VII Seminário“Leitura e Escrita
nas Sociedades Indígenas”

SESSÃO I
Coordenação: Terezinha Machado Maher, IEL-UNICAMP,
e Lucíola Inês Pessoa Cavalcante, FACED-UFAM
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01- A formação do professor-pesquisador indígena e o desmonte de armadilhas metodológicas de investigação. - Terezinha Machado Maher (UNICAMP).
É sabido que sem que haja o envolvimento das próprias comunidades de fala na formatação de projetos de manutenção e revitalização de línguas minoritárias em situação de risco,tais projetos tendem ao fracasso (Fishman, 1996; Wilkins, 2000). Sendo assim, alguns professores indígenas do Acre vem sendo preparados para conduzirem pesquisas diagnósticas do grau de vitalidade de suas línguas tradicionais, de modo a poderem avaliar as políticas pró-línguas indígenas em andamento no Acre. Nessa comunicação, pretendo descrever os modos como algumas "armadilhas metodológicas" embutidas nos instrumentos clássicos de pesquisas sociolingüísticas tiveram que ser "desmontadas" porque exigiam práticas altamente letradas e desconsideravam dinâmicas sociais das culturas indígenas em questão. (Palavras-chaves: línguas indígenas, metodologia indígena de investigação.)
02 - “Vai na frente que tu é Peara” – Estratégias do movimento dos professores indígenas Mura da região de Autazes/AM para quebrar as armadilhas da escola - Ana Alcídia de Araújo Moraes (Universidade Federal do Amazonas -UFAM), Elciclei Faria dos Santos (UFAM) e Luciana Gomes Vieira Santos (UFAM - mestranda).
O texto apresenta e discute as estratégias que têm sido construídas e vivenciadas pelo movimento dos professores indígenas Mura, de Autazes/AM entendendo-as como possibilidades e alternativas para quebrar as armadilhas do modelo hegemônico de escola que historicamente vem predominando nas iniciativas oficiais de escolarização dos povos indígenas. A discussão se dá com base na releitura de diferentes materiais, coletados e acumulados ao longo da trajetória do grupo de pesquisa junto a esses professores, desde 2002 (Relatórios de pesquisas CNPq e FAPEAM, Relatórios dos Fóruns de Formação Continuada, Relatórios do Prolind e depoimentos gravados). Nesta releitura encontramos concepções e estratégias que enfatizam: o professor indígena enquanto liderança; a importância de um projeto coletivo; a definição de uma política lingüística; a busca por uma formação específica; a conquista de vagas específicas no concurso público municipal e a participação ativa e protagonista na construção do Sistema Municipal de Educação de Autazes. (Palavras-chave: movimento de professores indígenas; estratégias étnico-políticas)
03 - Os percalços da educação escolar indígena no Amazonas e a formação de professores indígenas. - Jesuéte Bezerra Pacheco (SEDUC/DEPPE/GEEI – Manaus , AM).
Este estudo tem a finalidade de demonstrar que a Formação dos Professores Indígenas é um dos espaços para se discutir os rumos do currículo escolar, bem como, a importância do Homem que se pretende para articular entre o saber tradicional e o da sociedade envolvente, mesmo com todos os obstáculos que se apresentam no decorrer da inserção da escola indígena, conforme a aspiração de cada povo do Amazonas, como é o caso dos Professores Sateré-mawé que foram impedidos pelo poder local de prosseguirem no curso de Magistério, do final da década de 1990 até meados da década de 2000. As conquistas alcançadas por essa etnia se devem à alternativa de organizar fóruns locais na ausência do curso, a fim de discutir sobre o destino da educação formal e a contribuição na formação da cidadania dos Sateré-Mawé. (Palavras-chave: Sateré-Mawé - Currículo Escolar - Professores Indígenas)
04 - Um curso de Licenciatura Específico – construindo possibilidades para um diálogo intercultural e intercientífico - Lucíola Inês Pessoa Cavalcante (UFAM), José Silvério Baia Horta (UFAM) e Rosa Helena Dias da Silva (UFAM)
O texto apresenta o processo e os resultados de um projeto de Elaboração de Curso de Licenciatura Específica para Formação de Professores Indígenas Mura da região de Autazes/AM, desenvolvido na Universidade Federal do Amazonas - no contexto do Prolind, MEC/SESu/SECAD. Descreve as etapas vivenciadas durante o projeto, problematiza o desafio institucional de construir um curso novo, na perspectiva da interculturalidade e da interdisciplinaridade, bem como apresenta os objetivos e a proposta curricular do Curso elaborado. As reflexões reforçam nosso entendimento de que a tarefa de pensar e construir uma alternativa de acesso e permanência dos povos indígenas ao ensino superior faz crescer a responsabilidade social da UFAM – na busca de consolidar-se como realmente amazônica. (Palavras-chave: formação de professores Mura; acesso e permanência dos povos indígenas no ensino superior; licenciatura intercultural)
05 - Ações da URI na educação diferenciada Kaingang - Antonio Dari Ramos (URI/Santo Ângelo-RS).
Esta comunicação tem o objetivo de tornar pública a experiência da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, de Santo Ângelo-RS, no atendimento de um pleito das comunidades kaingang para a formação continuada dos professores indígenas e a elaboração de uma proposta de Terceiro Grau diferenciado. Trata da forma como aconteceram os contatos com as lideranças, com os professores, com os agentes governamentais e com as Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul; da maneira como a Universidade acolheu e tem tratado estas questões e das mudanças interna que os trabalhos até então realizados têm suscitado em termos de pensar matrizes curriculares que contemplem a diversidade cultural da população brasileira e de propor novos projetos de investigação. (Palavras-chave: formação continuada, diversidade cultural, educação diferenciada)
06 - Perspectivas antropológicas sobre a inclusão de índios no ensino superior - Talita Lazarin Dal' Bó (Mestranda em Antropologia Social UFSCar, SP).
O recente processo de formulação e implantação de programas de inclusão de índios no Ensino Superior remete a discussões abrangentes acerca da diversidade sócio-econômica, racial e étnica presente no nosso país. Sobretudo ao tratar-se de alunos indígenas, surge a necessidade do diálogo intercultural no meio acadêmico, pois as demandas indígenas apresentam interesses, expectativas e motivações diversas, as quais devem ser levadas em conta. Contudo, nota-se, nas experiências em curso, uma marcante centralização do debate na parte referente às cotas para negros e para alunos do ensino público, afastando-se da discussão os alunos indígenas. No entanto, este é um ponto de real importância a ser debatido e analisado por estudos antropológicos. Nesta comunicação, pretendo analisar como o processo de inclusão de índios no ensino superior está ocorrendo, ou seja, como tem se dado na prática a convivência entre saberes e modos de ensino e aprendizagem diversificados, e também ressaltar um caso específico que está ocorrendo na UFSCar. (Palavras-chaves: etnologia, educação escolar indígena, interculturalidade, diversidade, ensino superior, Kalapalo)

SESSÃO II
Coordenação: Claudete Cameschi de Souza,
UFMS –Aquidauana e Onilda Sanches Nincao,
UEMS/PG-UNICAMP/FUNDECT
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01 - Keukapana ra vemo’ú: a albetização de adultos na Reserva Indígena de Cachoeirinha, Miranda/MS - Claudete Cameschi de Souza (UFMS - CPAQ) e Denise Silva (UFMS - CPTL)
Esta comunicação visa a compartilhar a experiência de um projeto de alfabetização de adultos que vem sendo desenvolvido pela comunidade indígena de Cachoeirinha e pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Miranda/MS, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, incluindo-se no Projeto de pesquisa: Educação escolar Indígena: língua, raça, cultura e identidade, através do Programa Brasil Alfabetizado. A proposta pedagógica segue a de Paulo Freire, no entanto todos os passos do projeto são discutidos pela comunidade (lideranças, escola e instituições parceiras). Ressalta-se que os alfabetizadores são todos índios e que as aulas são ministradas na língua terena. Embora parciais, há alguns resultados interessantes para serem socializados. (Palavras-chaves: Alfabetização de adultos, educação escolar indígena, língua terena)
02 - Leitura de imagens: Komomâti ne yutoxoâti ya Tereno’é - Ana Lúcia Gomes da Silva (UFMS - CPAQ) e Claudete Cameschi de Souza (UFMS - CPAQ)
Parte integrante do projeto de pesquisa Educação Escolar Indígena: Língua, Raça, Cultura e Identidade, esta comunicação tem por objetivo analisar a leitura de imagens no ensino da língua materna e língua portuguesa com alfabetizadores da Aldeia Cachoeirinha, Miranda-MS. Os procedimentos metodológicos incluíram levantamento bibliográfico, observação direta. As representações das imagens funcionaram como suporte para o significado de todo um corpo de dados culturais que, como a linguagem verbal, foram usadas para compor e compreender mensagens no ambiente escolar, em língua materna. Mesmo parciais, os resultados apontaram grande entusiasmo dos alfabetizadores indígenas na aplicação do uso da imagem processo ensino-aprendizagem. (Palavras-Chaves: Leitura de Imagens, Língua Materna, Educação Escolar)
03 - Mitos e estórias Ofayé: ponto de partida para o processo de aquisição de leitura e escrita - Adriana Viana Postigo (UFMS – CPTL) e Denise Silva (UFMS - CPTL)
A proposta dessa comunicação é apresentar uma reflexão sobre o projeto de extensão desenvolvido pela UFMS/CPTL junto ao grupo indígena Ofayé de Brasilândia, Mato Grosso do Sul, com população de aproximadamente 50 indivíduos, sendo considerado um grupo em perigo de extinção. As aulas na escola são ministradas em língua portuguesa, há pouco tempo foi inserido no currículo o ensino da língua ofayé, que vem sendo ministrada por uma das falantes da língua materna. O projeto propõe discutir em conjunto com os professores e alunos questões relacionadas à leitura e escrita tanto do português quanto da língua étnica dos mitos e estórias contadas pelos índios mais antigos. Estudar a língua e as questões culturais será uma forma de ajudá-los a vencer, o que D'Angelis (2003) aponta como preconceito contra a própria cultura. (Palavras-chave: Educação escolar indígena, línguas indígenas e povo ofayé)
04 - O exercício da escrita do nome na sala de aula de alfabetização como momento de reflexão sobre a constituição social do povo Munduruku - Eneida Alice Gonzaga dos Santos.
Este trabalho tem por objetivo relatar a experiência que tive como assessora da FUNAI, fazendo o acompanhamento pedagógico nas escolas indígenas munduruku, no município de Jacareacanga, no estado do Pará, no ano de 2005. Observando a sala de aula de alfabetização do professor Maurício Munduruku, da Aldeia Santa Maria, quando este, ensinava o exercício da escrita do nome próprio às crianças, não como mero exercício ortográfico, mas, sobretudo, refletindo com as mesmas, sobre a estrutura social do povo munduruku. Ao iniciar sua aula, o referido professor explica às crianças que seu povo constitui-se de dois grupos representados, um pela cor vermelha, o outro, pela cor branca, e que, de acordo com o nome de família de cada aluno, este pertence a um dos grupos e como as relações sociais deste indivíduo se estabelecem. (Palavras-chaves: alfabetização, escrita, estrutura social, relações de parentesco)
05 - Representações de uma formadora de professores indígenas sobre letramento em língua Terena - Onilda Sanches Nincao (UEMS/PG-UNICAMP/ FUNDECT).
A nova política nacional de educação escolar indígena implementada a partir da Constituição de 1988 e legislações subseqüentes garante o ensino das línguas indígenas no processo de escolarização. Tal garantia, porém, não tem sido suficiente para que esse ensino seja, até o momento, bem sucedido. Vários fatores interferem nesse processo, entre eles, o próprio trabalho dos formadores de professores indígenas que, muitas vezes, planejam seu trabalho com base em suas representações construídas mais a partir da imagem idealizada do índio do que das práticas sociais cotidianas dos mesmos. Nesse sentido, essa comunicação tem como objetivo compartilhar como seu deu o processo de produção de textos em língua Terena onde as representações da formadora que, como armadilhas, conflitaram com as decisões dos professores que não corresponderam ao que se esperava deles. (Palavras-chaves: letramento, línguas indígenas, representações)
06 - O valor da comunidade indígena na construção da identidade da criança Terena - Eliane Gonçalves de Lima (Mestranda UCDB – Campo Grande, MS) e Adir Casaro Nascimento (UCDB – Campo Grande, MS).
Este artigo tem como objetivo refletir sobre aspectos sociais e culturais que marcam a construção da identidade da criança indígena Terena/MS. Sabe-se que a comunidade indígena possui lugar garantido neste processo de construção, pois, ela é responsável pela a educação tradicional (socialização primária). A criança indígena participa e vivencia todos os espaços e processos relacionais, mesmo não estando envolvida nos diálogos, ela participa ativamente dos acontecimentos. Ela observa, apreende, ressignifica com os adultos e outras crianças, em vários espaços, em primeiro com os parentes mais próximos, depois com a comunidade indígena e por último com a escola. Portanto, a figura do (a) professor indígena (a) surge na expectativa de fazer compreender e mediatizar esses processos. (Palavras-chaves: educação indígena, identidade, criança indígena)
07 - `Watébrémi – Xavante: uma aproximação ao mundo das crianças indígenas - Marcelo do Nascimento Melchior (Mestrando UCDB – Campo Grande, MS) e Antonio Brand (UCDB – Campo Grande, MS).
Os estudos que nos remetem a descobrir o universo simbólico e referencial das crianças ainda são muito poucos. Pesquisas e trabalhos que explorem esse contexto começaram a ter uma certa relevância aproximadamente na década de setenta, quando alguns antropólogos buscaram encontrar algumas respostas a partir de uma antropologia voltada a criança, "as crianças constituem um grupo social que pode e deve ser estudado especificamente"(LOPES, 2002, p.13). A infância passa por um processo de investigação e descoberta de muitos significados que são imanentes à própria pesquisa antropológica, pois "as crianças são agentes ativos que constroem suas próprias culturas e contribuem para a produção do mundo adulto" (Corsaro, 1997, p. 5).A pesquisa que desenvolvo busca investigar e principalmente contribuir com os estudos referentes à antropologia da infância, especificamente das crianças indígenas como um todo. Tenho como campo empírico as crianças Xavante da Aldeia de Sangradouro no estado de Mato Grosso. (Palavras-chave: Criança indígenas, Xavante, Antropologia da infância)

SESSÃO III -
Coordenação: Romélia Rodrigues Dopp UCDB - Campo Grande -MS
Valéria Guedes dos Santos UCDB - Campo Grande MS
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01 - Língua falada na Maloca da Raposa levando em conta a influência da língua predominante do país - Tânia Valéria De Carvalho Barros Felipe (CEFET de Química – RJ).
Esta comunicação se dispõe a compartilhar uma experiência realizada pela UFRR, no ano de 1993, na Maloca da Raposa, localizada no Estado de Roraima. Foi feito um levantamento da situação da língua Makuxi com as influências recebidas no contato com a língua portuguesa. Constatou-se, de um lado as influências recebidas da língua nacional, e de outro, o processo de recuperação cultural observado nas atividades educacionais oferecidas pela instituição. O professor não-índio ministrava melhor suas aulas para os alunos índios numa educação bilíngüe-bicultural (Fishman,1980). Resultando, assim, num acréscimo nas culturas, numa mudança de comportamento. Informa-se, também, sobre o desempenho educacional atual dos índios Makuxi. (Palavras-chaves: Língua Makuxi, levantamento da língua falada na Maloca da Raposa, educação indígena)
02 - Narrativas sobre povos indígenas na literatura infantil e infanto-juvenil - Iara Tatiana Bonin (ULBRA / NECCSO / CIMI)
Neste trabalho são analisadas algumas obras de literatura infantil e infanto-juvenil que abordam a temática indígena e que constam da listagem indicada pelo Ministério da Educação para integrar o Programa Nacional da Biblioteca na Escola. O objetivo é problematizar narrativas sobre os povos indígenas, presentes em textos e ilustrações de algumas destas obras, indagando sobre os saberes que se articulam ao narrar e sobre as relações de poder que operam produzindo e posicionando identidades e diferenças. Interessa investigar quais marcadores sociais são utilizados para caracterizar povos indígenas, quais articulações e oposições binárias vão sendo produzidas ao descrever e caracterizar os personagens e suas práticas culturais. O estudo ancora-se na perspectiva teórica dos Estudos Culturais contemporâneos, em especial obras de Michel Foucault, Homi Bhabha, Stuat Hall. (Palavras-chave: Povos Indígenas, Literatura Infantil e Infanto-juvenil, narrativas, discursos escolares)
03 - Reconstrução da narratividade na comunidade indígena Pankararu em São Paulo - Edson Yukio Nakashima (FE-USP).
Esta comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa teórica e de campo a respeito do declínio da narratividade e de sua repercussão nas bases narcísicas do jovem contemporâneo em um contexto específico: entre os jovens da comunidade indígena Pankararu, situada nos bairros do Real Parque e do Jardim Panorama, na região Sul da cidade de São Paulo. Como método de reconstrução da narratividade desta comunidade, recorrerei, por um lado, a uma experiência de intercâmbio entre culturas tradicionais - a do próprio pesquisador (cultura oriental-japonesa) e a dos Pankararu -, e do outro, a literatura como instrumento de reconstrução de narratividade (haicais e a obra de Mário de Andrade). Como parte deste projeto, participarei, ainda, da Pesquisa "Culturas juvenis X cultura escolar: como repensar as noções de tradição e autoridade no âmbito da educação?", sob coordenação da Profª. Mônica do Amaral, visando atender à comunidade dos bairros já citados em um trabalho conjunto com o corpo docente da EMEF José de Alcântara Machado. Um dos objetivos desse projeto é estudar as manifestações culturais juvenis como forma de identificar o que tem sido marginalizado da cultura escolar para se repensar diversos pontos nevrálgicos da escola hoje, tais como: a autoridade do professor, a relação entre as gerações, as atuações-limite dos adolescentes, etc. (Palavras-chaves: etnologia, literatura, educação indígena, cultura)
04 - O 'ensino' da língua portuguesa para os índios do Brasil: um percurso de intenções - Raquel da Silva Goularte (UFSM, RS).
O presente artigo é fruto de uma inquietação e visa a refletir sobre um conjunto de evidências históricas que envolvem o ensino de língua portuguesa para as sociedades indígenas, no Brasil, desde a colonização até a contemporaneidade, bem como o percurso de intenções que envolvem esse 'ensino'. Em virtude de ser um estudo inicial, no qual a Universidade Federal de Santa Maria possui pouca experiência e tradição de pesquisa, não apresento aqui conclusões precisas, apenas uma hipótese de interpretação acerca do assunto. (Palavras-chaves: ensino do português, percurso de intenções, identidade indígena)
05 - Reflexões teóricas sobre identidade étnica - Romélia Rodrigues Dopp (Mestranda UCDB – Campo Grande, MS) e Marina Vinha (UCDB – Campo Grande, MS).
Este ensaio elabora reflexões sobre identidade étnica, permeadas pela compreensão de cultura e de identidade. Tema de caráter complexo, o que requer aprofundamento visando pesquisa em população indígena. O objetivo é definir e/ou re-elaborar teoricamente o conceito de identidade étnica. Os pressupostos teóricos provêm de estudos cujo eixo é a cultura. Com procedimentos metodológicos próprios da pesquisa bibliográfica, os dados foram buscados na Constituição de 1988; na Resolução 340/2000/CNS; em literatura dos campos da educação, antropologia e história e nas especificidades dos indígenas Kadiwéu. Nas considerações finais está definido o conceito de identidade étnica a ser adotado na pesquisa, em nível de mestrado, em uma aldeia Kadiwéu. (Palavras-chave: identidade étnica, cultura, educação)
06 - Hipertextualidade e produção de identidades indígenas em páginas virtuais - Edgar Roberto Kirchof (Universidade Luterana do Brasil, ULBRA) e Iara Tatiana Bonin (Universidade Luterana do Brasil, ULBRA).
O trabalho tem por objetivo analisar a produção de identidades indígenas a partir de sua inserção em espaços virtuais. Para tanto, será analisado o sítio índios online (www.indiosonline.org.br), enfatizando aquelas expostas a partir de recursos específicos da hipertextualidade. Algumas questões norteiam esta análise: "Como os povos indígenas se inserem na rede?"; "Quais os principais recursos hipertextuais utilizados?" "Quais linguagens são articuladas e quais estratégias narrativas são produzidas pelos povos indígenas para falar de si mesmos?". Para tanto, serão utilizados, como principais aportes teóricos, autores dos Estudos Culturais que se dedicam a questões de identidade (Hall, Woodward, Bauman, entre outros), juntamente com autores que teorizam a linguagem hipertextual (Wirth, Simanowski, Levy). (Palavras-chave: hipertexto, web, identidades indígenas)
07 - Gestos de Leitura: uma análise discursiva sobre a língua dos índios Kaingangs do Oeste Paulista - Maria Sueli Ribeiro da Silva (UNESP – S. José do Rio Preto, SP).
A presente pesquisa propõe um estudo discursivo sobre a língua dos índios kaingangs do oeste paulista, que residem no Posto Indígena de Icatu, localizado próximo ao município de Braúna, e de Vanuíre, próximo ao município de Arco-Íris, na região de Tupã, no Oeste Paulista. Para desenvolvimento desta pesquisa, foi tomada como base teórica e metodológica a Análise de Discurso de linha francesa, que irá estudar o discurso a partir da relação sujeito, língua e história. Este direcionamento teórico permite ler, descrever e interpretar os discursos sobre a língua dos kaingangs do oeste paulista, mostrando os diversos gestos de leitura e de interpretação em relação à língua por eles utilizada no espaço urbano em que vivem e convivem atualmente. Sobre este dispositivo de análise, Pêcheux (1990) afirma que é importante descrever os elementos lingüísticos que serão considerados na interpretação do real da língua e, conseqüentemente, compreender os vários sentidos presentes no discurso. Assim, por meio de leituras bibliográficas - que correspondem a textos escritos por pesquisadores e estudiosos dos índios kaingang do oeste paulista, retratando a história desse grupo indígena a partir da construção das estradas de ferro em seus territórios - verifica-se que, nestes postos indígenas kaingangs, há determinadas formações discursivas que contribuem à significação da língua kaingang e seu ensino, propiciando gestos de leitura dos sujeitos que, neste espaço, significam e são significados. (Palavras-chave: Análise discursiva, Kaingang, Oeste Paulista)

SESSÃO IV -
Coordenação: Frantomé Bezerra Pacheco,
UFAM e Maria Gorete Neto, PGLA, IEL-UNICAMP
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - Identidade e Língua Indígena em contextos de monolingüismo em Português: algumas situações encontradas no Amazonas - Frantomé Bezerra Pacheco (Universidade Federal do Amazonas, UFAM).
O objetivo desta comunicação é apresentar uma reflexão sobre os contextos que envolvem o desenvolvimento de programas de Educação Escolar Indígena junto a povos que são monolíngües em português, ou seja, que não fazem mais o uso de sua língua indígena nos processos de interação verbal, mas procuram uma forma de revitalizá-la. Serão focalizados alguns casos encontrados no Amazonas que apresenta, entre outras, as seguintes situações de perda da língua indígena: 1) a língua do povo deixou de ser falada sem ser minimamente documentada; 2) a língua do povo deixou de ser falada, mas foi documentada de alguma maneira; 3) a língua do povo não é mais usada nos processos de interação verbal, mas encontram-se falantes que a tiveram como primeira língua; 4) a língua do povo não é mais falada em algumas aldeias, mas é ainda usada em outras. Pretende-se discutir as seguintes questões: a) Os povos que se encontram na primeira situação devem procurar uma língua indígena para servir de identidade étnica? Como a escola contribuiria nos processos de revitalização lingüística, nos casos em que a língua é ainda falada ou foi documentada? Como preparar os professores indígenas para enfrentar as questões relativas à diversidade e à perda lingüística? Objetiva-se levantar as primeiras questões sobre essas situações e promover um debate acerca da intrincada relação entre língua e identidade étnica, bem como sobre o papel dos professores indígenas na discussão dessa problemática. (Palavras-chave: língua indígena, identidade, monolingüismo)
02 - A importância e desafios do ensino bilíngüe na educação escolar indígena - Franchys Marizethe Nascimento Santana Ferreira (UFMS – CPAQ) e Claudete Cameschi de Souza (UFMS – CPAQ).
Vinculada ao projeto de pesquisa Educação Escolar Indígena: Língua, raça, cultura e identidade, esta comunicação tem por objetivo analisar o ensino da língua materna e portuguesa na escola da Aldeia Limão Verde, Município de Aquidauana-MS. Os procedimentos metodológicos incluíram levantamento bibliográfico, observação direta e análise documental. Posteriormente, realizamos uma sondagem in loco das metodologias ao ensinar o idioma materno e sua relação com a língua portuguesa. Como fundamentação teórica utilizamos principalmente os Brasil (1998-RCNEI). Embora parciais, os resultados apontaram dificuldades no processo ensino-aprendizagem tanto por parte dos docentes quanto dos discentes indígenas. (Palavras-Chaves: Ensino Bilíngüe, Língua Materna, Educação Escolar)
04 - Poéticas da oralidade indígena Asuriní - Ivânia dos Santos Neves (UNAMA - Universidade da Amazônia; Doutoranda UNICAMP)
Esta comunicação vai apresentar o trabalho, ainda em desenvolvimento, realizado, dentro do projeto Documentação e Transmissão dos Saberes Tradicionais dos Asuriní do Xingu, com as narrativas orais Asurini. Uma das etapas do projeto é a produção de material didático para a Escola Koatinemo. Muitas dúvidas surgem no momento de se realizar este tipo de trabalho. De fato, para quem está sendo produzido o material? Será que os Asuriní precisam do registro escrito de suas narrativas orais? Como fazer esta tradução cultural? Como dar conta, na língua escrita da riqueza de recurso da oralidade? E qual a validade deste tipo de material didático dentro de uma sala de aula nos moldes tradicionais, se este sistema, mesmo nas grandes cidades, já dá sinais nítidos do seu fracasso? Neste momento, um livro sobre as narrativas, está sendo elaborado e um vídeo com desenhos animados, a partir da narrativa de origem dos Asuriní acabou de ser produzido. (Palavras-chave: poética indígena, Asuriní, narrativas orais)
05 - Falando e escrevendo em Português-Tapirapé: por quê não? - Maria Gorete Neto (Doutoranda IEL/UNICAMP).
Neste artigo pretendo refletir sobre o ensino de português como segunda língua para falantes de língua indígena, partindo da análise de uma carta escrita por uma aluna Tapirapé, cursista da 7ª série na EE Indígena Tapirapé, em 2000, onde atuei como professora. Embora esta carta tenha sido exaustivamente trabalhada e corrigida na sala de aula, a análise aponta um português-Tapirapé com características singulares que, por um lado, não comprometem a compreensão do texto e, por outro, evidenciam a força desta variedade e do seu papel identitário para este povo, visto que o português-indígena se mantém mesmo após a interferência da professora. Em face disso, alguns desafios se colocam: 1. Como o professor pode/deve lidar com a variedade de português falada e escrita por seus alunos e que implicações esta postura pode ter para os mesmos e o povo do qual fazem parte? 2. Que metodologias de ensino podem ser pensadas para que tanto o português-indígena (no caso o português-Tapirapé) como o português-padrão, e/ou outras variedades, tenham espaço na sala de aula e fora dela? Estas questões são uma amostra da complexidade do ensino de português no contexto focalizado e demonstram a necessidade de uma discussão mais aprofundada sobre o assunto. (Palavras-chave: Português Segunda Língua, Tapirapé, Ensino Segunda Língua)
06 - Educação escolar indígena: um olhar para a alfabetização bilíngüe - Andréa Marques Rosa (UFMS – CPAQ) e Claudete Cameschi de Souza (UFMS – CPAQ).
Como parte integrante do Projeto de Pesquisa "Educação Escolar Indígena: língua, raça, cultura e identidade", o objetivo desta comunicação é compartilhar resultados parciais de pesquisa que se vem realizando sobre a educação escolar indígena na região de Aquidauana, MS, ressaltando o trabalho que se realiza com a língua materna em salas de aula dos anos iniciais do ensino fundamental. Para tanto, valemo-nos da pesquisa bibliográfica e empírica, cujos procedimentos incluem, questionários e entrevistas com professores índios, pais, alunos e equipe técnico-administrativa das escolas, a fim de saber "que escola eles têm e que escola gostariam de ter", tendo como suporte teórico, principalmente os textos de Brito (2004); Grizzi e Silva (1981); Ladeira (1981 e 1999); Meliá (1981); Nascimento (2004); Ribeiro (1993); Silva (1981); e, Brasil (1998-RCNEI). (Palavras-chaves: Educação Escolar Indígena, alfabetização bilíngüe, ensino intercultural)
07 - A educação indígena, trabalho lingüístico e o lingüista, todos devem caminhar juntos? - Rogério Vicente Ferreira (UFMS - CEUL)
O estudo das línguas indígenas vem ao encontro do conhecimento de várias áreas de pesquisa. Para compreendermos um pouco melhor essa afirmação, recorremos a que Rodrigues (1986, p. 23) aponta sobre os estudos das línguas indígenas. Segundo o autor, "as línguas indígenas diferem entre si e se distinguem das línguas européias e demais línguas do mundo no conjunto de sons de que se servem (fonética) e nas regras pelas quais combinam esses sons (fonologia), nas regras de formação e variação das palavras (morfologia) e de associação destas na constituição das frases (sintaxe), assim como na maneira como refletem em seu vocabulário e em suas categorias gramaticais um recorte do mundo real e imaginário (semântica)". Diante disso, o trabalho lingüístico entre os povos indígenas do Brasil tem tido grande relevância em relação à educação indígena. Muitos pesquisadores se propõem a dar um retorno de suas pesquisas. No entanto, o que normalmente ocorre é o seu envolvimento do lingüista no preparo de material didático. A pergunta mais importante diante disso é: "qual é realmente o papel do lingüista e da lingüística?" O que pretendemos neste trabalho é fazer uma breve reflexão sobre esta questão. Veremos que a complexidade lingüística das línguas indígenas aponta que o papel do lingüista vai muito além de um consultor de material didático. Em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, um projeto de extensão financiado pelo Proex/MEC, tem o papel de ir além de um retorno didático, mas envolver a comunidade indígena de Brasilândia, os Ofayé, em um processo de retomada de suas histórias e mitos, dessa forma, procurando trabalhar a autoestima daquele povo e o retorno a língua materna. (Palavras-chave: lingüística, narrativas indígenas, Ofayé)
08 - Educação Escolar Indígena - Micilene Teodoro Ventura (UFMS – CPAQ) e Claudete Cameschi de Souza (UFMS – CPAQ).
Parte integrante do Projeto de Pesquisa: Educação Escolar Indígena: língua, raça, cultura e identidade, esta comunicação visa a apresentar resultados parciais de pesquisa que vem sendo realizada na Aldeia Bananal, município de Aquidauana - MS, com o objetivo de descrever e analisar o processo de ensino aprendizagem bilíngüe. Como procedimentos metodológicos, elegeu-se: levantamento bibliográfico e pesquisa de campo. Como fundamentação teórica utilizou-se, até o momento, MELIÁ (1981.), CARVALHO (1998.), BRASIL (1998.). Os resultados parciais apontam que há uma preocupação com a alfabetização em Terena, mas não existe, ainda, o ensino bilíngüe, uma vez que predomina no processo de ensino aprendizagem o uso da língua portuguesa, embora todos os professores sejam índios falantes do idioma. (Palavras - Chaves: Terena, Língua Materna, Educação Escolar)

SESSÃO V
Coordenação: Valéria Amed Das Chagas Costa,
FACED-UFAM, e Marina Vinha, UCDB - Campo Grande, MS
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - O cotidiano das escolas Mura – quebrando as armadilhas no dia-a-dia da escola - Valeria Amed das Chagas Costa (Faculdade de Educação – UFAM), Romy Guimarães Cabral (Faculdade de Educação – UFAM), Rita Floramar dos Santos Melo (Mestranda PPGE/FACED/UFAM) e Cláudio Gomes da Victoria (Mestrando PPGE/FACED/UFAM).
O presente texto aborda relatos de professores Mura sobre suas práticas pedagógicas e os desafios enfrentados no cotidiano escolar. Tais práticas buscam romper com a perspectiva integracionista dos antigos projetos de escolarização historicamente implantados nas aldeias indígenas. Os relatos resultam de diferentes pesquisas realizadas com o povo Mura da região de Autazes (2002-2007). O estudo nos aponta que, para quebrar as armadilhas da escola, é fundamental uma postura pró-ativa indígena que: envolve toda a comunidade, exercita o controle social, articula seu projeto de escola com os desafios e necessidades das comunidades hoje, luta por políticas públicas, financiamentos e busca formas próprias de “fazer escola” e de ser professor. (Palavras-Chave: professor Mura; cotidiano escolar Mura; protagonismo indígena)
02 - As funções ocultas da escola em contextos indígenas - Gilberto Francisco Dalmolin (Universidade Federal do Acre).
Abordamos, neste texto, possíveis pontos de travamento, "armadilhas", ou, o conteúdo não requerido pelos indígenas no pacote educacional que lhes é disponibilizado. Partindo do anseio e direito da população indígena, pelo domínio de saberes, comumente veiculado pela escola na sociedade ocidental, como a leitura e a escrita, elencamos que, na contrapartida, na educação proporcionada, acompanha o embuste que faz parte da forma ocidental institucionalizada de veiculação de saberes. Discutimos a persistência de tais "armadilhas" mesmo na ressignificada Educação Escolar Indígena, levando, para os meios indígenas, "educações" de interesse dos meios não-indígena, ainda hoje propiciada em instituições nas quais ainda se preconiza o papel "civilizatório" da escola. (Palavras-chave: Povos indígenas; educação indígena; educação escolar indígena)
03 - A legitimidade da escrita: a legitimidade da língua - Márcia Andréa dos Santos (PPGLA, IEL - UNICAMP).
Quando se fala em Educação Escolar Indígena hoje há de se pensar também nas concepções que a Educação Escolarizada imprimiu nas sociedades indígenas. A concepção de saber/conhecimento, a concepção língua/cultura, a concepção de escrita/fala. A institucionalização do conhecimento através da escola indígena parece estar alterando as concepções dos próprios povos com relação ao seu conhecimento. A legitimidade dada pela escola à modalidade escrita em detrimento da fala tem preocupado os professores da etnia Kaingang de Palmas P. Outras concepções que atravessam esse campo - Escola e Legitimidade - mostram noções estanques de bilingüismo, o que demonstra o fato de que os gestores da educação escolar indígena operam com noções diferentes dos professores no que tange a linguagem, a escrita e a cultura. (Palavras-chaves: política lingüística, formação de professores, cultura e linguagem)
04 - Os (des)caminhos entre as avaliações nacionais em educação e a proposta de educação escolar indígena - Veronice Lopes de Souza Braga (Mestrado Educação UCDB).
Pesquisa documental, em andamento, sobre a avaliação institucional, aborda temática relacionada à identidade da "qualidade positiva" do ensino nas escolas indígenas, avaliada pelo Sistema de Avaliação Nacional da Educação Básica, cujo conceito de Identidade Nacional/Estado/Nação baseia-se na perspectiva monocultural. O estudo proposto utiliza a abordagem dos Estudos Culturais, cujo aporte teórico embasa-se em estudiosos que defendem essa linha de pensamento, entre outros: Bhabha, Bujes, Vorraber Costa, Stuart Hall e Tadeu Silva. Pressupõe a cultura, como práticas sociais. A metodologia fundamenta-se na hermenêutica e na linguagem como forma de comunicação. Tem como recorte temporal os anos 2006/2007, em Mato Grosso do Sul. (Palavras-chave: identidade, avaliação, cultura, escola indígena)
05 - A perspectiva intercultural na Educação Física escolar dos indígenas Kadiwéu - Marina Vinha (UCDB - docente), Valéria Guedes dos Santos (UCDB), Marisângela Gama Vieira (UCDB), Lidiane Fernanda Franco (UCDB) e Conceição Araújo da Silva (UCDB).
Este ensaio resulta do projeto PIBIC/UCDB 2005-2007 "Indígenas Kadiwéu pesquisam seus conteúdos de Educação Física Escolar", realizado na Escola Egiwageji - aldeias Bodoquena e Campina, em Porto Murtinho/MS. Os pressupostos teóricos provêm de estudos cujo eixo é a cultura. O objetivo é iniciar a sistematização dos conteúdos da cultura corporal Kadiwéu e de outros povos, refletindo sobre a contribuição pedagógica da educação física. Os procedimentos adotados são os da pesquisa do tipo etnográfica. Neste estudo enfatizamos a fase de pesquisa exploratória e a de revisão bibliográfica. Nas considerações, sustentadas em dados parciais, são apontados elementos da cultura corporal Kadiwéu e suas inter-relações numa perspectiva intercultural. (Palavras-chave: Kadiwéu, educação física, intercultural)
06 - Educação Física intercultural indígena - é possível?! - Alfredo Anastácio Neto (Instituto de Ensino Superior da Funlec- IESF/FUNLEC. Campo Grande-MS).
O estudo da "Educação Física Intercultural Indígena - É possível!?, tem como objetivo a reflexão da prática da Educação Física nas escolas indígenas de Mato Groso do Sul. Tal interesse advém dos resultados de pesquisa a "Educação Física Escolar na Escola Municipal Indígena "Marcolino Lili": uma possibilidade de fortalecimento étnico", realizada no município de Aquidauana-MS, Aldeia Lagoinha. Com esse objeto pretende-se fomentar a construção de uma prática pedagógica intercultural, Para tanto, colocamos em discussão a cultura da escola segundo Souza e Fleuri, (2003), as técnicas corporais na perspectiva de Mauss (2003), e o Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas(1998). Após dois anos de estudo, pode-se considerar que, a Educação Física para desenvolver um trabalho pedagógico intercultural deve buscar a fundamentação no estudo e compreensão das influências dos diversos elementos filosóficos, políticos, religiosos, sociais e pedagógicos que se constituíram ao longo da história. Dessa forma, por meio de práticas diferenciadas e específicas contribuirá para a construção de pedagógica que atendam as necessidades e realidades das diferentes comunidades indígenas. (Palavras-chaves: Educação Física intercultural, escola, prática pedagógica)
07 - Etnoeducação: uma análise a partir do gênero de ensino e sua articulação com o estilo de aprendizagem Terena - Genildo Alcântara (UCDB – Campo Grande, MS).
O presente trabalho visa identificar o gênero de ensino predominante na escola indígena Terena da aldeia Buriti, município de Dois Irmaõs do Buriti, Estado de Mato Grosso do Sul, bem como o estilo de ensinagem do professor, analisando a relação entre ensinante e aprendente e as significações do aprender para ambos em busca de uma etnoeducação. A pesquisa apresenta características descritivas e delineamento de estudo de caso e o trabalho de campo se desenvolverá durante o ano letivo de 2007/2008, utilizando como instrumentos para a coleta de dados o questionário, a entrevista e o grupo de discussão. A análise dos dados será feita mediante o método hermenêutico dialético, sendo este estudo um recorte do Plano de Trabalho inserido no Projeto "A Etnoeducação e sua articulação com o estilo de aprendizagem indígena Terena", encontrando-se em sua fase inicial de revisão literária. (Palavra-chave:etnoeducação:genero de ensino e estilo de aprendizagem)

SESSÃO VI
Coordenação: Lílian Abram dos Santos, PGLA, IEL-UNICAMP,
e Hugo Arce, Min. de Cultura y Educaciónde Misiones, Arg)
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - O professor de português e o ensino da escrita em contexto indígena - Lílian Abram dos Santos.
A partir da produção de narrativas escolares escritas por jovens wajãpi, pretendo refletir sobre os modos como o professor de português para esses jovens se vê, freqüentemente, colocado em uma armadilha. Isso porque pode-se, muitas vezes, observar singularidades nas versões originais que não correspondem às convenções do gênero narrativo ensinado em contexto não-indígena. Nessa comunicação discutirei o dilema enfrentado por esse professor no que se refere ao tipo de tratamento dado a esses textos em sala de aula: de que forma respeitar a intenção do autor e seu estilo discursivo e, ao mesmo tempo, não permitir que sua produção escrita seja desqualificado por outros leitores não-indígenas? (Palavras-chaves: ensino de português como L2, educação escolar indígena, ensino da escrita)
02 - A produção de textos próprios de professores Terena da Escola Municipal Indígena “Marcolino Lili”: estudo de uma realidade indígena rumo à formação de leitores e escritores em língua minoritária - Elismar Bertoluci Araujo Anastácio (Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal/UNIDERP. Campo Grande-MS).
O presente trabalho versará sobre a temática a produção de textos próprios, escritos em língua Terena por professores indígenas, da escola municipal indígena "Marcolino Lili", localizada na aldeia Lagoinha, município de Aquidauna-MS. Esse objeto advém do interesse de conhecer quais são os gêneros textuais produzidos pelos professores indígenas, alfabetizados em Português e, que estão alfabetizando em língua Terena, sobretudo, por meio da produção própria. Com base em Bakhtin (2001), D`Angelis (2005), Cavalcanti e Maher (2005) e outros, colocamos em discussão se os textos produzidos pelos professores indígenas são direcionados para fins, exclusivamente, didáticos, uma vez que tal prática poderá comprometer a formação de escritores e leitores na língua minoritária.Após dois anos de observação, iniciamos um estudo mais abrangente que nos indica, pelos menos, consciência política por parte dos professores indígenas. (Palavras-chaves: Língua Terena, gêneros textuais, professores indígenas e alfabetização indígena)
03 - Oralidad y escritura Mbya Guarani - Hugo Arce (Ministerio de Cultura y Educación de Misiones, Argentina), Antonio Benítez (Escuela Bilingüe 848 -Tekoa Marangatu – Misiones, Arg), Eliseo Chamorro (Esc. Bilingüe 657-Tekoa Ka'aguy Poty – Misiones, Arg) e Marcelina Duarte (Escuela Bilingüe 683 -Tekoa Tamandua – Misiones, Arg).
Esta comunicación tiene el propósito de compartir la experiencia realizada para sistematizar un registro escrito de la lengua mbya en la Provincia de Misiones (Argentina), en la que los Auxiliares Docentes Indígenas (ADI) han trabajado en encuentros provinciales y distribuidos en diez talleres regionales para la elaboración de textos. Con la participación exclusiva de los ADI y algunos ancianos de los Tekoa Mbya Guarani, este trabajo intenta recoger insumo textual básico destinado a la elaboración de un libro informativo bilingüe acerca del pueblo y la cultura mbya, y un libro de textos escolares en lengua mbya, destinado al uso pedagógico en las escuelas bilingües indígenas de Misiones. La experiencia se encuentra en pleno andamiento y su presentación en este espacio de debate tiene como objetivo enriquecerlo con la experiencia y el conocimiento de los profesores indígenas y de los académicos universitarios presentes. (Palavras-chave: oralidad, escritura, elaboración de textos, Mbyá, Misiones)
04 - Ortóptica, oralidade e o letramento de brasileiros indígenas Mbya fluminenses - Viviam Kazue Andó Vianna Secin (UERJ, RJ).
A educação inclusiva impõe uma reflexão a respeito dos diferentes aspectos relacionados à oralidade e ao processo de alfabetização e letramento dos diferentes sujeitos brasileiros em suas especificidades biopsicossociais, culturais e antropológicas. Distintos modos de vida e distintas experiências visuais desde o nascimento, podem estar relacionados a diferentes modos de representação mental, de pensar e agir no mundo. Essa pesquisa interdisciplinar (Doutorado em Educação /PROPED-UERJ. Orientador: SENNA, L.A.G.) investiga a existência de uma visão binocular socialmente determinada e sua relação com o processo de letramento, pelo estudo comparativo da função binocular de sujeitos urbanos da cultura escrita e de sujeitos indígenas de cultura predominantemente oral. (Palavras-chave: ortóptica, oralidade, Mbya)
05 - Considerações sobre a produção de materiais didáticos de história por professores indígenas em cursos de formação de professores (magistério indígena) - Igor Alexandre Badolato Scaramuzzi (PPGAS/NHII/USP).
Tendo como enfoque o processo de escolarização e letramento em andamento em vários contextos indígenas no país, tenho o objetivo de analisar comparativamente produções escritas relativas às `histórias`, de alguns povos, elaboradas por professores indígenas em parceria com programas de educação indígena em cursos de formação de professores, conhecidos como "Magistério Indígena". Pretendo evidenciar de que maneiras os processos de letramento que estão ocorrendo nas experiências de escolarização na vertente "diferenciada" estão influenciando a configuração dessas produções escritas sobre "Histórias", buscando enfatizar como em alguns contextos está ocorrendo a articulação entre "saberes tradicionais" e o "saber escolar letrado" a respeito das maneiras de conhecer e transmitir experiências históricas. (Palavras-chaves: Educação Escolar Indígena, História Indígena, Conhecimentos Tradicionais, Letramento)
06 - Produção de literatura em Kaingang: uma contribuição para o fortalecimento das línguas minoritárias - Moana de Lima e Silva (Mestrado em Lingüística - UNICAMP).
Os Kaingang são uma comunidade indígena que está definindo a sua língua como marcador de sua identidade-étnica e que até hoje toda a literatura com que tiveram contato foi a da sociedade dominante (brancos). Baseada nas idéias de D'Angelis (1997 / 2002 / 2007) e em sua vasta experiência como indigenista e lingüista com os Kaingang, é possível pensar na criação de uma literatura com identidade.Visto que uns dos caminhos para a criação de uma literatura autêntica é a escola indígena desenvolver atividades em torno da leitura e escrita de textos, fato que contribui de maneira fundamental para o fortalecimento das línguas minoritárias. (Palavras-chaves: literatura, bilingüismo, produção textual, educação escolar indígena)
07 - Gêneros textuais, condições de produção e educação intercultural - Lenilza Teodoro dos Santos (UNEB) e Mauro Roque de Souza Júnior (UNEB).
Esta comunicação coordenada visa a compartilhar uma experiência realizada na Escola Indígena Pataxó de Coroa Vermelha, localizada nas proximidades de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. Os jovens da Comunidade Pataxó foram orientados através de atividades de leitura, visita à Reserva Indígena Pataxó da Jaqueira e discussões, a refletir sobre valores sócio-culturais da sua comunidade a partir da perspectiva intercultural (Fleuri (org.), 2003), para posterior produção textual, gênero narrativo, tendo por base as condições de produção textual (Geraldi, 1997). Este trabalho faz parte de um conjunto de ações que visam a integração entre a UNEB e as Comunidades Indígenas do seu entorno, com a principal finalidade de elaboração de um Projeto de implantação de Curso de Licenciatura em Educação Intercultural, destinado às Comunidades Indígenas do Estado da Bahia. (Palavras-chave: gêneros textuais, produção textual, Pataxó)