Entrevista
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sei que se a prioridade fosse a educação e o
incentivo à leitura paralelamente, seríamos
vencedores na prevenção de doenças sociais |
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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS - UMA ARTE
Atriz narradora e autora
do projeto
Miliumas - 0 Livro em
Movimento que visa incentivar leitura
e formar mediadores. Trabalha e quer trabalhar mais
ainda nos projetos de incentivo à leitura .Ganhou
Ponto de Leitura do MINC e necessita de apoio para
realização das oficinas multiplicadoras das ações de
leitura. Colaborações serão bem vindas.
Tecka, conte pra
gente um pouco de você mesma. De onde vem, formação,
onde estudou, infância e juventude e coisas assim.
Sou filha e neta de poetas, cresci ouvindo poesia no
almoço e no jantar. Família do interior de São Paulo
que lutava para encontrar um espaço bucólico na
cidade, encontrei a terceira margem, as lendas e
histórias, o teatro, a dança, a literatura. Fiz a
formação de educadora através do magistério, que era
a única na época e a graduação em teatro. Dava aulas
de teatro para pré-escola e fazia teatro no
Ventoforte, uma proposta popular onde o ator é um
contador de histórias, que conhece o todo. Com o
tempo fui juntando tudo e fazendo a massa do projeto
Miliumas.
A escola foi fator imprescindível na sua
formação? Você julga que deve seus conhecimentos
básicos a ela? Justifique, por favor.
A Escola Ventofortiana, do teatro Ventoforte de Ilo
Krugli foi fundamental na minha formação e ainda
mais a prática de contar, contar e contar desde
muito cedo, quando era professora de maternal. Já na
faculdade mesmo, na época que fiz, o assunto da
tradição dos contadores de histórias ainda nem era
citada. Por isso digo que fui uma desbravadora auto
didata.
De que maneira você se apaixonou pelos livros e
pelas histórias que os livros carregam dentro deles?
Foi ouvindo histórias lidas dos livros em capítulos
toda noite pela minha mãe professora primária das
melhores. Depois como contadora de histórias do
Planeta das histórias da Editora Ática que fui me
especializando nas adaptações, cada dia tinha que
narrar sete histórias novas, era maravilhoso. Como
professora de maternal foi o início da paixão oral,
depois fui fazer teatro e como educadora fui
assimilando as técnicas teatrais para uso em sala de
aula e finalizando o trabalho na editora me
referenciou como dramaturgia literária. Passei a ver
cada livro como um espetáculo que é.
Qual a sua percepção da leitura no Brasil de
hoje?
Lia-se muito pouco antigamente , mas agora existem
movimentos reais para transformação da situação da
leitura e o ponto de leitura que recebi como apoio
do MINC/MEC é um início. Acredito que as crianças
que estão crescendo nesta nova realidade serão
certamente leitores. Existe agora um novo olhar para
a biblioteca que passa a ser um lugar vivo, um
centro cultural onde a memória é valorizada.
Fale agora um pouco do trabalho que você faz e
que tipo de satisfações ou prazeres ele lhe traz.
Para você, qual a importância desse trabalho para as
crianças?
Gosto muito da diversidade presente no trabalho de
contadora de histórias. Cada local, cada público é
totalmente diferente. O trabalho de narrar em asilos
foi maravilhoso, em salas de Internet gosto muito
pela junção do primitivo e do tecnológico mas o
trabalho com as crianças me fascina pela formação da
base. A criança estimulada desde cedo será uma
leitora e poderá realmente ter sua vida transformada
para melhor.
Falando em crianças brasileiras, o que você acha
das crianças deste momento histórico que estamos
vivendo?
Acho que o contato com os livros pode auxiliar
muito na formação da criança brasileira .
Se fosse chamada a recomendar 3 livros aos
professores, quais recomendaria? Por que esses e não
outros?
Muito difícil esta escolha mas se fosse indicar para
os educadores contarem as crianças indico a trilogia
do Umberto Eco: Os Gnomos de Gnú, Os três
astronautas e A bomba e o General da Editora Ática,
pelo poder de sintetizar tudo que necessitamos ouvir
para preservação do planeta. Se for para indicar
para leitura do educador se aproximar ao universo do
contador de histórias então indico: Seis Propostas
para o próximo milênio de Italo Calvino, O poder do
mito de Campbell e Acordais de Regina Machado,
porque eles falam de tudo que necessitamos para
entrar no mágico universo dos contadores de
histórias e multiplicar as ações .
Agora vamos pular para a realidade brasileira do
presente, como você a vê? E qual a nossa paisagem
cultural e educacional dentro desse quadro maior?
Acho que existe uma confusão nas prioridades e sei
que se a prioridade fosse a educação e o incentivo à
leitura paralelamente, seríamos vencedores na
prevenção de doenças sociais. Se focássemos nelas,
elas iriam longe e o Brasil junto.
Caso alguém queira uma apresentação ou palestra
sua, o que tem que fazer? Por favor, forneça todas
as orientações.
Entrar em contato pelo email ou telefone
0**11-9214.8510
teckamattoso@hotmail.com
Espaço aberto, fale o quiser, pois nem sempre
acertamos as perguntas...
Acredito que cada vez mais o contador de histórias
vai recuperando seu grande valor na sociedade, ganha
espaços em bibliotecas, escolas, asilos,
hospitais,centros culturais, TV, radio, Internet,
como mediador de leitura, como educador ambiental,
animador cultural, arte educador. Penso que o
contador de histórias possa ser muito útil na
formação de leitores, em atividades para educação
formal e ambiental e coloco meu currículo à
disposição de projetos para todo o Brasil.
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