VII Seminário “Mídia, Educação e Leitura”

SINOPSE Os conteúdos da mídia têm sido estudados, debatidos e criticados em lugares privilegiados como congressos, seminários e salas de aula e em produções acadêmicas, científicas e jornalísticas. Entretanto, isso não basta, em um país de escassos leitores. Pesquisas de mercado e avaliações de desempenho de alunos do ensino médio comprovam que o brasileiro lê muito pouco. Ele tem pouca capacidade crítica. À consciência ingênua dos iletrados impõem-se, com facilidade, as ideologias dos dominantes. Percebe-se, assim, a enorme influência dos veículos midiáticos do mundo capitalista sobre a vida dos brasileiros de todas as idades. Quem não dispõe de outros meios para educar-se, não lê, naturalmente não tem capacidade para selecionar, avaliar, criticar o que vê, assimilando seu conteúdo de forma passiva. Essa é a grande armadilha. A ênfase no ensino da leitura de textos dos mais diferentes tipos é o caminho para que o indivíduo possa ler criticamente a produção dos meios de comunicação sem se deixar manipular. Este VII Seminário Mídia, Educação e Leitura tem o propósito de criar espaços de discussão sobre as armadilhas da mídia e sobre as possíveis formas de quebrá-las; de oportunizar reflexões sobre sua produção e recepção. É necessário lutar coletivamente para que o ler e o escrever sejam direitos fundamentais do homem, pois só assim, a partir dessa conquista, ele poderá transformar sua realidade. Só com educação e leitura se pode construir uma sociedade mais justa.

TEXTO BASE - Armadilhas da mídia

Os conteúdos da mídia têm sido estudados, debatidos e criticados em lugares privilegiados como congressos, seminários, salas de aula e em produções acadêmicas, científicas e jornalísticas. Entretanto, isso não basta, pois o público presente a tais eventos é extremamente pequeno em relação à população brasileira, e os estudiosos que discutem o conteúdo midiático são poucos em um país de escassos leitores.

Pesquisas de mercado e avaliações de desempenho de alunos do ensino médio comprovam que o brasileiro lê muito pouco. Instaura-se, aí, um círculo vicioso: o jovem que não lê se transforma no adulto que se mantém afastado dos livros e jornais (ou no professor sem leitura, ao qual falta a consciência crítica para o exercício do educar). Sem capacidade para refletir sobre os problemas do mundo, não consegue compreender suas implicações nem contribuir para soluções. Alienado, satisfaz-se com mediocridades, quer de entretenimentos quer de ambições, encontrando conforto nos seus iguais, que, por não questionarem, acomodam-se.

O silogismo que aí se apresenta indica graves conseqüências sociais, como o desemprego por falta de qualificação profissional, a disseminação da pobreza, a violência entre os jovens por falta de perspectiva. Se a competência para análise da realidade é dada pela leitura de mundo que outros fizeram e fazem, registrando-as em seus textos, aquele que não lê ou lê muito pouco (é preciso considerar-se o que e como lê) tem pouca capacidade crítica. Essa é a grande armadilha.

À consciência ingênua dos iletrados impõem-se, com facilidade, as ideologias dos dominantes. Percebe-se, assim, a enorme influência dos veículos midiáticos do mundo capitalista sobre a vida dos brasileiros de todas as idades. Os meios de comunicação (e vamos considerar, aqui, especialmente, o poder da televisão, cujas imagens são facilmente digeríveis) encarregam-se de impor sua versão dos fatos, seu modo de olhar a sociedade, de divulgar sua avaliação dos problemas, sempre à luz dos interesses dos que detêm o poder econômico e político.

São muitas as suas armadilhas: propagandas enganosas; estímulo desleal ao consumismo desenfreado; filtragem de notícias pelas agências internacionais e, depois, uma segunda, pelos editores dos jornais televisivos; imagem maquiada da vida glamurizada nas novelas dos horários nobres; banalização e inversão de valores em programas de auditório de grande audiência etc, etc. Ora, quem não dispõe de outros meios para educar-se, não lê, naturalmente não tem capacidade para selecionar, avaliar, criticar o que vê na tela, assimilando seu conteúdo de forma passiva. Quem não dispõe de recursos materiais e intelectuais para desfazer equívocos, quebrar barreiras e desarmar as armadilhas da mídia não terá poder de decisão sobre o próprio futuro e será iludido pelo brilho da tela de TV ou pelo outdoor da última marca de cerveja lançada no mercado.

Obviamente, a mídia não é a responsável pelas mazelas sociais, pelo número de analfabetos em nosso país, pela injusta distribuição de renda, pela corrupção espalhada na política. Ela tem compromisso com o público, investiga, denuncia, aponta problemas, sugere soluções. Informa e forma opinião. Incorpora os anseios sociais, as dificuldades do cotidiano do povo, refletindo interesses presentes nos diversos setores do mundo moderno. Mas é tão grande o poder que lhe tem sido dado, que influi na criação e modificação dos valores morais e estéticos do brasileiro e – até mais do que a família e a escola, em muitos casos – na formação dos jovens. Ela produz sentidos. A pergunta é: serão lidos, entendidos, interpretados por aqueles que, em sua grande maioria, não têm nem tempo nem cultura suficientes para criticar aquilo que lhes é mostrado? Grande armadilha... Será possível quebrá-la?

Apenas a educação é capaz de fazê-lo. A ênfase no ensino da leitura de textos dos mais diferentes tipos é o caminho para que o indivíduo possa ler criticamente a produção dos meios de comunicação sem se deixar manipular. Cabe à escola descobrir e fazer os jovens descobrirem as sedutoras armadilhas que lhes são impostas.

Além das armadilhas da mídia, há outras a serem quebradas: sociais, educacionais, culturais, políticas, econômicas etc. As discussões sobre o assunto devem incluir propostas de ações em diversos setores, com a criação de espaços de luta contra preconceitos, desigualdades e injustiças. Indignar-se, protestar contra dissonâncias, propor soluções que beneficiem os cidadãos e dividir boas experiências são formas positivas de participação no processo. É preciso aproveitar o que há de positivo na mídia e fazer dela uma grande aliada na transformação da sociedade.

Este VII Seminário Mídia, Educação e Leitura tem o propósito de criar espaços de discussão sobre as armadilhas da mídia e sobre as possíveis formas de quebrá-las; de oportunizar reflexões sobre sua produção e recepção. É necessário lutar coletivamente para que o ler e o escrever sejam direitos fundamentais do homem, pois só assim, a partir dessa conquista, ele poderá transformar sua realidade. Só com educação e leitura se pode construir uma sociedade mais justa.

 

PROGRAMA

11 de julho (quarta-feira)

Palestra: "Comunicação e Construção da Cidadania: os desafios da mediação" - Alice Mitika Koshiyama (ECA, USP)

Mesa Redonda- "Mídia, Gênero e Preconceito" - Heloísa Buarque de Almeida (USP); Carmen Rial (UFSC); Maria Inês Ghilardi Lucena (PUC-Campinas)
Local: Auditório III - Centro de Convenções

 

12 de julho (quinta-feira)

Palestra: "Revistas: a forma da leitura" - Valdir Heitor Barzotto (FE-USP)
Local: Auditório III - Centro de Convenções

Mesa Redonda: "Escolhas do sujeito frente à mídia e à escola: leituras" - Luzmara Curcino Ferreira (Unesp); Jaime F. P. Cordeiro (FE-USP); Thomas Massao Fairchild (Unicentro-Irati, PR)
Local: Auditório III - Centro de Convenções


13 de julho (sexta feira)

Síntese das Discussões e Avaliação
Local: Centro de Convenções - Auditório II

SÍNTESE DO SEMINÁRIO