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CONCRETIZANDO
SONHOS
Angela C. G. Zaia - SME – PMC – Campinas
Débora R. F. Honda - SME – PMC – Campinas
Elaine C. da Silva - SME – PMC – Campinas
Elianede Assis Marques - SME – PMC – Campinas
Lúcia de F. C. Dos S. Barbosa - SME – PMC – Campinas
Marilac Luzia de S. L. S. Nogueira - SME – PMC – Campinas
Sorhaya Fagali - SME – PMC – Campinas
Somos um grupo de monitoras que esta recentemente formalizando
a reflexão sobre a prática Isto ocorre nas horas de formação
que temos destinadas para fins de atualização/análise
da própria prática, surgida em decorrência de uma
conquista das monitoras da Rede Municipal de Educação de
Campinas, com a implantação das 32 horas de trabalho a partir
do segundo semestre de 2004. Esta situação de trabalho constitui-se
em 30 horas semanais de trabalho com a criança e duas horas de
formação coordenadas por um especialista da unidade escolar.
Constituímos um sub grupo de formação coordenado
pela diretora educacional da unidade escolar e nos propomos neste espaço
refletir sobre a nossa história profissional, o que ficou bastante
enriquecido pela participação de uma monitora que conta
com quase vinte anos de trabalho como monitora. Este fato possibilita
uma reflexão mais abrangente sobre a trajetória do fazer
das monitoras ao longo de quase vinte anos.
Quando essa monitora assumiu suas funções (auxiliar de creche),
desconhecia por completo as atividades que iria realizar, procurando este
emprego pelo atrativo salarial. Nesta época o trabalho das auxiliares
de creche não se restringia ao trabalho com crianças, ele
se dividia em diferentes fazeres como lavar roupas, fazer merenda, limpeza,
cuidar de crianças; atividades realizadas estas diariamente.
O diálogo entre funcionários e pais era praticamente inexistente
visto que o contorno do trabalho na creche traduzia-se pela centralidade
administrativa.
Por volta do ano de 1990, as creches transferem-se da Secretaria da Promoção
Social para a Secretaria Municipal de Educação. A partir
deste momento os Centros de Educação Infantil passaram a
contar com diretores educacionais, vice-diretores educacionais, orientador
pedagógico, serventes, cozinheiras e professores.
Nesta época o atendimento das crianças de 0 a 3 anos se
destinava aos auxiliares de creche (monitoras) com um caráter bastante
acentuado no que se referia aos cuidados, enquanto os professores eram
destinados ao atendimento das crianças de 4 a 7 anos, traçando
para esta faixa etária um planejamento pedagógico elaborado,
o que não acontecia com os monitores pois, além de não
possuírem formação para esse fim também ainda
se ensaiava os primeiros passos de diálogo com os professores no
que se refere á integração de planejamento e sentido
do fazer educativo. Havia muita resistência na realização
de um trabalho conjunto por parte de todos os funcionários, o que
com o passar do tempo foi sendo minimizado. Hoje podemos dizer que se
tem consciência da intencionalidade do trabalho realizado com as
crianças, os monitores possuem mais conhecimento sobre a infância;
funcionários e comunidade já dialogam e se envolvem na intenção
de um trabalho mais rico com a criança, contribuindo para uma grande
mudança no trabalho realizado nas creches.
Nos primeiros anos de 2000, cinco de nós ingressamos no cargo de
monitora através de um concurso público realizado pela Secretaria
Municipal de Educação de Campinas no ano de 2000. Três
de nós ingressamos na mesma unidade escolar (CEMEI “São
Francisco de Assis”) enquanto uma foi destinada como monitora volante
na região Leste, atendendo conforme as necessidades surgidas nas
unidades escolares da região, como também em outras atividades
como a realizada na Estação Ambiental de Joaquim Egídio
e no Bosque dos Jequitibás apresentando trabalho da Semana do Meio
Ambiente realizado por crianças de diversas unidades de Educação
Infantil Municipal de Campinas. Este trabalho constituiu-se em fotos de
reciclagem de materiais decorrente de trabalhos de conscientização
sobre meio ambiente acontecido em algumas unidades escolares (CEMEI¹
e EMEF²).
Desse modo essa monitora ora estava em uma atividade, ora substituia em
escolas o que impossibilitava a realização de um trabalho
mais extensivo no tempo.
No início de nosso trabalho na unidade escolar, três de nós
conversávamos e percebemos que passávamos por dificuldades
bastante semelhantes no trabalho diário com as crianças
como: iniciar no cargo sem formação pedagógica, pois
isto não caracteriza exigência em concurso, o que a Rede
Municipal de Ensino vem suprir através de cursos de formação.
O número de crianças por turma também nos preocupava
visto que aliadas à falta de conhecimento pedagógico se
traduzia em obstáculo a ser superado na busca de qualidade de atendimento
da demanda de educação infantil.
No início o maternalismo se fazia presente, passando para a observação
do trabalho das colegas, o que foi foi um elemento norteador que enriquecia
a busca de conhecimento que auxiliava na pratica, aos poucos a preocupação
e insegurança foi cedendo espaço para um conhecimento mais
elaborado do desenvolvimento cognitivo da criança possibilitando
a realização e um trabalho intencional articulado no diálogo
profissional com o professor.
Com a chegada de uma nova monitora (a qual era volante na região
Leste) procuramos acolhê-la da melhor forma possível para
que integrasse o corpo de monitoras da nossa escola sem grandes conflitos.
Trabalhávamos ainda oito horas diárias, o que nos deixava
cansadas mental e fisicamente. A conquista da redução de
jornada de trabalho de 40 horas semanais (8 horas diárias) para
32 horas semanais (06 horas diárias com crianças e duas
horas de formação) em 2003 nos proporcionou momentos de
diálogos, pois nossa escola se estruturou em dois turnos, sendo
que no horário das 12:00h às 13:00h sempre é possível
conversarmos sobre nossos alunos, sobre a dinâmica diária
das crianças, além de estarmos articulando propostas de
trabalho conjunta em torno de um planejamento único utilizado por
nós e pelas professoras.
Ficamos mais dispostas para melhorar cada vez mais o trabalho com as crianças,
entendendo que neste espaço escolar apenas deixar a criança
para brincar, comer e dormir além de sermos cuidadores também
temos a função de mediar o conhecimento e para isso desenvolvemos
um trabalho pedagógico.
Imbuídas desta intenção, fomos descobrindo que o
aprender infantil também se faz na interação com
o adulto. Com isso melhoramos a qualidade das atividades propostas e procuramos
sempre planejar melhorias na realização do nosso trabalho
diário, o que foi facilitado pela implementação da
jornada de 32 horas.
Os cursos de formação oferecidos pela Secretaria Municipal
de Educação como Formação de Monitores, Educação
Especial, Educação Alimentar na Rede Pública e outros,
bem como o fato de uma de nós ser formada em Pedagogia ofereceu
subsídios para refletirmos mais sobre o ambiente da educação
infantil. Os brinquedos que tentávamos manter organizados em prateleiras,
os armários e gavetas fechados, os brinquedos, os livros, os fantoches,
blocos lógicos que tinham seu guardar em locais inacessíveis
à criança, foi cedendo seu lugar e atualmente estamos procurando
aos poucos deixá-los ao alcance das crianças.
___________________________
¹ CEMEI – Centro Municipal de Educação Infantil
² EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental
Nós
educadoras temos um olhar de creche, de educação infantil
ou seja, um ambiente mais lúdico, colorido, interativo, criativo
que possa constituir-se em um ambiente de sentido para a criança
enquanto um espaço onde ela consiga perceber-se como parte integrante
da sua dinâmica.
Estamos explorando todos os espaços físicos, fizemos no
chão desenhos de brincadeiras como: coelhinho sai da toca, amarelinha
com números, caracol com alfabeto, procurando sempre explorar as
cores para que alegrem o ambiente escolar.
Estamos iniciando um trabalho com ateliês seguindo a Pedagogia de
Freinet, entendendo que estes possam estimular e enriquecer o conhecimento
da criança. Nestes ateliês temos cantinhos de cabeleireiro,
massinha, texturas, leitura, blocos lógicos, pintura. Estamos trabalhando
também com mosaicos, técnicas de pátina, papel machê,
texturas em mesas, pinturas, cursos oferecidos em reuniões de formação
continuada previstas em calendário escolar.
Ainda temos previsto para este ano a realização de uma oficina
de produção de mosaico com pais e alunos, o resultado deste
trabalho conjunto virá compor o espaço externo da escola.
Entendemos que o crescimento profissional se faz importante para nós
monitoras de educação infantil, para isso precisamos de
atualização permanente em nossa formação.
Neste constante processo de aprendizagem, estamos conseguindo caminhar,
tornando-nos pessoas conscientes de nosso fazer pedagógico, aprendendo
e refletindo sobre as nossas ações, possibilitando o estabelecimento
de diálogo entre as profissionais que compõem o nosso espaço
escolar.
Com o olhar dirigido às nossas ações encontramos
espaço junto a equipe escolar para desenvolvermos um bom trabalho,
o que nos faz acreditar em nossa potencialidade quando vemos o nosso interesse
transformar em reais os nossos sonhos. |
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