Claudia Bernardi Vital – Centro Universitário
Nilton Lins – UNINILTON LINS
Karla Geovanna Moraes Crispim – UNINILTON LINS
A aprendizagem é um processo que se dá no
decorrer de toda a vida do ser humano, permitindo-lhe adquirir algo novo
em qualquer idade, porém, o ser humano só estará
apto para aprender novos conteúdos a partir da aquisição
de noções básicas, que servirão como pontos
de ancoragem sempre que algum conteúdo novo for aprendido (BOCK
et al., 1999).
A aquisição da escrita não é diferente. A
criança traz consigo experiências relacionadas a essa forma
de linguagem; ela não entra nesse processo sem conhecimento anterior.
Neste sentido, Marchesan & Zorzi (1999/2000) afirmam que ‘’a
aprendizagem da escrita pode ter início na vida da criança
muito antes de que qualquer tentativa formal de ensino seja proposta’’.
Nos estudos sobre a aquisição da linguagem escrita existem
diferentes modelos teóricos que descrevem esse processo. Lacerda
(1995) por exemplo, considera que a habilidade de falar bem é um
fator importante para o bom desenvolvimento da criança durante
o aprendizado da linguagem escrita; autores como Marchesan & Zorzi
(1999/2000) observaram que no início do aprendizado da escrita
as crianças não têm idéia das relações
entre os sons e
Dessa forma, o conhecimento do desenvolvimento normal da escrita é
essencial para o profissional que se propõe a trabalhar com a questão
da intervenção nos casos de transtornos ou dificuldades
no aprendizado da linguagem escrita.
É importante que não apenas os profissionais sejam esclarecidos,
mas também os que convivem com quem apresenta este transtorno ou
dificuldade.
Na prática fonoaudiológica é grande a demanda de
pacientes com transtorno ou dificuldade de aprendizagem; nessas horas,
surge sempre a dúvida: Trata-se de um problema fonoaudiológico
ou pedagógico? Para essa questão ser respondida é
necessário que esse profissional tenha conhecimento dos aspectos
envolvidos na aquisição da linguagem escrita.
Dauden & Junqueira (1997) referem que é nesse momento que o
fonoaudiólogo depara-se com outro problema, pois existe uma ‘’ausência
significativa’’ de trabalhos que tratem especificamente da
linguagem escrita.
Para que seja possível intervir de forma satisfatória nos
problemas que surgem no aprendizado da linguagem escrita torna-se necessário
compreender os processos de aquisição da mesma; o conhecimento
do processo normal é um alicerce firme no qual o bom profissional
pode apoiar-se ao deparar-se com algo alterado.
Ferreiro & Teberosky (1999) diziam que compreender a natureza dos
processos de aquisição de conhecimento sobre a língua
escrita, se faz necessário para que seja possível contribuir
na solução dos problemas de aprendizagem, ‘’evitando
que o sistema escolar continue produzindo futuros analfabetos’’.
Quanto mais os profissionais se aprofundam nos estudos sobre o processo
de aquisição da escrita, mais facilidade eles têm
de identificar se essa dificuldade na escrita trata-se de um problema
pedagógico ou fonoaudiológico.
Desta forma, torna-se necessário demonstrar a importância
de se conhecer o processo normal de aquisição da escrita,
entendendo as transformações que ocorrem na mente da criança,
para só então poder intervir ao deparar-se com possíveis
dificuldades ou transtornos no aprendizado da linguagem escrita, partindo
sempre do pressuposto de que o conhecimento do processo normal fornece
subsídios para uma boa intervenção fonoaudiológica.
Busca-se portanto, como objetivo geral, demonstrar a necessidade do fonoaudiólogo
e outros profissionais conhecerem o processo de aquisição
da escrita para intervir nos transtornos ou dificuldades de aprendizagem.
Para tanto, é importante descrever de forma específica as
diferentes concepções do processo de aquisição
da escrita, confrontando as principais teorias, descrevendo também,
como se dá a intervenção fonoaudiológica nos
casos de transtornos ou dificuldades de escrita, a partir de diferentes
modelos teóricos.
1 HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA
1.1 Pré-história
Em busca do conhecimento histórico, os estudiosos
utilizam-se de inúmeros materiais que testemunham as idéias
e realizações do homem; esses materiais são chamados
de fontes históricas, e essas fontes podem ser escritas (documentos
e relatos escritos, deixados pelo homem, em papel, pedra ou em qualquer
outro material) ou não-escritas (utensílios, vestimentas,
construções, dentre outros, que constituem as mais diversas
espécies de materiais e vestígios da atividade humana) (COTRIM
& ALENCAR, 1996?).
Segundo Cotrim & Alencar (1996?), “o surgimento da escrita data
aproximadamente de 3500 anos antes do nascimento de Cristo”; antes
dessa data, o passado humano é estudado tendo como base, apenas,
fontes não escritas. A utilização da escrita é
fato tão importante que se tornou o próprio marco inicial
da História propriamente dita. Assim, antes dos primeiros registros
escritos, temos a chamada Pré-história.
A Pré-história é o período caracterizado pelo
homem analfabeto, que não sabia escrever. É chamado também
de período pré-letrado (BOLSANELLO, 1993).
Rodrigues (1993) afirma que antes da história, que começa
com o período chamado antiguidade, os homens viviam tão
atrasados que nem sabiam escrever, ou seja, a pré-história,
quando ainda não havia escrita, “foi uma época remota
da humanidade”.
Conforme afirmou Guerra (2002), “durante a pré-história,
o homem desenvolveu a linguagem como meio de comunicação”,
desenvolveu também a pintura, a cerâmica e as primeiras organizações
sociais e políticas.
1.2 A História e a Escrita
Segundo Rodrigues (1993?) a história geral estuda
o passado da humanidade, desde quando começou a ser usada a escrita;
existe história, a partir do momento em que o homem começa
a escrever (BOLSANELLO, 1993).
Podemos conhecer a história dos povos, porque eles deixaram muitos
monumentos com inscrições, que tiveram de ser decifradas;
esses documentos são chamados de fontes históricas, sendo
que a mais importante de todas as fontes históricas é o
documento escrito (RODRIGUES, 1993?).
Povos antigos, como os egípcios, tinham o papiro (extraído
do caule de uma planta de mesmo nome), onde os sacerdotes escreviam os
hieróglifos. Assírios, caldeus e outros povos, utilizavam
a escrita cuneiforme, gravando seus escritos em pequenos tijolos de barro,
como se fossem livros. Na cidade de Pérgamo, na Ásia, apareceu
um tipo de papel feito de couro de carneiro, chamado pergaminho. Dessa
forma, os povos antigos se apossavam da escrita, fazendo nascer a história.
Conforme refere Guerra (2002), “a história da escrita pode
ser caracterizada como tendo três fases distintas”: a fase
pictórica, a fase ideográfica e a fase alfabética.
Na fase pictórica, a escrita é feita através de desenhos
ou pictogramas, sendo que estes não estão associados a um
som, mas sim a imagem bem simplificada de objetos da realidade que se
quer representar.
Na fase ideográfica, a escrita é feita através de
desenhos especiais chamados ideogramas, que na verdade eram umas convenções
de traços que se referiam ao objeto por analogia. “As escritas
ideográficas mais importantes são a egípcia (hieroglífica),
a mesopotâmica (sumérica) e a chinesa (de onde provém
a japonesa)”.
A fase alfabética se caracteriza pelo uso de letras, que tiveram
sua origem nos ideogramas, e passaram a ter uma representação
fonética.
A autora refere ainda que além da invenção
da própria escrita, os dois momentos importantes da história
da escrita “são representados pelo advento do alfabeto consonantal
e pela adição das vogais”. Onde o saber acumulado
somente pôde ser controlado pelos indivíduos através
dos registros escritos.
2 APRENDIZAGEM
2.1 As Teorias de Aprendizagem
O conceito de aprendizagem pode tomar diferentes formas que trarão
implicações para a fonoaudiologia.
Perrota et al. (1994) citam o modelo comportamentalista e o inatista em
suas concepções sobre aprendizagem. Para o modelo comportamentalista
(behaviorista) a criança é um ser vazio que se preenche
a partir da somatória de respostas aos estímulos a que está
sujeita. Existe nesse caso uma relação entre estímulos
e resposta. Já os teóricos inatistas buscam elucidar estruturas
potenciais de desenvolvimento que são desencadeadas ao longo da
vida da criança, pelo meio que a circunda; estes consideram a criança
como um ser potencial, e sua linguagem como um mecanismo que se manifesta
no momento oportuno de seu amadurecimento, já que é algo
próprio do ser humano.
Bock et al. (1999) relataram que existe um grande número de teorias
sobre aprendizagem, porém, essas teorias podem ser resumidas a
duas categorias, a Condicionante em que aprendizagem é definida
pelas suas conseqüências comportamentais, enfatizando as condições
ambientais como forças propulsoras da aprendizagem; esta, após
completada, faz com que o aparecimento do estimulo evoque uma resposta,
assim, a cada situação nova, são feitas associações
à experiências passadas e que são apropriadas ao novo
problema e a Cognitivistas que definem aprendizagem como um processo de
relação do sujeito com o mundo externo, onde há uma
organização das informações e integração
do material à estrutura cognitiva. Os teóricos cognitivistas
não acreditam que o fato de uma pessoa ter passado por várias
experiências pode ser a garantia para a solução de
qualquer problema, pelo contrário, acreditam que a forma como o
problema é apresentado permite uma estrutura perceptual que leva
à compreensão interna das relações essenciais
do caso em questão.
Como construtivista, Piaget (1978) relata que o desenvolvimento intelectual
é resultado de um equilíbrio entre assimilação
e acomodação, o que propicia o aparecimento de novas estruturas
mentais, ou seja, a interação com o ambiente permite a organização
dos significados construídos.
Drouet (1997) afirma que várias são as condições
necessárias para a aprendizagem, mas seja qual for a teoria de
aprendizagem a ser considerada, apenas “sete fatores são
fundamentais para que a aprendizagem se efetive”, a saber a saúde
física e mental, motivação, prévio domínio,
maturação, inteligência, concentração
ou atenção e memória.
Ao conjunto de todos esses elementos, acima citados, Bruner apud Drouet
(1997) chamou de prontidão para a aprendizagem. Kristensen e Freire
(2001) relatam que existe uma visão tradicional de aprendizagem
que define como fundamental, para a construção da escrita,
o treino das chamadas habilidades básicas (percepção
auditiva e visual, esquema corporal, lateralidade, dentre outras), porém,
as autoras discordam desta visão, pois acreditam que a prontidão
para ler e escrever não é treino de habilidades perceptuais,
e sim construção de valores e uso social da escrita.
Para Zorzi (1995), no processo de aprendizagem também estão
envolvidas as questões biológicas, psicológicas,
pedagógicas, de linguagem, familiar e social, porém o autor
discorda da idéia de prontidão.
Bruner apud Bock et al. (1999) concebeu o processo de aprendizagem como
sendo “captar as relações entre os fatos”. Ao
adquirir novas informações, o sujeito irá transformá-las
e transferi-las para novas situações.
Statt (1986) relatou que o fato de afirmar que a aprendizagem resulta
da experiência anterior exclui as influências da maturação
e do crescimento, as quais também afetam o comportamento, e principalmente
exclui mudanças comportamentais decorrentes de danos cerebrais
ou de qualquer outro problema.
Para Tedesco (1997), o aprendizado da escrita está vinculado a
um conjunto de fatores que envolvem condições internas,
que dizem respeito ao organismo e externas, que estão relacionadas
ao meio e seus estímulos, condições essas que podem
revelar desvios nos processos de aprendizagem.
Vygotsky apud Goldfeld (1998) enfatiza o valor da interação
e das relações sociais no processo de aprendizagem. A partir
dessa interação surgirá a fala da criança
(linguagem externa), que após ser convertida em linguagem interior
organizará a aprendizagem e o pensamento.
2.2 Os problemas de Aprendizagem
Guerra (2002) constatou que existem vários termos
usados para se referir à criança que não tem êxito
na escola, dentre os quais podem ser citados: os transtornos, déficits,
deficiências, desordens, alterações, problemas e distúrbios
de aprendizagem; sendo que o termo transtorno é adotado por toda
classificação. Já a autora optou por adotar o termo
dificuldade que em sua opinião é mais amplo e aponta dificuldades
superáveis.
A autora refere ainda que os termos transtorno e dificuldade não
podem ser confundidos, visto que na dificuldade, a criança apresenta
insucesso escolar, porém tem uma capacidade motora adequada, boa
inteligência, visão, audição, dentre outras
enquanto que o transtorno envolve problemas em diversas habilidades.
Capellini (2004) descreveu o distúrbio de aprendizagem como sendo
uma expressão genérica utilizada para se referir a um grupo
de alterações caracterizadas por dificuldades na aquisição
e no uso da escrita, da leitura, da audição, da fala, do
raciocínio ou de habilidades matemáticas.
As autoras Ciasca e Rossini apud Capellini (2004) diferenciam o termo
dificuldade e distúrbio, considerando que o termo dificuldade refere-se
a um déficit específico da atividade escolar, enquanto que
distúrbio refere-se a uma disfunção intrínseca,
em geral de origem neurológica e que afeta o uso de habilidades
como a escrita, por exemplo.
Gerber et al. (1996) evidenciam que os problemas de indivíduos
com distúrbios de aprendizagem são multifacetados, com complexas
interações entre fatores lingüísticos, cognitivos
e psicossociais.
2.3 Incidência de Problemas no Aprendizado
Desde a década de 30 as dificuldades no aprendizado
escolar vem sendo estudadas. Este estudo iniciou ao ser percebido que
crianças inteligentes não conseguiam aprender a ler e a
escrever: “Na realidade educacional, há um grande número
de crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem e que não
conseguem acompanhar atividades de leitura e escrita no contexto escolar”
(CAPELLINI, 2004).
No ano de 1994, Capellini (2004) referiu que os distúrbios de aprendizagem
afetavam cerca de 3 a 5 % da população com dificuldades
escolares; mais recentemente, através de dados publicados pelo
INEP em março de 2001, o autor Zorzi (2002) afirmou que, de 25
milhões de estudantes que cursavam o ensino fundamental, cerca
de 40% ou mais, estavam apresentando dificuldades de aprendizagem.
Berberian et al. (2003) afirmam que atualmente, o que se vê no atendimento
clínico fonoaudiológico é o aumento crescente no
encaminhamento de crianças com problemas de leitura e escrita;
afirmam ainda que este dado reforça o quadro deficitário
que grande parte da população apresenta diante da escrita.
Atualmente, muitas crianças e jovens são identificadas como
portadoras de distúrbios de aprendizagem (RIBAS & LEWIS, 2002);
essas dificuldades no aprendizado da leitura e escrita, em geral são
atribuídas a falhas individuais resultantes de disfunções
orgânicas ou decorrentes de deficiências familiares e/ou culturais
(BERBERIAN et al., 2003).
2.4 Problemas de Aprendizagem Específicos da Escrita
Os problemas de aprendizagem podem manifestar-se através
de dificuldades no aprendizado ou aquisição da escrita,
da leitura e da matemática (CUPELLO, 1998; GOLDFELD, 1998; GUERRA,
2002; JAKUBOVICZ, 2004).
A dificuldade na leitura é conhecida como dislexia e trata-se de
um transtorno ou dificuldade no aprendizado da leitura, que se manifesta
durante a alfabetização e ocasiona erros como soletração
errônea, omissões e substituições durante a
realização da leitura (GUERRA, 2002; JAKUBOVICZ, 2004).
O termo discalculia refere-se a uma dificuldade em executar operações
matemáticas; este transtorno interfere de maneira significativa
no rendimento escolar. A discalculia está muitas vezes associada
à dislexia, bem como a problemas emocionais, e outros (GOLDFELD,
1998; GUERRA, 2002; JAKUBOVICZ, 2004).
A dificuldade de aprendizagem da escrita pode se apresentar segundo dois
aspectos, que foram denominados por Fonseca (1995) como disgrafia e disortografia.
“A disgrafia é representada pelas dificuldades de escrita
que se referem à grafia” (GUERRA, 2002); A disgrafia é
caracterizada por uma dificuldade motora, acompanhada de letra ilegível
e desorganização da escrita na página (GOLDFELD,
1998). Pode ser definida, ainda, como uma deficiência no traçado
gráfico, porém, não está associada a um déficit
intelectual e/ou neurológico, pelo contrário, as crianças
que apresentam disgrafia tem inteligência média ou acima
da média (JAKUBOVICZ, 2004).
Lefèvre (1975) apud Moraes (1998) não concorda com a ultima
citação acima, pois acredita que “a disgrafia relaciona-se,
principalmente, a dificuldades motoras e espaciais, encontradas em quadros
neurológicos evidentes”.
Peña-Casanova (1997) vê a disgrafia como uma incapacidade
parcial de expressar-se através da escrita; está relacionada
a “alterações no formato, direção e/ou
sentido do traçado dos grafemas, que de qualquer forma comprometa
a decodificação do produto gráfico” (TEDESCO,
1997).
Com relação às principais características
encontradas em crianças disgráficas, a autora Leão
(2004) citou três: má organização da página:
aspecto ligado à orientação espacial; apresenta uma
escrita desordenada do texto com margens mal feitas ou sem as margens;
espaços irregulares entre as linhas e escrita ascendente ou descendente;
má organização das letras: aspecto mostrando a incapacidade
de submissão às regras caligráficas, com má
qualidade no traçado, letras com hastes deformadas, retocadas,
irregulares e atrofiadas; erros de formas e proporções:
desorganização das formas, escrita alongada ou comprida,
dimensão pequena ou grande demais, referindo-se ainda ao grau de
limpeza do traçado.
A autora Guerra (2002) se refere à disortografia como sendo uma
dificuldade na escrita relacionada aos processos de ortografia e que ocorre
apenas quando a escrita envolve o fator semântico (formulação)
e o fator sintático (codificação), fatores estes
que antecedem o ato de escrever; ou seja, consiste numa escrita com numerosos
erros e que se manifesta logo após ser adquirido o mecanismo da
leitura e da escrita (LEÃO, 2004). De maneira mais clara, pode-se
dizer que “a disortografia é a escrita incorreta, com erros
e trocas de grafemas” (MORAES, 1998).
Ao realizar uma análise da produção escrita de 514
crianças, o autor Zorzi (1998) classificou os erros ortográficos
em: alterações ou erros decorrentes da possibilidade de
representações múltiplas; alterações
ortográficas decorrentes de apoio na oralidade; omissão
de letras;erros por segmentação indevida; erros por confusão
entre as terminações “am” e ”ão”;
generalização de regras; substituições evolvendo
a grafia de fonemas surdos e sonoros; acréscimo de letras; letras
parecidas; inversão de letras; outros erros.
O autor Fonseca (1995) diferenciou os termos disgrafia e disortografia
relatando que a disgrafia é mais um problema de execução,
ao contrário da disortografia que se destaca como um problema de
formulação, enquanto que a disgrafia é uma apraxia
que afeta o sistema viso-motor e a disortografia compreende um problema
da expressão escrita que afeta a ideação, a formulação
e a produção, bem como os níveis de abstração.
Cuba dos Santos e apud Berberian et al. (2003) e Fonseca (1995) relataram
que as manifestações dos distúrbios da leitura e
da escrita são caracterizados à vista de dificuldades na
aquisição e na fixação de objetos escritos,
como: Inversão na ordem das letras; adição de letras
e sílabas; confusão entre letras de formas semelhantes;
união de duas ou mais palavras;dentre outros.
3 A AQUISIÇÃO DA ESCRITA
3.1 Diferentes Pontos de Vista
A aquisição da escrita é um tema
bastante discutido e controverso, Perrota et al.(1994) referem que freqüentemente
(em seu cotidiano) os profissionais se deparam com algumas idéias
distorcidas ou mal compreendidas com relação ao início
do aprendizado formal da escrita.
Na fonoaudiologia alguns autores entendem o objeto da escrita sob diferentes
pontos de vista. Zorzi (2002) afirma que não há dúvidas
de que a escrita corresponde a um objeto complexo de aprendizagem e que
através desta, uma nova forma de expressão e de uso da linguagem
estará viabilizada.
Por outro lado, Navas & Santos (2004) consideram que a escrita é
construída por estruturas e vias que participam de sistemas funcionais
cerebrais previamente adquiridos. Dessa forma, no processo de aquisição
da linguagem escrita, o indivíduo passa por uma remodelação
de seus circuitos neuronais, o que ocorre devido ao processamento da linguagem.
Os mais importantes sistemas funcionais são o sensorial, motor,
linguagem oral, memória e atenção, que juntos realizam
a função de leitura e escrita.
Para autores como Tsvétkova (1977) e Luria (1980) apud Goldfeld
(1998) o processo de escrever exige
um certo número de capacidades que precisam ser
cultivadas, como a capacidade de análise da palavra falada e de
uma correta configuração dos fonemas falados para um bom
desenvolvimento da ortografia. Assim, pois, a aptidão para dividir
a cadeia falada em seus elos menores - os fonemas – e a capacidade
para reconhecê-los, diferenciá-los e seqüênciá-los
na ordem em que se apresentam é essencial para a escrita.
Jorrin (1993) apud Moraes (1998) considera importante
dois fatores: o raciocínio viso-espacial e as habilidades lingüístico-perceptivas.
O primeiro aspecto citado interfere nas funções visuais
superiores e diz respeito à percepção visual, à
memória visual e motora, à orientação, posição
e noção espacial. Já o segundo diz respeito à
percepção de frases, palavras, fonemas, ruídos e
sons e à percepção melódico-ritmica, bem como
à memória de ruídos e sons, ao conhecimento de vocabulário
básico e ao reconhecimento de palavras ausentes.
Zanini apud Lazzarotto & Cielo (2002) afirmam que
Para saber ler e escrever, a criança precisa estabelecer a correspondência
entre o código escrito e o falado, e compreender que a fala é
representada através de palavras constituídas de unidades
menores, as quais combinando-se entre si e de maneiras diferentes, dão
origem a outras palavras. Para que isso ocorra, ela deve ter desenvolvido
as habilidades metafonológicas de segmentação e síntese
fonêmicas.
Discordando da citação acima, Ferreiro (2004) afirma que
“a tomada de consciência sobre as unidades lingüísticas
não pode ser considerada um pré-requisito para a aquisição
da língua escrita”, pois a criança inicialmente diferencia
desenho e escrita, tornando-a um objeto simbólico. Ao se apropriar
da escrita, a criança lida com o simbólico para construir
um discurso escrito (KRISTENSEN & FREIRE, 2001).
Moraes (1998) se refere à escrita como sendo uma atividade motora
altamente complexa e diferenciada, arduamente construída, frágil,
e resultante de um processo de evolução que nasce em virtude
do meio. A autora afirmou que o desenvolvimento da motricidade é
a base essencial para a escrita.
Para Lampreia (1978), a aquisição das letras depende da
associação entre imagem visual e imagem vocal, dentro de
um plano de condicionamento, basicamente na linha dos reflexos de Pavlov
(estimulo-resposta).
Zorzi (2002) afirmou que o aprendizado da escrita dependerá de
condições sociais, independe de idade e está condicionada
à existência de condições culturais específicas
de um ambiente letrado e ao momento em que de alguma forma a criança
passa a ser ensinada.
3.2 Inter-relação entre Linguagem Oral e
Escrita
Vários autores têm diferentes formas de pensar
a relação existente entre a linguagem escrita e a linguagem
oral.
Zorzi (1998) enfatiza tendência em se tomar a escrita como transcrição
da oralidade, sendo ainda muito forte a idéia de que para escrever
bem é necessário saber falar bem. O autor acredita que a
linguagem escrita, ao contrário da oral não faz parte da
nossa hereditariedade, ou seja, se por um lado nascemos para falar por
outro precisamos aprender a escrever. Dessa forma a linguagem escrita
é um bem cultural e não biológico (2002).
Para Lacerda (1995), a habilidade de falar bem é considerada um
fator importantíssimo para um desenvolvimento satisfatório
da criança na aprendizagem da linguagem escrita.
Autores como Cunha & Castro (1982) também consideram que uma
linguagem verbal adequada, futuramente, dará condições
à comunicação escrita e à fixação
de conceitos. Afirmam ainda que a pronunciação correta das
palavras é importante não somente para possibilitar a alfabetização,
mas também para um bom desempenho social da linguagem.
Em relação à escrita, Tedesco (1997) refere que “a
adequação da forma diz respeito à emissão
gráfica de palavras, respeitando-se a relação entre
os fonemas da língua e sua representação grafêmica
de acordo com as regras ortográficas”.
Freire (1997) apud Kristensen & Freire (2001) afirmam que o processo
de aquisição da escrita tem início ao nascimento
e tem continuidade nas práticas discursivas orais, fazendo com
que a escrita passe a ter uma função social; Dessa forma,
apenas o domínio das regras do português e do código
gráfico não garante o uso adequado da escrita (KRISTENSEN
& FREIRE 2001).
Vygotsky (1979) apud Zorzi (1998) define a linguagem escrita como uma
“função lingüística distinta, que difere
da linguagem oral tanto pela sua estrutura quanto pela sua função”.
Quando fala sobre escrita, o autor refere que até seus estágios
mais elementares de desenvolvimento exigem um alto nível de abstração.
Porém Da Silva (1991) apud Zorzi (1998) afirma que a oralidade
e a escrita fazem parte de um mesmo processo cognitivo, onde um tipo de
conhecimento dá origem a outro, fazendo com que durante um certo
período os conhecimentos da linguagem oral sejam empregados como
instrumentos de assimilação da escrita.
Na prática, Gallo apud Kristensen & Freire (2001) explica que
Quando o estudante entra na escola, sua produção
lingüística se inscreve no discurso da oralidade. Mesmo depois
de alfabetizado seus textos permanecem inscritos nesse discurso, e assim
permanecerão até o fim do período de escolarização.
E nada acontecerá a esse aluno para que ele aprenda o discurso
escrito.
Zorzi (1998) considera a escrita como sendo um processo
de formação de conhecimentos, onde o aprender a escrever
não se reduz a uma simples associação entre letras
e sons ou a fixar a forma das palavras. Corresponde a um processo de conceitualização
de linguagem.
3.3 O Processo de Desenvolvimento
Segundo Gobineau & Perron (1975) apud Moraes (1998)
o desenvolvimento do grafismo ocorre entre 6 e 11 anos e passa pelas seguintes
etapas:
Fase pré-caligráfica – ocorre entre 6 e 7 anos e a
criança passa por dificuldades motoras importantes; Fase caligráfica
infantil – ocorre dos 8 aos 9 anos, é conhecida como domínio
gráfico; nesta etapa a criança tem um domínio relativo
dos gestos e das dificuldades motoras; Fase pós-caligráfica
– vai dos 10 aos 11 anos e em função da idade o equilíbrio
gráfico torna a vacilar.
O autor Frith acredita que o desenvolvimento da escrita e da leitura ocorre
em três etapas ou estágios (FRITH (1985) apud GUTSCHOW, 2004;
FRITH apud NAVAS & SANTOS, 2004):
Logográfico. Nesta, as crianças que são mais expostas
à escrita de logomarcas poderiam ler sem
problemas aquelas palavras que vêem com mais freqüência
(ex. coca-cola), ou seja, elas lêem de maneira visual direta; as
crianças não perceberão a troca de letra, dede que
o contexto e a forma visual global permaneçam iguais. Alfabético.
Aqui teria início o processo de associação entre
fonema e grafema, gerando a capacidade de decodificação
de palavras novas e a escrita de palavras simples. Neste estágio,
a criança aplica as regras da escrita intermediada pelo som da
fala, ou seja,começa a escrever como fala e Ortográfico.
Esta se caracteriza pelo estabelecimento das relações entre
grafemas, com o uso de seqüências de letras e de um padrão
de ortografia para o reconhecimento visual das palavras pré-armazenadas,
assim, a criança passa a ler e escrever corretamente palavras irregulares.
Com relação aos estágios apresentados acima, autores
como Share & Stanovich, Ellis, Seymour & MacGregor, Catts &
Kamhi apud Navas & Santos (2004) apresentam vários argumentos
contra a teoria de estágios apresentada por Fritch argumentam que
não existe um estágio puramente logográfico; que
não há correlação positiva entre as fases;
que a teoria não explica como um conhecimento pequeno torna-se
tão grande; e principalmente, dentre outros, que a teoria do aprendizado
por estágios tende a simplificar demais o desenvolvimento e não
leva em consideração as diferenças individuais.
Manifestando oposição à todas as
teorias de estágios Share & Stanovich apud Navas & Santos
(2004) sugeriram a hipótese do auto-ensinamento, que se tratava
de uma teoria alternativa entendida como a capacidade que o indivíduo
possui de refletir sobre a linguagem escrita, a partir da estimulação
formal e da experiência.
Baseados na teoria de Piaget, Marsh et al apud Navas & Santos (2004)
descreveram o desenvolvimento da escrita em quatro estágios que
respectivamente são
O estágio da adivinhação lingüística,
que é caracterizado pela aquisição de um vocabulário
visual, onde, a criança reconhece visualmente palavras pequenas
como se fossem desenhos.
O estágio de aproximação visual que se caracteriza
pelo reconhecimento de certas características gráficas das
palavras, encontrando similaridades que variam desde o tamanho das palavras
até a letra inicial.
O estágio de decodificação seqüencial, que tem
como característica o início do processo de decodificação,
que somente ocorrerá através da aquisição
de regras de correspondência entre fonema e grafema.
O estágio da decodificação hierárquica, onde
a criança passaria a utilizar regras contextuais para cada novo
estímulo, pois neste acreditam que a decodificação
ocorre de forma completa.
Também vinculadas à teoria de Piaget, Ferreiro e Teberosky
(1999) dizem que a criança adquire as habilidades de escrita à
medida que vai desenvolvendo suas hipóteses infantis. As autoras
apontam uma seqüência psicogenética de construção
da escrita, caracterizada pelas hipóteses
Pré-silábica: nesta, uma série de fatos revelam um
processo construtivo e criativo; as crianças chegam a compreender
as diferenças entre desenhar e escrever mudam a qualidade do traçado
gráfico, tentam reproduzir e organizar as letras podendo mudá-las
ou posicioná-las de maneira diferente, de acordo com a escrita
a ser feita; nesta fase surge a relação entre a quantidade
de letras usadas e o tamanho do objeto.
Silábica: esta fase marca o início da fonetização
da escrita; aqui a criança descobre que a escrita representa a
fala que a quantidade de letras usadas para escrever uma palavra corresponde
às partes da palavra falada; a criança passa a representar
uma sílaba por letra, sem a repetição de letras nem
omissão de sílabas, pois pé nesta fase que a criança
se torna mais atenta às características sonoras das palavras.
Silábico-alfabética: esta fase de transição
se caracteriza pelo fato de a criança deixar de considerar a silaba
como uma unidade sonora e passar a compreender que a mesma pode ser segmentada
e analisada em elementos menores que são os fonemas. Nesta fase
a criança descobre que algumas sílabas podem ser representadas
por mais de uma letra.
Alfabética: nesta fase ocorre uma correspondência mais precisa
entre letras e sons, levando as crianças a perceberem que a escrita
das sílabas que compõem a palavra falada nem sempre podem
ser representadas por uma só letra. Também é nesta
fase que começam a aparecer as dificuldades ortográficas.
As autoras afirmam que a criança pode ser considerada alfabetizada
quando chega nesta fase, pois aqui, a mesma já compreende a natureza
da escrita.
Com relação a esta afirmativa, Azenha apud Marchesan &
Zorzi (1999/2000) relata que seria mais apropriado dizer que a criança
deu início ao processo de alfabetização, visto que
alcançar a fase alfabética não garantirá que
a criança terá um domínio das regras que determinam
as convenções da escrita.
Marchesan & Zorzi (1999/2000) foram mais além e afirmaram que
para dominar a escrita a criança deverá compreender que
um mesmo som pode ser escrito por diferentes letras, que as palavras necessitam
ser escritas separadamente, quantas e quais letras são necessárias
para escrever os sons das palavras e ainda, dentre outros fatores, a criança
deverá discernir a posição das letras no interior
das palavras e diferenciar letras de formas gráficas semelhantes.
3.4 A Produção da Escrita e os Erros Ortográficos
“Espera-se que ao terminar o primeiro grau, uma
criança já faça uso da escrita de forma adequada”
(JAKUBOVICZ, 2004), mas para que isso seja possível, a criança
deve ter conhecimento de todos os símbolos gráficos que
representam os sons falados, entender a relação existente
entre linguagem escrita e linguagem falada, saber juntar os símbolos
gráficos para formar unidades lingüísticas com sentido
e usar corretamente a pontuação.
Conforme afirmou Zorzi (1998), “apropriar-se do sistema ortográfico
significa compreender e dominar os aspectos que caracterizam a natureza
alfabética da escrita”.
Ao analisar o material escrito por 514 alunos, Zorzi (1998) observou a
presença de 21.196 alterações ortográficas,
que foram distribuídas da seguinte forma: Alterações
ou erros decorrentes da possibilidade de representações
múltiplas. Estes erros foram os mais freqüentes e corresponderam
a 47,5% do total; tais erros se devem à correspondência não
estável entre letras e sons que levam a uma série de erros
(“cabesa” e “cabessa”); Alterações
ortográficas decorrentes de apoio na oralidade. Corresponderam
a 16,8% e sofrem influência dos padrões orais (quente por
“queinti” ou dormir por “durmi”); Omissão
de letras qu corresponde a 9,6% do total, estes erros caracterizam-se
por uma caligrafia incompleta (“sague” para sangue; “deida”
para deitada); Erros por segmentação indevida, com ocorrência
de 7,8%, surgem devido à insegurança da criança em
saber onde a palavra começa e onde termina (“siperder”
para se perder; “quatro sentos” para quatrocentos); Erros
por confusão entre as terminações “am”
e ”ão”.Estas confusões aparecem com 5,2 % do
total; neste caso é observada a forte influência de padrões
de pronúncia devido a semelhança fonética entre am
e ão (caíram pode ser grafado como “cairão”
);Generalização de regras que Apareceram com freqüência
de 4,6 %, e devem-se ao fato de que a criança aplica regras aprendidas,
porém em situações não apropriadas (embora
fale “carru” a criança reconhece que o som final deve
ser escrito com a letra “o”, generalizando a regra para outras
palavras como”sumio”para sumiu); Substituições
evolvendo a grafia de fonemas surdos e sonoros que tiveram uma ocorrência
de 3,8% do total de erros. Neste caso, ocorre uma substituição
de grupos de letras que tem em comum o fato de representarem fonemas que
se diferenciam pelo traço de sonoridade (banana fica “panana”;
cavalo fica “cafalo”); Acréscimo de letras, com um
índice de 1,3%. Contrário ao que ocorre nas omissões,
aqui a criança utiliza um número de letras maior do que
deveria usar em determinada palavra (machucar vira “manchucar”);
Letras parecidas, com uma freqüência de 1,3% estão as
palavras escritas de forma errada, em função da semelhança
com a letra que deveria ser usada (medo por “nedo”; bicicleta
por “bicicheta”); Inversão de letras que atingiram
somente 0,6% do total de erros produzidos pelas crianças e dizem
respeito à mudança de posição da letra dentro
da palavra (acordou vira “arcodou”); Outros erros, com uma
correspondência de 1,2%, foram incluídas alterações
observadas em uma ou outra criança, se restringindo à forma
particular de escrever (“jange” para sangue; “gurcha”
para bruxa).
Os autores Cuba dos Santos apud Berberian et al. (2003) e Fonseca (1995)
também relataram algumas características de dificuldades
na aquisição e fixação de objetos escritos:
Inversão na ordem das letras (ex. “calrão” por
clarão).; Adição de letras e sílabas (“fiaque”
por fique); Confusão entre letras de formas semelhantes (“moite”por
noite);União de duas ou mais palavras (“eraumaves”
por era uma vez);Divisão de palavras (“a mi nversarrio”
por aniversário); Omissão de preposição e
outros.
Fonseca (1995) e Guerra (2002) relataram que na prática clínica
tem sido verificada a ocorrência de falhas ortográficas de
natureza cultural e pedagógica, que ocorrem de fora para dentro
e não são caracterizadas como dificuldade de aprendizagem
da escrita. As falhas culturais são oriundas da maneira como a
criança ouve a fala de sua família e comunidade. As falhas
pedagógicas ocorrem quando a criança troca letras que apresentam
a mesma realização sonora, ou quando ainda não há
entendimento de determinadas regras gramaticais. E auditiva e visual,
que são falhas de dentro para fora e caracterizam uma disortografia.
Berberian et al. (2003) afirmam que para confirmar a veracidade dos erros
deve ser realizada uma avaliação ampla e rigorosa das produções
textuais. A autora parte do pressuposto de que esses “erros”
são indícios do conhecimento que a criança tem da
escrita, e podem, portanto, oferecer material ao fonoaudiólogo
para compreender a relação que vem se estabelecendo entre
o sujeito e a escrita.
4 DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA
4.1 Questão da Educação no Ponto
de Vista Fonoaudiológico
O educador ocupa uma posição privilegiada de mediador da
interação da criança com a escrita (ZORZI, 1998);
no entanto, ele precisa compreender mais profundamente como as crianças
constroem conhecimentos; necessita aprofundar seus próprios conhecimentos
a respeito do que é escrita: sua natureza, seus usos e suas funções.
A educação necessita de professores mais bem preparados
e que compreendam o que é alfabetizar, o que é linguagem,
o que é variação e o que pode vir a ser um real distúrbio,
principalmente para ser capaz de preveni-los.
Berberian et al. (2003) afirmam que existem casos de crianças que
freqüentemente são apontadas pela escola como sendo portadoras
de dificuldades na aquisição da linguagem escrita, mas que
na grande maioria das vezes trata-se apenas de diferenças individuais
no processo de aquisição.
Na visão de Smolka (1996), a escola não tem considerado
a alfabetização como um processo de construção
de conhecimento, de interação e de utilização
da escrita pela criança. Zorzi (2002) compartilha dessa idéia
ao apontar que a maioria das propostas escolares tende a não levar
em consideração as diferenças individuais, os diferentes
ritmos de aprendizagem que cada um pode ter. O fato de não aprender
ou ter dificuldades, leva ao estabelecimento de rótulos injustos
e muitas vezes equivocados – conseqüência de uma análise
inadequada do problema e da falta de uma adequada avaliação
por profissionais experientes, que conheçam as características
do desenvolvimento infantil e que saibam detectar a diferença entre
desvios reais e o padrão normal de aquisição.
Leão (2004) relata que há uma tendência, geralmente
equivocada, em responsabilizar a criança pelo fracasso escolar,
quando na verdade, existem muitos outros aspectos que podem estar envolvidos,
como a escola, a metodologia de ensino, os professores, os pais, a família
e outros.
Ao compreender a complexidade da escrita e os desafios que ela impõe,
o educador compreenderá de maneira mais adequada a escrita que
as crianças produzem e, assim, valorizá-la e torná-la
mais acessível aos seus aprendizes que progridem, apesar dos erros
(ZORZI, 1998).
4.2 Fatores Necessários Para o Diagnóstico
A autora Leão (2004) afirmou que “nem todas as crianças
têm facilidade em aprender a usar os processos gráficos para
representarem a linguagem oral” e geralmente acabam sendo caracterizadas
como disortográficas.
Por esse motivo, Zorzi (1998) considera importante que antes de qualquer
encaminhamento essas crianças sejam cuidadosamente observadas em
situação escolar, sendo indicado solicitar uma avaliação
fonoaudiológica apenas nos casos em que os erros têm uma
ocorrência sistemática e durável. Nesses casos, o
autor considera importante avaliar a criança através de
ditados: de palavras, de frases e de textos e Redações:
duas no mínimo.
Porém, Leão (2004) adverte que ao falar em disortografia
se deve primeiramente observar os três critérios que permitem
a correta realização do diagnóstico de crianças
com este tipo de alteração: o nível de escolaridade,
a freqüência e os tipos de erros.
Berberian et al. (2003) acreditam que uma proposta de avaliação
fonoaudiológica deve abordar aspectos formais e convencionais,
bem como os aspectos referentes à elaboração textual
espontânea, não deixando de considerar as diferentes vivências,
pois provocam efeitos nas formas de as crianças conceberem, representarem
e operarem a escrita.
Leão (2004) acredita que uma avaliação completa da
escrita deve compreender a leitura, as alterações ortográficas,
as alterações sintático-semânticas, a elaboração
de narrativas, o traçado gráfico, a psicomotricidade, a
percepção visual e a percepção auditiva. Deixando
claro que em caso de dúvidas de possíveis alterações
visuais e/ou neurológicas é importante encaminhar a criança
a um oftalmologista e/ou neurologista para um diagnóstico diferencial.
Guerra (2002) relata que é necessário identificar se durante
a primeira infância a criança apresentou algum transtorno
de linguagem que pudesse resultar em alterações de aprendizagem.
A autora referiu que para o diagnóstico, é essencial observar
se as habilidades de escrita estão acentuadamente abaixo do nível
esperado, levando em consideração a idade cronológica
e a escolaridade apropriada à idade do indivíduo. Porém
a mesma lembra que este diagnóstico exige muito cuidado ao ser
emitido, visto que tem como objetivo focalizar a criança e não
apenas as dificuldades encontradas. A autora considera como indicadores
diagnósticos: cópia, com a presença de dificuldades
gráficas devido a caligrafia fraca e a fraca capacidade de copiar,
ditado, com a presença de dificuldades ortográficas devidas
as falhas ortográficas de natureza cultural (problema - pobrema),
de natureza pedagógica (chave - xave), de natureza auditiva (sapato
- sapado), de natureza visual (bela - dela), e devido as dificuldades
para recordar seqüência de letras em palavras comuns e a redação,
com a presença de dificuldades para compor textos escritos, devido
às dificuldades: para organizar o pensamento, para organizar os
parágrafos, para escrever frases gramaticalmente corretas, dificuldades
quanto a pontuação dentro das frases, fraca caligrafia e
dificuldades ortográficas com falhas ortográficas de natureza
cultural, pedagógica, visual e auditiva.
Berberian et al. (2003) consideram que a cópia, o ditado e a redação
são atividades mecânicas e que sua reprodução
automática e condicionada sobrepuja as hipóteses que a produção
espontânea pode revelar e escondem o que o sujeito conhece e é
capaz de produzir.
Guerra (2002) conclui, dizendo que o processo de diagnostico da criança
com esse tipo de dificuldade é focalizado de acordo com uma abordagem
fonoaudiológica e interdisciplinar, levando em consideração
as seguintes etapas: Primeiro contato entre profissional e pais; Avaliação:
anamnese com os pais, anamnese com a criança, visita à residência
e à escola, testes e indicadores diagnósticos, além
do contato com outros profissionais; Estudo e discussão de caso;
Diagnóstico; Orientação terapêutica; Prognóstico;
Laudo escrito; Reunião de devolução.
Leão (2004) considera de fundamental importância para a área
fonoaudiológica a realização de uma avaliação
que busque conhecer todas as possibilidades de limitações
da criança, para que seja possível direcionar o processo
terapêutico de forma eficaz.
4.3 Intervenção Fonoaudiológica
Antes de entrar no aspecto relacionado a intervenção fonoaudiológica
torna-se importante relatar que com relação às questões
fonoaudiológica e psicopedagógica o autor Zorzi (1999) afirma
que
As alterações da linguagem escrita estão
no campo da comunicação escrita, sendo essa uma das áreas,
por excelência, de atuação do fonoaudiólogo
no sentido da “pesquisa, prevenção avaliação
e terapia”. O fonoaudiólogo é o único profissional
reconhecida e legalmente habilitado para trabalhar com os distúrbios
de linguagem de modo geral. Quanto a psicopedagogia (...) embora tal profissional
tenha uma forte presença na área das dificuldades de aprendizagem
escolar, não está habilitado nem tampouco autorizado para
trabalhar com os distúrbios da comunicação oral e
escrita propriamente ditos, de caráter patológico, que é
a área de competência do fonoaudiólogo.
O autor acredita que as alterações ortográficas
devem ser divididas, ou seja, as trocas de origem auditiva devem ser tratadas
pelo fonoaudiólogo a partir de estimulações da percepção
auditiva, enquanto que as trocas de natureza visual são de âmbito
pedagógico ou de outros profissionais, e deveriam ser corrigidas
a partir de estimulação do campo visual e do ensino de regras
pedagógicas.
Dauden & Junqueira (1997) relataram que quando as crianças
chegam na clínica fonoaudiológica em função
de dificuldades com a linguagem escrita, elas já estabeleceram
uma certa forma de operar e de se relacionar com esse objeto, a qual deve
ser compreendida pelo fonoaudiólogo. Deste quadro, fazem parte:
o desinteresse pelas atividades de escrita, o desconhecimento acerca de
suas funções, as frustrações e inseguranças
freqüentemente geradas pelos erros que a criança comete enquanto
escritor.
As autoras citadas acima acreditam que um dos grandes responsáveis
pelo desinteresse das crianças é o fato de não saberem
porque escrevem e, portanto, na terapia, o fonoaudiólogo deve construir
junto com essas crianças, situações em que haja reais
motivos para a produção da escrita. No contexto clínico
o fonoaudiólogo deve ser capaz de motivar a criança de forma
adequada à realidade e às possibilidades da mesma, levando
em conta os diferentes tipos de discurso escrito e organizando-os dos
mais simples aos mais complexos.
O planejamento terapêutico deve ter com objetivo o desenvolvimento
de um trabalho que leva a criança a vencer suas dificuldades (GUERRA,
2002). Este planejamento inclui: Eleição dos pais como co-terapeutas,
instituição de um tempo diário para trabalhar em
casa com a criança, agenda de fonoaudiologia, recomendações,
exercícios, confecção de materiais terapêuticos
para trabalhar as dificuldades de escrita, suporte escolar fornecido pelos
pais e roteiros para exercícios a serem trabalhados no consultório
e em casa.
Com relação ao tratamento, Ellis (1995) apud Gutschow (2004)
afirmou que
Duas sessões extras de exercícios de consciência
fonológica, de trinta minutos de duração cada, semanalmente,
dadas a fracos leitores de 6 e 7 anos, por 20 semanas, produziu melhoras
significativas e duradouras na leitura e na escrita.
Moraes (1998) acredita que antes de iniciar a terapia
é necessário elaborar um plano de atividades com a finalidade
de selecionar recursos e tornar os objetivos claros e precisos de acordo
com cada caso, tendo em vista uma maior eficiência na ação
terapêutica. A autora descreve que um dos principais objetivos do
tratamento deve ser o aumento da auto-estima e auto-confiança da
criança (desgastadas pelos contínuos fracassos escolares)
e ainda fez questão de afirmar que “os resultados serão
mais concretos se houver participação conjunta da família
e da escola.
Tedesco (1997) relata que na terapia, pode-se estimular a atenção,
discriminação, memória, figura-fundo e outros, de
maneira visual ou auditiva, dependendo da natureza da alteração.
Guerra (2002) afirma que cada terapeuta adota sua própria leitura
da fonoaudiologia com uma visão abrangente e interdisciplinar incluindo
pesquisas, estudos, trocas, reflexão e crítica que devem
estar aliados ao bom senso, à observação e à
prática clínica; acrescentou também que cada criança
é única, inexistindo a aplicação de uma “receita
pronta” e é isso que torna o planejamento terapêutico
específico para cada caso.
Zorzi (2002) afirma que “quanto mais conhecermos a respeito da natureza
e complexidade da escrita, mas poderemos entender as transformações
que ela exige no modo de funcionamento mental da criança”.
É necessário que se conheça bem as características
e dificuldades da língua escrita, a fim de que se possa realizar
um planejamento adequado (ABUD, 1987). Visto que a perspectiva fonoaudiológica
é que uma intervenção adequada pode resolver ou minimizar
problemas apresentados pela criança, de modo que a aprendizagem
escolar possa, de alguma forma, ser garantida (ZORZI, 2002).
5 DISCUSSÃO
Não existem discordâncias sobre a evolução
histórica da escrita, ficando então clara a afirmação
dos autores Cotrim & Alencar, Bolsanello, Rodrigues e Guerra, de que
foi o surgimento da escrita que marcou a passagem da pré-história
para a história.
No sub-tópico referente à história e a escrita a
autora Guerra afirmou a existência das fases pictórica, ideográfica
e alfabética, porém ao tratar sobre o processo de desenvolvimento
da escrita, as autoras Ferreiro & Teberosky mostraram que antes de
alcançar a fase alfabética, a seqüência de construção
da escrita é caracterizada pelas fases pré-silábica,
silábica e silábico-alfabética, no entanto percebeu-se
que enquanto a autora Guerra fala sobre o surgimento generalizado da escrita,
as autoras Ferreiro & Teberosky dão ênfase à seqüência
de apropriação inicial por parte da criança, até
o momento em que a mesma chega a compreender a natureza da escrita, ou
seja, torna-se alfabetizada. Ainda sobre as fases de desenvolvimento da
escrita, observam-se algumas divergências entre autores, apontando
que diferentes concepções norteiam o entendimento quanto
às fases de aquisição da escrita.
Um ponto muito discutido diz respeito às condições
necessárias para a aprendizagem da escrita, onde Drouet considera
como fundamental a saúde, a motivação, a maturação,
a inteligência e outros, porém Kristensen & Freire, bem
como Zorzi, consideram estas questões necessárias, mas não
suficientes, e consideram que o importante é que a criança
vivencie situações reais em contextos sociais variados.
Essa discordância quanto aos requisitos necessários para
a aprendizagem da escrita aponta para diferentes modos de ver a criança
que se encontra nesse processo. Ao entender que aspectos maturacionais
são pré-requisitos para tal aprendizagem, diante de um distúrbio,
a criança é vista como única responsável por
tal fracasso. Por outro lado, quando entendemos que contextos sociais,
vivências interferem nesse aprendizado, o foco sai da criança,
ampliando o entendimento das causas de um provável distúrbio.
Todos os autores citados concordam que no processo de escolaridade, a
ocorrência de trocas ortográficas é esperada dependendo
da série em que a criança se encontra. Porém Zorzi
faz questão de afirmar que trocas persistentes podem revelar alterações
ortográficas que necessitarão de acompanhamento fonoaudiológico.
A que Zorzi chamou erros por segmentação indevida (ex.”siperder”
para se perder), os autores Fonseca e Cuba dos Santos chamaram de união
de duas ou mais palavras (ex.“eraumaves” por era uma vez).
Este fato revela que apesar de usarem nomes diferentes os autores estão
se referindo a erros com mesmas características.
Na etapa diagnóstica, os autores concordam com a necessidade e
importância de uma avaliação, porém cada um
tem sua visão sobre qual seria o aspecto mais importante a ser
avaliado. No caso da autora Guerra, a cópia, o ditado e a redação
são considerados importantes na avaliação, porém
Berberian et al. afirmam que estas atividades são mecânicas
e desconsideram a produção espontânea do sujeito.
As formas de intervenção fonoaudiológica sofrem diversas
variações dependendo da visão ou concepção
que cada profissional tem a respeito do assunto. Moraes considera que
um dos principais objetivos do tratamento deve ser o aumento da auto-estima
e auto-confiança da criança, Dauden & Junqueira também
consideram importantíssimo motivar a criança de forma adequada
à realidade e às possibilidades da mesma, por outro lado,
Zorzi considera que o fonoaudiólogo deve realizar estimulações
da percepção auditiva, enquanto que as estimulações
do campo visual, bem como o ensino de regras ortográficas são
de âmbito pedagógico ou de outros profissionais. É
importante ressaltar que a pesar de considerarem alguns aspectos mais
importantes, os autores também consideram outros fatores.
Zorzi e Abud ressaltam a importância do conhecimento acerca do processo
de aquisição da escrita, como base para uma intervenção
adequada à necessidade de cada indivíduo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os erros fazem parte do sistema de apropriação
da escrita, sendo realizados por todo iniciante no processo de aquisição
da escrita.
O aprendizado se modifica na medida em que a criança tem oportunidade
de interagir com a escrita e aprender novos elementos que permitem maiores
conhecimentos.
A presença de erros, bem como a freqüência do mesmo
tipo de erro, podem revelar uma dificuldade ou transtorno no aprendizado
da linguagem escrita, mas também podem ser indicativos do conhecimento
que a criança tem da escrita e em que fase de desenvolvimento encontra-se.
Dessa forma, conhecê-los é fundamental para que estes dados
não levem a um rótulo de pseudodistúrbio de aprendizagem.
É importante e necessário que todo profissional que trabalhe
com a escrita conheça o processo de aquisição normal
da mesma, para que só então possa diferenciar o que é
normal e o que está alterado.
O profissional que atua com distúrbios de escrita precisa ter clara
sua concepção de escrita, bem como o que é importante
para um bom diagnóstico e intervenção, baseando-se
sempre pelo processo normal de aquisição e não apenas
pelos erros apresentados, analisando de forma crítica os critérios
e as concepções nas quais estão se apoiando.
Os profissionais precisam, acima de tudo lembrar que estão lhe
dando com seres humanos e que cada um tem suas diferenças individuais,
incluindo suas diferenças culturais, orgânicas, lingüísticas
e educacionais que participam do processo de aquisição da
escrita.
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