|
REFLEXÕES
ACERCA DAS SEQÜÊNCIAS ARGUMENTATIVAS UTILIZADAS NO GÊNERO
CARTA DO LEITOR
Ana Virgínia Lima da Silva (PET-Letras)
- UFCG
Orientadora: Profª Drª Williany Miranda da Silva
1. Introdução
Nos últimos anos o ensino de produção textual tem-se
voltado para um novo enfoque, a partir de teorias que postulam a diferença
entre gênero e tipo de texto, em contraposição ao
paradigma de “redação escolar”. Isso pode ser
percebido nos Parâmetros Curriculares Nacionais , surgidos em 1998
com o intuito de orientar ao professor no exercício e sua atividade.
Conseqüentemente, os cursos de formação e de aperfeiçoamento
docente, assim como alguns livros didáticos , parecem haver começado
a trilhar por esse novo caminho.
Contudo, não é difícil depararmo-nos com realidades
ainda arraigadas ao tradicional ensino de redação, mesmo
que apoiadas por materiais aparentemente inovadores. Ou seja, a mudança
no ensino de produção textual parece ser apenas um discurso
assumido pelo professor, não se concretizando, portanto, em sua
prática.
Em face desse contexto, a universidade tem buscado maneiras de auxiliar
ao professor de língua portuguesa em estabelecer a união
teoria-prática. Ao mesmo tempo, têm inserido em seu vestibular
propostas de produção textual baseadas nas teorias de gênero
e tipo de texto, na tentativa de provocar mudanças no ensino de
escrita. Como exemplos podemos citar o vestibular 2002 da UEPB (Universidade
Estadual da Paraíba) e o PS 2005 da UFCG (Universidade Federal
de Campina Grande). No PS 2005 da UFCG, uma das propostas foi a produção
de um artigo de opinião. Após a apresentação
de dois textos e de uma história em quadrinhos, a fim de auxiliar
na produção textual, pediu-se ao pré-vestibulando
que redigisse sobre o tema A juventude no Brasil e a relação
entre a formação escolar e inserção no mercado
de trabalho, a partir da seguinte proposta:
Um artigo de opinião a ser publicado na seção
“Opinião” de um jornal, a respeito da seguinte questão:
qual o papel da qualificação e dos atributos pessoais para
a preparação de um profissional, atualmente?
Como se trata de um gênero textual que envolve um posicionamento,
você deverá se utilizar de seqüências argumentativas
para convencer os leitores desse meio de comunicação a adotar
a opinião defendida por você. Lembre-se de formular um título
para o seu artigo e atente para o uso do registro escrito formal.
Percebemos assim um distanciamento entre a redação cobrada
na escola e aquela cobrada no vestibular, a qual exige o uso de competências
e habilidades cognitivo-textuais não contempladas no Ensino Fundamental
e Médio. Portanto, é possível imaginarmos a dificuldade
do aluno-vestibulando, diante de sua inexperiência com a produção
dos mais variados gêneros textuais, em atender às exigências
requeridas na proposta de produção textual do vestibular
. Muitas vezes, o vestibulando apresenta inadequações à
proposta, limitando-se mais à repetição de modelos
do que à expressão de opiniões próprias.
Nesse contexto, focalizando os pressupostos teóricos acerca das
seqüências textuais, pretendemos no presente trabalho analisar
como se constroem as seqüências argumentativas no gênero
carta do leitor. Para tanto, partiremos de 3 produções,
selecionadas dentre um corpus de 30 textos .
A seguir, explicitaremos como se deu o processo de produção
textual do referido gênero.
2. Uma experiência de ensino
No contexto de ensino dos gêneros textuais, os gêneros
do domínio jornalístico têm se apresentado bastante
presentes, devido a sua funcionalidade em diversos meios sociais. Esse
foi um dos fatores que nos levou a escolher trabalhar com o gênero
carta do leitor, aliado ao que declara Bezerra (2002, p.209):
“é de fácil acesso e demonstra um
contato por parte deles [os leitores das revistas / jornais], com os fatos
recentes da sociedade e está escrito em registro formal ou semi-formal
do Português. Além disso, é uma forma concreta de
uso da leitura / escrita com função social.”
Nossa atividade esteve dividida em três momentos,
realizados em oito encontros, com a duração de 2 horas-aula
cada um. Tendo em vista que nos encontrávamos em período
eleitoral, e que a compra de votos estava sendo muito discutida em nossa
região, elegemos o tema ‘ética na política”
para leitura, debate e produção do gênero carta do
leitor.
No primeiro momento realizamos a leitura e discussão de textos
pertencentes ao gênero artigo, verbete, música, charge e
reportagem. À reportagem dedicamos um tempo maior, por tomá-la
como texto-base para a produção. Após a leitura silenciosa,
buscamos provocar nos alunos o comentário acerca da mesma, bem
como sua posição sobre o assunto nela veiculado: a compra
de votos em épocas eleitorais.
No segundo momento, apresentamos três cartas do leitor. Dessas cartas,
duas delas referiam-se a assuntos relacionados à política
e foram publicadas na revista Veja. A terceira carta, apresentada por
último, referia-se à reportagem trabalhada em sala de aula,
semelhantemente àquelas produzidas pelos pré-vestibulandos.
Solicitamos então, apenas oralmente, a produção,
a ser elaborada com o objetivo de expor a opinião acerca da reportagem
e/ou do assunto nela contido. Durante a realização da proposta,
mencionamos o processo de edição e de seleção
pelo qual passam as cartas antes de serem publicadas. Orientamos para
a redação de textos curtos, a fim de evitar a edição.
Após a produção textual e a correção
nossa, partimos para o terceiro momento: o momento da reescritura. Buscamos
monitorar os sujeitos-produtores, através da avaliação
coletiva dos textos produzidos e, depois de reescritas as cartas, através
da avaliação em dupla a partir de critérios formais,
semânticos, pragmáticos e discursivos por nós delimitados,
da exposição oral e da análise comparativa das versões
textuais iniciais e finais.
3. Fundamentação teórica
3.1.Escrita: visão processual
A concepção tradicional define a escrita como um dom, o
qual garante êxito na atividade textual. Nesse contexto, as redações
escolares bem sucedidas, desvinculadas das práticas sociais, servem
como modelos a serem seguidos por aqueles desejosos e necessitados de
escrever eficazmente.
Exemplos de práticas ligadas a essa concepção são
alguns cursinhos pré-vestibulares, onde sob a pressão da
proximidade do vestibular e do marketing da instituição,
são passadas ao aluno dicas de como escrever seguindo os padrões
dos textos-modelos mostrados em sala de aula. Dessa forma, são
desconsideradas as dificuldades e problemas revelados em sua escrita,
que poderia ser a base do processo de ensino de produção
textual.
Kato (1987) apresenta três diferentes momentos dos estudos acerca
da escritura (remetendo assim à idéia de escrita como processo).
Num primeiro momento, os estudos lingüísticos buscavam traduzir
a fala
para a escrita. Por influência da gramática gerativa de Chomsky,
autores como Hunt acreditavam que a proficiência na escrita estaria
condicionada às habilidades sintáticas dos escreventes.
Num segundo momento, os estudos são caracterizados como retóricos.
Escrever bem é, nesse sentido, expressar-se com eficácia.
A preocupação do autor centra-se não na compreensão,
mas em causar um efeito perlocucionário no leitor através
da compreensão. O escritor volta-se primordialmente não
para a legibilidade do seu texto, mas para o seu caráter atraente.
Diferentemente dessas concepções, a abordagem cognitivo-lingüística
define a escrita como um processo, no qual estão inseridos o objetivo
do texto, o assunto, o gênero, o destinatário, a linguagem
e o grau de envolvimento do autor. Escrever compreende uma série
de operações procedurais, sendo o planejamento considerado
como a primeira dessas operações. O texto não surge,
portanto, de um dom ou inspiração, mas de uma mootivação,
advinda da interação entre os desejos, necessidades e conflitos
gerados em uma história discursiva individual (MEURER, 1997). Nesse
contexto, ao escrevermos, ativamos conhecimentos para estabelecer a interação
com as pessoas. Além disso, conforme Bakhtin (1992) dialogamos
com outros textos, mantendo assim uma relação de intertextualidade.
2.2.Carta do leitor: um subgênero
Os gêneros textuais são objetos históricos
que funcionam como práticas sócio-discursivas de ação
social. Eles transformam-se, desaparecem e reaparecem sob novas formas
(MARCUSCHI, 2003). Caracterizam-se pela infinitude, capaz de abranger,
em cada uma das esferas da atividade humana “um repertório
de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à
medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa”
(BAKHTIN, 2000, P.180). Em cada uma dessas esferas há finalidades
e condições específicas que geram o enunciado e nele
são materializadas. Dessa forma, o objetivo da comunicação
é realizado lingüisticamente através de um dado gênero,
criado a partir do objetivo e vinculado a ele.
A carta é um gênero que possui como principais funções
informar, descrever e argumentar e circula em correios, fax, jornais,
revistas, etc. Nesse sentido, podemos falar em constelação
do referido gênero, onde estão inseridos os subgêneros
carta pessoal, carta resposta, carta circular, carta ao leitor, carta
do leitor, carta ao editor, etc. Embora conservem o aspecto estrutural
da carta, esses subgêneros “são diversificados em suas
formas de realização, em suas intenções”
(BEZERRA, op. cit. P.210)
Em se tratando da carta do leitor é um texto pertencente ao domínio
jornalístico, encontrado em seções fixas de jornais
e revistas, onde estão disponibilizados os espaços para
a correspondência dos leitores. O tipo textual da carta do leitor
é predominantemente argumentativo, com a intenção
de sustentar, refutar ou negociar a opinião veiculada no meio comunicativo
(SILVA, 2002). Trata-se, portanto, no dizer de Costa (2004 , p.2670 de
um “gênero que se consolida primariamente dentro de um contexto
midiático e se constitui num instrumento de atuação
da linguagem que permite uma comunicação não imediata
entre os interlocutores”.
Observemos abaixo um exemplo do gênero textual aqui estudado, tendo
sido o mesmo apresentado aos pré-vestibulandos durante o curso
de produção textual:
“O fantasma do autoritarismo” (18 de agosto)
é talvez a mais importante matéria de capa da história
de VEJA. A nossa sorte foi o PT achar que o momento certo de lançar
o alicerce definitivo para construir seu projeto ditatorial, a mordaça
da imprensa livre, havia chegado. Errou, pois depois dessa capa e da reportagem
de VEJA o projeto está enterrado, e só se realizará
agora se for tentado pelas armas, o que é mais inviável
ainda nos tempos atuais. Obrigado pelo grande serviço prestado
á causa d liberdade e da democracia.
Sergio Storti
São Paulo, SP
O texto acima evidencia aspectos que o configuram como uma carta do leitor,
tais como: o elogio à reportagem da revista Veja, a opinião
acerca do assunto veiculado na reportagem, o agradecimento à Veja
pela matéria. O autor da carta concorda com o que foi publicado
e acrescenta algo a mais ao assunto discutido, ao expressar sua opinião.
2.3.Seqüências tipológicas: o que são e como
se constituem?
De acordo com Jean Michael Adam (apud MARCUSCHI, 2000) o texto é
uma estrutura composta de seqüências, tipos textuais definidos
por seus traços lingüísticos predominantes. As seqüências
ligam-se entre si e ao todo textual onde estão inseridas. Apesar
de possuírem uma relativa autonomia, pois organizam-se de maneira
própria, dependem do conjunto textual do qual fazem parte. Sua
importância reside na contribuição oferecida para
a compreensão dos aspectos envolvidos na organização
textual (SILVA, 2002). Ou, seguindo Marcuschi (op. cit. p.21)
é um aspecto fundamental dos estudos lingüísticos
porque representa uma estabilização de enunciados e textos
sob vários aspectos, inclusive sintáticos e não apenas
funcionais
Jean Michael Adam propõe cinco tipos de seqüências tipológicas:
narrativa, argumentativa, descritiva, dialogal, explicativa. Detalhemos
cada uma abaixo:
Narrativa
1)situação inicial: descrição do local e das
personagens;
2)complicação: ação que altera a situação
inicial;
3)(re) ação: ação motivada pela complicação;
4)resolução: acontecimento que resolve o conflito;
5)situação final: descrição de uma nova situação
de equilíbrio.
Argumentativa
1)dados, constatação inicial;
2)argumentos;
3)conclusão, a partir dos dados e da tese defendida.
Descritiva
1)ancoragem: apresentação de um tema-título;
2)aspectualização: decomposição do tema-título
em partes;
3)relação entre os elementos descritos;
4)reformulação: visualização geral do tema.
Segundo Bronckart (1999) a seqüência descritiva é secundária,
pois aparece muitas vezes encaixada à outras seqüências,
a fim de fornecer uma melhor compreensão das seqüências
principais.
Dialogal:
ocorre em situações dialogadas, onde há alternância
de turnos entre dois interlocutores. Apresenta dois tipos de seqüências:
1)fáticas: iniciam e encerram a interação;
2)transacionais: a interação propriamente dita, onde há
pergunta e resposta, comentário, acordo ou desacordo.
Explicativa
1)apresentação do que será explicado;
2) problematização, que norteará a explicação;
3) resposta à questão, explicação propriamente
dita;
4) conclusão-avaliação.
A seqüência explicativa não será por nós
aqui considerada. Seguindo Marcuschi (2002) preferimos adotar a idéia
de seqüência expositiva, caracterizada como um conjunto de
enunciados que se constituem como paráfrase de outros enunciados
(BONINI, 2002).
Temos ainda a seqüência injuntiva. Para Adam ela descreve ações,
assemelhando-se assim à seqüência descritiva. Contudo,
entendemos que essa tipologia é diferente da descritiva, pois o
objetivo é levar o destinatário uma tomada de ação,
sendo marcada por verbos no imperativo e no infinitivo.
Em um mesmo texto pode haver várias seqüências, mas
uma delas predomina em função do objetivo principal de cada
gênero. Isso significa que determinadas seqüências são
típicas de um gênero. Assim, na constelação
cartas pode haver a seguinte diferenciação:
• Carta de recomendação: predominância da seqüência
expositiva
• Carta-cobrança: predominância da seqüência
injuntiva
• Carta do leitor: predominância da seqüência argumentativa
(a) “O fantasma do autoritarismo” (18 de agosto)
(b) é talvez a mais importante matéria de capa da história
de VEJA.(c) A nossa sorte foi o PT achar que o momento certo de lançar
o alicerce definitivo para construir seu projeto ditatorial, a mordaça
da imprensa livre, havia chegado.(d) Errou, pois depois dessa capa e da
reportagem de VEJA o projeto está enterrado, e só se realizará
agora se for tentado pelas armas, o que é mais inviável
ainda nos tempos atuais.(e) Obrigado pelo grande serviço prestado
á causa d liberdade e da democracia.
Sergio Storti
São Paulo, SP
Percebemos na carta acima, a qual já apresentamos
anteriormente, que em (a) há uma seqüência descritiva,
que introduz o texto. A seqüência (c) é expositiva,
e encontra-se entre as seqüências argumentativas (b) e (d),
para dar sustentação à opinião demonstrada
em (d). Em (e) temos ainda a explicitação de uma opinião
(a reportagem mencionada prestou um grande serviço “à
causa da liberdade e da democracia”), configurada como uma seqüência
injuntiva.
4. Apresentação quantitativa dos dados
4.1. As seqüências tipológicas

A partir
desses gráficos, percebemos que as sequências argumentativas
estão presentes em todos os textos analisados, o que justifica-se
pela natureza do gênero produzido. Diferentemente ocorrem com as
seqüências descritivas, as quais geralmente aparecem para indicar
a reportagem-base ou para subsidiar uma seqüência argumentativa.
As seqüências expositivas, por sua vez, estão presentes
em menos da metade dos textos. Isso pode ser positivo se imaginarmos que
tal fenômeno deve-se à consciência e ao cuidado, por
parte dos produtores, com a concisão do gênero carta do leitor,
não cabendo muitas vezes seqüências desse tipo. As seqüências
injuntivas, enfim, apresentam-se em apenas um texto, sendo mesmo raras
no gênero produzido.
4.2. As seqüências argumentativas
A maioria
das seqüências argumentativas presentes nos textos analisados
(47%) são construídas a partir da colagem / parafraseamento
da RB que servem como base para a demonstração de opiniões
próprias. Ou seja, em uma mesma seqüência, há
uma heterogeneidadede expressões da RB + expressões do produtor
da carta. As opiniões próprias sem ancoragem lingüística
na RB estão presentes em apenas 20 dos textos, ocorrendo em número
quase equivalente (17%) um fenômeno contrário: a simples
colagem / parafraseamento da RB. Tratam-se de números que merecem
nossa reflexão, a qual realizaremos mais adiante.
5. Análise
descritivo-interpretativa
Dentre os textos que compõem o corpus estudado, selecionamos para
o presente artigo três deles, em função da repetição
estrutural e funcional em que ocorrem. Nesse sentido, descrevemos a organização
estrutural dos textos selecionados, especialmente das seqüências
argumentativas apresentadas. A partir da descrição, bem
como dos pressupostos teóricos aqui adotados, interpretamos as
constatações realizadas na análise.
Comecemos então por observar a produção abaixo :
TEXTO 1:
(a) Temos na reportagem “Uma velha prática”, publicada
em 29 de setembro de 2004, uma realidade,(b) pois os políticos
trocam “favores” por votos e isso para eles não tem
limite algum. Um candidato que faz esse tipo de absurdo está mostrando
para a sociedade sua capacidade de assumir um cargo político.
M. S.
Campina Grande, PB

Como podemos perceber acima, o TEXTO 1 é introduzido pela seqüência
descritiva (a), a fim de indicar ao leitor virtual qual é a reportagem-base
(doravante RB) para a produção. Essa seqüência
possui uma função contextualizadora da opinião expressa
adiante, na seqüência argumentativa (b). Em (b) podemos delimitar
dois momentos: a apresentação dos dados e a conclusão.
Os dados
que subsidiam a conclusão estão presentes no subtítulo
da RB, ou seja, M. S. transforma uma informação da reportagem
em argumento.Há, nesse caso, uma colagem da RB, apresentando apenas
como diferença a inversão da ordem frasal, conforme verificamos
no trecho abaixo:

Em se tratando
da conclusão do TEXTO 1, nela M. S. verdadeiramente expressa sua
opinião, tendo em vista que apresenta um pensamento apoiado no
assunto veiculado na RB (a compra de votos em épocas eleitorais),
não colando trechos da reportagem. Dessa forma, M. S. oferece um
acréscimo, algo novo relativo ao assunto mencionado. Contudo, apesar
de adotar um posicionamento crítico, bem como de estruturar o texto
em conformidade com o gênero carta do leitor, M. S. não argumenta
de forma totalmente criativa, pois necessita antes transpor textualmente
um fragmento da RB para assim conseguir exercer a criatividade lingüística
A atitude de colagem/parafraseamento de informações do texto-base
que servem como ponto de partida para a conclusão de uma seqüência
argumentativa é considerada por Fiad (2000) como uma estratégia
de elaboração textual. Talvez o uso de tal estratégia
reflita as exigências requeridas ao produtor do gênero carta
do leitor, de possuir um texto no qual deve basear-se sua produção
e, por outro lado, apresentar uma construção textual autônoma.
O equilíbrio dessas exigências depende parcialmente de uma
experiência de escrita que infelizmente não é adquirida
na escola.
Analisemos um outro exemplo, a seguir:
TEXTO 2:
(a) Na reportagem “Uma velha prática” (Veja, 29 de
setembro de 2004), (b) observei que a troca de favores por votos continua
sendo uma prática usada por políticos, que em geral se aproveitam
da necessidade de muitos eleitores. (c) O clientelismo em campanhas eleitorais
é um absurdo, e quando os políticos praticam-no escapam
ilesos. dessa maneira, há uma contradição na função
da justiça eleitoral, pois a mesma deveria caçar as candidaturas
desses políticos, o que não vem ocorrendo. Se ocorresse,
a ética na política não seria uma utopia.

Em primeiro
lugar, é importante ressaltarmos uma semelhança e uma diferença
entre esse exemplo e o exemplo anterior. A semelhança é
que, também nesse caso, o autor/autora inicia com a seqüência
descritiva (a), sinalizando a reportagem na qual se baseia seu texto.
Mas, diferentemente do ocorrido no TEXTO 1, no TEXTO 2 temos a inserção
da seqüência expositiva (b), entre a seqüência descritiva
(a) e a seqüência argumentativa (c). Em (b) R.N.S. demonstra
deu entendimento da RB, à medida que resume a mesma. Percebemos,
nesse contexto, uma inadequação ao gênero solicitado
para a produção, uma vez que, como sabemos, a carta do leitor
caracteriza-se predominantemente pela explicitação concisa
de opiniões próprias.
A inadequação percebida conduz-nos a um questionamento:
qual é o significado da utilização da seqüência
expositiva (b) no TEXTO 2? Sem acreditar na possibilidade de uma resposta
única e imediata, podemos atribuir ao fenômeno o pensamento
– por parte de um escrito não-proficiente no gênero
aqui explicitado – que, havendo um texto-base para a produção,
o produtor deve expor sobre o que trata o texto, refletindo assim seu
entendimento referente à leitura realizada. Isso aponta para outra
hipótese: a ocorrência de alguma falha ou mal direcionamento
durante a orientação oferecida para a elaboração
da atividade escrita.
Atentemos agora para a seqüência argumentativa (c), em consonância
com o enfoque proposto neste trabalho. Nessa seqüência, R.N.S.
tece algumas considerações sobre o assunto mencionado na
RB, apoiando-se nos fatos apresentados em (b), quais sejam: a troca de
favores por votos; os políticos geralmente aproveitam a necessidade
financeira dos eleitores para comprarem seus votos. Nesse momento do TEXTO
2, R.N.S. classifica como absurdo o clientelismo eleitoral, denuncia a
impunidade dos políticos e a falta de ação da justiça
eleitoral frente à prática da compra de votos.
A seqüência argumentativa (c) apresenta aspectos comumente
encontrados nesse tipo de seqüência: afirmação,
dados, justificativa, conclusão, como podemos verificar no GRÁFICO
SEQÜENCIAL 2, mostrado anteriormente. Nesse gráfico, percebemos
que na seqüência (c) há uma afirmação
e uma conclusão 2, entre as quais estão encaixados: dado
1, conclusão 1, justificativa, dado 2. Esses encaixes correspondem
aos trechos colados ou parafraseados da RB. Abaixo, detalhamos o gráfico
da seqüência argumentativa (c):

O dado 1
é construído a partir de uma seqüência narrativa
da RB, a qual exemplifica um caso de impunidade de um político
que comprou votos. Vejamo-la:
No início
de julho, uma operação de fiscalização do
Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro apreendeu 38 cestas básicas
em Marechal Hermes, no subúrbio da cidade. Junto com as cestas,
foram recolhidos material de propaganda do vereador professor Uoston (PMDB)
(...) Como na data da apreensão o vereador ainda não havia
registrado sua candidatura, escapou ileso. [grifo nosso]
Observando
o fragmento acima, percebemos que o dado 1 do texto analisado configura-se
como uma paráfrase da seqüência narrativa da RB. Na
RB, tal seqüência explicita uma informação, citando
o caso de apenas um político que escapou ileso. Essa informação,
ao ser transposta para o TEXTO 2 passa a figurar como uma idéia
de R.N.S.. Dessa forma, como no TEXTO 1, constatamos novamente aqui a
estratégia de transformação de informação
do texto-base em argumento próprio. Lembremos, contudo, que nesse
caso, acrescentando-se ao uso da estratégia, R.N.S. dá a
entender, em seu texto, que os políticos de uma maneira geral escapam
impunes dos crimes eleitorais cometidos, e não um político
em particular, como ocorre na RB. À primeira vista, isso pode até
parecer um problema de leitura da RB e conseqüente desvirtuamento
de sentido. Porém, uma análise detida revela-nos que, em
sua leitura, R.N.S. parece ter incorrido pelas estrelinhas do trecho acima
exposto e percebido assim que, na RB, o exemplo do vereador peemedista
remete a uma realidade geral, e não local. Mas, afinal, qual é
a relevância dessas considerações acerca da leitura
da RB? Ora, a colagem/parafraseamento aponta muitas vezes para um problema
prévio de leitura do texto-base, porém, no TEXTO 2, a paráfrase
realizada parece referir-se mais a uma concepção de escrita
como reprodução, do que a um problema de leitura equivocada.
A conclusão 1, baseada no dado 1, é elaborada a partir de
uma seqüência argumentativa da RB, qual seja:
A legislação
sobre essa prática é falha.
Assim sendo,
R.N.S. conclui de que há uma contradição na função
da justiça eleitoral a parti da inferência do significado
de uma opinião expressa na RB. Em outras palavras, há aí,
na verdade, a interpretação de um pensamento, configurada
na forma de repetição de uma idéia já expressa
na RB. Isso demonstra o distanciamento entre a proposta de produção
e o texto produzido. De maneira imediata, esse distanciamento revela a
concepção de escrita como repetição e/ou como
modelo a ser seguido. Contudo, é preciso aprofundarmo-nos no problema
e recordamos assim a orientação realizada e de como foi
explicada a proposta para produção. Portanto, sem querer
cometer o erro do extremismo, é possível atribuirmos parcialmente
a ocorrência da repetição da RB à condução
do processo de produção textual, considerando tal condução
não determinante, mas exercedora de uma significativa influência
no texto do aprendiz.
O fragmento que justifica a conclusão 1 (A mesma deveria caçar
a candidatura desses políticos) não é diretamente
colado da RB. Todavia, em relação à RB, essa justificativa
demonstra a colagem de uma idéia implícita no texto original:
a justiça eleitoral não cumpre sua obrigação
de caçar a candidatura dos políticos corruptos. Isto é,
embora em certa medida R.N.S. realize uma construção textual,
nada de novo é acrescentado à RB e ao assunto nela veiculado,
pois R.N.S. repete uma idéia que funciona na RB e ao assunto nela
veiculado, pois R.N.S. repete uma idéia que funciona na RB como
uma conclusão retirada a partir de leitura do seguinte trecho (já
explicitado anteriormente):
A legislação
sobre essa prática é falha. No início de julho, uma
operação de fiscalização do Tribunal Regional
Eleitoral do Rio de Janeiro apreendeu 38 cestas básicas em Marechal
Hermes, no subúrbio da cidade. Junto com as cestas, foram recolhidos
material de propaganda do vereador professor Uoston (PMDB), candidato
à reeleição, e folhetos da ONG XXI, ligada ao ex-governador
e secretário de Segurança Anthony Garotinho, principal liderança
do partido no Estado. Como na data da apreensão o vereador ainda
não havia registrado sua candidatura, escapou ileso.
Essa é uma prática que parece freqüente no âmbito
escolar, quando o ensino não está voltado para a formação
de um sujeito atuante sobre a escrita, inserido em um determinado contexto
sócio-discursivo.
Em se tratando do dado 2 da seqüência argumentativa (c), vale
lembrar que, a nível referencial, esse dado encontra-se subencaixado
à justificativa. O dado 2 constitui-se como uma retomada semântica
do dado 1, e é elaborado a partir da mesma seqüência
da RB que esse é construído. Nesse contexto, percebemos
novamente o problema da repetição. Contudo, não se
trata de uma repetição no nível intertextual (ou
seja, da RB), mas no nível textual, o que é impertinente
ao gênero produzido, visto ser a objetividade típica desse
gênero.
Nos segmentos acima analisados é notória a concentração
de R.N.S. em uma parte da RB ( citada anteriormente). Subjacente a isso
talvez se encontre a visualização do texto como somatório
de frases que se sobrepõem, e não como um todo unificado;
assim como a realização de uma leitura fragmentada da RB.
Quanto à afirmação e à conclusão 2,
ambas compreendem opiniões próprias de R.N.S. e, quanto
à conclusão 2 o termo ética remete ao tema proposto
para produção – ética na política –
na tentativa de atendê-lo.
A heterogeneidade opiniões + repetições da RB, presente
na seqüência argumentativa (c), demonstra que o produtor/produtora
R.N.S., se por um lado posiciona-se criticamente, por outro lado não
consegue faze-lo sem limitar-se, em alguns momentos, ao que é dito
na RB.
Observemos um último exemplo, abaixo:
TEXTO 3:
(a) Chegamos ao terceiro milênio e a prática do coronelismo,
assim como na República Velha, está cada vez mais freqüente
em nosso país. (b) Um exemplo disso pode ser observado na reportagem
“Uma velha prática” (veja, 29 de setembro de 2004)
em que o jornalista Marcelo Carneiro ao mencionar a política clientelista
mostra que esse comportamento vem se consolidando cada vez mais. (c) Em
busca de prestígio eleitoral os políticos, sem se importar
com a legislação, compram os votos de seus eleitores “ignorantes”,
mostrando com isso que são pessoas incapazes de fazerem parte de
qualquer liderança política.
Diante desse
gráfico percebemos que a seqüência descritiva (b) está
encaixada entre as seqüências (a) e (c ). Em (b) ocorre um
fenômeno semelhante ao ocorrido na seqüência expositiva
(b) do TEXTO 2: o resumo daquilo que é tratado na RB. Observemos
a seguir a relação entre essa parte da seqüência
e a RB:
|
QUADRO
COMPARATIVO TEXTO 3 X RB |
|
SEQÜÊNCIA DESCRITIVA (C) |
REPORTAGEM-BASE |
“mostra que esse comportamento vem se consolidando
cada vez mais.” |
“Hoje a prática se mantém nesses rincões e está com
força cada vez maior nos pólos desenvolvidos.” |
|
|
|
|
O quadro
acima mostra que, na seqüência (b), vem se consolidando cada
vez mais substitui a expressão está com força cada
vez maior, da RB. Trata-se de uma estratégia comumente utilizada
em atividades resumptivas.
Conforme o GRÁFICO SEQÜENCIAL 3, a seqüência argumentativa
(a) é constituída por um dado: a prática do coronelismo
está cada vez mais freqüente em nosso país. Esse dado
é confirmado na seqüência descritiva (b), através
de esse comportamento [o da política clientelista] vem se consolidando
cada vez mais, citado anteriormente no QUADRO COMPARATIVO TEXTO 3 X RB.
Assim como ocorre em (b), na seqüência (c) também o
fragmento é colado da RB. Ademais, a comparação com
a prática existente na República Velha é resultante
de uma inferência ocorrida a partir da leitura de uma seqüência
expositiva da RB:
A política
clientelista (...) parecia restrita a regiões miseráveis
do Nordeste, onde sempre havia um “coronel” comandando com
mão-de-ferro seu eleitorado.
Constatamos
assim o mesmo problema verificado na análise do TEXTO 2 : a repetição
informativa e semântica. Porém, isso apresenta-se no TEXTO
3 de forma estruturalmente distinta (no início do texto), uma vez
que a informação contida em (a) possui um efeito contextualizador
da informação presente na seqüência (c). Tal
efeito faz-nos lembrar o modelo de redação escolar, o qual
muitas vezes relaciona-se com uma orientação, por parte
do educador, em que o aluno deve produzir seu texto começando por
uma “introdução”, contextualizando aquilo que
será defendido adiante.
Na seqüência argumentativa (c) temos a delimitação
de dois momentos: a apresentação dos dados e a conclusão,
como podemos visualizar abaixo:
MOMENTOS
DO TEXTO 3
DADOS CONCLUSÃO
1)“os políticos compram votos de seus eleitores ignorantes.”
2) “sem se importar com a legislasção.” “mostrando
com isso que são pessoas incapazes de fazerem parte de qualquer
liderança política.”
O dado 1
apresentado, assim como ocorre na seqüência argumentativa (a),
retoma informações da RB, a partir de uma seqüência
expositiva nela apresentada. Nesse sentido, há a retomada do seguinte
trecho do texto original:
A política
clientelista (...) parecia restrita às regiões miseráveis
do Nordeste (...) Hoje, a prática se mantém nesses rincões.
Dessa forma,
a constatação presente no dado 1 advém de uma leitura
da seqüência expositiva acima, a qual resulta em um resumo
do sentido expresso por essa seqüência, provavelmente tendo
em vista o caráter de brevidade do gênero carta do leitor.
Também o dado 2 baseia-se em uma seqüência expositiva
da RB, a seguir:
A legislação
sobre essa prática é falha.
Observemos
que A.S.S. desloca o foco do problema abordado na RB de a legislação
para os políticos. Ou seja, o autor/autora do TEXTO 3 não
fala da ineficiência da legislação eleitoral, como
o faz a RB, mas dos políticos que não se importam com tal
legislação, transformando assim uma informação
da reportagem em argumento próprio, a partir de uma distorção
semântica. Logo, além da colagem, revela-se um problema de
compreensão do texto original.
A conclusão da seqüência (c), por sua vez, constitui-se
como uma idéia realmente própria de A.S.S, embora para se
chegar à tal haja antes a apresentação de um número
excessivo de dados e a repetição daquilo já presente
na RB. Isso nos conduz ao questionamento acerca da causa desse fenômeno,
que certamente pode encontrar respostas em várias direções,
conforme a particularidade de cada situação.
Por enquanto, a direção que mais nos parece pertinente diz
respeito à crença de que, ao opinar, o produtor possui conscientemente
a necessidade de alicerçar sua opinião em pressupostos que
configuram o argumento. Nesse sentido, não nos parece tão
estranho que, no caso da carta do leitor, o produtor que certamente não
possuiu/possui uma experiência de escrita norteada pelas particularidades
dos gêneros textuais, tenda a basear sua tese em fragmentos colados/parafraseados
do texto motivador de sua produção. Até mesmo porque
o texto-base apresenta-se, no momento da elaboração da escrita,
como único instrumento do qual o produtor consegue apropriar-se.
6. Por fim, algumas reflexões
Diante do exposto neste trabalho, não poderíamos deixar
de tecer algumas reflexões acerca da situação de
ensino por nós conduzida. Talvez alguns equívocos tenham
ocorrido durante as orientações realizadas no processo de
ensino de produção do gênero carta do leitor.
Em primeiro lugar, ao mencionarmos que os alunos deveriam produzir uma
carta do leitor sobre o tema “ética na política”
provavelmente limitamos sua criatividade, pois eles passaram a preocupar-se
precipuamente não em expressar sua opinião, mas em falar
do tema proposto.
Quanto à RB reconhecemos que deveríamos ter detalhado mais
sua estrutura e linguagem, mas infelizmente restringimo-nos a discutir
o conteúdo nela veiculado. Enfim, o trabalho com a leitura do texto-base
poderia ter sido mais eficiente. Semelhantemente ocorreram com as cartas
do leitor apresentadas, uma vez que não detalhamos sua organização
microestrutural, detendo-nos apenas na macroestrutura.
Ademais, é importante considerarmos que a proposta de produção
textual limitou-se à oralidade. Isto é, não houve
uma proposta por escrito, o que guiaria melhor os indivíduos durante
a elaboração textual.
Apesar de basearmo-nos por teorias recentes e apregoadas no âmbito
acadêmico, faltaram-nos reflexões mais profundas, durante
o planejamento das atividades, acerca dos possíveis resultados
demonstrados nas produções textuais. Faltou-nos também
mais experiência com o ensino, a qual certamente seria um valioso
instrumento para o nosso desempenho.
Mesmo assim, há de considerarmos que, em se tratando do ensino
de produção textual, os resultados advindos de um trabalho
com os gêneros textuais nem sempre podem, num primeiro momento,
serem esperados com muita expectativa. O progresso do aluno enquanto sujeito-produtor
não ocorre instantanemente, a partir de apenas uma situação
de produção. Até porque o aluno possui uma herança
de redação escolar baseada em modelos.
Dessa forma, conforme já afirmamos, não trata-se de ensinar
a partir de dicas, mas de considerar a necessidade de um processo , no
qual tente-se desconstruir os problemas e dificuldades textuais construídas
ao longo de um período escolar em que não se priorizou a
criatividade do aluno, mas sim escrita imitativa.
Referências
bibliográficas
BAKHTIN,
Mikhail Mikhailovitch.Os gêneros do discurso. In: Estética
da criação verbal. 2ed São Paulo : Martins Fontes,2000.
BEZERRA, Maria Auxiliadora. Por que cartas do leitor na sala de aula?
In: DIONÍSIO, A.P. et al (org.) Gêneros textuais e Ensino.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
BONINI, Adair. O gênero textual como fenômeno observável:
enfoque extramental. In: Gêneros textuaise cognição:
um estudo sobre a organização cognitiva da identidade dos
textos. Florianópolis: Insular, 2002.
BRONCKART, Jean Paul. Seqüências e outras formas de planificação.
In: Atividades de linguagem: textos e discursos. São Paulo: EDUC,
1999.
COSTA, Clarissa Alves. Estudo do gênero textual como redação:
equívocos de uma experiência com a carta do leitor. In: PINHEIRO,
H.(org) Território da Linguagem.Campina Grande,PB: Bagagem,2004.
FIAD, Raquel Salek. A argumentação em cartas producidas
por alunos do encino médio: relação entre gênero
do discurso e estilo. Trabalhos em Lingüística Aplicada. Nº
36, jul/dez 2000.
KATO, Mary A.O que fazemos quando escrevemos? In: No mundo da escrita:uma
perspectiva psicolingüística. 2 ed. São Paulo: Ática,
1987.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais: definição
e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P. et alli. (orgs). Gêneros
Textuais e Ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
________________________. Gêneros textuais: o que são e como
se classificam? Recife: UFPE, 2000 (inédito).
MEURER, José Luiz. Esboço de um modelo de produção
de textos. In: MEURER, J. L. e MOTTA ROTH, D. Parâmetros de textualização.
Santa Maria: Editora UFSM, 1997.
SECRETARIA DO ENSINO FUNDAMENTAL (1998). Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental: 3º e
4º ciclos. Brasília: MEC.
SILVA, Maria Célia Ribeiro da. Carta do leitor: da descrição
do gênero ao ensino da prática de escrita na escola. Campina
Grande: UFPB,2002. Dissertação de mestrado .
SILVA, Ana Virgínia Lima da. Carta do leitor: uma experiência
com o ensino do gênero. In: IV SEMINÁRIO SOBRE O ENSINO DE
LÍNGUA MATERNA E ESTRANGEIRA E DE LITERATURA. Campina Grande: Bagagem,
2005 (publicado em CD room).
|
|