VI Seminário “Leitura e Escrita
em Língua Estrangeira”

SESSÃO I
Coordenação: Maria de Fátima Silva Amarante
Dia:11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01 – Gêneros textuais como inovação no ensino de língua inglesa. Paula Gaida Winch, Universidade Federal de Santa Maria.
Neste trabalho, busco compartilhar minha experiência de estágio em Língua Inglesa em uma escola de Educação Básica de Ensino Médio de Santa Maria/RS. Considerando a importância que tem se atribuída para a implementação de inovações nos sistemas educativos, seja na organização escolar como na prática em sala de aula, bem como a relevância de contextualizar os conteúdos para tornar a aprendizagem mais significativa e assim os conteúdos mais próximos à realidade dos alunos, tive como objetivo, em meu exercício da docência, fazer com que os alunos compreendessem melhor a constituição e as funções de diferentes gêneros textuais, como bulas de remédio, receitas, etc. esta experiência de Estágio foi muito produtiva, acredito que tanto para mim quanto para os alunos segundo relatos desses. Posso destacar o maior envolvimento dos alunos em aprender tópicos gramaticais a partir de sua aparição em diferentes gêneros, a resistência dos alunos em relação a atividades de compreensão auditiva e também a dificuldade, inicialmente, em fazer com que os alunos se apropriassem de estratégias de leitura a fim de facilitar a interação entre eles e textos em uma língua estrangeira. Desse modo, entendendo que a prática em sala de aula desenvolvida mediante a abordagem de gêneros textuais é um dos possíveis percursos para inovar no ensino de Língua Inglesa.
02 – Ensino de leitura em L2 em chat rooms: o autor anônimo. Claudia Affonso Molina, PUC-Campinas.
Este trabalho buscou examinar a questão da autoria em sala de aula virtual (chat room) de um curso de ensino de leitura em inglês como LE em uma instituição de ensino superior. Esta pesquisa surgiu a partir da hipótese de que, nesse ambiente de
ensino/aprendizagem, a argumentação com recurso à modalização autonímica, próprio da sala de aula tradicional, não encontra espaço. Para a realização deste trabalho de pesquisa, foram feitas as análises de bibliografia - nas áreas de Ensino a Distância e Estudos do Discurso - das condições de produção do discurso dos interlocutores e da materialidade lingüística. Os resultados obtidos apontaram que o discurso analisado é constituído pelo afrouxamento da noção de propriedade intelectual propiciado pelo advento da Internet, o que implica uma configuração do discurso produzido em chat rooms como espaço de reposicionamento do sujeito-leitor como sujeito-autor.
03 – A leitura hipertextual em língua estrangeira: rompendo armadilhas, novo emaranhado ou uma nova proposta de (re)signifição do mundo? Ítalo Oscar Riccardi León, Universidade do Vale do Paraíba.
Com o advento do hipertexto novos e atrativos ambientes de comunicação e interação social se estabeleceram no contexto da sociedade contemporânea ou do homo digitalis -um termo cunhado por Negroponte (1995)- e uma nova forma de organização do texto, da escrita e da leitura surgiu afetando e/ou modificando significativamente o modo de conhecer e ler o mundo. O hipertexto pode ser considerado como uma forma textual emergente da tecnologia digital (Marcuschi, 2005) que se inseriu definitivamente nos chamados ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), conectando palavras e frases cujos significados, segundo Lévy (1993) remetem-se uns aos outros, dialogam e ecoam mutuamente para além da linearidade do discurso. Deste modo, sendo possível estabelecer ou inaugurar os contornos de uma leitura hipertextual, será que este tipo de leitura constitui-se num instrumento ou recurso facilitador da leitura na área de línguas estrangeiras ou representa mais uma armadilha para perder-se no labirinto da rede? A presente comunicação tem como objetivo reflexionar a respeito da leitura hipertextual no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, desvendando suas principais relações, imbricações e possíveis aportes no sentido de (re) significar o mundo.
04 – Leitura e escrita em contexto de ensino/aprendizagem de língua estrangeira mediado por computador. Maria de Fátima Silva Amarante, PUC-Campinas.
Esta comunicação reporta resultados de pesquisa m que examinamos o discurso produzido em um curso de leitura em inglês como língua estrangeira mediado por computador. Adotando a perspectiva da Análise de Discurso de Linha Francesa, focalizamos a encenação da comunicação no discurso pedagógico produzido neste contexto a partir de suas condições de produção e analisamos questões relativas à autoria. Os resultados das análises apontam que o discurso produzido em salas de aula digitais, já que constituído pelo afrouxamento da noção de propriedade intelectual, pela natureza informal das interações digitais e por uma nova distribuição espacial, temporal e relacional dos sujeitos e dos objetos do conhecimento, é espaço de proliferação de novas formas de autoria.
05 – Visual communication: o que os autores (não) contam quando investigam textos em vídeo. Janete Teresinha Arnt. Orientadora: Roséli Gonçalves do Nascimento, Universidade Federal de Santa Maria.
Considerando-se o pressuposto de que aprendemos sobre um gênero por observação e aculturação na comunidade onde esse gênero opera (Berkenkotter & Huckin, 1995:7), meu objetivo é refletir sobre as estratégias utilizadas por pesquisadores experientes para reportar estudos nos quais eles manipulem textos multimodais em vídeo. O corpus compreende artigos publicados no periódico Visual Communication, de 2002 a 2006. Depois da análise, proponho sugestões para uma aula de Inglês para Fins Acadêmicos com atividades que desenvolvam as habilidades de reconhecimento sobre como os autores relatam o seu estudo visando despertar a consciência dos alunos sobre a metodologia como um passo decisivo da atividade de pesquisa.
06 – O reconhecimento da língua brasileira de sinais: oralidade e currículo. Diléia Aparecida Martins, PUC-Campinas.
O presente trabalho reflete o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais LIBRAS e questionamentos relativos ao status de língua natural e modalidade lingüística visuo-gestual (Brito, 1997; Kickok, Bellugi, 2004; Quadros, Karnopp, 2004; Wilcox, 2005), o conceito de língua materna, o ensino para surdos falantes da LIBRAS (Goldfeld, 1997; Mccleary, 2006) e a precarização do atendimento da demanda escolar (Skliar, Quadros, 2000). Aborda o currículo, enquanto "metas e objetivos, conjuntos roteiros - que por assim dizer constitui normas, regulamentos e princípios que orientam o que deve ser lecionado", Goodson (2005) meio de compreensão dos processos internos da escola, de sua relação com a sociedade e dos fatores da inclusão da disciplina LIBRAS na educação básica e superior.

SESSÃO II
Coordenação: Wellington Alan da Rocha
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01 – Desafios da leitura de Literatura em língua estrangeira. Melissa Andres Freitas, Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Baseado no gosto pela leitura e no desenvolvimento ou estímulo para tanto, este trabalho se propõe a lançar uma visão mais ampla de como a leitura de literatura em língua estrangeira vem se desenvolvendo no decorrer da vida acadêmica de nossos alunos dos cursos de Letras da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG - PR). Através de questionários investigativos levantaremos uma série de dados que nos mostrarão o comportamento de nossos alunos como leitores e, através da análise dos questionários, buscaremos propostas para trazer o aluno do ensino superior para o mundo da literatura e levá-lo a usufruir os benefícios que a leitura pode oferecer, sejam eles para seu prazer pessoal, sejam para seu aprimoramento na língua alvo e seu conseqüente crescimento profissional. A pesquisa que aqui propomos faz parte de uma série de estudos que envolvem o tema de leitura e literatura desenvolvidos na UEPG, projetos estes que visam novos caminhos para nossa própria prática docente. O referencial teórico utilizado contempla teorias da Lingüística Aplicada e da Teoria Literária no tocante aos processos da leitura. Ao desenvolver o estudo aqui apresentado, percebemos que a bibliografia sobre o assunto específico da leitura de literatura em língua estrangeira é bastante escassa, desta forma pretendemos acrescentar uma visão sobre tal assunto e colaborar para o desenvolvimento de novas pesquisas, uma vez que este tema é favorável a uma infinidade de novos estudos.
02 – Programa de leitura continuada - uma proposta pedagógica para a formação de professores-leitores em língua inglesa. Daniela De David Araújo, Universidade de Passo Fundo.
Relato de investigação que toma como objeto de estudo as práticas de leitura propostas, conduzidas e recebidas nas disciplinas de Língua Inglesa, no âmbito do ensino superior em Letras, averiguando se contribuem para a formação de professores-leitores nesse idioma. A análise dos dados reforça a relevância do planejamento de práticas leitoras significativas aos alunos, com base em diferentes gêneros e suportes textuais. Sugere-se a construção de um programa de leitura continuada em língua inglesa, a ser desenvolvido ao longo do curso de graduação, voltado à diversidade, à continuidade e à complexidade gradual no trabalho com textos. O estabelecimento de um programa de formação de professores-leitores beneficiaria os licenciandos por garantir a freqüência e a progressividade na leitura e no contato com diferentes gêneros textuais, numa perspectiva inter e transdisciplinar, congregando iniciativas individuais e potencializando-as em favor de ações conjuntas e articuladas no curso.
03 – Uso de textos autênticos na formação do futuro professor de língua inglesa. Inês Confuorto, Amélia Maria Jarmendia, Universidade Cruzeiro do Sul.
Nesta comunicação, pretende-se discorrer sobre uma proposta de ação educativa na área de formação inicial de professores de língua inglesa, em que se busca calcar o processo de ensino e aprendizagem no trabalho com textos que circulam socialmente. Embora os alunos da graduação sejam, muitas vezes, usuários da língua em diferentes contextos, não atribuem sentido ou não reconhecem o texto autêntico como possibilidade de envolver os educandos dos ensinos fundamental e médio no processo de aprendizagem. Esta ação formativa, em que os graduandos podem vivenciar, como se fossem alunos do ensino básico, o processo de aprendizagem com este tipo de texto, por certo, promove um novo olhar em relação à seleção de textos e os conteúdos a privilegiar.
04 – A ideologia nos livros didáticos de espanhol: uma leitura bakhtiniana. Wellington Alan da Rocha, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Esta comunicação visa a compartilhar os resultados obtidos em nossa observação de livros didáticos de espanhol publicados no Brasil entre 1940 e 2006 acerca da ideologia, numa acepção bakhtiniana que prevê a oposição entre a ideologia oficial e a do cotidiano, que observamos nos livros didáticos. Analisamos como os países hispânicos e o Brasil são vistos por cada um desses livros didáticos; Os resultados apontam para a necessidade de o professor de língua estrangeira estar atento para auxiliar o seu aluno a fazer uma leitura crítica de qualquer material didático, pois formar um leitor crítico não é apenas função do professor de língua portuguesa, mas também dos docentes de outras disciplinas, como a língua estrangeira.
05 – Diversidade na sala de aula de língua estrangeira: ajustes do "ideal" com o "real". Maria Lúcia Mercante Naddeo, Interactio Consultoria em Línguas Campinas, SP.
Esta comunicação tem como objetivo apresentar estratégias e seqüências didáticas que respeitam a diversidade existente na sala de aula de língua estrangeira das escolas da rede pública e particular. A qualidade das interações (Heinrich, 1993) é determinante mediador na aula de língua estrangeira, podendo e devendo se basear em aspectos de relevância e contextualização. Com base na história de vida de alunos e professores, sujeitos desse processo (Naddeo, 1995), a aprendizagem de inglês tem gerado resultados significativos em diversas redes municipais de ensino nas quais tenho atuado como formadora. Tais resultados serão compartilhados nesta oportunidade através da exposição de atividades práticas com o uso de encartes publicitários, revistas e jornais brasileiros e outros materiais de fácil acesso, permitindo a adequação e a flexibilização do trabalho do professor, dentro do panorama atual de educação para a formação de um ser integral.
06 – Proximidades multiculturais na aprendizagem de E/LE por brasileiros. Joziane Ferraz de Assis, UFF - Universidade Federal Fluminense.
Esta comunicação pretende mostrar alguns resultados iniciais de pesquisa acadêmica que está sendo desenvolvida no Mestrado em Lingüística Aplicada ao Ensino de Língua Estrangeira -Espanhol. A pesquisa visa a comparar, através de questionários, o que modificou na aprendizagem de alunos da 1ª série do ensino médio, no aspecto cultural, sob a perspectiva do multiculturalismo (Hall, 2003; García Canclini, 1996). Para tal, foram utilizadas como instrumento propagandas dos universos hispânico e brasileiro, analisadas sob a perspectiva da Teoria de Gêneros Discursivos e da Semiótica (Marcuschi, 2005; Fiorin, 2006; Barros, 2005; Discini, 2005).

SESSÃO III
Coordenação: Sônia Maria Nolasco
Dia: 12/06/200, das 14:00 às 17:00 horas/p>

01 – Concepções de leitura em língua inglesa: uma análise discursiva. Priscila Myotin, UNIVAP São José dos Campos, SP.
Uma das grandes dificuldades no aprendizado de língua estrangeira (no caso, o Inglês) é a prática leitora. Uma das possíveis leituras para tal fenômeno é decorrente de grande parte dos alunos procurar entender o texto a partir da tradução de palavra por palavra, utilizando um dicionário bilíngüe. Este trabalho objetiva analisar qual é a concepção de leitura do aluno da educação básica e que modelo de leitura esse estudante utiliza para o entendimento do texto em língua estrangeira. Os dados foram coletados através de um questionário que pretendia verificar os hábitos de leitura em Língua Estrangeira desses sujeitos. A análise dos dados foi realizada sob a perspectiva da Análise do Discurso de linha francesa, tendo como principais conceitos o Interdiscurso e a Heterogeneidade discursiva.
02 – Sentidos/significados sobre leitura de professores de ensino fundamental II. Sônia Maria Nolasco, E.E. Professor Astrogildo Arruda e Faculdade Anchieta.
Esta comunicação visa compartilhar os resultados obtidos em pesquisa para dissertação de mestrado pela PUC/SP. Trata-se de uma pesquisa desenhada para propiciar espaços de colaboração e reflexão crítica (Vygotsky 1934,2002, Dolz e Shcneuwly 2004, Magalhães, 2004) para os participantes do Projeto Hora da Leitura, com o objetivo de intervir no contexto escolar e criar espaços de questionamento, análise crítica das relações sociais entre os participantes sobre o papel que exercem, isto é, das duas ações em sala de aula.
03 – Desvelando os implícitos das diretrizes curriculares para o ensino de LE: uma aplicação de ACD. Nelza Mara Pallú, Djane Antonucci Correa, UEPG, Ponta Grossa, PR.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar resultados de pesquisa em análise de discurso sobre o texto das Diretrizes Curriculares para Língua Estrangeira Moderna, ano de 2007 do estado do Paraná. O intuito da investigação é refletir sobre os possíveis implícitos aprisionados sob o discurso pedagógico. O estudo apoiou-se no modelo tridimensional de análise de Norman Fairclough, por apresentar um teor crítico de análise textual, de prática social e discursiva. Os resultados indicam que o texto é influenciado pelas teorias crítico-pedagógicas e pelas teorias discursivas, representando também, uma oportunidade de atualização nas concepções lingüísticas dos professores, bem como, possibilidades de transformações no ensino de línguas estrangeiras.
04 – O desafio das iniciativas: romper barreiras e concretizar espaços. Aracy Maria Braga de Miranda, Fundação Municipal de Educação de Niterói, RJ.
Quebrar paradigmas, gerar e concretizar iniciativas: esse foi o desafio lançado pela Rede Municipal de Educação de Niterói ao debruçar-se sobre a proposta de inserir mais uma língua estrangeira na matriz curricular das escolas de 3º e 4º ciclos - o espanhol. Pensemos nas famosas"armadilhas" que, segundo Ezequiel Theodoro "(...) se concretizam às escondidas enjauladas em palavras, em símbolos, em discursos". A proposta desta apresentação é expor o processo de implantação do Espanhol como língua estrangeira, com seus obstáculos, sucessos e insucessos, num movimento incessante para 'desenjaular" palavras e discursos, reféns constantes das sucessivas armadilhas da educação.
05 – Objetivos traçados e metas alcançadas: construindo uma ponte sobre o abismo. Gilmara Nunes de Miranda, Fundação Municipal de Educação de Niterói, RJ.
Uma das armadilhas da educação está no abismo que muitas vezes se põe entre o que se teoriza e o que se pratica, ou seja, entre a universidade e a escola. Considerando que grande parte da literatura referencial da Lingüística Aplicada ao Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras é publicada no Reino Unido, observamos que as teorias apresentam uma perspectiva global que, muitas vezes, não dá conta das particularidades do ensino de Inglês como Língua Estrangeira (EFL), provocando uma disparidade entre o que se pretende e o que se alcança. Apresentaremos um estudo conduzido sobre a noção de sucesso no ensino de Inglês como Língua Estrangeira dentro do contexto brasileiro, que aponta como a inclusão um aporte teórico sociolingüístico pode promover, no referido processo, um maior grau de satisfação para os envolvidos.
06 – Leitura dos dizeres dos alunos-aprendizes de língua estrangeira. Maria de Lourdes Marques Moraes, UNINCOR, Universidade Vale do Rio Verde.
Esta comunicação visa a compartilhar uma pesquisa de mestrado, ainda em desenvolvimento, sobre o ensino de língua estrangeira (LE) no Brasil. Inscreve-se no campo da linguagem e procura fazer uma leitura dos dizeres dos alunos-aprendizes de LE para compreender a sua relação entre a LE e a língua materna e o(s) motivo(s) que leva(m) ao estudo da língua outra, as implicações, aplicabilidades ou não da aprendizagem da LE na vida do sujeito-aprendiz. Pesquisamos esse sujeito na sua complexidade, considerando as perspectivas sociais, culturais e históricas, sobretudo o movimento da globalização que estimula e desperta desejos de inclusão e as armadilhas que envolvem este movimento, por considerar"verdades" já preconizadas, comportamentos impostos que não correspondem exatamente à realidade brasileira. Para tanto, buscamos em Foucault (1979) o estudo sobre os "regimes da verdade" e seus efeitos regulamentadores de poder; a perspectiva dialógica da linguagem na abordagem de Bakthin (1979) e os estudos de Coracini (2003) acerca do ensino de línguas.

SESSÃO IV
Coordenação: Rita Jover-Faleiros
Dia:12/06/200, das 14:00 às 17:00 horas

01 – A aproximação intercultural entre os romances de formação "Doidinho" e "Die Verwirrung des Zöglings Törless". Cristiane Maria Bindewald, Universidade Federal do Paraná.
No presente trabalho, procuro fazer uma aproximação entre um romance de formação brasileiro e outro alemão para, através desta, tentar promover uma reflexão intercultural entre estas duas culturas, facilitando assim a posterior leitura do romance de formação alemão. Como ponto de partida, fiz a escolha dos romances seguindo três critérios: recorte temporal, gênero discursivo e escolhas temáticas. Esta pesquisa tem como base e pretende ser o desdobramento do trabalho de doutorado de meu orientador, Henrique Evaldo Janzen, no qual este faz aproximações pedagógicas e interculturais entre os romances de formação brasileiro "O Ateneu", de Raul Pompéia, e o alemão "Jakob Von Gunten", de Robert Walser. Dentro deste recorte, procuro fazer uma aproximação entre os romances "Die Verwirrung des Zöglings Törless", de Robert Musil e "Doidinho", de José Lins do Rego, concentrando-me em temas comuns nos romances de formação que retratam a estadia de um adolescente em um internato.
02 – A análise semiótica de um texto literário como percurso da leitura à escrita: o exemplo do italiano como LE. Elisabetta Santoro, Universidade de São Paulo.
Os textos literários são muitas vezes incluídos nos manuais didáticos de LE somente como modelos de língua a imitar ou como textos que serão lidos para que depois possa ser verificada sua compreensão. Uma leitura realizada com a ajuda do instrumental de análise da semiótica dita francesa permite aumentar a inteligibilidade dos textos, já que induz a procurar relações no interior do próprio texto, a descobrir as maneiras como se dá o sentido, a perceber os mecanismos de construção do texto, além de criar as condições para a reflexão sobre a funcionalidade discursiva dos fatos gramaticais. A análise e as atividades didáticas desenvolvidas com essa finalidade guiam também a escrita dos textos dos aprendizes que escrevendo - a partir de textos - são estimulados a uma complexificação cada vez maior de sua produção em LE.
03 – A questão cultural no ensino de línguas estrangeiras modernas. Henrique Evaldo Janzen, Universidade Federal do Paraná.
O presente trabalho apresenta duas visões diferentes de cultura e as associa, a partir da análise de livros didáticos de alemão e inglês (LEM), a diferentes concepções de ensino. A primeira é a visão tradicional de cultura. Esta postula a homogeneidade interna (de um grupo) e a delimitação externa em relação ao outro (outro grupo/outra cultura). Este pressuposto pode propiciar um entendimento maniqueísta da outra cultura. A influência desta percepção de cultura pode ser identificada em muitos livros didáticos dos anos 70/80. Uma outra concepção de cultura assinala a mobilidade das identidades coletivas e a perspectiva multicultural como inerentes ao ato cultural. As marcas culturais vão sendo constantemente relativizadas, reconfigurando identidades culturais. Esta concepção de cultura norteia (alguns) livros didáticos de orientação intercultural.
04 – O inglês instrumental como suporte para a leitura de textos específicos da área de ciências da saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia) na Universidade Estadual do Amazonas: interdisciplinaridade em questão. Vanúbia Araújo Laulate Moncayo, Universidade Estadual do Amazonas.
O ensino-aprendizagem de leitura em língua inglesa de textos específicos dentro da área de ciências da saúde (Enfermagem, Medicina e Odontologia) é um advento recente nas Instituições de Ensino Superior IES, ainda que a leitura em língua estrangeira constitua uma prática efetiva no ensino-aprendizagem de língua inglesa desde a década de 40. O objetivo geral deste estudo é caracterizar o ensino-aprendizagem da leitura de textos técnico-científicos específicos à área de ciências da saúde, bem como a interdisciplinaridade promovida. Os objetivos específicos estão assim delineados: a) descrever a abordagem metodológica utilizada pelo regente b) registrar a receptividade dos acadêmicos em relação ao método de abordagem utilizado; c) demonstrar a desenvoltura dos acadêmicos em relação à habilidade de leitura adquirida ao longo do Curso de Inglês Instrumental; c) informar acerca da promoção de conhecimentos lingüísticos e técnicos específicos da área através dos textos propostos pelos professores das disciplinas técnicas(Anatomia, Bases Biológicas, História da Medicina, Odontologia e Enfermagem). Para tanto, optou-se pelo método etnográfico, por ter havido a observação de aulas, diários dialogados entre pesquisador e discentes, e aplicação de questionários. Tais questionários foram aplicados em duas das três turmas em período letivo, por dois semestres consecutivos (2006), sendo que uma turma era constituída por alunos da capital do Estado, Manaus, e a outra por alunos advindos dos interiores do Estado. Elaborou-se tabelas e gráficos como forma de simplificar os resultados obtidos. Os resultados constataram que o método utilizado para o ensino da leitura é inovador, com feitura de atividades e dinâmicas diversificadas, contrariando aquele da aula tradicional de aplicabilidade de estratégias de leitura. Os acadêmicos demonstraram habilidade de leitura quando submetidos aos textos com diferentes temáticas. Uma grande parcela do alunado parece ter adquirido a habilidade da leitura de textos específicos a sua área de conhecimento, embora alguns desses tenham ingressado no Curso sem conhecimento lingüístico prévio.
05 – Armadilhas da leitura instrumental no ensino do francês língua estrangeira. Rita Jover-Faleiros, Universidade de São Paulo.
O objetivo desta comunicação é compartilhar alguns dos resultados de nossa pesquisa sobre a recepção do texto literário em um curso de Francês Instrumental. A constatação de que a leitura literária não é, em princípio, atividade prevista em um curso cujo objetivo é o desenvolvimento da leitura fez com que refletíssemos, por um lado, sobre as razões que motivaram o desenvolvimento dessa metodologia de ensino e, por outro, que buscássemos compreender algumas das limitações desse modelo para a formação de leitores críticos. Ao confrontarmos nosso grupo de alunos a textos em que a apreensão das informações não era suficiente para a construção de sentido, pudemos observar, ao mesmo tempo, a percepção do grupo sobre a limitação da leitura instrumental e as soluções por ele encontradas para superá-las.
06 – Parece, mas não é! Uma proposta para a interpretação - Da ironia na leitura em língua estrangeira. Fernanda Dos Santos Castelano Rodrigues, Greice da Nóbrega, Marcos Maurício Alves da Silva, Centro de Línguas, FFLCH-USP, CEFET-SP – UNICAPITAL.
Neste trabalho, apresentaremos uma das atividades desenvolvidas no curso de Espanhol Instrumental do Centro de Línguas da FFLCH/USP, no qual temos o objetivo de despertar o aluno - enquanto sujeito-leitor - para a questão da construção de sentidos, base de todo gesto de interpretação (Orlandi, 2004). A partir da utilização de dois textos autênticos - propagandas que circularam no ano de 2005 na cidade Buenos Aires: uma delas, oficial do Gobierno de Buenos Aires, e a outra, extraída do jornal Barcelona, parte integrante da revista TXT -, relativizamos a importância do uso de estratégias descendentes - bastante exploradas nos cursos de leitura (Pietraróia, 2001) -, ao mesmo tempo em que tentamos encontrar caminhos que nos levem a entender melhor a questão da interpretação da paródia e da ironia (Brait, 1996) em textos em língua estrangeira.

SESSÃO V
Coordenação: Ruth Bohunovsky
Dia: 12/06/200, das 14:00 às 17:00 horas

01 – As quatro habilidades integradas e ampliadas. Ruth Bohunovsky, IEL/Unicamp.
A comunicação parte do pressuposto de que as quatro habilidades (ouvir, falar, ler e escrever) constituem uma construção teórica ultrapassada visando à simplificação e ao isolamento de processos psicológicos e cognitivos complexos para fins de ensino, treino e testagem. Partindo dessa premissa, pretende-se discutir, em primeiro lugar, uma visão integrada dessas habilidades, reconhecendo a complexidade e, sobretudo, caráter interligado das mesmas (Krumm, 2002); em vez de procurar a sua separação artificial ou a sua hierarquização, dependendo do método utilizado. Em segundo lugar, aborda-se a ampliação do número dessas habilidades tradicionais, por exemplo, com o acréscimo de novas competências receptivas e produtivas de acordo com o "novo letramento" (Weininger, 2001) ou das habilidades de interação e mediação, conforme previsto no Quadro Comum Europeu para o Ensino de Línguas (Glaboniat et al., 2005).
02 – Leitura em inglês como língua estrangeira: teoria e prática. Sandra Izabel Messer, Fabio Santiago Nascimento, Universidade Federal de Santa Maria.
Pesquisas sobre leitura em língua estrangeira têm mostrado que ela é um processo interativo uma vez que considera a relação escritor-texto-leitor. Com relação a pesquisa em linguagem, a Lingüística Sistêmico-Funcional frisou a importância de análises lingüísticas em diferentes níveis, desde a léxico-gramática até o discurso. O desafio para professores pré/em serviço é acomodar as pesquisas atuais ao ensino da leitura. Poucas pesquisas e materiais didáticos voltados para a leitura tornam explícita a conexão entre as atividades que consideram esses diferentes níveis de análise lingüística e interpretação e a teoria que as subjaz. O objetivo deste trabalho é discutir as atividades de leitura (while-reading) com a teoria/pesquisa que a subjaz como forma de contribuir para o entendimento do processo de leitura como prática social. Para tanto, uma atividade de leitura baseada em uma propaganda da Shell será discutida. Algumas implicações de ver linguagem em seu contexto social serão discutidas.
03 – Relações entre Memória e Nível de Compreensão Leitora. Alessandra Baldo, Universidade Federal de Pelotas, RS.
Nesta comunicação, apresentaremos os resultados de um estudo realizado com 20 leitores adultos proficientes em leitura em língua materna (português) e em língua estrangeira (inglês), com o objetivo de verificar os tipos de estratégias mais utilizados pelos sujeitos, como também, a partir disso, as possíveis relações entre freqüência de uso de estratégias e nível de compreensão leitora. Para a checagem das estratégias empregadas, adotou-se a técnica dos protocolos verbais. A análise dos dados apontou para uma correlação entre a capacidade de resgatar informações textuais e o nível de compreensão leitora, tanto para o contexto da língua materna como para o contexto da língua estrangeira.
04 – Afetividade e condições de ensino: efeitos aversivos da mediação pedagógica no ensino da língua inglesa. Isabel Bueno de Almeida (bolsista FAPESP). Orientação: Prof. Dr. Antonio Sergio da Silva Leite, Unicamp.
Esta comunicação tem como objetivo compartilhar os resultados parciais da pesquisa em desenvolvimento dentro da temática da afetividade. Este trabalho tem buscado analisar o possível papel da afetividade no processo de mediação pedagógica do professor, enfocando seus efeitos aversivos na relação aluno - objeto de conhecimento, neste caso, a língua inglesa. Com base nos estudos de autores sócio-interacionistas como Wallon (1968,1978) e Vygotsky (1993), os quais possuem uma visão monista de homem, considerando-o como um ser que pensa e sente, ao mesmo tempo, assume-se que a natureza da interação que se estabelece entre professor, aluno e língua inglesa, não se limita à dimensão cognitiva, mas é fortemente marcada pela afetividade.
05 – A língua materna no processo de ensino-aprendizagem da língua estrangeira: mediação ou interferência? Karin Quast, UNICAMP.
Embora muitos paradigmas em relação ao ensino-aprendizagem de língua estrangeira (LE) tenham se modificado nas últimas décadas, algumas concepções continuam prevalecendo e afligindo os professores. Dentre essas, a de que a língua materna (LM) interfere na aprendizagem da LE, devendo, pois, ser evitada a todo custo. Entretanto, várias pesquisas demonstraram a inviabilidade e improdutividade de tal dicotomia e que, na verdade, a LM é a base para a aprendizagem da outra língua e pode impulsionar seu desenvolvimento, permitindo, ao contrário, uma participação mais ativa nas atividades propostas. Nesta comunicação enfocaremos o estudo realizado por ocasião de nossa pesquisa de Mestrado, evidenciando os papéis funcionais da LM em interações em sala de aula, bem como relatos de outras pesquisas que evidenciam o papel mediador da LM na aprendizagem da LE.
06 – Língua materna e língua estrangeira - um gesto de leitura do dizer de alunos. Valéria Cristina de Lima Flores, UNINCOR – Universidade Vale do Rio Verde.
Esta comunicação, inserida no campo da linguagem, faz parte de uma pesquisa de Mestrado em Letras, ainda em desenvolvimento, que objetiva lançar um gesto de leitura nos dizeres de alunos aprendizes de língua estrangeira para compreender a relação que estes estabelecem entre a sua língua materna e a língua estrangeira, como forma de questionar e estudar meios de quebrar as barreiras da distinção rígida entre ambas as línguas, como tradicionalmente ocorre. Em busca de romper com tal dicotomização, queremos compreender como se dão as relações de poder e de saber no ensino-aprendizagem de línguas, considerando o contexto do mundo globalizado. Nossa contribuição, com esta pesquisa, é buscar caminhos que possibilitem (re)pensar o ensino de línguas e, também, (re)direcionar o nosso próprio trabalho como professora de língua inglesa.