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Editorial

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dilema interessante,
qual seja o de aparelhar as escolas com uma nova
mídia, sem que os professores estejam devidamente
preparados para o seu manejo; |
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O MAGISTÉRIO E A MÍDIA
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Ezequiel Theodoro
da Silva
Num mundo cada vez
mais interconectado e dinamizado por múltiplas
tecnologias da informação, não há como negar que o
trabalho do magistério tem íntimas relações com a
mídia. Em termos históricos, o ensino, para se
efetivar, sempre utilizou algum tipo de mídia - na
escola constatamos desde a transmissão de idéias por
meio da palavra oral até o giz e a lousa,
evolutivamente passando por livros didáticos, jogos
de aprendizagem, protótipos, kits, etc. até
atingirmos, em dias atuais, todas as conquistas
geradas pela cibernética, robótica e informática,
dentre as quais se destacam os recursos da Internet.
A veloz introdução de novas mídias na sociedade - e,
por extensão, nas escolas - afeta sobremaneira os
diferentes ofícios do magistério, impondo uma
reflexão crítica sobre a sua utilização no
ensino-aprendizagem. Outrossim, o surgimento, o uso
e o espraiamento de uma nova mídia provocam
alterações profundas nos modos de organização e
implementação de programas escolares, como é o caso
da "educação à distância", "e-learning", etc.
sustentadas por meios tecnológicos móveis:
computadores, celulares i-pods, laptops, lousas
eletrônicas, rádio, TV, telefone, fax, entre outros.
O espanhol José Maria Estéve, estudioso das
transformações geradas pelas conquistas tecnológicas
na contemporaneidade, cunhou o termo "mal-estar
docente" para descrever a atitude de muitos
professores frente à acelerada chegada e utilização
de novas mídias nas sociedades contemporâneas. A
síndrome do mal-estar docente surge a partir das
muitas dificuldades do magistério em compreender e
dominar adequadamente os novos meios para o
planejamento e a condução dos processos de
ensino-aprendizagem. Além disso, no âmbito
pedagógico, a introdução de novas mídias na escola,
se feita aos trancos e barrancos - poderia - e pode
- levar ao surgimento de um novo tecnicismo ou do
sentimento de "tecnofobia" (aversão às mídias), em
nada contribuindo para a melhoria dos processos
educativos.
Esse polêmico tema ainda levanta um dilema
interessante, qual seja o de aparelhar as escolas
com uma nova mídia, sem que os professores estejam
devidamente preparados para o seu manejo; neste
caso, é mais do que certo de que esse artefato não
será incorporado nos percursos de ensino e morrerá
na praia por falta de uso objetivo. No outro extremo
do dilema, reside a conquista da qualificação dos
professores para o uso de novas tecnologias, mas
estas não são disponibilizadas na escola ou então
são mal assentadas, sem que estruturas de apoio
(recursos humanos e físicos) venham junto com a sua
implantação.
Finalmente, cabe enfatizar a necessidade de as
mídias entrarem na escola através de uma política de
continuidade e manutenção - isto porque, por
exemplo, os computadores ficam obsoletos,
quebram-se, são muitas vezes instalados em número
insuficiente para a quantidade de alunos, etc Além
disso, a adoção de mídias para o enriquecimento de
atividades educativas depende de uma posição
coletiva da escola (diretor, coordenador,
bibliotecário, técnicos, pais, etc) de modo que não
se transforme apenas em modismo ou perfumaria para
escamotear um ensino de responsável ou de qualidade.
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