PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS EM AULAS INVESTIGATIVAS
Keli
Cristina Conti - Grupo de Pesquisa PRAPEM/CEMPEM - Faculdade de Educação
/ UNICAMP
Décio Lauro Soares - Grupo de Pesquisa PRAPEM/CEMPEM - Faculdade
de Educação / UNICAMP
A partir
da leitura do Livro “Investigações Matemáticas
em Sala de aula” de Ponte, Brocardo e Oliveira (2003), elaboramos
e aplicamos tarefas investigativas relativas à análise de
“padrões e regularidades envolvendo números e operações
elementares”. A experiência foi realizada junto a classes
de 5.ª e 6.ª séries do Ensino Fundamental das redes pública
e privada de Campinas. Nesta comunicação, descrevemos e
analisamos a dinâmica e as interações da atividade
investigativa em sala de aula e, sobretudo, as dificuldades e resultados
encontrados em uma situação de primeira experiência
tanto por parte dos alunos, quanto dos professores com esse tipo de prática
pedagógica exploratório-investigativa.
Aula investigativa?
Investigações
matemáticas?
O tema chegou
ao nosso conhecimento através das reflexões do livro “Investigações
Matemáticas na Sala de Aula”, nos encontros do Grupo de Sábado
do qual fazemos parte, ambos buscando refletir sobre a própria
prática: Uma enquanto professora a seis anos da rede pública
municipal e estadual, com experiência no Ensino Infantil, Fundamental
e Médio; o outro enquanto aluno do curso de matemática da
Unicamp, desde 2001, nas modalidades de bacharelado e licenciatura.
Paralelo a nossa participação nas reflexões do GdS,
desenvolvemos também um projeto que visa estudar uma proposta de
diferenciada de grupos colaborativos denominada estágio colaborativo
, sendo esse, parte de um outro projeto de âmbito internacional,
coordenado conjuntamente pelas Universidades de Lisboa e de Campinas (UNICAMP)
e que recebe o titulo de “Projeto Luso-Brasileiro de Investigação
Matemática no Currículo e na Formação de Professores”.
Inicialmente
pensávamos em adaptar essa proposta de aulas investigativas enquanto
prática pedagógica ao nosso contexto de estágio colaborativo.
Contudo, o tema aulas investigativas nos pareceu algo muito complexo e
gerou um certo receio, por um lado, na visão da professora, pois
parecia algo um tanto abstrato para aplicação junto aos
alunos mais novos; por outro, na visão do formando em matemática,
pois aquele tipo de atividade era algo completamente novo em todos os
seus anos de estudo e aparentava ser uma proposta de difícil implementação
junto à escola pública em que trabalhavam.
Na medida em que as reflexões no grupo foram avançando,
o receio foi diminuindo, até que se discutiu uma tarefa do livro
supracitado, que convidava os alunos a “analisarem padrões
e regularidades envolvendo números e operações elementares”:
“Outro
olhar sobre a tabuada:
1. Construa a tabuada do 3. O que encontra de curioso nesta tabuada?
Prolongue-a calculando 11 x 3, 12 x 3, 13 x 3 ... e formule algumas conjecturas.
2. Investigue agora o que acontece na tabuada do 9 e do 11.”
(J. P. PONTE ET. AL. pág 64)
Diante da
simplicidade desta tarefa, sentimos que ela seria um ponto de partida
ideal para ingressarmos nesse instigante “mundo das investigações”.
Nossa proposta inicial de trabalho com atividades investigativas se centrava
num programa que seria realizado da seguinte forma:
? Elaboração
(ou adaptação) conjunta das tarefas exploratório-investigativas,
visando aproximá-las ao contexto em que seriam aplicadas;
? Apresentação
da proposta aos responsáveis pela coordenadoria pedagógica
das escolas em que o trabalho seria desenvolvido;
? Implementação
e desenvolvimento das tarefas em sala de aula;
? Reflexão,
análise conjunta dos resultados e re-elaboração caso
necessário;
? Reflexão
e análise conjunta de todo o processo de utilização
das atividades exploratório-investigativas enquanto prática
pedagógica.
Dentro dessa
perspectiva, como essas experiências investigativas eram uma proposta
nova para ambos, seguimos algumas orientações encontradas
em PONTE ET. AL. (2003):
? Motivar
os alunos;
? Apresentar e ler conjuntamente a tarefa;
? Interagir
junto aos grupos de trabalho;
? Incentivar a exposição oral dos resultados das investigações
para os colegas.
? Organizar a apresentação dos alunos;
Juntamente
a esse roteiro, acrescentamos também um tópico que consideramos
importante: Sistematizar na lousa as conclusões expostas oralmente,
para que os alunos pudessem registrar os vários aspectos trabalhados
evitando assim que os alunos se apropriassem somente de suas próprias
investigações.
Passada a fase de planejamento, apresentaremos agora o relato de três
momentos distintos que ocorreram durante o desenvolvimento de nossa primeira
experiência investigativa.
1.º
MOMENTO:
Atividade
realizada junto a alunos da 5.ª série do Ensino Fundamental
de uma escola Particular :
Em função
de aspectos burocráticos, nossa proposta inicial teve de sofrer
alterações, pois o contexto de estágio colaborativo
não foi contemplado no âmbito da rede particular de ensino,
de modo que ainda que a atividade tenha perpassado por todo o processo
acima descrito, quando de sua aplicação com a primeira turma
no colégio particular, não foi possível a presença
conjunta dos autores durante a realização da atividade.
Mediante solicitação à direção da própria
escola, foi possível obter cópias individuais do enunciado,
as quais foram distribuídas e organizadas de modo que os alunos
pudessem trabalhar em 3 duplas distintas e após essa organização
inicial, foi lançada a motivação de que os alunos
seriam “alunos investigadores”.
Praticamente no primeiro minuto, já surgiu a pergunta: “O
que é para fazer?” , já que os alunos estavam habituados
a trabalhar apenas com situações-problema fechadas e com
resposta única.
Passado o impacto inicial, a atividade foi novamente lida e após
a construção, por parte dos alunos, da tabuada no papel,
as descobertas começaram de uma forma tão intensa, que a
cada nova descoberta uma onda de vibração se espalhava pela
sala, levando os grupos a quererem investigar cada vez mais.
Selecionamos abaixo alguns trechos, produzidos pelos alunos durante a
investigação, e complementamos com exemplos que muitas vezes
foram oralmente expostos por eles:
Consistência
da tabuada com respeito à soma:
? “...
somando o resultado de uma com o de baixo vai dar o resultado que já
tem na tabuada”

Existência
de padrões relacionados às unidades da tabuada do 3:
? “A
partir do número 0 os resultados passam a ter no final deles 3,
6, 9, 2, 5, 8,1, 4, 7”

Alternância
da tabuada entre pares e impares:
? “...
que os números dos resultados desde 3 x 0 vão em ordem :
par ( 3 x 0 ), ímpar ( 3 x 1 ), par ( 3 x 2 ) ...”
Critérios
de divisibilidade / Propriedades relativas à multiplicação
por 0:
? “...
os números que devem ser multiplicados que tem 0 no fim, o resultado
também termina em 0”.
Estas foram
algumas Linhas de Desenvolvimento Investigativo (LDI), tomadas pelos alunos
durante a realização da atividade.
Após as apresentações das duplas, compartilhando
as conclusões com a classe, a atividade foi encerrada. Em função
do tempo utilizado pelos alunos para o desenvolvimento da mesma, não
foi possível realizar uma sistematização do conteúdo
investigado na lousa.
Também devido ao tempo, não foi possível trabalhar
com os dois tópicos da tarefa, ficando a mesma relegada apenas
ao proposto no item 1, deixando assim a investigação das
tabuadas do nove e do onze (Item 2 da tarefa) para uma próxima
oportunidade.
O marcante foi que os alunos entenderam a proposta, gostaram e realmente
aproveitaram aquele momento, mostrando o olhar investigativo sobre a atividade.
Sob nossa perspectiva, a tarefa gerou também duas situações
distintas: a primeira de imensa satisfação ao analisarmos
os resultados das diferentes LDI escolhidas pelos alunos para o desenvolvimento
da atividade; a segunda de grande ansiedade para aplicação
em outros contextos.
2.º
MOMENTO:
Atividade
realizada com alunos da 6.ª série B da E.E. “Prof. Adalberto
Prado e Silva”
Extremamente
entusiasmados com os resultados obtidos com a primeira turma, partimos
para a implementação da tarefa em uma escola pública,
onde pudemos trabalhar conjuntamente em todas as etapas do processo de
desenvolvimento da mesma, em função do contexto de estágio
colaborativo que vínhamos desenvolvendo junto à escola.
Por questões logísticas, não dispúnhamos de
material individual a todos os alunos (35 no total), de modo que pedimos
que eles se dividissem em trios por afinidade (12 no total) e que copiassem
o enunciado em folhas de papel sulfite que havíamos providenciado.
Outro ponto que merece destaque foi que para essa segunda aplicação,
reformulamos o enunciado da tarefa de modo a torná-lo didaticamente
mais claro para o nosso contexto e de execução possível
no tempo disponível para tal fim. Desse modo, o novo enunciado
ficou assim:
“Investigações
numéricas:
1. Construa a tabuada do 3. O que você encontra de curioso nesta
tabuada?
Prolongue-a calculando 11x3, 12x3, 13x3... e formule algumas conclusões.”
Feito isso,
lançamos a motivação e deixamos que realizassem a
atividade.
Novamente surgiu a pergunta inicial “O que é para fazer?”,
pois esses alunos também estavam habituados a situações-problema
fechadas com uma única resposta.
Entre anotar; compreender; investigar; esperar por nossa intervenção,
muitos trios perderam o foco da atividade, se dispersando em conversas
paralelas e as LDI, bem como as descobertas oriundas dessas linhas, embora
aparecessem, não foram como havíamos previsto. Os alunos
acabaram compreendendo a proposta mais como um exercício com respostas
prontas e freqüentemente nos perguntavam:
- “Como
fazer?”.
- “Quantas
descobertas preciso fazer?”.
- “Essa
quantidade já está bom?”.
Após
uma hora e quinze minutos de trabalho, fez-se necessário o encerramento
da atividade, tal era o grau de dispersão que a sala havia chegado.
Durante a dinâmica de apresentação das conclusões
dos trios à classe, apesar do receio de alguns de se apresentarem
perante seus colegas e da insegurança frente a essa nova situação,
tivemos talvez aqui algo que se constituiu no melhor momento de toda a
atividade, pois sob nossa ótica, esse foi o verdadeiro momento
do entendimento, quando os alunos compreenderam com mais clareza a nossa
proposta, fizeram intervenções e até novas descobertas.
Acreditamos que foi nesse momento que os alunos, talvez motivados pelo
entusiasmo de alguns colegas em relatar suas descobertas, sentiram-se
mais livres para realizar intervenções e compartilhar conclusões.
Novamente selecionamos alguns trechos produzidos pelos alunos, que mostram
as LDI que alguns grupos tomaram para a realização da atividade:
Critérios
de divisibilidade por 3:
? “somando
o resultado sempre teremos um múltiplo de 3 por ex.:”
Operações entre os valores :
? “...o
resultado da primeira conta menos o resultado da segunda, mais o resultado
da terceira vai dar o resultado do próximo”
Existência
de padrões relacionados às unidades na tabuada do 3 :
? “...descobrimos
que os números 0, 3, 6, 9, 2, 5, 8, 1, 4, 7, se repetem”.
Noções sobre o infinito (infinitude dos números):
? “a tabuada é infinita”.
Em nossas
reflexões após a aula (alias prática que se tornou
comum em nosso contexto de estágio colaborativo) sobre a realização
da atividade junto à classe em questão, pudemos chegar a
algumas conclusões como:
? A turma ainda não possuía muita experiência com
a dinâmica do trabalho em grupo, pois vimos nitidamente que a concepção
de trabalho em grupo que possuíam era de sentar fisicamente juntos,
muitas vezes linearmente (fato que dificulta a efetiva participação
de todos segundo nossa concepção), e dividir as tarefas
de modo a estabelecer “uma descoberta para cada um”;
? O grande
número de grupos (12) dificultou nossas intervenções
e interações junto a eles;
? A forma
como a tarefa foi apresentada, por nós, sem muitas explicações
ou encaminhamentos, pode ter sido mais um fator complicador, já
que a turma nunca havia tido nenhuma experiência investigativa e
nem mesmo experiências diversificadas, estando habituados a dinâmicas
do tipo giz e lousa.
Após
essas reflexões resolvemos continuar com o planejamento, realizando
a investigação com a outra 6ª série, mas não
sem antes trabalhar com novas adaptações à atividade.
3.º
MOMENTO
Atividade
realizada com alunos da 6.ª série A da E.E. “Prof. Adalberto
Prado e Silva”
Desta vez,
providenciamos para que (ao menos cada grupo) recebesse uma cópia
da atividade já impressa, buscando evitar assim algumas discussões
não muito relevantes à investigação, tais
como: com qual cor de caneta o enunciado deveria ser escrito; qual tipo
de folha de fichário deveria ser usada (a do Batman ou a de florzinha)
, entre outras; discussões essas que haviam tomado um tempo precioso
durante a realização da atividade junto à outra 6ª
série.
Outra medida tomada foi a de dividi-los em duas turmas, que foram separadas
em salas distintas, cada qual sob a supervisão de um de nós.
Nos preocupamos ainda em formar arbitrariamente os trios (6 trios para
cada turma), já que com a classe anterior, eles haviam se organizado
conforme suas preferências pessoais. Buscávamos com isso
verificar qual seria o melhor formato de divisão dos grupos para
as futuras atividades.
Por fim, após longa discussão sobre até que ponto
nossa participação deveria fornecer aos alunos LDI, concordamos
que seria interessante, ao menos para essa primeira atividade, construir
propositadamente a tabuada na lousa, organizando-a em duas colunas conforme
o exemplo abaixo, para que eles visualizassem a tabuada de uma maneira
que considerávamos mais propícia à formulação
dessas linhas.
Exemplo da
organização proposta

Apesar do
alvoroço inicial promovido “pela divisão” arbitrária
da classe e da já freqüente pergunta “O que é
para fazer?”, acreditamos que organizamos melhor a proposta e ela
foi bem compreendida pelos alunos.
Isso serviu para levantar a hipótese de que ao menos algumas das
intervenções e adaptações que fizemos ao longo
de todo o processo podem ter causado diferenças no comportamento
investigativo dos alunos.
Outra hipótese levantada é a de que na medida em que nos
“incorporávamos” às atividades investigativas,
nosso receio em trabalhá-las diminuía e com isso nossa auto-afirmação
frente a elas transparecia, contagiando também os alunos com essa
auto-afirmação.
No trabalho desenvolvido com essa classe, houve pouquíssima dispersão
e o foco investigativo imperou.
Os grupos conseguiram levantar mais conjecturas e chegar a um número
maior de LDI, que em determinados momentos se mesclavam, gerando uma nova
linha investigativa, o que acarretou em conclusões que pareciam
ter uma maior “consistência” matemática.
Seguem-se agora alguns exemplos da produção dos alunos da
classe:
Propriedade
comutativa:
? “Eu
posso multiplicar 11x3 ou 3x11 que não vai alterar o resultado,
a mesma coisa eu posso fazer com 12x3 e 13x3”
? “Se inverter a conta dá o mesmo resultado”
Noções
de potenciação:
? “quando
eu multiplicar o resultado pelo 3 nós vamos achar os resultados
que estão na tabuada”
Relações
de recorrência:
? “...que
o resultado da coluna 1 aumenta mais 30 dos resultados da coluna 2”
Propriedades
de operações entre os elementos de conjuntos numéricos:
? “Quando
o três é multiplicado por um numero par o resultado é
par, e quando o três ou qualquer outro numero for multiplicado por
um numero impar o resultado é impar”
Reunimos
as duas turmas, para a dinâmica de apresentação dos
resultados. Ainda que os alunos demonstrassem uma certa insegurança
frente à situação nova, a dinâmica fluiu bem,
chegando até a gerar um certo clima de competição
para ver qual seria a turma que mais descobertas havia feito.
Passados alguns minutos nessa dinâmica, se tornou constante a movimentação
dos alunos à frente, sem qualquer receio, para expor suas descobertas
ou mesmo discutir algumas opiniões a respeito do tema.
Aparentemente, o simples fato de colocar os alunos na posição
de oradores elevou os ânimos e alguns, considerando-se na posição
de pseudo-professores perante os colegas, empolgaram-se de tal forma que
chegaram até a complementar sua exposição oral com
uma própria sistematização na lousa.
CONCLUSÕES
Essas experiências
serviram para mostrar tanto o caráter didático-pedagógico
das atividades investigativas, como também sua adaptação
aos mais diferenciados contextos, como é o caso do estágio-colaborativo.
Serviu também para mostrar que qualquer alternativa pedagógica
é passível de aplicação, a partir do ponto
em que os envolvidos se comprometem e se identificam com a proposta.
Temos ainda que essas atividades são um importante fator desencadeante
a algumas características que hoje estão um pouco adormecidas
nos jovens que freqüentam nossas escolas, como por exemplo, as competências
de conjeturar, argumentar e deduzir matemáticamente.
Contudo, não devemos acreditar que as atividades investigativas,
tão somente, serão capazes de alcançar todos os alunos
e resolver todos os problemas. É preciso sim que haja um compromisso
pedagógico por parte dos educadores e dentro desse compromisso,
as atividades investigativas podem vir a ser uma ferramenta de apoio ao
ensino.
Após essas PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS EM ATIVIDADES INVESTIGATIVAS,
na escola particular e na escola pública, fica claro que situações
novas sempre geram ansiedade por parte de todos; alunos, professores,
estagiários; mas é preciso experimentar essas situações
e achar o ponto ideal naquele momento para aquela turma. Esses três
momentos vividos serviram para mostrar a importância das investigações
e inovações no trabalho, que não há receitas
prontas e acabadas a seguir e que muitas vezes é necessário
construir outros elementos até que se consiga chegar ao objetivo
matemático da situação. O importante é que
continuaremos a levantar a bandeira das atividades investigativas como
prática de ensino com mais afinco do que nunca para fortalecer
o espírito investigativo contribuindo para a formação
de alunos “pensadores”.
AS CONSEQÜENCIAS
Advertimos
entretanto que uma vez despertada a “paixão” pela investigação
nos alunos, o educador deve estar preparado para lidar com as mais inusitadas
situações, tais como alunos extremamente motivados e questionamentos
profundos acerca do conteúdo ensinado, como podemos notar no relato
de um episódio ocorrido em uma das salas onde o compromisso pedagógico,
aliado a uma pitada de atividades investigativas despertou essa paixão.
Algum tempo depois, enquanto trabalhávamos com números quadrados
perfeitos, construindo uma tabela, eis que surge uma aluna com a seguinte
conjectura:
“... olhem, quando o número termina em 5 o seu quadrado também,
e quando termina em 6 o seu quadrado também”.
A partir dessa conjectura levantada pela aluna, surgiu, naturalmente,
uma insaciável necessidade por parte dos alunos de verificar se
essa conjectura era algo que valia para todos os quadrados perfeitos.
Então a classe se envolveu no processo de prolongar a tabela que
construíamos e verificar as regularidades que ocorriam com os números,
esse fato esse que mostra que o olhar investigativo foi desenvolvido nesses
alunos e eles já mostram uma outra postura frente ao que lhes é
apresentado.
Portanto alertamos, caso você não esteja interessado em trabalhar
com alunos motivados, participativos e com uma verdadeira “fome
de saber” NÃO ingresse no fascinante mundo das atividades
exploratório-investigativas.
REFERÊNCIAS:
BORBA, Marcelo
C. & ARAUJO, Jussara L.(ORG.) Pesquisa qualitativa em Educação
Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
CASTRO, Juliana Facanali. Um estudo sobre a própria prática
em um contexto de aulas investigativas de Matemática. Campinas.
Dissertação (Mestrado em Educação: Educação
Matemática) – FE – UNICAMP, 2004
PONTE, João P. & BROCARDO, Joana & OLIVEIRA, Hélia.
Investigações matemáticas na sala de aula. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003.
SOARES, Décio L. & CONTI, Keli C. Estágio colaborativo:
Uma experiência possível? Comunicação apresentada
no XVIII ERPM – Encontro Regional de Professores de Matemática.
Campinas. UNICAMP 2005.
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