| SINOPSE
... se estamos condenados à civilização: ou progredimos ou desaparecemos (Os Sertões)
Machado de Assis já tinha feito referência (dito por “uma criança” In Uns braços, 1885) à “linguagem sem palavras que todos trazemos conosco”. Nosso seminário aqui no Cole tem sempre priorizado a reflexão destas linguagens sem palavras, também machadianamente já que “o menino é o pai do homem” (Memórias Póstumas de Braz Cubas, 1881). Os livros ilustrados, a iconografia, as imagens, a fotografia interessam a tanta gente e não apenas às crianças que ainda não lêem nem escrevem com as letras. Assim como o lúdico é uma dimensão humana e não apenas infantil. Ocupar espaço com tudo isso dentro de um congresso de leitura do porte do Cole é procurar um resultado surpresa feito da correspondência entre a cultura lúdica e as culturas da escrita para nós adultos, seja pelo prazer da leitura, da literatura, da poesia seja na formação de professoras/es de cidadãos de todas as idades. No Seminário “linguagens na educação infantil” onde sempre damos ênfase às crianças que freqüentam a primeira etapa da educação básica em creches e pré-escolas, nesta sua quinta edição, estaremos de olho na criança de 6 anos,vigilantes para que não caia em armadilhas e não abra mão do seu direito ao lúdico, à arte, ao prazer da leitura e da escrita sem e com as letras. Para isso, nosso seminário este ano vai trazer contribuições nestas áreas para a formação docente da pequena infância. No último Cole enquanto estávamos aqui na luta pelos direitos das crianças pequenas discutindo entre outros temas, o financiamento, lá em Brasília estava havendo o movimento das “fraldas pintadas” pela inclusão das creches no Fundeb. Hoje felizmente as crianças de 0 a 3 anos foram incluídas, no entanto , como as de 6 anos foram para a primeira série cabe à Pedagogia da Infância contaminar o ensino fundamental e fazer uma aliança com as professoras das séries inicias já que também elas são professoras de criança. A pergunta deste ano será: qual é o saber profissional que deve ser agregado à atual formação das professoras de criança de 0-10 anos? Com uma densa formação teórica capaz de dar conta de uma profícua reflexão sobre a prática propomos neste Cole agregar com Roberto Frabetti a discussão da nossa teatralidade, a construção do alfabeto teatral das professoras e, sem dar aulas, levar as crianças desde bem pequenas a manifestar a sua garatuja teatral, sua corporalidade estética em movimento.Maria Carmem polemiza com o ingresso das crianças de 6 anos no ensino fundamental e defende o direito à educação infantil como primeira etapa da educação básica. Marina Manferrari trazendo as estórias, a arte, o movimento dará continuidade a discussão da leitura sem letras iniciada por Cristina Rizzoli que esteve conosco no III seminário em 2003 (publicado pela Editora Autores Associados no livro organizado por Faria e Mello, 2005, Linguagens Infantis). Cecília Goulart dará boas vindas às crianças de 6 anos ao sistema de ensino destacando uma formação para as professoras da primeira série que construa uma escola que dá continuidade para se viver a infância no coletivo produzindo falares e saberes. Márcia Gobbi aprofunda a conexão educação, arte e inventividade na pequena infância aquém e além das letras. De novo desta vez Suely Mello será nossa ouvidora e fará o encerramento desmontando tantas armadilhas.
TEXTO BASE
JOAN BROSSA (Poesia Vista, 2005)
Porque, de fato,se as palavras são as coisas, com a linguagem das coisas também se podem fazer metáforas. A metáfora permite, justamente, viajar no espaço e no tempo por analogias sensíveis .Minha poesia visual é feita de correspondências que dão como resultado a surpresa da imagem ou do objeto - Joan Brossa, catalão,1950
Os professores e as professoras de todos os níveis de ensino e de educação estão comprometidos com o conhecimento. Assim as docentes (com, ou ainda sem diploma) que atuam nas creches e pré-escolas encontram no COLE momento de estudo e reflexão sobre sua prática pedagógica e a construção/re-construção de conhecimento.O nosso seminário “Linguagens na educação infantil” tem priorizado estudos não convencionais das inúmeras manifestações infantis para além das manifestações gráficas bidimensionais em mesa-cadeira, com lápis-papel tão difundidas no meio escolar. Para quebrar as armadilhas que nos colocaram para enfrentar o falso dilema de alfabetizar ou não na educação infantil, primeira etapa da educação básica, e se a criança de 6 anos ganha ou perde se está na primeira série, nosso V seminário, festejando a vitória do movimento social e a aprovação da inclusão das crianças de 0 a 3 anos no Fundeb, sem antagonizar a cultura lúdica e as culturas da escrita na formação docente, vai discutir a produção das culturas infantis e as condições de produção colocadas pelas docentes a disposição das crianças que freqüentam creches e pré-escolas. Desejável se torna portanto, destacar o uso de material sonoro, fotográfico, digital, oral, verbal, gestual, corporal, matérico e as “garatujas teatrais”, alem do usual material gráfico (que no entanto, serão bem-vindas as recentes novidades do momento).Assim, escapando das armadilhas e mirando uma pedagogia da infância de 0 a 10 anos de idade, dar-se-á oportunidade para responder as duas perguntas feitas no final do último e do penúltimo COLE pelo nosso seminário em relação as diversas formas de comunicação e de expressão infantis: o que nós docentes aprendemos com as crianças hoje? Como e com o que as crianças mais se divertiram?
PROGRAMA
11 de julho (quarta feira)
ABERTURA: “Garatuja teatral: manifestação da teatralidade da pequena infância e o alfabeto teatral do/a docente na creche e na pré-escola”- Roberto Frabetti (diretor de teatro da companhia La Baracca e formador de docentes na rede municipal de educação infantil de Bologna,Itália) e “Saberes e falares na infância de 0 a 10 anos: a linguagem sem palavra, a linguagem das coisas, os livros e as letras” - Maria Carmem Barbosa (professora doutora da Faculdade de Educação da UFRGS). Coordenação: Márcia Aparecida Gobbi (ex-professora de emei da capital de São Paulo e professora doutora de arte na educação infantil em cursos de Pedagogia de faculdades privadas).
Local: Palco do Ginásio Multidisciplinar da Unicamp


12 de julho (quinta feira)
MESA-REDONDA: Marina Manferrari (pedagoga coordenadora do projeto leitura e do projeto creche-teatro da rede municipal de educação infantil de Bologna): “As estórias são caravelas que desbravam fronteiras” e Cecília Goulart (professora doutora da UFF): ‘Crianças de 6 anos na escola de 9 anos: cultura lúdica e cultura da escrita sem antagonismo”. Coordenação: Suely Amaral Mello (professora doutora da Unesp de Marília )
Local: Palco do Ginásio Multidisciplinar da Unicamp


13 de julho (sexta feira)
Síntese das Discussões e Avaliação
Local: Centro de Convenções - Auditório I
SÍNTESE DO SEMINÁRIO

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