I Seminário "Escritas, Imagens
e Criação: Diferir"

SESSÃO I
Coordenação: Giovana Scareli
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01 – Santo Forte entre o Sagrado e o Profano - Giovana Scareli, Unicamp.
Este trabalho pretende desenvolver algumas questões a partir de uma seqüência do filme Santo Forte, de Eduardo Coutinho. Estas questões dizem respeito ao sagrado e ao profano que podem nos ajudar a pensar sobre uma determinada seqüência do filme, protagonizada pela personagem Carla que narra histórias fantásticas sobre sua relação com a igreja Universal e com a Umbanda. Estas histórias me convidam a imaginá-las e posteriormente a interpretá-las utilizando as discussões sobre o sagrado e o profano. Esta leitura, não é a única. É uma no leque de possibilidades que um filme ou como neste caso, uma seqüência pode oferecer ao espectador que não vê apenas, mas que vê, ouve, com atenção e interesse um filme. (Palavras-chaves: cinema, educação, sagrado)
02 – Literariedade e Cinema: As Expressões Imagéticas da Obra Auto Da Compadecida transpostas para o Cinema Contemporâneo de Guel Arraes - João Evangelista do Nascimento Neto, UNEB Campus XXIV.
O filme O Auto da Compadecida, do diretor pernambucano Guel Arraes (2000), baseada na obra homônima de Ariano Suassuna (1973), traz à tona a discussão acerca da construção de uma identidade, fundamentada em um cenário do Nordeste brasileiro: o sertão. Assim, o caráter moralizante existente na obra literária é mantido na adaptação, mesmo que com um caráter menos acentuado. Esse trabalho pretende discutir a relação da obra fílmica de Guel Arraes com o texto de Ariano Suassuna, utilizando teóricos como ALBUQUERQUE JR (1999), BERND (2001), BOSI (1994), BALOGH (1996), SODRÉ (1978), TURNER (1997), STAM (1981), entre outros. Desta forma, a problemática gira em torno do eixo: obra literária/adaptação cinematográfica e seu caráter identitário nacional. (Palavras-chaves: literatura, cinema, identidade, imagem, discurso)
03 – Vídeos@juventudes.br.  Um estudo sobre vídeos compartilhados por jovens na Internet - Heloisa Helena Oliveira de Magalhães Couto, mestranda em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO.
Fenômeno que se desenhou nos últimos anos os sites para a difusão de vídeos podem servir de canal para a produção alternativa. Diariamente 100 milhões de curtas são assistidos em várias partes do mundo (JB, 10/06). Os jovens têm sido apontados como os grandes produtores de vídeos na rede. Tais produções têm contribuído para a produção de imagens de sujeitos e histórias que não aparecem nas imagens da mídia de massa? Para Barbero (2002) há uma nova sensibilidade produzida a partir da operação e interação midiática. Em pesquisa qualitativa buscamos analisar como se configura a produção de vídeos, compartilhados na Internet, de jovens entre 15 e 24 anos. Os resultados iniciais indicam que, mesmo não desconstruindo parâmetros, os trabalhos fortalecem a auto-estima e a cultura. (Palavras-chaves: vídeo; Internet; juventude; mídia)
04 – Sobre Cinema e Televisão e a Educação da Alma - Acir Dias da Silva, UNIOESTE, Cascavel, PR.
Nesta comunicação está presente o desejo de compreender a invenção da moralidade cristã e suas reverberações na educação da alma a partir do cinema e da televisão. Falaremos sobre os estilhaços da cultura anterior mesmo aos grandes movimentos estéticos e éticos ocorridos na modernidade, tais rupturas, por mais ousadas que sejam, conservam alguns ícones que persistem na atualidade, falaremos da invenção de uma moralidade. Neste caso, as imagens do cinema e da televisão são imbuídas de uma intencionalidade profunda. São imagens agentes nas quais me esquivo em busca de aprofundamentos. Para tanto partirei da “animação” desses “fragmentos” presentes nas epístolas bíblicas de Paulo de Tarso, conhecido por reinventar e difundir o cristianismo no ocidente e o deslocamento de suas mensagens para as telas do cinema e da televisão. Seus mitos e alegorias – tensões, desejos e materializações que transformam as “imagens míticas hebraico cristãs” em imagens atuais, tanto nas formas plásticas e literárias. (Palavras-chaves: cinema e televisão, cultura, memória, educação)
05 – Formação de Professores e Produção Cinematográfica - Adriana Varani, PUC-Campinas-SP e GEPEC/FE/UNICAMP e Laura Noemi Chaluh, GEPEC/FE/UNICAMP-SP.
Em nossas práticas educativas, em cursos de formação inicial e continuada de professores, temos usado a produção cinematográfica em sala de aula. Destas experiências questionamo-nos acerca dos sentidos de seus usos nas aulas. Buscamos o diálogo com autores preocupados com o uso dos filmes na escola, tivemos acesso às produções de Napolitano, Miranda, Almeida, Oliveira Jr., dentre outros. Algumas das inquietações surgidas: como nos relacionamos com o cinema? Que sentidos são produzidos ao discutir um filme a partir de temas da educação? Como não correr o risco de didatizar a produção cinematográfica? Temos procurado pensar em práticas que rompam com a idéia de refletir sobre a produção como um texto escolar, promovendo assim a multiplicidade de sentidos. (Palavras chaves: formação de professores, cinema, práticas pedagógicas)
06 – Potências do Vazio. Fábio Baracuhy Medeiros, PPGE, Pós-Graduação em Educação - CED, Florianópolis, SC.
Essa comunicação pretende abordar o silêncio tematizado no filme Antes da Chuva (França/Inglaterra/Macedônia,1994), de Milcho Manchevski, que é formado por três narrativas: "Palavras", "Rostos" e "Imagens". Na primeira parte deste filme, a que mais interessa aqui, denominada “Palavras”, contextualizado na guerra da Macedônia, um jovem monge que há quatro anos fez voto de silêncio envolve-se com uma garota da tribo inimiga, rompe os seus votos e é expulso do monastério. O significado do silêncio neste episódio “palavras”, a força do que pulsa como potência é o objeto do estudo. Também sobre a guerra, no livro “Sobre La Historia Natural De La Destruccion”, Sebald investiga o silêncio dos escritores e do povo alemão após o bombardeio das cidades alemães no final da Segunda Guerra Mundial. Negação, anestesia, esquecimento. Da mesma forma, o filme “Hiroshima Meu Amor” também nos diz dessa impossibilidade de falar sobre a guerra diante da magnitude do seu horror. Pretende-se compartilhar uma reflexão sobre a idéia de vacância que há na obra de arte - que configura o território para o indivíduo inserir a sua invenção – e, por outro lado, a negação-impossibilidade do relato da guerra como “não-experiência” a partir do século XX. O vazio para a invenção e o vazio do NÃO. O vazio não como ausência de tudo, mas como potência. (Palavras-chaves: esquecimento, anestesia, guerra, silêncio)
7 – 3 X 4: Retratos da Vida à Margem de Um Rio. Juliana Maria de Siqueira, Programa Pedagogia da Imagem do Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas.
A experimentação videográfica pode constituir-se num instrumento de mediação comunicativa capaz de potencializar vozes e imagens de atores freqüentemente apagados nos discursos hegemônicos. Aproximar-se desses atores, abrir-se a suas experiências, saberes e visões de mundo e exercitar uma escrita polifônica/inconclusa são atitudes que configuram uma postura epistemológica que abala preconceitos, o pensamento dogmatizado e o discurso unificado. Nesse percurso, entrelaçam-se histórias de vida, desejos,
trajetórias de luta e circunstâncias históricas produzidas por pessoas comuns. “3 x 4 – Retratos da vida à margem de um rio” é um vídeo de curta duração produzido pela equipe do MIS a partir dos acervos formados pelo projeto “Recuperação Ambiental, Participação e Poder Público: uma experiência em Campinas” (IAC, Unicamp, Instituto Florestal, UnB e Prefeitura de Campinas). (Palavras-chaves: mediação comunicacional, imagens, ecossistema comunicativo, audiovisual, leituras de mundo, visibilidade, participação, dialogia, polifonia, documentário)
08- Agora O Que Eu Faço Com Vocês? O Filme - O Discurso Na Vida e O Discurso na Arte. Marcos Donizetti Forner Leme - EMEF ”Raul Pila" - Campinas-SP e Grupo AULA - FE/UNICAMP.
Parte integrante da minha dissertação de mestrado defendida na FE/UNICAMP em 2005, este texto discorre sobre a produção de um curta metragem de ficção realizado pelos alunos das oitavas séries da EMEF "Raul Pila" em 2003, nas aulas de História, por mim ministradas. Agora, o que eu faço com vocês? instaura a dúvida e a incerteza tão presentes nas relações de ensino, marca as diferenças entre o discurso na vida e o discurso na arte (Bakhtin), toma o enunciado verbal e a produção artística como texto e reproduz o cotidiano jogando com os acontecimentos para os transformar em ocasiões (Certeau). É disso tudo que trata nosso filme: escola, relações pessoais, cotidiano, arte, História e o universo da produção. Ao final, falamos de nós mesmos num jogo de relações recíprocas que produzem e reproduzem nossas próprias possibilidades. (Palavras-chaves: produção textual, subjetividade, cotidiano, relações de ensino)
09- Uma Alegoria na Terra de Vera Cruz. Carolina Cavalcanti Bezerra, Laboratório de Estudos Audiovisuais (OLHO) - Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
A presente pesquisa convida-nos à leitura da criação da Cruz como símbolo de descoberta, conquista e referência, criando uma das imagens mais conhecidas da história brasileira: A Primeira Missa no Brasil (1860/1) de Victor Meirelles de Lima. A cruz como alegoria do “mito de fundação” (Chauí, 2000) em termos de imagem que permanece na memória coletiva, como por exemplo, no filme O Descobrimento do Brasil (1937) de Humberto Mauro, será uma das leituras propostas ao olhar. Além da criação de um documento histórico por meio da pintura de Meirelles, que se tornou imagem agente (Almeida, 1999) do descobrimento do Brasil e sua persistência em diversos documentos, a importância da cruz não só como símbolo de uma religião, mas, no caso do Brasil, de uma “construção” social ao longo dos anos, será discutida. (Palavras-chaves: missa, cruz, iconografia, mito fundador, Brasil)

SESSÃO II
Coordenação: Cristina de Carvalho Barão
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01- Espelhamentos Museu e Escola nos seus Imaginantes Espaços de Educação - Cristina de Carvalho Barão. Mestre em Educação FE/Unicamp. Professora na CEMEI Zoe Valente Bellocchio, Campinas/SP.
Imagens espelhadas de um espaço imaginante de educação não-formal, possível de ser identificado com tantos outros lugares que também padecem nos seus (não)cuidados e persistem na sua insistência em existir. Como numa dança circular onde os movimentos se repetem a cada novo círculo, mas que ao mesmo tempo, nunca parecem ser a mesma volta: semelhante, mas não iguais. As imagens também podem nos remeter àquilo que parece ser singular e único de um espaço específico para a generalização de outros espaços/tempos que circulam nesta mesma dança de dificuldades ou de condições de existência. Os espelhos refletem as imagens e as imagens se refletem nos espelhos . O que é possível de ser visto é o mesmo que se pode enxergar? (Palavras-chaves: imagem, museu e educação)
02 - A Utilização de Linguagens Artísticas nos Indicadores de Ciência & Tecnologia - Gustavo Henrique Torrezan, Faculdade de Educação da Unicamp.
O projeto “Biotecnologias de Rua” (UNICAMP/CNPq) tem como finalidade realizar e pesquisar ações-intervenções práticas que articulem, na divulgação da ciência, diferentes linguagens, espaços e relações com o público. “Realejo das imagens” foi uma ação artística feita nas ruas do centro de Campinas-SP utilizando linguagens visuais e sonoras da arte contemporânea para estimular a percepção dos passantes e registrar quais eram as associações feitas pelas pessoas que se dispunham em participar. As primeiras análises realizadas mostraram que uma imagem vem carregada de outras associações e afetividades, apagando muitas vezes a prévia analogia com o assunto tida inicialmente pelos integrantes do projeto, através da escolha de imagens que remetesse diretamente ao tema biotecnologias. (Palavras-chaves: linguagens artísticas, percepção pública, indicadores de Ciência & Tecnologia, biotecnologias.)
03 - Clique Experimentação. Mariene dos Santos; Davina Marques e Ludmila Alexandra dos Santos Sarraipa. Escola do Sítio, Campinas, SP.
Compartilhamos uma experiência feita a partir da leitura e da produção de textos e imagens em três áreas: artes, português e geografia. Ler: imagens do cinema (nacional e estrangeiro) e da mídia impressa, textos sobre a violência. Escrever: estabelecer relações entre referências, descontruir verdades. Criar: com imagens que nos envolvem cotidianamente. Alunos de 8º ano do Ensino Fundamental e professores da Escola do Sítio discutem armadilhas na mídia e experimentam a criação com a fotografia e o vídeo. (Palavras-chaves: acontecimento, experimentação, verdades, composição)
04 - Intercâmbio Cultural Cidade-Campo - Edna Lucia Martins Dantas, ECA-USP, EMEF "Cte. Gastão Moutinho" São Paulo-SP e EE do bairro "Engº Maia".
Esta comunicação visa compartilhar o intercâmbio cultural (Freinet, 1975) entre alunos do ensino fundamental II da cidade e do campo, sobre o tema Arte (Barbosa, 89; (org) 97 Coli,2004) e Meio Ambiente (Ventrella, 2006) em que os alunos, ao escreverem e produzirem arte, desenvolvem um processo de auto-conhecimento e de interação social, cultural e consciência ambiental, através das produções individuais e em grupo, de cartas, desenhos, pinturas, grafites, instalações, fotografias, música e informática. Este projeto integra uma pesquisa de mestrado sobre o ensino da arte na educação do MST (Caldart, 2004; Freire, 2005) e visa contribuir para uma reflexão sobre a questão agrária no Brasil no imaginário da criança da cidade sobre a realidade do campo no contexto sócio-político e cultural brasileiro. Apesar de não estar concluído, este trabalho já apresenta importantes resultados para serem socializados. (Palavras –chaves: leitura e escrita, ensino da arte, educação ambiental, educação do MST)
05 - O Que Faz Sentido? Maria José de Oliveira Nascimento. CIAD – Centro Interdisciplinar de Atenção ao Deficiente - Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Ler imagens, corpos, olhares? Escrever com formas e cores? Ouvir no silêncio o bater de asas do gavião? Sentir cheiros? Chorar de rir quando tentativas de acertos falham? Ficar em pé pela primeira vez, mesmo que por segundos? Correr e se jogar na piscina? Tocar no pêlo do cão ou do gato? Sentir a hora do abraço? Saber-se perdido na diversidade de limitações e possibilidades e aprender com isso? São vivências, em espaço acadêmico, nas quais o corpo está inteiro que gostaria de partilhar. Arte na Diversidade está no Projeto de Extensão de inclusão da PUC Campinas. O que fazemos deve ser significativo e produzir outros sentidos. A equipe multidisciplinar faz deste um projeto único no qual relações qualitativas e leituras resultam em aprendizado para a vida. (Palavras-chaves: arte, diversidade, sentidos)
07 - Relações Estabelecidas com Objetos de Arte, Expressas na Escrita. Maria Tereza Ribeiro Rios. Grupo de Estudos e Pesquisa Linguagens, Experiência e Formação - UNESP– Rio Claro – SP.
Esta comunicação visa a compartilhar os resultados obtidos em uma pesquisa de Mestrado cuja preocupação básica foi acompanhar o processo de construção da escrita por crianças, alunos de uma 3ª série e série subseqüente, tendo como base fundamentos da arte – a leitura de obras de arte, principalmente a pintura. A referida pesquisa buscou observar como se dava o avanço dessa construção; como a criança, por intermédio da escrita, ia comunicando seus sentimentos, dando significação à sua relação com o mundo, com a arte, consigo mesma; de que modo um trabalho, tendo as artes como ponto de partida, poderia dotar a escrita de significado para as crianças e trazer resultados reveladores do engenho e da arte presentes em seu ato de escrever. Da dissertação de mestrado nascida desse trabalho, pretende-se abordar aqui, mais especificamente, como foram se estabelecendo as relações das crianças com os objetos de arte a elas apresentados. (Palavras-chaves: processo de construção, criação, relação, diálogo, escrita, arte)
08 - Sob o Sol, a Garoa e a Fumaça: O Experimentalismo e a Desconstrução na Prática Tipográfica - Jefferson Cortinove de Oliveira e Tania Ismerim Santos, Centro Universitário Eurípides de Marília.
O surgimento da Bauhaus e da Escola Suíça veio a domesticar o design gráfico ao impor regras e defender o racionalismo; entretanto, começou a ser contestado por designers que buscavam soluções gráficas mais expressivas e interpretativas. Este artigo aborda a influência do experimentalismo e da desconstrução na prática tipográfica por meio de uma investigação da exposição “Sob o Sol, a Garoa e a Fumaça”, realizada no período de 25 de janeiro a 07 de março do ano de 2004, na cidade de São Paulo, em que é possível observar uma diversificação de estilos com princípios similares: rompimento dos padrões ortodoxos, o uso da representação visual do tipo e pluralidade de conceitos. (Palavras-chaves: Tipografia, Desconstrução, Experimentalismo)

SESSÃO III
Coordenação: Ana Beatriz de Araujo Linardi
Dia: 11/07/2007, das 09:00 às 12:00 horas

01- Dom Quixote, Doré e Dalí: Em Torno do Livro Ilustrado - Ana Beatriz de Araujo Linardi, Doutora em Educação, Unicamp.
Essa comunicação visa compartilhar um estudo sobre a relação texto e imagem no interior do chamado Livro Ilustrado. Através da análise das ilustrações realizadas pelos artistas Gustave Doré e Salvador Dalí para o clássico de Cervantes Dom Quixote, mostramos que a junção desses dois universos, do artista plástico e do escritor, e na conseqüente fusão dos seus trabalhos, a obra literária ilustrada faz emergir questões provocantes sobre o significado, a plasticidade e a potencialidade de ambas as linguagens. Serve de moldura para esse estudo o debate clássico em torno da tópica ut pictura poesis, que traz à tona as semelhanças e
disparidades entre Literatura e Pintura. (Palavras-chaves: literatura, pintura, livro)
02 - O Rio de Janeiro na Ficção de Machado de Assis - Darisa Leonora de Matos Gravina , UFF.
Este trabalho tem como propósito discutir a relação entre a ficção de Machado de Assis e a evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro de meados do século XIX e primeiro quartel do século XX. Os destinos das personagens e sua vinculação com o espaço urbano mostram-se imbricados e exibem nas histórias de cada um, vínculos que traduzem seu tempo, sua visão de mundo e sua imagem específica da Corte ou capital federal Essa sociedade complexa e dependente culturalmente pode ser vista pela lente da literatura brasileira, que por meio da geografia dos bairros, das ruas, dos moradores que transitam entre espaços de prestígio e desprestigiados em busca de um lugar possível na sociedade altamente excludente. Todos os exemplos que veremos neste breve trabalho serão sobre personagens de romances brasileiros circulando no espaço geográfico da Corte, quer na condição de Brasi Império ou República. (Palavras-chaves: literatura, história, ficção)
03 - A Escrita e a Imagem: a Leitura do Eu em Si Mesmo. Marinete Aparecida Martins e Maria Lucia de Amorim Soares, Universidade de Sorocaba, SP.
Este trabalho apresenta um conto, A Marmita, de Ítalo Calvino, sob um olhar foucaultiano. Marcovaldo, um operário pobre, através do seu almoço diário preparado pela mulher numa marmita, dialoga consigo mesmo através das tecnologias do eu – ótica, discursiva, narrativa, jurídica e prática. Assim, ao ver-se, expressar-se, narrar-se, julgar-se e dominar-se, constitui-se como sujeito – o eu em si mesmo, conscientizando situações que vão da fome à discriminação, já que a marmita contém as sobras “da janta de ontem”. Por conseqüência, faz um convite a pensar o mundo como experimentação, ao produzir nas conexões entre imagem e palavras escritas, armadilhas de significação. (Palavras-chaves: armadilhas de significação, escrita, imagem, leitura, tecnologias do eu)
04 - Além da Palavra - Eunice de Piero, Colégio Rio Branco-Campinas/ SP.
A experiência vivenciada por alunos do 1º ano do Ensino Médio, em 2006, a partir da obra "O último vôo do flamingo" de Mia Couto, será apresentada nesta comunicação. Haverá uma performance/síntese da transposição do texto, seguida por um breve relato do processo de leitura/transcendência, que levou o livro para além da palavra. A essência da literatura, capturada pelo observador/leitor, desencadeou uma relação entre objetos e movimentos, revelando um mundo em que apenas os "fatos são sobrenaturais". (Palavras-chaves: literatura, objetos, movimentos)
05 - Que Farei sem este Livro? Ou A (Trans)Formação de um Certo Don Juan. Angeli Rose do Nascimento, PUC-Rio.
A comunicação apresentará uma experiência de leitura(Larrosa,1998) de versões contemporâneas em língua portuguesa do mito de Don Juan, que integra os resultados parciais de uma pesquisa de tese sobre a formação de leitores hoje, num ambiente que considere a Internet como espaço de produção de leituras e textos. A categoria construída “experiência donjuanesca de leitura”, evidenciadora do comportamento de busca na relação com o conhecimento fez emergir os binômios, memória/identidade; formação/transformação, como sugestão para a tradução de experiências com o ler e o escrever. Para tanto, partiu-se do estudo do filósofo Soren Kierkegaard sobre o mito de Don Juan na versão operística de W. Mozart e Da Ponte, com destaque para o catálogo-livro que passa a integrar a narrativa do mito, forma de organizar um certo tipo de conhecimento. (Palavras-chaves: literatura, narrativa, mito, experiência)
06 - Entre o Impresso e o Eletrônico ou no Impresso e no Eletrônico: Revendo Convenções. Jackeline Lima Farbiarz, Departamento de Letras da PUC-Rio, Alexandre Farbiarz, Departamento de Comunicação Social UFF-Niterói/RJ, Ricardo Artur Pereira de Carvalho, Departamento de Artes & Design da PUC-Rio e Cristiane de Oliveira Alves, Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio.
Em A moça tecelã, Colasanti apresenta uma protagonista que inicialmente tece a convenção, o socialmente adequado, para posteriormente viver a pertinência da revisão e da reconstrução. A profissão de professor requer a conscientização de que vivemos mudanças estruturais profundas, que demandam alterações na nossa forma de nos relacionarmos com suportes de leitura, com imagens e com sistemas de informação. É nossa intenção recuperar a história do livro, apresentando os diversos suportes que já lhe caracterizaram e anunciando que o homem já foi capaz de rever seus conceitos e de incluir novos suportes de leitura em seu cotidiano. Partimos do pressuposto de que o professor tem condições de rever sua formação no sentido de entender que diversas mídias iluminam-se mutuamente. Acreditamos que uma leitura de mundo inclusiva, no âmbito dos diferentes suportes de leitura e das diferentes mídias é pré-condição para o diálogo com as novas gerações afetas a um universo multimidiático. Cada mídia contribui para a leitura de mundo e dialoga de forma diferenciada com os leitores potenciais. (Palavras chaves: formação do professor, história do livro, novas tecnologias da educação)
07 - A Imagem Presente no Livro Didático Constitutiva dos Gêneros.  Andreane Lima e Silva, CAJ-UFG e Susana dos Santos Nogueira - CAJ-UFG, orientadora: Profª. Drª. Eliana Melo Machado Moraes- CAJ-UFG.
Esta comunicação apresenta e discute a presença da imagem no livro didático de Português, enquanto constitutiva dos gêneros, objetivando repensar o papel da imagem no LD utilizado na escola pública, bem como a problemática que envolve a categorização desta como um gênero. O trabalho de pesquisa analisa as imagens apresentadas no LD adotado pelas escolas estaduais do município de Jataí-Goias - Português: Linguagens/William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães (5ªsérie). Os resultados apontam para uma multiplicidade de gêneros imagéticos presentes no livro, desde aqueles empregados somente como formas de ilustração até os que contemplam a imagem como uma estrutura composicional de outro gênero. Para fundamentar nossos estudos adotamos a noção de gênero de Bakhtin. (Palavras-chaves: imagem, gênero discursivo, livro didático)

SESSÃO IV
Coordenação: Érica Speglich
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - E se o mundo cair? E se o céu despencar? Se rolar vendaval, temporal, carnaval... - Érica Speglich, Faculdade de Educação.
Explodir a cidade inteira. Não. Nada de feitos terroristas. E se tudo dormir, o escuro cobrir, ninguém mais ficar? Explodir as lembranças daquela cidade. Nada de memórias, nada de saudades, nada de sentimentos evocando passado. A cidade pode começar a viver do zero, sem memória, sem lembrança. Deve ser posto em prática numa segunda-feira de manhã. Quer melhor dia para começar alguma coisa? E do zero? Primeiro de janeiro é muito longe e a ressaca impede grandes feitos. Quando o sol ressurgir, quando o dia raiar. Sobra a cidade ali, sem lembranças. E corpos. Corpos que continuam a se mover como antes. Que trabalham. Como antes. Que amam. Como antes. Que enlouquecem. Como antes. Que se entediam. Como antes. Que doem. Como antes. Da flor da pele ao pó do osso. Do cóccix até o pescoço. Como antes? Antes? Enrolando-se em seus cabelos agora sem a lembrança da cor, vendo os corpos a girar. Como antes. Como anTES. Como ANTES. CoMO ANTES. COMO ANTES. A cidade, seus movimentos, suas manias. Impregnada, andando, se movendo, amando, comendo. Corre pelas veias na ramagem. Atravessa a voz e a melodia. Mesmo o rabo da gata largada ao sono no colo parece mover-se no compasso do calor que existia – antes - na cidade. De passo a passo, passo. Cogumelos de fogo na terça-feira. (Palavras-chaves: Brilhar e sumir. No ar.)
02 - Imagens e memória. As lembranças a partir de Gilles Deleuze - Daniel Canecchio. Faculdade de Educação - USP.
O que nos resta? Ruídos perdidos, imagens desconexas, resíduos de sensações, reminiscências. Enfim, como nos lembramos e lembramos do mundo a nossa volta. Como nos mostra Gilles Deleuze, a memória pode se apresentar como uma espécie de desaceleração, de congelamento ou de imobilização. Deste modo, as lembranças se comportam tendo um duplo ideal: o da pura conservação de uma vida antiga e o da efetivação de uma vida atual. Eis porque, para nos aproximarmos dessa dupla existência, as lembranças podem funcionar como uma escrita de si ao possibilitar integrar notas históricas em um texto criado por nós mesmos. A partir da colagem de filmes cujo tema é a memória, sua repetição, sua manipulação, pretendemos abordar a lembrança como uma forma de realizar uma escrita de si e uma maneira de resistência aos mecanismos de poder e controle. (Palavras-chaves: memória, escrita, cinema, resistência)
03 - Formar: deformar: transformar - Alda Regina Tognini Romaguera , Faculdade de Educação da Unicamp.
Palavras pulsantes: Pulsares–cores, Pulsares–sons, Pulsares–formas: Palavras tecidas, rasgadas em tiras, farrapos. Palavras-resto esfarrapadas, farfalham por superfícies manchadas, territórios molhados, espaços tingidos: Varau de palavras borradas por jorros de tinta: Farrapos piscantes: Restos inconstantes: Metamorfoseados: (Palavra-chave: pulsar)

04 - Ritmo, estilo e Escrita - André Pietsch Lima, UFRGS.
Esta comunicação trata das relações entre ritmo, estilo e escrita a partir de minha tese de doutorado (“Ritmologia”) recém concluída no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Situando-me entre as filosofias da diferença, a literatura e as artes (especialmente a música) e concebendo a escrita como individuação de uma idéia literária (Deleuze), abordarei a seguinte problemática: sob quais condições a escrita na academia pode se afirmar como divergência das formas acadêmicas? Para isso, tomarei como noções de partida a de ritmo (Deleuze & Guattari, 1980; Messiaen, 1994-1996) e de estilo (Deleuze & Guattari, 1980). (Palavras-chaves: filosofias (diferença), ritmo, estilo)
05 - Imagens do Pensamento, Pequenas Sinapses no Espaçotempo dos meus Pensamentos - Márcio Romeu Ribas de Oliveira, PROPED-UERJ-CAPES.
Esta comunicação tem como idéia pensar as armadilhas que estão presentes em meus textos sobre a temática da imagem. Procuro a trama de fios imagéticos nas narrativas visíveis e invisíveis nas minhas redes de saberes e conhecimentos (Alves, 2005, 2001), entendidas a partir da noção de acontecimento (Deleuze, 2000). Esses acontecimentos são um alinhavo sobre as questões teorico-metológicas do uso das imagens. Nesse deslocamento, me encontro com resíduos do meu pensamento em imagens e com as possibilidades apontadas por Arlindo Machado (2001) e Vilém Flusser (1985) sobre o tema. Enfim, esses desdobramentos arruínam a episteme do meu olhar sobre a temática da imagem e suas armadilhas como realidade e falsidade, e aponta um caminho de possibilidades, fluxos, recuos, fugas, invenções e multiplicidades. (Palavras-chaves: imagem do pensamento, rede de saberes, acontecimento.)
06 - Imagens do Cotidiano Escolar: Surdez, Educação e o Desafio de Aprender com a(s) Diferença(s). Carmen Sanches Sampaio/UNIRIO; Aline Gomes da Silva/Bolsista IC/UNIRIO; Renata dos Santos Costa/Bolsista IC/CNPq/UNIRIO; Renata Ferreira/ISERJ e Ana Paula Venâncio/ISERJ.
Esse texto, parte de um projeto de pesquisa, tem como finalidade socializar e trazer para o debate a ação pesquisadora vivenciada no cotidiano de uma escola pública carioca. A pesquisa, em desenvolvimento, tem como objetivo investigar o processo de alfabetização experienciado por um grupo formado por crianças (e professora) ouvintes e uma criança (e professora) surda no sentido de compreender o compreender (BATESON, 1998) dessas crianças (e professoras) visando construir, com as professoras, uma prática pedagógica que não compreenda a diferença como deficiência, incorporando lógicas e saberes de crianças das classes populares ao processo de ensinaraprender. O que têm a nos dizer as pistas e sinais (GINZBURG, 1989) presentes nas imagens que buscam registrar essa experiência investigativa? (Palavras-chaves: educação e surdez, alfabetização, diferença e cotidiano escolar)
07 - Devir em “Meu tio o Iauaretê”: um diálogo Deleuze-Rosa - Davina Marques. UNICAMP, Campinas-SP.
A partir do conceito de devir na obra de Gilles Deleuze e Felix Guattari, principalmente quando relacionado à obra de Franz Kafka, estabelecer pontes com o conto de João Guimarães Rosa, “Meu tio o Iauaretê”. Perceber na literatura o lado do inacabamento, sempre em via de se fazer, os atravessamentos, o entre-meio, o delírio do devir-animal. Observar na escrita a decomposição da língua materna e a recuperação da voz e da força de uma língua menor. Enfrentar o desafio de unir duas altas potências (a filosofia e a literatura) em um outro plano de composição: a imagem. (Palavras-chaves: devir, devir-animal, literatura menor, atravessamentos)
08 - A Voz e o Silêncio em 4’33”, de John Cage - Juciane dos Santos Cavalheiro, Universidade Federal da Paraíba.
Este trabalho objetiva compreender a relação entre o silêncio e a voz a partir da análise da escritura 4’33’’, de John Cage. Sobretudo, no sentido da significação do silêncio, isto é, o silêncio enquanto voz, quando ele passa a falar. O estudo salienta que a composição evidencia a multiplicidade de sons contidos no silêncio, fazendo com que o espectador torne-se cúmplice do compositor e criador da composição. Assim, a reconceitualização da noção de silêncio permite entendê-lo não mais como sinônimo de nada, mas como instância primeva, fonte e origem da palavra, porque o silêncio comporta, potencialmente, todos os sons possíveis. Por outro lado, incorporado à linguagem, pode ser entendido como elemento significante. (Palavras-chaves: silêncio , voz , 4’33’’)
09 - Lerom ed Oãçnevni A - Elenise Cristina Pires de Andrade, EE “Prof. Gabriel Pozzi”, Limeira – SP e Faculdades Network, Nova Odessa-SP.
Expressão. Expressa ação. Pressa na ação. Pressão do exprimível. Espremer a língua. Grito de dor. Lentamente, progressivamente, levar a língua para o deserto. Servir-se da sintaxe para gritar, dar ao grito uma sintaxe (Deleuze e Guattari, p. 40, 1977). Prego é uma coisa indiscutível! Seria uma quase-tese? Desde dentro. Limites esgarçados em linguagem trêmula. Empurrar a língua para uma desterritorialização absoluta. Sete e meio maquínico. Quase oito. Quase sete. Sete, quase. Oito, quase. Maquínico meio e sete. Absoluta desterritorialização, uma pára-língua a empurrar. Trêmula linguagem em esgarçados limites. Dentro desde.
Tese-quase, uma série? Indiscutível coisa uma é prego! (1977, 40 p., Guattari e Deleuze) Sintaxe urra grito ao dar, grita para sintaxe da servir-se. Deserto-o para língua a levar, progressivamente, lentamente. Dor de grito. Língua a espremer. Exprimível da pressão. Ação na pressa. Ação expressa. Expressão. (Palavras-chaves: linguagem, quase-tese, sete-e-meio)

SESSÃO V
Coordenação: João Vilhete Viegas d´Abreu
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - As Armadilhas do Uso Acrítico das Mídias - João Vilhete Viegas d´Abreu. UNICAMP e Maria de Fátima Garcia. Faculdades Network. Nova Odessa, SP. Faculdade de S. Bento, SP.
Todo signo é Ideológico, afirma-nos Bakhtin (1992), e uma das armadilhas para a formação das nossas crianças é o uso acrítico que se faz das mídias. Estas operam por meio dos signos e das ideologias que veiculam e, assim, constituem a subjetividade dos sujeitos. Este trabalho orienta-se pelo desenvolvimento de um projeto em desenvolvimento com financiamento da FAPESP, integrando universidade e escolas públicas de Hortolândia, SP, no qual crianças de ensino fundamental I apropriam-se do uso das mídias e tecnologias da informação para registrar e veicular o currículo que vivenciam, agregando pais e comunidade. (Palavras-Chaves: mídia, cidadania, currículo, subjetividade)
02 - A Linguagem do Teatro e a Infância. Aparecida Emílio Grava- CEMEI Irmã Dulce- Prefeitura Municipal de Campinas /SP.
Somos uma equipe de monitoras infanto-junvenil que desenvolve este trabalho desde 1998, nos responsabilizamos pela elaboração e adaptação de roteiro, cenário, elenco, maquiagem, sonoplastia e figurino para cada apresentação. Com o tempo, fomos adquirindo autonomia, respaldo e articulação das nossas ações junto ao Conselho de Escola e Projeto Pedagógico. Fotos, relatos, filmagens, roteiros deram origem ao nosso 1º Livro de Registro artesanal, um diário de planejamento e batizamos nosso Grupo de "Companhia da Alegria". Nosso objetivo é dividir nossas experiências em acompanhar e provocar a reação das crianças diante do espetáculo. (Palavras-Chaves: teatro, currículo, infância)
03 - O Que Querem Que Eu Responda? Valéria Cristina da Silva Sousa.
Este trabalho visa buscar o conhecimento da possibilidade de reorganizar o entendimento sobre currículo escolar dando-lhe movimento, por discordar com a perspectiva tradicional que o considera/estrutura de forma estática. O termo movimento será utilizado para expressar a intenção que tenho em admitir e apostar na idéia de que a rotina da(s) aula(s), através da ação do professor, pode ser “desritmada” no intuito de permitir que a organização dos saberes escolares não se estabeleça somente em sua transmissão, mas, primordialmente, que os saberes escolares sejam construídos durante as aulas. SILVA (2003) e MOREIRA e SILVA (2002) são os autores de obras que foram base para meus estudos sobre currículo. ANDRADE (2004), CHAUÍ (2003), FEITOSA (2004), FREIRE (1998 e 2004), entre outros, emprestaram-me suas palavras para que eu pudesse estabelecer elos entre meus pensamentos e as afirmações de SILVA e MOREIRA e SILVA. (Palavras-chaves: currículo, movimento, criatividade, produção de conhecimento)
04 - “A Vida (Escrita) Como Ela É”: Um Projeto de Utilização de Outras Linguagens Na Escola - Lina Maria Braga Mendes, “Colégio Ítaca” – São Paulo; Mestranda da Faculdade de Educação – USP/SP, sob orientação da Profª Dra. Mary Julia Martins Dietzsch.
Muitos autores e pesquisadores defendem o uso de outras tecnologias em sala de aula. Tal defesa, entre outros fatores, é embasada na maior proximidade do aluno com a tecnologia, mais especificamente no que tange à linguagem visual ou híbrida. Acreditamos que essas outras linguagens podem ser transformadas em importantes aliados no processo educacional, se usadas com critérios, se percebidas em sua totalidade, se proporcionarem a reflexão e o desenvolvimento da criticidade do aluno. Esta comunicação visa a apresentar o projeto “A vida (escrita) como ela é”, em desenvolvimento numa escola de São Paulo, cujo objetivo é oferecer alternativas de uso de outras linguagens em sala de aula, diminuindo a distância entre a educação pelo texto a leitura imagética de mundo. (Palavras-chaves: Novas tecnologias, Educação, Adaptação, Linguagem)
05 - Linguagem e subjetividade: imitação e criação nas práticas jovens. Lúcia de Mello e Souza Lehmann PPGE - UNIRIO bolsista PRODOC CAPES e Sandra Albernaz de Medeiros EE UNIRIO - Doutoranda em Nanterre, Paris X e PPG-Memória Social UNIRIO.
Algumas transformações culturais desafiam as práticas instituídas e “apontam para a reconfiguração das linguagens e subjetividades” (Schnitman, 1993) das possibilidades que delas poderão advir. Nosso objeto são desenhos e escritos encontrados em diferentes suportes – computadores e mesas de sala de aula – que vão delineando fluxos que a interdição e a disciplina escolar tentam colmatar. Porém, neles os encontros e conexões se potencializam e se fortalecem em devir. A atualidade oferece processos de leitura e escrita que atingem uma diversidade de formas, tempos e espaços potencializados por novas tecnologias de informação e comunicação.Tal contexto pode produzir o novo e o criativo. O objetivo deste trabalho é refletir sobre as práticas jovens contemporâneas de leitura e de escrita em diferentes suportes, refletindo sobre seus aspectos reprodutivos e criativos. Este trabalho constitui-se em um diálogo entre as linhas de Pesquisa “Práticas Educativas, Linguagens e Tecnologias” e “Subjetividade e cultura”. (Palavras- chaves: linguagem, subjetividade, criação, práticas jovens)
06 - Os Cenários e Fundos de Cenas nas Hqs Piratas Do Tietê. Elaine Aparecida Barreto Gomes de Lima, Centro Universitário Padre Anchieta
Este trabalho propõe reflexões acerca do espaço, em especial o da cidade, e ainda sobre a possibilidade de utilização dos cenários/fundos de cena dos quadrinhos como elemento narrativo e de articulação dessas histórias. Aponta, além disso, para momentos em que os cenários/fundos de cena das histórias em quadrinhos são indícios da realidade além-quadrinhos, ou seja, cenários/fundos de cena acionam imagens, situações vistas ou vividas por nós, ocorrendo, assim, passagens entre as narrativas em HQ e as demais experiências e memórias visuais que possuímos. A partir dos “Piratas do Tietê”, personagens criados pelo cartunista Laerte Coutinho, pretendo apontar de que forma acontece a construção de uma narrativa acerca da cidade de São Paulo e como a cidade imaginária dos personagens se dobra sobre a cidade real,apresentando aos leitores um discurso sobre esse lugar. Os Piratas do Tietê são personagens que circulam e vivem na cidade de São Paulo, compõem essa cidade tanto quanto as pessoas que nela estão. (Palavras-chaves: educação, quadrinhos, imagens)
07 - Jogo - Brincadeira Séria, Caminho Para a Criação Coletiva. Andréa Giovana Ferreira, Faculdade de Educação, Unicamp.
Esta comunicação visa compartilhar uma experiência de criação teatral que levou os alunos das séries iniciais do ensino fundamental a lançarem-se neste fazer por meio da brincadeira, tendo o jogo/improvisação como encaminhamento para a criação do texto da encenação. A experiência propiciou uma aproximação lúdica e sensivel das crianças com seus conteúdos históricos,sociais e culturais, com seus desejos e sonhos - lidos e (re)significados a partir do olhar das crianças - resultando na criação coletiva e encenação de um texto constituído de fragmentos. As etapas deste trabalho estão sendo analisadas a fim de verificar os conhecimentos construídos pelos professores em relação ao trabalho com a linguagem do teatro na escola. Alguns resultados já podem ser socializados. (Palavras-chaves: jogo, teatro, infância)
08 - Linguagem e Ciências Construindo o Conhecimento - Maria Aparecida Lopes, EMEF “Profa. Dulce Bento Nascimento” Campinas-SP.
Esta comunicação visa compartilhar uma experiência interdisciplinar entre Língua Portuguesa e Ciências, envolvendo alunos de 6ªsérie do ensino fundamental da Rede Municipal de Campinas. Explorando a especificidade do trabalho pedagógico pertinente a cada disciplina envolvida, assim como do uso da linguagem em cada uma delas, temos desenvolvido um trabalho interativo, no qual adotamos a pesquisa e práticas significativas de leitura, escrita e reescrita de textos que abordam os temas: água e animais em extinção. Através destas práticas viabiliza-se a produção de conhecimentos e não apenas a reprodução dos mesmos. Dentre os resultados, pode-se perceber, a cada reescrita dos textos, um novo olhar do aluno frente ao tema. (Palavras-chaves: linguagem, interdisciplinaridade, pesquisa, construção de conhecimento)
09 - Memórias de Infância e a Arte Contemporânea na Formação Inicial do pedagogo: proposições para o Ensino de Arte na Educação Infantil - Vanessa Freitag, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM.
No presente artigo, objetivo abordar as vivências de acadêmicas do curso de Pedagogia da UFSM - com a produção artística contemporânea ( Cauquelin,2005), em especial, na área das Artes Visuais(Barbosa, 2006). Ao se resgatar e ressignificar as memórias (Halbwachs, 2006), em especial as de infância dessas acadêmicas, procurou-se construir conhecimentos das linguagens artísticas relacionadas com a arte contemporânea. Minha preocupação se voltou no modo como refletiam sobre seus processos criativos enquanto educadoras, sobre suas práticas pedagógicas no contexto infantil. A metodologia empregada é de abordagem qualitativa,caracterizando-se pela pesquisa-ação, pois dados foram coletados durante as aulas de Artes Visuais ao longo de um semestre de 2006. Foram utilizados o diário de campo, a análise documental e entrevista aberta para a coleta de dados.O mesmo encontra-se em andamento. (Palavras-chaves: arte contemporânea, formação inicial de professores, criação artística, memórias de infância)

SESSÃO VI
Coordenação: Hylio Laganá Fernandes
Dia: 12/07/2007, das 14:00 às 17:00 horas

01 - A Fotografia Digital é Indicial? - Hylio Laganá Fernandes e Juliana Fonseca Caetano - UFSCar Sorocaba.
A fotografia digital oferece ferramentas – cada vez mais fáceis de usar – que permitem manipulações diversas (correções, ajustes, montagens e mesmo recriações). Dentro desse contexto a qualidade indicial da fotografia está abalada? Para os sujeitos-colaboradores foram apresentadas imagens fotográficas, tomadas de temas conhecidos, e que sofreram diferentes graus de intervenção gráfica (não alterada, pouco alterada e muito alterada). Os argumentos obtidos denotam que permanece a crença na realidade da imagem fotográfica, mesmo quando a alteração afasta por completo a representação de seu referente real. O estabelecimento dos sentidos, mesmo admitindo o universo digital como plano de expressão, aparentemente continua pautando-se no quadro de referenciais do sujeito, que valida ou não a imagem. (Palavras-chave: fotografia digital, indicialidade, leitura de imagens)
02 - O Corpo e Narrativa Visual: Enredamentos da Fotografia na Realidade Simulada - Hertez Wendel de Camargo, Faculdade Metropolitana IESB (Londrina, PR).
Este projeto propõe o estudo das auto-representações do homem contemporâneo em imagens fotográficas da Internet. A partir das imagens fotográficas produzidas no universo privado/íntimo em exposição no público, busca-se na relação narcísica, de observação e exibição do corpo, subsídios e indícios para uma etnografia digital. Para isso, serão consideradas as unidades narrativas dos álbuns [imagem-legenda] como reveladoras de sentidos enredados às memórias de indivíduos e comunidades, sentidos atados à cultura. Através da tecnologia acessível da câmara fotográfica digital e do site criado para qualquer pessoa utilizar, o usuário é detentor de um conhecimento laico sobre a técnica fotográfica e a arquitetura hipermidiática, sem perceber que durante o processo de composição do álbum ocupa diversos tempos e espaços, pois, concomitantemente, ele é produtor da fotografia e objeto fotográfico, narrador e espectador de si mesmo. Além disso, esse homem que lida com a linguagem multimidiática do álbum digital esconde-se sob diversas roupagens culturais traduzidas num rico biodocumento fotográfico, fornecendo pistas do seu real espaço na cultura. Mediado por uma realidade simulada, os álbuns digitais representam o enredamento hedônico de percepção do outro e de si mesmo através da composição da auto-imagem em histórias nas quais o real e o ficcional, o público e o privado, o eu e o outro, a narração e a informação estão em permanentes interpenetrações. Quem é o homem, personagem dessas narrativas visuais, que se simula, se revela, se magiciza e se contempla através da experimentação estética dos álbuns digitais? (Palavras-chaves: corpo, fotografia digital, Internet, imagem, narrativa visual)
03 - Olhos Celulares: Leituras Quotidianas da Contemporaneidade. Profº. Ms. Augusto Sarmento, Universidade Estadual Vale do Acaraú – PA, Universidade Federal do Pará e Universidade Estadual do Maranhão – MA.
Apresentamos para o seminário uma proposta de instalação que referencia o estudo sobre a leitura e recepção das imagens quotidianas produzidas pelas lentes de câmeras digitais de aparelhos celulares, as quais determinam nossa imersão na tecnologia digital e a necessidade de fixação de momentos ímpares. Essa postura revela, também, impressionantes imagens de instantes nada convencionais capitados pela velocidade própria da pós-modernidade. O contexto da significação das imagens varia de acordo com a perspectiva do leitor e esse leitor fotógrafo ou fotógrafo leitor concebe e elege no mundo contemporâneo as instâncias do registro, isto é, elege no universo racional e subjetivo do olhar o que deve ou não considerar registrável. Nesse ínterim, analisamos as imagens como partes de um todo sensível do dia-a-dia da sociedade moderna e os reflexos estéticos da criação visual, que transforma fotografias em telas e telas que revelam “Olhos celulares” que fazem “leituras quotidianas da contemporaneidade”. (Palavras-chaves: fotografia digital. contemporaneidade. celular. leitura. semiótica)
04 - Imagens – Memórias – Experiências. César Donizetti Pereira Leite e Sueli Zutim. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Instituto de Biociências – Campus de Rio Claro/Departamento de Educação.
Imagem, experiência e infância se entrelaçam em um álbum de fotografias em que histórias narradas compõem sentidos e formas, produzindo afetos e realidades. Este trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento que discute, por meio da fotografia, aspectos da linguagem. Para a presente comunicação indicamos três imagens: a primeira, de um álbum de família - desencadeadora de memórias e movimentos. A segunda, do livro Êxodo de Sebastião Salgado - imagem artística produtora de experiências e afetos, e a terceira - do Jornal Folha de São Paulo, onde encontramos possibilidades de transgressão de sentidos no detalhe da infância. A discussão se apoiará na referencia benjaminiana e terá como eixo central à temática da educação. (Palavras chaves: imagem, experiência, infância, memória)
05 - Lembrança de Ofício, Memória de Vida de Alfaiate - Marta Eugênia Fontenele Pimenta mestranda em Gerontologia (FE-Unicamp/orientadora: Profa. Dra. Margareth Brandini Park),) e Profa. de Jornalismo (Faculdades Hoyler-Hortolândia/SP)
A comunicação a ser apresentada no 16º Cole é uma proposta de compartilhar informações e vivências obtidas a partir de pesquisa do Mestrado em Gerontologia (FE/Unicamp), em andamento, cuja estrutura se fundamenta no envelhecimento, memória e mundo do trabalho, a partir de entrevistas com uma rede de informantes formada por velhos alfaiates da cidade de Campinas. A forma de apresentação é organizada por relatos orais, fotografias e imagens em movimento (audiovisual) subvertendo a ordem do que seria velho e novo, do moderno, do pós, do tecnológico. A centralidade é o homem, sua identidade, suas marcas, estratégias, reconhecenças, seus motins, a prevalência de seu ser, no tempo e espaço.No mundo da velocidade, do descartável, do senso utilitarista, do não-trabalho, do novo, que é velho muito antes do amanhecer. Do velho, que é passado, indiferente e penoso pros nossos olhos, pro nosso ver, enxergar, pro nosso jeito de viver e lembrar. Aqui, acolá, com portas esguias, semicerradas, posso encontrar um velho, curvado, de terno engomado, com a métrica no ombro, um sorriso preciso, um olhar incisivo, a firmeza no andar. O que ele espera, um corte cortar? O que ele faz além de sonhar? Lá está este, ele e o seu ofício, sossegado a esperar. Esperar um freguês? Esperar mais um mês? Que trabalho acertar? Não! Ele não espera essas coisas, outras coisas já lhe bastam. Ele é o alfaiate, o patrão de si mesmo, o oficial se quiser, o aprendiz de outrora, um homem a rememorar. (Palavras-chaves: envelhecimento, memória, ofício, fotografia, história oral, imagem em movimento)
06 - Imagens Escolares da Reforma Educacional de Carneiro Leão no Rio De Janeiro (1922-1926). Josie Agatha Parrilha da Silva, Uniandrade-Alvorada, Maringá-PR, e Maria Cristina Gomes Machado, UEM, Maringá-PR.
Este estudo compreende a leitura de fotografias escolares referentes às escolas do município do Rio de Janeiro, durante o período em que Carneiro Leão (1887-1966) foi diretor da instrução pública da então capital do Brasil. Carneiro Leão foi um intelectual que se dedicou à causa educacional no início do século XX, por meio de artigos, conferências e livros, onde enfatizava a importância da organização da educação popular. A reforma implementada (1922 a 1926) expressava as idéias e posicionamentos desse autor como resultado das transformações que se processavam na sociedade. As imagens serão analisadas como documento iconográfico que detalham uma reorganização escolar no setor administrativo, político e pedagógico de um dado momento. Busca-se, ainda, verificar a abrangência dessas fotografias como instrumento de propagação do ideário escolanovista presente no início do século XX. (Palavras-chaves: Carneiro Leão, fotografias escolares, educação popular, ideário)
07 - Fotografia e Escrita - Imiramis Fernandes da Cruz, UNIFEMM (Centro Universitário Monsenhor Messias), Sete Lagoas/MG.
Esta comunicação visa socializar duas experiências de produção textual a partir de fotografia. Na primeira, utilizando-se de referências da Análise do Discurso como, entre outros, BAKHTIN (1995), CHARAUDEAU (2004) e MAINGUENEAU (1993), dois professores universitários analisam cinco fotografias e, ao mesmo tempo, explicitam as principais estratégias de interação do leitor com o discurso não-verbal e o repertório cultural mobilizado nele pela imagem. Na segunda, sete autores – todos acadêmicos das mais variadas áreas – escolheram doze fotografias e teceram seus textos sob a orientação de que privilegiassem suas percepções, suas intuições e suas emoções. Desse ato interativo entre leitor e imagens resultaram textos de diferentes estilos e com diferentes reflexões. (Palavras-chaves: fotografia, discurso, interação)