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Editorial

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O
projeto pedagógico da escola é a expressão
maior do tipo de análise que os professores
estão fazendo da realidade social e,..., do
contexto mais próximo onde essa escola está
situada. |
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VISÃO DE MUNDO E PROJETO PEDAGÓGICO
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Comissão
Editorial
A renovação e a
revitalização do trabalho escolar passam,
necessariamente, pela análise crítica da realidade
social, conforme feita pelos profissionais que
compõem o coletivo docente de uma escola. Quanto
mais objetiva e profunda for essa análise, maiores
serão as possibilidades dessa organização escolar
vir a produzir um ensino de qualidade. Isto porque
os conhecimentos construídos a partir da escola
serão significativos e, por isso mesmo, capazes de
levar os estudantes à compreensão dos problemas
sociais.
Todo trabalho de cunho pedagógico carrega consigo a
visão de mundo do professor. As ações docentes
carreiam, na interlocução com os alunos, aquilo que
o professor pensa - ou foi levado ou, por vezes, é
forçado a pensar - da vida, da sociedade, do
trabalho, e, logicamente, do próprio sentido da
matéria por ele ensinada. Daí a idéia de que os atos
pedagógicos são em essência atos políticos:
consciente ou inconscientemente o professor “faz a
cabeça” dos seus alunos. Daí, também, ser impossível
separar as dinâmicas cognitivas, voltadas à
construção/aquisição do conhecimento, das dinâmicas
relacionadas à formação da personalidade e conduta
cidadã do alunado.
As pedagogias progressistas, de Celestin Freinet a
Paulo Freire, questionam o caráter reprodutor da
educação escolarizada tradicional e propõem formas
alternativas de se produzir o ensino. Para os
pedagogos progressistas, a escola não pode mais se
sustentar somente na mera transmissão do saber,
visando a preparação dos indivíduos para o mercado
de trabalho. Pelo contrário, para os pedagogos
progressistas as escolas são concebidas e assumidas
com o esferas públicas democráticas, trabalhando na
direção da emancipação das sociedade. Em termos mais
diretos, os progressistas, por enxergarem
criticamente os problemas sociais, atuam no sentido
de forjar e disseminar uma nova visão de mundo,
fundamentada em valores diferentes daqueles que
orientam a vida e o trabalho em sociedade.
O projeto pedagógico da escola é a expressão maior
do tipo de análise que os professores estão fazendo
da realidade social e, mais especificamente, do
contexto mais próximo onde essa escola está situada.
Trata-se de um documento de suma importância para
todas as dimensões do trabalho pedagógico na medida
em que indica os objetivos pretendidos pela
organização escolar como um todo. Além disso, indica
as práticas e as ações que estão sendo conjugadas ao
longo do tempo (ano letivo, por exemplo) no intuito
de movimentar o coletivo da escola, os alunos e a
comunidade em direção às metas almejadas.
A LBD (Lei Federal n.º 9394, de 20/12/96)
estabelece, no seu Artigo 14, que “Os sistemas de
ensino definirão as normas de gestão democrática do
ensino público na educação básica, de acordo com as
suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios : I- participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola; II- participação das comunidades escolar e
local em conselhos escolares ou equivalentes.”
A intensa rotatividade docente e administrativa
precisa ser urgentemente solucionada de modo que as
escolas possam delinear projetos pedagógicos com um
mínimo de estabilidade, unidade e continuidade no
tempo. Isto de um lado. De outro, precisa haver uma
dignificação dos conselhos de escola de modo que
possam participar objetivamente de todas as decisões
atinentes aos destinos da instituição escolar (a
tradição mostra que esses órgãos não passam de
instrumentos de fachada, quase sempre engolidos pelo
corporativismo docente).
Estes dois desafios precisam ser abordados com
urgência, mas sem perder de vista os critérios de
rigor e cuidado à medida em que uma mudança envolve
não só os concursos de ingresso, acesso e remoção
(grandes pedras no sapato de todos os sistemas
estaduais ou redes municipais de ensino), mas também
a democratização das relações entre escola e
comunidade de pais. Eestes últimos são
tradicionalmente alijados dos processos de decisão,
sendo chamados apenas em festividades ou festas
visando a arrecadação de fundos para a caixa da
escola. |