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São
seis estudos bem tecidos, todos eles com a
preocupação de somar mais conhecimentos
sobre vários aspectos dos processos de
leitura e do desenvolvimento das
bibliotecas. |
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LEITURA, LEITORES E BIBLIOTECAS NO INTERIOR DO
BRASIL
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Ezequiel
Theodoro da Silva
No mais das
vezes, as investigações sobre a leitura, os
leitores e as bibliotecas se restringem aos
grandes centros, sem deixar entrever o
movimento das práticas em cidades menores, do
interior do Brasil.
Esta coletânea é, no meu ponto de vista, um
primeiro passo para ganharmos compreensão dos
caminhos e descaminhos da leitura em regiões
interioranas do país. São seis estudos bem
tecidos, todos eles com a preocupação de somar
mais conhecimentos sobre vários aspectos dos
processos de leitura e do desenvolvimento das
bibliotecas.
Em "Leitura: essa libertária forma de
colheita", Luzia da Maria articula uma
excelente síntese dos principais autores
brasileiros que vêm tematizando criticamente o
fenômeno da leitura e produzindo obras
culminantes na área. Destaca, ainda, com muito
vigor, a importância da leitura para a
existência digna dos homens.
Lucinea Aparecida de Rezende, em "Formação de
Leitores: um caminho possível" reúne e
explicita os ingredientes que devem ser
pensados no planejamento de programas de
leitura. O conceito de "ambiência de leitura",
conforme apresentado pela autora, é oportuno e
merece ser conhecido por todos os professores
- isto porque essa ambiência se coloca como
uma condição sine qua non para a promoção da
leitura nos espaços escolares.
No terceiro capítulo, intitulado "A leitura
como trabalho intelectual e caminho de
valorização da escola e da família, em
qualquer nível de estudos", Fahena Porto
Horbatiuk fornece pressupostos básicos para o
delineamento de uma didática conseqüente de
leitura. Relembra a autora: "Existem as
teorias que podem orientar os mediadores (pais
e professores), e a partir delas, estratégias
para atuação na direção de leituras, cada vez
mais bem aproveitadas e gratificantes e
produção de textos coerentes, coesos, com boa
sequenciação, suficiência de dados, boa
argumentação, clareza e objetividade, além de
senso crítico e estilo próprio". (p. 55)
Os três estudos finais tratam mais
especificamente de questões relacionadas ao
movimento da leitura em cidades interioranas:
Porto União (SC), União da Vitória (PR),
Mallet (PR) e Santa Bárbara d'Oeste (SP). Os
três primeiros se reportam muito mais à
memória dos autores na sua relação com relação
a eventos para a difusão do livro ou então ao
surgimento das bibliotecas municipais na sua
relação com imigrantes e outros agentes
culturais.
Das investigações relacionadas ao nascimento
de uma biblioteca, sem dúvida que aquele
produzido por Silvia Aparecida José e Silva e
Sidney Barbosa e denominado "A biblioteca de
uma cidade do interior paulista e sua
representação na imprensa escrita local: o
caso de Santa Bárbara D'Oeste" é o revelador
de maior fôlego em termos de embasamento e
compilação de material histórico. A leitura
desse relatório permite ver as marchas e
contra-marchas da evolução de um biblioteca
pública no Brasil: as idas e vindas, as
conquistas e os fracassos e outras
contradições que fazem parte do processo de
implantação de um organismo cultural numa
cidade brasileira de porte médio.
Esta coletânea me agradou muito em termos de
leitura, pois, tendo nascido e me criado numa
cidade do interior brasileiro (Santa Cruz do
Rio Pardo, SP), muitas das revelações feitas
nos diferentes artigos trouxeram-me de volta
as mazelas que ocorriam nessa cidade e as
fortes barreiras políticas que impedem o
avanço cultural no interior brasileiro.
Recomendo a leitura sem restrições!
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KARWOSKI, Acir Mário, GAYDECZKA,
Beatriz (org). Leitura, Leitores e
Bibliotecas no Interior do Brasil. União
da Vitória: Kaygangue, 2007. (108 p.) |
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