| SINOPSE Em um panorama caracterizado pela centralidade da tríade práticas de leitura/gênero/exclusão este Seminário, em seu quarto encontro, pretende apontar para a perspectiva da diferença, dos dissensos, dos desencontros. Objetiva-se discutir, pesquisar e inventar exercícios e experiências de diferenças que não necessariamente reconciliem, e, que também, obviamente, não disputem em guerras e mortes suas próprias verdades e territórios. Neste movimento objetiva-se problematizar os rastros de nossa construção através de modalidades que envolvem o ser e no interior das diferenças, entender e inventar acontecimentos inusitados, intempestivos, ocasionais que se coloquem para além dos desejos de verdade, homogeneidade e unificação, acontecendo em processos e movimentos passíveis de serem visualizados nas múltiplas manifestações da contemporaneidade que envolvem gênero e exclusão mediadas pelas práticas de leitura. Ao falar de loucos, crianças, homossexuais, índios, negros não se pode apenas definir-lhes uma identidade fixa, estável, atribuir-lhes um lugar, direitos, reconhecimento, até mesmos privilégios – e ao mesmo tempo torná-los inofensivos, esvaziando seu potencial diruptivo. Pretende-se discutir a idéia de identidade (por isso gênero) nesse seminário já que esta armadilha pode se constituir em uma prisão porque centrada na intenção de construir sujeitos iguais identitária e culturalmente. Abrigar-se-ão, neste quarto seminário, trabalhos que contemplem a tríade práticas de leitura, gênero e exclusão entendidas como experiências que borrem fronteiras disciplinares e evidenciem experiências vividas em várias situações.
TEXTO BASE Em um panorama caracterizado pela centralidade da tríade práticas de leitura/gênero/exclusão este seminário, em seu quarto encontro, pretende apontar para a perspectiva da diferença, (entendidas como ações que façam diferenças), dos dissensos, dos desencontros, em abordagens não condicionadas aos caminhos já percorridos não para que redundem em uma suposta síntese unificadora, nem em um consenso democrático que sobreponha maiorias às minorias, mas desobedecendo as práticas gessadas e trajetórias contínuas privilegiem as complexas, multifacetadas e minuciosas experiências de diferenças na tríade em questão. Pretende-se, pois, discutir, pesquisar e inventar exercícios e experiências de diferenças que não necessariamente reconciliem, e, que também, obviamente, não disputam em guerras e mortes suas próprias verdades e territórios. Neste movimento, objetiva-se problematizar os rastros de nossa construção por meio de modalidades que envolvem o ser e no interior das diferenças, entender e inventar acontecimentos inusitados, intempestivos, ocasionais que se coloquem para além dos desejos de verdade, homogeneidade e unificação, acontecendo em processos e movimentos passíveis de serem visualizados nas múltiplas manifestações da contemporaneidade que envolve gênero e exclusão mediados pelas práticas de leitura.
Entendendo a lógica do capital como inclusiva e global pretende-se incentivar, pesquisar, produzir sentidos, ler e incitar formas não inclusivas e diferentes de produzir acontecimentos, formas de vida, maneiras de viver, conhecimentos etc. O capital em seus poderes inscreve sobre o corpo (a partir, entre outros, da moda e das academias corporais), a partir da linguagem (especialmente a gramática, a norma culta) seus sentidos únicos (com suas clausuras) e dessa forma, no seminário, pretende-se acolher as “minorias” (não do ponto de vista numérico) – a partir da discussão do gênero – dos excluídos, diferenças que pretendem não a inclusão, mas suas manifestações que ampliam as possibilidades de vida. Inverter a lógica da qual o capital se nutre das vidas, vampirescamente e as revende como modo de vida, jeitos de viver que caracterizam a era deslizante e fluída em que vivemos.
Dessa forma, pretende-se tensionar os modos pelos quais as pessoas se relacionam para desarmar uma armadilha produtora de sujeitos que compram tais vidas; desejantes de servidão e verdade, e pretende-se aproveitar uma tendência crescente, realizada por parte dos excluídos, em usar a própria vida, na sua precariedade de subsistência, como um vetor de autovalorização. Ou seja, procurar dar visibilidade a realizações estéticas, éticas e de conhecimento que enunciem o poder da vida, se opondo/se relacionando/se desdobrando ao poder sobre a vida. Tais empreendimentos exigem a capacidade de articular o que transita pelo marginal, pelo sobrante para fazer falar aqueles que não tem esse direito, e devolver aos sons seu valor de luta contra: o poder, o saber, a linguagem, a hegemonia, a saúde dominante, buscando um ser-leitor historicamente situado lutando com, nos e pelos discursos, tecnologias e aparatos que compõem o vertiginoso mundo da contemporaneidade.
Ao destacar o gênero, a exclusão e práticas de leitura como mote central do seminário pretende-se não reclamar pertencimento ou denunciar os processos massivos de exclusão de diferença, mas afirmar a positividade e o desejo de possíveis outros lugares produtores de experiências e que contribuam para “quebrar as armadilhas” sejam elas econômicas, políticas, culturais, educacionais que assolam o mundo globalizado. Ao falar loucos, crianças, homossexuais , índios, negros não se pode apenas definir-lhes uma identidade fixa, estável, atribuir-lhes um lugar, direitos, reconhecimento, até mesmos privilégios – e ao mesmo tempo torná-los inofensivos, esvaziando seu potencial disruptivo. Pretende-se discutir a idéia de identidade (por isso gênero) uma vez que esta armadilha pode se constituir em uma prisão porque centrada na intenção de construir sujeitos iguais identitária e culturalmente.
Abrigar-se-ão, neste quarto seminário, trabalhos que contemplem a tríade práticas de leitura, gênero e exclusão entendidas como experiências que borrem fronteiras disciplinares e evidenciem experiências vividas em várias situações.
Este é o nosso convite para que possamos, de novo, abrigar em nosso seminário a alegria da experimentação.
PROGRAMA
11 de julho (quarta feira)
Palestra: "Conversación sobre la lectura como experiencia" - Jorge Larrosa (Universidade de Barcelona, Espanha)
Local: Auditório da Casa do Lago
Palestra: "A Teoria Queer e a Questão das diferenças" - Richard Miskolci (UFSCar)
Local: Auditório da Casa do Lago

12 de julho (quinta feira)
Tema norteador das palestras: "Leitura e Diferenças"
"Traços falantes, identidades mutantes: juventudes na contemporaneidade" - Maria Stephanou (UFRGS)
"O diabo na sacristia: o padre, a moça e a versão do fato (o caso da Igreja das Dores/Porto Alegre, final do século XIX)" - Sandra Jathay Pessavento (UFRGS)
"Habitar a rua como criação de territórios "- Christian Pierre Kasper (UFPR)
Local: Auditório da Casa do Lago
13 de julho (sexta feira)
Síntese das Discussões e Avaliação
Local: Palco do Ginásio Multidisciplinar
SÍNTESE DO SEMINÁRIO

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