V Seminário
“Ensino de Língua e Literatura”

SINOPSE Certamente, muitos de nós já fomos enredados pelos mistérios das palavras. À primeira vista, inofensivas e tão óbvias ali no dicionário, são verdadeiras armadilhas quando tentamos agrupá-las, arranjá-las e usá-las para a comunicação. Somos enredados pela falta de prática ou pelo desconhecimento. O texto de abertura deste 16º. COLE enfatiza que há muitas armadilhas no mundo contemporâneo e que elas estão enjauladas em palavras. Como é possível desenjaular, desvelar, desvendar ou quebrar? Essa tem sido a preocupação primordial dos professores de língua e literatura. Eles estão engajados nessa tarefa de decifrar o enigma das palavras ou, mais simplesmente, buscam, diariamente, ensinar a ler e escrever. Mas não é só o ato de alfabetizar, mas conhecer a língua, usá-la para compreender e fazer-se compreender; envolver-se no mundo da leitura. Assim, o V Seminário de Ensino de Língua e Literatura tem por objetivo estabelecer um canal para a discussão de questões pertinentes ao ato de ler, escrever e compreender a língua que usamos diariamente. Mais ainda: atender, por meio de palestras, a um dos anseios dos professores de ensino fundamental e médio: estabelecer a ponte entre a universidade e a escola pública. Para isso, convidamos professores de renomadas universidades brasileiras que têm voltado a atenção para essas questões e, mais ainda, têm feito dessas questões objeto de investigação científica.

TEXTO BASE Já faz alguns anos que o mundo ocidental comemorou a virada do século. Hoje, sem mais comemorações, vivemos o século XXI, arrastando diversos problemas dos séculos passados.

O calendário mudou, mas os problemas continuam. A velha luta entre privilegiados e oprimidos continua mostrando as injustiças do mundo em que vivemos, cuja preocupação principal permanece: poder e ambição.

Dessa forma, vivemos e sobrevivemos em um mundo repleto de armadilhas sejam elas econômicas, políticas, sociais, culturais, educacionais e tantas outras. E, como já foi dito, “essas armadilhas se concretizam às escondidas, enjauladas em palavras, em símbolos, em discursos.”

Vivemos pisando em ovos, como diziam os antigos! É preciso acautelar-se com as ciladas deste mundo globalizado em que estamos inseridos! O que fazer diante de tantas palavras que nos cercam e nada dizem, a não ser ratificar a ignorância?

Informações não faltam, porém a ignorância campeia... As salas de aulas estão abarrotadas, porém o ensino está, cada vez mais, limitado e envolto em suas próprias armadilhas, das quais, ainda que se debata ferozmente, não consegue sair. O certo é que, nesta jaula cotidiana, há os que têm e os que não têm; há os que têm tantas oportunidades e tanta bagagem que poderiam alimentar muitos. Há, também, aqueles que nada têm, por isso vivem a mendigar um pedaço de vocábulo com que pedir e, quando muito, abrir a boca e reclamar de sua pobre condição.

Poetas e cronistas, jornalistas e escritores em geral têm salientado a miserabilidade das palavras vãs e vazias. Queremos vê-las cheias e significativas; queremos que as palavras nos abram caminho e trincheiras nessa selva fechada, escura e lúgubre.

Ao olharmos para o Brasil, nosso quintal, a situação é desoladora. Quantas crianças excluídas! Que vergonha!

Quando examinamos as estatísticas, a vergonha aumenta, pois não há como esconder nossas carências e limitações, por isso o governo (seja qual for o partido) sempre apresenta projetos e mais projetos de melhoria do ensino. Quase sempre frustrados, para infelicidade de todos.

Nisso tudo, há uma certeza: queremos liberdade. Desejamos, ardentemente, sair dessa jaula, desvendar as palavras, digeri-las e não engolir à força como fazem tantos. Ler e entender; falar e ser entendido; comunicar o que vai pelo nosso mundo interior e ampliá-lo para o mundo exterior, libertando-nos de nós mesmos e das grades que nos cercam e limitam nosso mundo. Esse é o anseio daqueles que batalham por uma educação de qualidade, que possibilite ao aluno ver, enxergar, compreender e conviver no seu mundo, usando e entendendo as palavras que nos rodeiam e que, tantas vezes, nos assustam.

De qualquer maneira, há sempre os heróis que lutam pela liberdade e procuram minimizar os efeitos nefastos das grades que nos prendem. Dentre os heróis, destacam-se os professores, pois a atuação deles sempre foi uma atividade de vanguarda em relação ao ensino. Mais que toda e qualquer novidade pedagógica, é a atuação do professor que dita o que vai pelo ensino. Não adianta argumentar que o salário é baixo; que as novidades pedagógicas são intensas; que o MEC ou a SE estão muito interessados em reformulações; que a situação do magistério vai melhorar. Importa, antes de tudo, a atuação do professor. Sem esses heróis, a guerra continuará a fazer vítimas das armadilhas, intensificando e fortalecendo as grades das jaulas.

A atuação do professor na sala de aula implica formação de cidadania e, sendo assim, ao ensinar, haverá transmissão de conhecimentos, de determinados valores, de experiência que se multiplica de forma contínua e duradoura. Com isso, quebrando as armadilhas...

Tendo em vista essa preocupação, a Associação de Professores de Língua e Literatura, mais conhecida como APLL, tem-se preocupado com a capacitação de professores de nível fundamental e médio, promovendo palestras e cursos. Dessa forma, temos o privilégio de participar deste 16º. Congresso do COLE, com o objetivo de colocar em prática nossa preocupação em atender a um dos anseios dos professores de ensino fundamental e médio: fazer a ponte entre a universidade e a escola pública. Para isso, convidamos professores de renomadas universidades brasileiras que têm voltado a atenção para essas questões e, mais ainda, têm feito dessas questões objeto de investigação científica. Por meio das conferências e palestras, pretendemos discutir assuntos pertinentes ao ensino de língua e literatura.

 

PROGRAMA

11 de julho (quarta feira)

DESAFIOS DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Palestra: "Práticas de Letramento no Ensino de Língua Materna", Maria de Lourdes Meirelles Matêncio (PUC-MG)
Palestra: "As Avaliações das Redações do ENEM e o Ensino da Língua Portuguesa", Reginaldo Pinto Carvalho (USP)
Palestra: "Português Língua Estrangeira (PLE): Perspectivas de Ensino e Pesquisa", Rosane de Sá Amado (USP)
Local: Auditório I - Centro de Convenções

12 de julho (quinta feira)

DESAFIOS DO ENSINO DE LITERATURA
Palestra: "Clarice Lispector: Resistência e Sociedade", Jaime Ginzburg (USP)
Palestra: "Literatura Infantil/Juvenil, Sociedade e Ensino", José Nicolau Gregorin Filho (USP)
Palestra: "Implicações da Lei Nº 10.639 no Currículo Escolar Brasileiro: as Culturas Africanas e Afro-Brasileiras no Ensino de Literatura no Brasil", Fabiana Buitor Carelli Marquezini (USP)
Local: Auditório I - Centro de Convenções

 

13 de julho (sexta feira)

Síntese das Discussões e Avaliação
Local: Centro de Convenções - Auditório III

SÍNTESE DO SEMINÁRIO