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LETRAMENTO E INCLUSÃO SOCIAL E RACIAL NA ESCOLA
PÚBLICA
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Carmem Lúcia
Eiterer, Maria José Batista Pinto e Aliene
Araújo Villaca
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RESUMO:
O texto apresenta reflexões em torno de
eventos e práticas de letramento numa escola
pública da periferia de Belo Horizonte. As
atividades desenvolvidas com alunos de uma
turma de 2º. ano de 2º. Ciclo do ensino
fundamental procuraram promover o
desenvolvimento dos níveis de letramento dos
alunos a partir do desvendamento do processo
de produção e circulação de livros.
Palavras-chave: Letramento,
literatura, leitura
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ABSTRACT:
The text presents reflexions on events
and practices of litteracy in a public
school of the surroundings of Belo
Horizonte. The planned activities with the
students from the 2nd year of 2nd cycle of
fundamental grade aimed at the promotion of
development of litteracy levels of the
pupils from the discovery of the process of
production and circulation of books.
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Key words:
Reading,
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INTRODUÇÃO
Pretendemos neste artigo apresentar alguns conceitos
e práticas de letramento; para isso, vamos relatar
um projeto levado a termo a fim de desenvolver o
nível de letramento de alunos de 2º ciclo do ensino
fundamental num total de 25 alunos entre 10 a 13
anos de idade, mobilizando a leitura literária. A
parceria entre a FaE-UFMG e uma escola da rede
pública municipal de porte médio da região noroeste
de Belo Horizonte, durante o segundo semestre de
2007, permitiu que uma aluna do curso de pedagogia
da Faculdade de Educação da Universidade Federal de
Minas Gerais atuasse junto a professora na escola
desenvolvendo atividades de leitura e letramento
junto à turma.
Vamos começar lembrando aquilo que Cláudio Vóvio
(2007) sintetiza em seu texto
Práticas de leitura na EJA: do que estamos falando e
o que estamos aprendendo
acerca da leitura e do letramento. A leitura é um
fenômeno que tem natureza sócia histórica, ou seja,
significados da leitura, modos de ler, materiais
indicados a leitura mudam, se redefinem para cada
diferente tempo e espaço social. Cada sociedade tem
suas regras e valores, cada grupo social detém suas
escolhas e práticas de leitura. Essa compreensão
somada a outras aquisições teóricas desenvolvidas no
bojo dos estudos sobre o Letramento permitiram que
se repensasse uma série de atividades com vistas à
promoção da leitura que se desenvolve na escola.
Como destaca a autora:
Resumindo, abordagem sócio-histórica cultural
advindas dos Estudos do Letramento propiciou a
revisão dos efeitos homogêneos da aprendizagem da
escrita sobre os sujeitos, a formulação de novas
orientações para o desenvolvimento de abordagens de
aprendizagem da linguagem escrita, a constatação de
que as pessoas, ao compartilharem práticas de uso da
escrita, constroem conhecimentos, antes mesmo de
ocuparem os bancos escolares.
(VOVIO, 2007, p.2)
O reconhecimento das diferentes práticas
socioculturais de leitura presentes em uma sociedade
complexa como a nossa expandiu os horizontes da
escola e do processo de aquisição da leitura,
incorporando a eles outros materiais e métodos. Como
afirma Street: "A construção do letramento esta
imbricada nas práticas discursivas e nas relações de
poder na vida cotidiana: está socialmente
construída, materialmente produzida, moralmente
regulada e tem significado simbólico que não pode
reduzir-se a nenhum destes". (Apud VOVIO, 2007, p.3)
As práticas ganham significado no dia a dia, nas
relações que se constroem em torno dos eventos de
letramento.
Assim, a professora ao assumir como um desafio esta
turma, considerada a mais “problemática” da escola,
buscava como ponto de partida no seu trabalho a
valorização destes alunos. Essa turma trazia consigo
o conceito negativo atribuído pelo coletivo da
escola, que os considerava uma “turma fraca e
indisciplinada”. De acordo com a professora “muitos
alunos pegavam o livro por pegar, apenas pelo gosto
de ter este objeto entre seus materiais e às vezes
apreciar as ilustrações...” Percebia a necessidade
de engajar as crianças em eventos e práticas de
letramento que os mobilizassem e permitissem o
desenvolvimento de suas potencialidades
socio-cognitivas.
As
crianças desta turma, pobres, a maioria parda ou
negra, enfrentam a dura realidade da vida na
periferia de uma cidade grande e trazem as marcas
desse cotidiano. Acostumam-se a ausência de ações
políticas concretas, governamentais ou não, que
promovam de fato plenamente a sua inclusão e a de
suas famílias. Pouco esperam de si mesmas, do
futuro, da escola ou dos professores. Acostumaram-se
a juízos negativos que não lhes atribui qualquer
possibilidade futura a não ser a ausência de
direitos e a violência.
Como destaca Abreu (2002), via de regra, a relação
entre a escola e a família apresenta percalços, as
professoras culpabilizam as famílias, a pobreza, a
indisciplina e a falta de compromisso dos alunos por
todos os problemas com que se deparam na sala de
aula. Responsabilizam o meio em que as crianças
vivem, a precariedade de sua condição e a falta de
perspectivas (p. 146). Em sua pesquisa acerca da
relação entre as famílias de camadas populares e o
Programa Escola Plural, da Prefeitura de BH-MG,
ressalta que:
... no Brasil, as famílias pertencentes às camadas
populares, ao menos no que tange ao ensino
fundamental, freqüentam a escola pública,
constituindo-se na maior parte de seus usuários.
Quer se pense no fenômeno da violência escolar, das
queixas usuários dos pais quanto ao funcionamento do
sistema de ensino ou na insatisfação freqüente, por
parte dos profissionais da escola, em relação ao
comportamento das famílias, o quadro geral é o de
pequena sintonia entre uns e outros.
(2002, p.3)
O mesmo autor aponta que o discurso desliza
freqüentemente para a estigmatizacão. Endossando
Thin (1998), quando este afirma que:
O discurso dos professores (...) é estigmatizante
não por que seja falso ou sem fundamento, mas porque
oculta as relações sociais de dominação que fundam
as características e praticas das famílias populares
como socialmente inferiores e não adaptadas e por
que ignora que as práticas podem ter um sentido se
relacionadas as suas condições sociais de produção.
(p. 91)
Somam-se a este contexto a conjuntura do Decreto Lei
10.639/03, que preconiza o ensino de temas
afro-brasileiros na sala de aula. Esta legislação
ressalta ainda mais a importância de atermo-nos a
aspectos raciais na relação com os alunos nas
escolas públicas. Neste sentido, a legislação visa a
construção de uma pedagogia que faça intervenções
efetivas em situações de exclusão e discriminação
escolar em função do pertencimento étnico. Entre os
princípios expressos na Lei destacamos:
1) desencadear processos de afirmação de identidades
e da historicidade negada ou distorcida (por
preconceitos disseminados nos diferentes ambientes
sociais).
2) rompimento com imagens negativas forjadas por
diferentes meios de comunicação (o que inclui não
apenas a tevê, jornais e revistas, mas também os
livros didáticos).
3) Ampliar o acesso a informações acerca da
diversidade da nação brasileira.
Tendo em vista a Lei 10639/03, visamos também a
construção de uma nova forma de pensar a identidade
afro-descente na sociedade brasileira, afirmando sua
história, cultura, saberes e valores.
A escolha do livro a ser discutido no projeto se deu
então por diferentes aspectos. Escolhemos um livro
de uma editora de Belo Horizonte, que facilitaria a
visita a editora, o contato com a autora,
ilustrador, etc.
O menino que não nasceu da barriga da mãe,
da Editora Mazza. A escolha do texto se deu por
causa da temática do livro, que trata da questão da
adoção a partir de uma abordagem étnico racial.
Procuramos favorecer situações em que as crianças
reconheçam-se na ilustração do livro, que traz
crianças negras. Mas, mais que isso, pensar as
relações familiares.
Conhecer a editora, especializada em publicações de
temáticas étnico-raciais, ouvir as historias da
editora, a jornalista Maria Mazzarello, mulher
negra, filha de mãe analfabeta. D. Peninha, antiga
lavadeira da região da Pompéia (BH-MG), hoje dá nome
a Fundação Cultural dirigida por sua filha, que
conta com biblioteca e centro de formação
profissional.
O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Nesse contexto, durante o mês de agosto, numa fase
exploratória, optamos por contar histórias para os
alunos e estes, lerem e nos contarem histórias
também. A bolsista levou até a sala de aula alguns
exemplares de livros infantis e contou-lhes as
historias, modulando a entonação de voz para alguns
personagens, gesticulando, mudando a expressão
facial, enfim, interagindo com as crianças e fazendo
com que elas ficassem com a curiosidade aguçada e
atentas à narrativa. As obras utilizadas foram as
seguintes:
Lilás
de Mary E. Whitcomb, Ed. Cosacnaify,
Chega de Beijo
de Emma Clark Ed. Salamanca,
A coleção de bruxas do meu pai
de Rosa Amanda Strausz, Ed. Salamanca.
No
primeiro encontro entre a contadora e os alunos da
sala 4, houve uma boa receptividade entre ambas as
partes, além de uma participação efetiva dos meninos
e meninas. Assim, surgiu a proposta de sistematizar
algumas ações que permitissem aos alunos conhecerem
um pouco da história e do processo de produção dos
livros, espaços e profissionais envolvidos nessa
produção. Visávamos possibilitar a estes alunos
desenvolver a capacidade de compreensão e
valorização da cultura escrita, aprimorar as
habilidades de escrita, conhecer os gêneros
textuais, propiciar a apropriação do livro. para que
assim entendessem a importância do mesmo, o
valorizassem enquanto bem cultural, conhecessem as
etapas da construção de um livro e quais os
profissionais envolvidos na produção do mesmo.
Pretendíamos levar os alunos a, ao verificar o
processo de produção de um livro, conversando a
respeito, pesquisando nos próprios livros e
visitando outros espaços, reconhecerem a
possibilidade de virem eles mesmos a se constituírem
autores, escritores, entendendo este ofício como uma
possibilidade para muitos.
Esboçamos estes objetivos sem perder de vista o
entendimento de que pensar a produção de leitores e
comentadores de textos é pensar também nossa atuação
como professores, ater-nos a questões como quem lê,
o que lê, onde lê, e ainda, como o leitor lê. Como
afirma Dionísio:
Manter um repertório vasto e flexível de práticas,
desempenhar papéis e ativar recursos que dêem
expressão às dimensões operativas, culturais e
críticas, atuando, tanto: como decodificador, pela
mobilização de recursos necessários para abrir o
código dos textos escritos, reconhecendo e usando
traços e estruturas convencionais da organização do
texto; como participante textual, participando na
construção de sentidos, tendo consideração, por
relação com as experiências e conhecimentos sobre
outros discursos, textos e sistemas de significação.
(DIONISIO, 2005, p. 76)
Entendemos a literatura como uma prática cultural
que permite a criança vivenciar um contato com um
universo fantástico, com a ficção, com outras formas
de socialização, ao mesmo tempo em que amplia as
possibilidades de compreender e pensar seu próprio
mundo. Assim, iniciamos as atividades com vistas à
convivência em grupo, à socialização, ao
desenvolvimento do letramento e ao incremento das
aquisições relativas a alfabetização: promover a
aquisição da escrita e o desenvolvimento de uma
competência de leitura sem perder de vista que a
participação ativa dos alunos seria o nosso ponto de
referência na avaliação contínua do projeto.
Procuramos favorecer de forma positiva o processo de
inserção dos alunos na cultura letrada,
desenvolvendo seu letramento, de acordo com Soares
(2001) “o resultado da ação de ensinar ou de
aprender a ler e escrever: o estado ou a condição
que adquire um grupo social ou um indivíduo como
conseqüência de ter-se apropriado da escrita”
(p.18). Entendendo que a leitura e a escrita são
ferramentas essenciais à cidadania plena em
sociedades grafocêntricas como a nossa, ou seja,
organizadas por meio do escrito.
De acordo com Soares (2003), “letramento é o
desenvolvimento para além da aprendizagem básica (da
leitura e escrita), das habilidades, conhecimentos e
atitudes necessários ao uso efetivo e competente da
leitura e da escrita nas práticas sociais que
envolvem a língua escrita” (p. 89). Ou seja, o
conceito de letramento indica o uso, a capacidade
adquirida de usufruir da leitura e da escrita. Vamos
ainda distinguir aqui o conceito de evento de
letramento, lembrando, conforme Magda Soares (2003,
105), designam situações em que a língua escrita é
parte integrante da natureza da interação entre os
participantes e de seus processos de interpretação.
O Projeto que a professora planejara, em si mesmo,
constituiu um evento de letramento, pois esse se
configurou como uma situação especifica de interação
em que o uso da língua escrita é a mediação, ou
seja, é a ferramenta necessária. O alunos, a
professora, a autora, a bolsista, a editora, a
bibliotecária da escola, encontraram-se mobilizadas
a partir de uma situação social em que os meninos
buscavam conhecer melhor o objeto livro. É ele que
os aproximava e seu conteúdo, sua narrativa, que
permitia o seu encontro.
Por
práticas de letramento nomeamos os comportamentos
exercidos pelos meninos e meninas na ocasião do
projeto, que permitiram a eles explorar e conhecer
melhor o objeto livro. A proposta nasceu da
necessidade de levar esses alunos a um contato mais
sistemático com a literatura, visto que apesar do
pleno acesso ao acervo literário da biblioteca
escolar, emprestavam livros, mas nem sempre liam ou
demonstravam uma apropriação dos mesmos.
Realizamos uma dinâmica, como diagnóstico inicial,
na qual em forma de brincadeira os alunos tinham que
sortear uma questão e responder. Estas foram
apresentadas de forma simplificada, mas buscavam
observar o contato que estes tinham com o universo
literário. Percebemos pelas respostas dos alunos o
seu pouco contato com os livros, confundiram
livreiro, autor, escritor e ilustrador, não
distinguindo seus papéis e funções no processo de
produção e circulação do livro. Quando perguntamos
quais os livros que mais gostavam, as respostas em
sua maioria eram dos livros que já tínhamos
trabalhado na fase exploratória do próprio Projeto.
Mas sempre mostravam interesse em conhecer novas
possibilidades. Com estas informações, passamos a
focar mais alguns temas, de acordo com o interesse
deles.
A bolsista visitava a turma semanalmente e
permanecia durante todo o período de aula. Uma das
primeiras atividades foi nomear o projeto.
Propusemos um concurso, pois desejávamos que estes
estudantes criassem um titulo que tivesse sentido
com a proposta apresentada, além de um logotipo e
uma marca. Assim, eles sugeriram nomes, realizaram
uma eleição para a escolha do melhor. Com isso,
passamos para a etapa da elaboração de um logotipo e
marca sendo três desenhos escolhidos para
representar o projeto. Sempre que uma nova etapa era
iniciada havia uma preparação junto aos alunos e a
avaliação do trabalho já realizado.
Os meninos escolheram o nome da atividade:
Crescer e aprender com os livros.
Organizamos um cronograma, abrangendo diferentes
etapas, como a apresentação do projeto aos alunos e
levantamento dos conhecimentos prévios acerca do
tema a ser desenvolvido.
No
encontro com a autora realizado no espaço da
biblioteca escolar, os alunos fizeram perguntas
sobre o processo de adoção, sobre a legislação e os
direitos das crianças, sobre a escrita em si mesma,
e outras. Falaram ainda de si mesmas e de suas
experiências familiares, dando depoimentos de suas
historias pessoais. Na visita à editora, foram
recebidos com uma visita guiada, exploraram os
espaços, conversaram com a proprietária da editora,
ouviram contação de história, lancharam e receberam
ainda um conjunto de livros de presente.
A avaliação dos alunos foi processual, através de
portfolio; a cada aula é proposta uma atividade
diferenciada, como a confecção do logotipo. Com
isso, queríamos que os alunos escrevessem um livro
individual, relatando esta experiência do
conhecimento do universo literário, além da montagem
de um painel na sala com fotos, desenhos e
atividades em que estes fossem desenvolvendo ao
longo do semestre para que estes estivessem sempre
motivados a trabalhar e a criar.
Concluindo, podemos afirmar que obtivemos alguns
resultados. No inicio, estes estudantes apenas
olhavam as ilustrações dos livros e conferiam o
número de páginas para escolher um; com o tempo
passaram a observar mais atentamente os detalhes do
mesmo, como a capa, a ilustração, a editora, já
identificando estes elementos.
Entendemos que o processo de aprendizado não é algo
homogêneo, mas algumas atitudes destes alunos
mostraram que já compreendem melhor como se dá o
processo de produção do livro. Alunos que em algumas
circunstâncias tinham atitudes de não se envolverem
em atividades, durante este projeto se mostraram
envolvidos, mesmo que não de maneira efetiva, mas
respeitando os colegas, além de reconhecerem as
partes do livro.
Cremos
que o trabalho contribuiu no sentido de que eles
fossem se tornando mais críticos e interessados.
Observamos a partir do contato com a autora e
editora o desenvolvimento dos alunos no que diz
respeito a participação e a oralidade. Antes, quando
era proposto fazer perguntas a alguém, os alunos
sentiam-se intimidados, pouco participativos e as
questões que eles levantavam eram sempre voltadas
para a vida pessoal do entrevistado, como: onde
morava, quantos anos tinha, etc. Aos poucos,
começaram a ampliar suas questões, demonstrando o
desejo saber mais, sobre a história narrada no
livro, o porquê dela, procurando entender como se dá
o livro. Queriam saber o motivo que a levou a propor
o texto para a editora e como foi escrever um livro.
A forma como eles passaram a contar histórias também
se modificou: passaram a querer contar histórias,
dentro e fora de sala. Sugerimos que alguns alunos
fossem visitar a outras turmas da escola para
apresentar o livro, e muitos se mostraram
interessados em fazer esta atividade. Ao contarem,
passaram a buscar fazer da mesma forma que a
contadora, mostrando as imagens, lendo de forma
calma, falando o nome do autor e editora.
O reencontro que os alunos tiveram com o livro e a
leitura literária a partir deste projeto provocou
neles diversas transformações, entre elas,
demonstraram o desejo de adquirir livros e foram
estimulados a escreverem cartas a serem distribuídas
pela professora para pessoas diversas que se
dispusessem a doar os livros que eles pediam.
O alcance deste projeto foi alem da sala de aula,
uma aluna, a partir do envolvimento com as
atividades, construiu uma biblioteca comunitária em
sua casa com os seus livros e de mais duas amigas. O
pequeno acervo de livro que elas possuíam passou a
ser socializado com as demais crianças de sua
comunidade.
Diante da experiência com este projeto, consideramos
que a aprendizagem contínua e significativa é um
processo que se constrói mediante um ato de reflexão
constante sobre o desenvolvimento dos alunos diante
do trabalho pedagógico. Assim como as demais
práticas escolares e culturais, ler toma sentido
para estes alunos no bojo de uma atividade coletiva,
intencionalmente planejada, mediada pelo educador e
pela bolsista. Ou seja, ler não é uma atividade
espontânea que vai brotar do nada. Nossos alunos
precisam poder contar nas escolas com acervo
adequado a sua idade, acesso a esse acervo e
atividades que façam a ponte entre eles e os livros.
Buscar diferentes modos de um fazer pedagógico
que aproxime o livro e os leitores é papel do
professor.
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*
Profª.
Drª. Carmem Lúcia Eiterer
–
FaE-UFMG.
Profª. Msª. Maria José Batista
Pinto – PBH-MG. Aliene
Araújo Villaca – Graduanda em Pedagogia
-Bolsista
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