dinâmico em incessante transformação.
Essa é a atitude dos lingüistas quando discutem as questões
da língua. Eles assumem um ponto de vista científico, o
que implica não negligenciar as formas orais e nem priorizar a
escrita, mas, antes, analisar as manifestações da linguagem
humana.
Quando analisam os usos da língua, os lingüistas não
estão interessados em julgar, avaliar, mas em descrever os usos
apropriados a um ou outro ambiente social, o que justifica o fato de não
proporem noções de correção.
Para Preti (1984:79), os lingüistas, como observadores científicos,
não consideram haver o problema da correção numa
língua, pois acreditam que algumas formas ou estruturas não
são melhores que outras. A linguagem popular, para os lingüistas,
é “tão correta quanto a culta” e suas análises
“limitam-se a constatar ocorrências na língua, relatá-las,
submetê-las a estatísticas.” (Op.cit.:79). É
justamente esse fato de os lingüistas tratarem a questão da
correção com relativo desinteresse que não é
tolerado pelo autor das colunas.
O colunista, em vários momentos, por acreditar que qualquer uso
desviante da tradição gramatical implica “erro”,
desvaloriza o trabalho dos lingüistas, critica-os e julga negativamente
a visão que estes têm de língua.
No exemplo que segue, o autor, ao criticar o uso excessivo dos dequeísmos,
considerado por ele uma “aberração lingüística”,
mostra-se intolerante em relação aos que, supostamente,
não compartilham de sua opinião:
(06)
Contextualização: discussão sobre os dequeísmos.
“(...) Quem assistiu à entrevista coletiva concedida pela
equipe econômica (...).
Um dos membros da equipe, cujo nome é melhor não citar,
abusou do direito de usar a bendita expressão: ‘O governo
considera de que’; ‘Não nos parece de que’; ‘Penso
de que não será’ etc. (...)
Alguns lingüistas (alguns), idiotas, dirão que a língua
falada não merece reparo, que a fala é sempre boa etc. Esses
ociosos não conseguem perceber que os homens não estavam
na mesa de um boteco, batendo papo. Estavam falando para o país,
sobre um assunto técnico [o plano econômico], usando linguagem
teoricamente culta.” (Cipro Neto, O pacotaço e o, p.14, GN).
Pelo exemplo acima, observa-se que, inicialmente, o colunista faz uma
alusão genérica ao lingüistas e, depois, utiliza-se
de uma estratégia discursiva para preservar a face, estratégia
essa representada pela repetição do pronome indefinido alguns
entre parênteses. A repetição marca a exceção,
sinaliza ao leitor que ele se refere a alguém em específico.
Quem conhece os bastidores da discussão metalingüística
sabe que o colunista, ao atacar a figura dos lingüistas, está
se referindo a um texto de Possenti (2001:15) em que comenta uma passagem
do texto teatral A vida de Galileu, de Brecht. Nesse texto, os filósofos
são convidados por Galileu a ver as luas de Júpiter com
sua luneta, mas antes de correrem para ver a maravilha, os filósofos
propuseram que, antes, discutissem filosoficamente sobre a necessidade
das luas. Galileu, então, perguntou se eles não acreditavam
em seus olhos. Um deles respondeu que acreditava, tanto que relera Aristóteles,
e este nunca falara na existência dessas luas. Possenti resgata
essa passagem a fim de comparar a atitude dos filósofos à
atitude dos gramáticos que se negam em aceitar os usos lingüísticos
que se afastam da tradição e diz que estes “pensam
que uma língua é uniforme, sem variedades”. (op. cit.:16).
O autor da coluna é intolerante com relação aos lingüistas
porque tem uma visão conservadora em relação a fatos
da língua e se recusa a aceitar como normais, em enunciados cultos,
orais e escritos, certas variações que “saltam aos
olhos e aos ouvidos”. Ele prefere manter-se inflexível na
sua posição de defensor do “bom uso” da língua,
como a dos filósofos de Galileu.
No exemplo (07) é possível verificar como a intransigência
do colunista impede que faça uma interpretação clara
do discurso dos lingüistas:
(07)
Contextualização: comentários sobre o uso das formas
tu e vós.
“Convidado pela Câmara Rio-Grandense do Livro, estive em Porto
Alegre, no fim do ano passado, para participar da importante Feira que
lá se organiza. O presidente da Câmara, professor Paulo Flavio
Ledur, disse-me que no Rio Grande algumas escolas adotam livros de língua
portuguesa que simplesmente eliminaram os pronomes ‘tu’ e
‘vós’. O verbo é conjugado sem essas flexões.
O motivo? ‘São brontossauros lingüísticos’,
afirmam os defensores da tese.
Ostentando a bandeira da libertação das gramatiquices –
representadas no caso pela insistência da escola em incluir tu e
vós na conjugação verbal - , um grupo de lingüistas
defende solução radical: cortar o ‘mal’ pela
raiz.
Quem disse que o pronome tu é um brontossauro lingüístico?
Logo em Porto Alegre, onde muita gente ainda usa tu, às vezes com
todos os esses das formas verbais?(...) O que deve fazer o professor de
português equilibrado? Tratar os alunos como papagaios e fazê-los
participar mecanicamente da ladainha da conjugação (...)
Ou, levando em conta que tu e vós são ‘brontossauros
lingüísticos’, eliminar esses pronomes pura e simplesmente?”
(Cipro Neto, Cult nº 34, GN).
No exemplo acima a crítica é novamente endereçada
a Possenti, autor de um artigo intitulado “Dinossauros”, em
que critica o fato de as gramáticas listarem o pronome vós
como de uso corrente. Para Possenti, esse pronome, desaparecido do uso,
deveria constar em um estudo da história da língua e não
em uma descrição gramatical sincrônica ou em um uma
gramática normativa,“ao lado de outros de uso notório
e evidente.” (Possenti, 2002:49). Numa outra perspectiva, Neves
(2000:461), aponta os usos desse pronome e afirma que ele é usado
em estilo cerimonioso e arrola todas as possibilidades de uso: o pronome,
entre outros usos, aparece no gênero oratório, no gênero
literário quando um escritor deseja dirigir-se a seu leitor, na
linguagem bíblica ou religiosa oficial, no gênero dramático
e em preces ou invocações a Deus, o que comprova seu uso
restrito a contextos específicos.
Para fazer sua crítica, o colunista, de forma agressiva, por não
compreender a declaração de Possenti, ataca-o e transfere
esse ataque ao próprio uso dos pronomes tu e vós, chamando-os
de brontossauros. Segundo Borba (2003), brontossauro é um vocábulo
utilizado para designar uma espécie de dinossauro muito grande.
A utilização do termo como adjetivo serve, então,
para designar algo que já é muito antigo e ultrapassado,
uma vez que essa espécie de dinossauro habitou o planeta há
milhões de anos.
Na realidade, a irritação do colunista prende-se exatamente
ao fato de os lingüistas nunca proporem soluções drásticas
para a explicação de determinados fenômenos da língua.
O que ocorre é que os lingüistas, ao analisarem algumas questões
lingüísticas, examinam também as condições
de produção do enunciado e assumem uma posição
pragmática quanto ao funcionamento da língua. As análises
de lingüistas não têm como parâmetro a norma prescritiva.
Esse é o ponto de divergência entre o colunista e os lingüistas.
No exemplo (08) o colunista discute um caso de regência verbal e
aproveita para criticar os lingüistas que, segundo ele, “aceitam
os erros”:
(08)
Contextualização: comentários sobre o uso do verbo
extorquir.
“Um verbo que talvez resolvesse o problema [regência do verbo
extorquir], sob todos os aspectos, é ‘achacar’. (...)
O verbo é dado como transitivo direto (‘achacar alguém/
achacá-lo’). Volto a dizer que a coluna deve indicar o uso
culto. Por mais que alguns lingüistas expliquem o motivo do erro,
o que também fiz, o erro existe e deve ser combatido.” (Cipro
Neto, O verbo extorquir, p.38, GN).
É claro que a noção de erro do colunista não
coincide com a dos lingüistas, fato evidenciado no exemplo acima.
Como os lingüistas, em seus comentários, não se prendem
à tradição gramatical e reconhecem a existência
de outras normas, com o que não concorda o colunista, este tende
a desqualificar o papel dos lingüistas. Na sua opinião, são
os gramáticos (provavelmente ele seja um representante desse grupo)
que possuem o “discurso da autoridade” em termos de língua.
Eles é que devem explicar e combater os erros. Para o autor só
explicar o erro sem tentar combatê-lo invalida qualquer possibilidade
de o usuário “aprender a usar bem a língua”.
A noção de erro, segundo Savioli (2000:317), pode ser analisada
como um fenômeno lingüístico ou como um fato social.
Como fenômeno lingüístico, a noção de
erro está condicionada à noção de variabilidade.
O fato de existirem várias normas dentro de um único sistema
levanta a possibilidade de uma delas “ser mais correta, mais elegante,
mais lógica, mais evoluída que outra” (op.cit.). O
certo e o errado pressupõem que existam, pelo menos, duas variantes
ou dois modos de falar diverso. O erro como fato social faz com que alguns
usuários da norma culta, por questões de natureza social,
considerem-na superior às outras. Para o autor, a idéia
de certo e de errado não é só uma questão
extralingüística, mera convenção social. É
social, mas é também de natureza lingüística.
A variabilidade de normas dentro de um único sistema, e a assimetria
entre as classes sociais são as condições para que
a noção de erro passe a existir.
Toda noção de erro é prejudicial à língua.
“A prescrição de correto ou incorreto aumenta a separação
entre classe superior e inferior precisamente quando necessitamos de maior
unidade”. (Rosenblat, 1967 apud Cunha, 1976). Se não há
comprometimento da comunicação entre os interlocutores,
não há erro.
O que fica evidente nos comentários do colunista é que sua
coluna tem como tarefa apontar e combater todos os erros de linguagem.
Já os lingüistas pautam seus comentários sobre a língua
no que ela tem de diverso. Essa diversidade sofre a interferência
das variedades que se devem tanto ao usuário (dialetos sociais
e regionais) quanto ao uso da língua (níveis de linguagem).
Leite (1999:206), quando discute sobre o uso lingüístico,
comenta o que diz Jespersen, sobre ser o uso “o mais alto tribunal
que decide o que é ou não correto.”
Esse trabalho visou a demonstrar os níveis de intolerância
presentes nas colunas metalingüísticas veiculadas pela mídia,
por meio de um estudo de caso.
Essas colunas exercem um vigor e fascínio nos leitores de forma
espantosa. Embora aparentem ter uma atitude descritivista porque comentam
fenômenos lingüísticos coletados no dia-a-dia, veiculados
pela imprensa ou presentes nas letras de músicas de cantores populares
e de poetas da nossa literatura, são essencialmente prescritivistas.
Os comentários são analisados exclusivamente do ponto de
vista da gramática tradicional com a intenção de
incutir nos leitores a sensação de que são “maus
falantes” da língua.
Considerações finais
Como demonstramos, não há por parte dos
autores dessas colunas uma atitude de pesquisa lingüística
mais criteriosa, mais científica e estes só consideram dignos
do rótulo “bom uso” os fenômenos lingüísticos
que estão em consonância com os preceitos da norma tradicional.
Assim, muitos dos comentários sobre fenômenos de variação
e/ou mudança lingüística, perfeitamente explicáveis
cientificamente, são tratados como erros. Há subjacente
um discurso ideológico que tem a pretensão de fazer com
que o leitor sinta-se portador de um grande déficit lingüístico.
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