Pesquisas Sobre a Pesquisa da Leitura no Brasil

SESSÃO - PESQUISAS SOBRE A PESQUISA
DA LEITURA NO BRASIL 1
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instittuto de Estudos da Linguagem - IEL - SALA: CL 15

TÍTULO: O ESPÍRITO SANTO LEITOR: LEITURA E RECEPÇÃO PENTECOSTAL DA BÍBLIA NO BRASIL
AUTOR(ES): ANTONIO PAULO BENATTE
RESUMO:
As atitudes e práticas pentecostais diante da Bíblia estão expressas no artigo primeiro da Profissão de Fé das Assembléias de Deus; para além do posicionamento teológico-doutrinário de uma denominação específica, o documento ilustra as crenças do segmento religioso como um todo: “Nós cremos e aceitamos a Bíblia como a Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo, como sendo a revelação de Deus ao homem; ela é a regra de fé e conduta, infalível e perfeita, superior à consciência e à razão, sem contrariar nem ofender a mesma razão; é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” Para essas comunidades interpretativas, os textos bíblicos canônicos, de imediata inspiração divina, devem ser lidos com o mesmo Espírito com que foram escritos: o Espírito Santo de Deus. Um teólogo assembleiano explica que “A mente do homem precisa primeiro ser iluminada pelo Espírito de Deus, antes que possa interpretar, corretamente, ou entender, as Escrituras.” Do ponto de vista bíblico, “o conhecimento natural é algo que o homem pode adquirir por si mesmo”, como observa Nortroph Frye em O código dos códigos: a Bíblia e a literatura; em contraposição, o “entendimento espiritual”, de que fala o apóstolo Paulo em I Coríntios, 2.14, é um dom divino que supõe um contradom da parte humana: a santificação da pessoa. Com base em observação participante, coleta de depoimentos orais e pesquisa de arquivo em uma comunidade de fé, esta comunicação pretende esboçar respostas a uma questão aparentemente simples: como os pentecostais lêem a Bíblia e que significados atribuem às suas práticas de leitura? Para isso, a pesquisa busca articular teórica e metodologicamente os aportes da etnografia da leitura, da estética da recepção e da história cultural da leitura.
PALAVRAS-CHAVE: BÍBLIA, PENTECOSTALISMO, LEITURA

 

TÍTULO: BREVE HISTÓRIA DA LEITURA NO BRASIL: OS LIVROS, AS TENSÕES E OS SABERES NA COLÔNIA (SÉC. XVIII)
AUTOR(ES): CARMELICE AIRES PAIM DOS SANTOS
RESUMO:
Durante todo o Período Colonial, Estado e Igreja viam nas obras literárias uma ameaça à soberania do Império, visto que algumas dessas obras apresentavam temas que suscitavam questionamentos nocivos à estrutura da Metrópole. Sendo assim, desde o século XVI até meados do século XVIII, as obras devocionais e religiosas compunham, em sua maioria, o acervo das bibliotecas brasileiras. Entretanto, a partir do seculo XVIII, os livros sobre ciência e saberes profanos ganharam um espaço nas bibliotecas da América portuguesa e, com eles, as idéias que estimulavam as movimentações político-literárias que questionavam a Fé, a Lei e a ordem na Colônia - a exemplo das redes de sociabilidade construídas em torno da leitura de livros proibidos. Inserido neste universo teórico, o presente trabalho, que situa seu eixo organizacional nas transformações políticas e sociais ocorridas no Brasil do século XVIII, propõe-se a investigar a influência da literatura européia no cenário sociopolítico do Brasil colonial, visando os seguintes objetivos: a) observar a multiplicidade de funções atribuídas aos livros no século XVIII e, b) pontuar a ação das obras literárias como agentes modificadores dos costumes e das idéias políticas da Colônia. A pesquisa será organizada a partir da análise, de base interpretativa, de duas importantes obras da literatura brasileira que tratam da vida social e cultural do Brasil na época colonial: História da Vida Privada no Brasil, organizado por Fernando A. Novais e Formação do Brasil Colonial, de Arno Wehling. A escolha dessa temática justifica-se pelo fato da Literatura do século XVIII ter atuado como elemento capital para as transformações das estruturas sociais, política e cultural da Colônia e para os primeiros movimentos intelectuais que culminaram na independência do Brasil em relação à dominação portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: BRASIL, COLÔNIA , LEITURA

 

TÍTULO: LIVRO DIDÁTICO E ENSINO DE LITERATURA: O QUE DIZEM AS PESQUISAS DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO?
AUTOR(ES): CELDON FRITZEN, DANIELLE AMANDA R. DA SILVA
RESUMO:
Com o intuito de melhor compreender a realidade do ensino de literatura no Brasil a partir da produção de conhecimento dos seus Programas de Pós-Graduação, desenvolvemos a pesquisa Uma análise do Banco de teses e dissertações da CAPES sobre o Ensino de Literatura. De um corpus com 107 resumos vinculados ao objeto proposto, num segundo momento, delimitamos como novo tema de investigação, pela presença significativa entre os resumos: as abordagens envolvendo o diálogo entre o livro didático e o texto literário. Para discutir como essa relação tem sido problematizada nos Programas de Pós-Graduação, a partir da análise do material, quatro categorias foram constituídas de forma a iluminar e pôr em discussão os problemas e encaminhamentos indicados para a efetivação do ensino de literatura: livro didático e didatização do texto literário; crítica à prática docente e ênfase do papel do professor na mediação da leitura; importância do contato do aluno com o texto literário; problemas de letramento. Entre os resultados obtidos, notamos que, não obstante o empenho do Governo Federal em otimizar o material disponibilizado aos alunos de escolas públicas, o livro didático é alvo de críticas por parte das pesquisas estudadas. A análise dos dados aponta para a importância do trabalho com textos autênticos, um modo de fugir das concepções redutoras de texto e de leitura não raramente encontradas no livro didático que acabariam por eliminar o prazer estético. Além disso, os estudos apontam para o fato de que o livro didático deixa de ser um instrumento de apoio ao trabalho docente para ser, por vezes, o único. Ainda, como consequência de lacunas deixadas durante o Ensino Fundamental, os problemas de letramento são discutidos por pesquisas realizadas em contexto de Ensino Médio, o que evidencia a necessidade de um trabalho mais efetivo nos primeiros anos da vida escolar dos sujeitos.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE LITERATURA, LIVRO DIDÁTICO, PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO

 

TÍTULO: LEITURA, NUMA PERSPECTIVA SOCIOCOGNITIVO INTERACIONAL.
AUTOR(ES): ENILDA EUZÉBIO DA SILVA
RESUMO:
Esta comunicação objetiva abordar a leitura realizada na prática escolar nas escolas estaduais no município de Tangará da Serra, no estado de Mato Grosso. A reflexão que propomos fundamenta-se em uma perspectiva sociocognitivo interacional, pois acreditamos que as práticas para o trabalho com leitura fundamentadas em concepções formalistas e mecânicas, conforme vem sendo realizadas pela grande maioria das escolas deste município, constitui-se em decodificação do código linguístico, mesmo em anos/séries finais (conforme podemos observar através de pesquisa), além de causar desmotivação e desinteresse pelo ato de ler não conduz à aprendizagem escolar. Assim como Kleiman, acreditamos que a leitura “é um ato social, entre dois sujeitos - leitor e autor - que interagem entre si, obedecendo a objetivos e necessidades socialmente determinados”, o texto nessa concepção não é um produto pronto, acabado. Deste modo, pretendemos neste trabalho explicitar essa dimensão interacional da leitura, pois acreditamos que conhecendo-se as características e dimensões do ato de ler, menores serão as possibilidades de propormos tarefas que “trivializem” a atividade de leitura, ou que limitem o potencial dos nossos alunos, com isso acreditamos que iremos torná-los leitores competentes capazes de dar sentido ao texto, fazer inferências, detectar os implícitos, enfim de compreender aquilo que lê.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO, LEITURA, SOCIOCOGNITIVO INTERACIONAL

TÍTULO: CIRCULAÇÃO DE ROMANCES NO SÉCULO XIX
AUTOR(ES): GERMANA MARIA ARAÚJO SALES
RESUMO:
Os estudos em torno da História do livro e da leitura já comprovaram que a leitura de romances, de fato, constituiu uma atividade corriqueira nos anos oitocentos e essa prática se estendeu desde a cidade do Rio de Janeiro, sede do Império, onde circulavam publicações e autores de prestígio, até o Norte do Brasil, na capital da província do Pará, quando se comprova o movimento da leitura de romances em espaços, como Gabinetes e Bibliotecas públicas e a divulgação desse gênero nos periódicos locais – jornais e revistas -, fato que confirma o comércio livreiro na cidade e evidencia a existência de uma cultura letrada no período. Seguindo esse fio, nossa atenção se volta, neste momento para dois objetivos: indicar os reclames que anunciavam as publicações em prosa de ficção nas principais folhas diárias da Província, na segunda metade do século XIX, e, a partir do levantamento dos anúncios, relacionar aqueles mais recorrentes entre as notícias, como também arrolar os espaços onde essa leitura circulava verificando a possibilidade dessas obras anunciadas estarem presentes em seus catálogos. Diante dessas informações, pode-se construir um pequeno esboço da História do livro na Belém oitocentista, além de elencar uma lista de livros em prosa de ficção que fizeram parte da preferência dos leitores daquele período.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA LEITURA, LEITURA DE RMANCES, SÉCULO XIX

 

 

SESSÃO - PESQUISAS SOBRE A PESQUISA
DA LEITURA NO BRASIL 2
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Centro de Ensino de Línguas - CEL - SALA: CEL 13

TÍTULO: CONTRIBUIÇÕES LEXICAIS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA
AUTOR(ES): LÚCIA HELENA FERREIRA LOPES, ADRIANA ALVES MORAES DE SOUZA
RESUMO:
Esta comunicação situa-se na área da Linguística Textual em interface com a da Lexicologia e objetiva apresentar uma estratégia de leitura que tenha como ponto de partida o domínio das formas da língua, os repertórios interpretativos, do aprendente, ou seja, os seus conhecimentos léxico-gramaticais, gêneros discursivos e tipologias textuais e como ponto de chegada a compreensão e a interpretação. Para este estudo, privilegiaremos o léxico compreendendo-o como um espaço que faculta o desenvolvimento das habilidades de leitura. Assim, ao elegermos o texto como unidade de ensino, compreendemos que ele se materializa pelos sinais gráficos da escrita: as palavras, “a arena onde se confrontam os velhos e novos sentidos” (Gusdorf, 1952); aqueles inscritos nas palavras-produto e sedimentados pelo uso nas páginas impressas dos dicionários e esses (re)construídos no processo interanimação das palavras-processo pelo ato da leitura significativa. Dessa feita, conforme postula Turazza (2002), as palavras-produto, ou seja, os vocábulos inscritos nos dicionários, mesmo desprovidos da realidade discursiva, ativam possíveis marcos de conhecimento. No entanto, é na transmudação do texto-produto em texto-processo, pela dinâmica da condensação e expansão dos sentidos, que o leitor cancela as texturas dos diferentes sentidos cristalizados pelo uso para redimensionar, (des)construir e (re)construir novos significados para o texto que se lê.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, LÉXICO, ENSINO-APRENDIZAGEM

TÍTULO: COMPREENSÃO LEITORA: INVESTIGANDO PARA MELHOR INTERVIR
AUTOR(ES): MARIA ALICE COELHO
RESUMO:
Com o objetivo de investigar a competência leitora de alunos de 3° anos de Ensino Fundamental, realizamos uma pesquisa com a utilização da Técnica Cloze (Cloze Procedure), criada em 1953 por Taylor, e avaliamos o desempenho dos alunos de acordo com.os índices descritos por Bormuth (1986). Interessa-nos saber, como escola, como lêem os alunos que concluem o 3° ano, pois tendo passado pelo processo de aprender a ler e escrever, tenham conseguido ir além da leitura de decodificação, alcançando o sentido do texto para poder resignificá-lo. Dos 129 alunos avaliados, 114 encontram-se no nível independente de leitura (aquele no qual o aluno pode ler com facilidade e fluência, com boa compreensão), 10 no nível de instrução (o aluno pode ler satisfatoriamente, sob a orientação ou apoio do professor) e 5 alunos no nível de frustração (a leitura se fragmenta, não há fluência, a compreensão e a memorização fraquejam). Numa primeira análise podemos admitir que a escola, tendo valorizado a leitura e favorecido sua aprendizagem, conseguiu bom desempenho da maioria dos alunos. Mesmo assim, cabe continuar fomentando a leitura para que os alunos melhorem na compreensão leitora, pois ela é importante ferramenta de estudo e de outras aprendizagens. Os alunos do nível de frustração, embora representem uma parcela pequena, merecem maior atenção por parte dos professores. Identificados, passam por situações individuais e coletivas de intervenção na leitura. O papel motivador do professor é de extrema importância e cabe a ele fazer com que os alunos avancem na decodificação conseguindo ir além da síntese da palavra, sem passar pela decifração, para atribuir um sentido a algo que está escrito. Como se aprende a ler, lendo, quanto mais o aluno se familiarizar com o texto, mais facilmente aprenderá a ler e é isso que desejamos: formar leitores.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, COMPREENSÃO LEITORA, ENSINO FUNDAMENTAL 1

 

TÍTULO: EFEITOS DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NAS PRÁTICAS DE LEITURA
AUTOR(ES): MARIA DE CARVALHO GOMES
RESUMO:
O comportamento de ler é movido por muitas razões, algumas delas configuradas e configuradoras das condições efetivas do indivíduo se relacionar e estar com outros. Entre essas razões destacam-se as relacionadas aos efeitos da herança simbólica de seu grupo. Os relatos de pesquisadores de distintos campos disciplinares têm assinalado para a importância das práticas discursivas, legitimadas em uma dada sociedade, para explicar as relações que se estabelecem entre o mundo do texto e o do leitor. O presente trabalho teve por objetivo analisar as produções acadêmicas sobre leitura, tendo como foco os trabalhos submetidos e aprovados pelo grupo de trabalho Alfabetização, Leitura e Escrita para serem socializados nas reuniões anuais da ANPEd, de 2003 a 2007. Especificamente, buscou identificar se e como vêm sendo tratadas as relações entre as práticas de leitura e suas representações. Após a leitura dos 78 trabalhos identificados foi realizada uma análise de conteúdo dos mesmos que possibilitou a proposição de três categorias amplas mutuamente exclusivas: práticas de leituras (52/78), processos de alfabetização e letramento (23/78), e outros (03/78). Foram selecionados para análise seis trabalhos da categoria com maior frequência, pelo fato de tratarem a relação entre as práticas e as representações de leitura, ainda que de modo indireto. Apesar da maioria dessa produção abordar o ato de ler com ênfase nas práticas de leitura veiculadas ao contexto escolar, os resultados obtidos permitem concluir que as práticas de leitura legitimadas pelo contexto social são decorrentes dos efeitos das representações sociais dos grupos, os quais são elaborados e organizados no núcleo central. Daí a impossibilidade em desvincular as representações sociais de leitura da história individual e cultural dos indivíduos.
PALAVRAS-CHAVE: PRÁTICAS DE LEITURA, PRODUÇÕES ACADÊMICAS, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

TÍTULO: A TRAJETÓRIA DO LIVRO DE LITERATURA: O PNBE E SEU IMPACTO NA SALA DE AULA
AUTOR(ES): MARISA XAVIER
RESUMO:
O artigo apresenta parte da pesquisa em andamento referente aos estudos sobre os programas de leitura do governo brasileiro e como estes impactam o cotidiano da escola. A pesquisa é de natureza etnográfica e possibilita como as relações com a literatura acontecem na diversidade com o livro. O estudo permitiu verificar como ocorre a circulação do livro de literatura quando chega à escola e como se dá o acesso a ele. Os sujeitos da pesquisa fazem parte de uma Escola Municipal de Ensino Fundamental do interior paulista. No campo de trabalho, a coleta de dados foi por meio de técnicas de observação, questionário e entrevistas com professores e alunos, individualmente e em grupo, depoimentos de funcionário da biblioteca escolar, gravação em áudio e vídeo de aulas, ou momentos de leitura e de trabalho com a literatura, além de documentos escritos (projetos e planos). O estudo permite tecer algumas considerações preliminares sobre o que dificulta o acesso do aluno ao livro de literatura na escola. Os conceitos do professor referentes à leitura e à literatura, o desconhecimento dos objetivos do PNBE, a didatização da literatura, o perfil do professor-leitor, o desconhecimento do papel do professor como mediador na relação aluno-livro são alguns dos aspectos que dificultam a circulação do livro pelas mãos dos alunos, articulados com a abordagem da literatura como algo estático no tempo e com o conceito de leitura atrelado ao de decodificação. Saber ler fica restrito à expressão de uma boa dicção e não de uma atitude responsiva aprendida ao longo do processo no manuseio direto com o livro.
PALAVRAS-CHAVE: PNBE, LITERATURA INFANTIL, LIVRO DE LITERATURA INFANTIL

TÍTULO: O QUE SE PODE REINVENTAR A PARTIR DE UM POEMA: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA COM O POEMA “A MENINA AVOADA”, DE MANOEL DE BARROS.
AUTOR(ES): MASSILLANIA FERREIRA GOMES
RESUMO:
Este trabalho, que se constitui num resumo de um capítulo de nossa dissertação de mestrado, tem por principal objetivo levar ao conhecimento de professores e estudiosos da literatura infantil uma experiência com poemas de Manoel de Barros, em uma sala de aula da quarta série do ensino fundamental, em nossa cidade. O poema utilizado foi “A menina avoada”, que compõe o livro Exercícios de ser criança (1999) e, a partir dele, várias atividades foram desenvolvidas, no intuito de despertar o prazer pelo poema, pela sua leitura, pelas brincadeiras que podem ser “inventadas” partindo dele. O nosso intuito, junto aos alunos-alvo, era fazer com que a experiência com o poema se desse de forma significativa em suas vidas. Para tanto, alguns passos foram seguidos: primeiro, a leitura do poema, sem o auxílio de imagens; em seguida, sua leitura tendo por base as imagens veiculadas no livro; o passo seguinte foram os desenhos feitos a partir do texto (agora verbal e não verbal); em último, o trabalho com materiais reciclados, para a feitura de brinquedos que aparecem no poema. A experiência, nos moldes como foi sendo delienada, fez com que os alunos se aproximassem da principal personagem do poema, reconhecendo-a como uma criança, como eles. Nosso referencial teórico se constituiu nas idéias de Iser (1989) e Pinheiro (2000).
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA INFANTIL, ENSINO, MANOEL DE BARROS

 


SESSÃO - PESQUISAS SOBRE A PESQUISA
DA LEITURA NO BRASIL 3
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Faculdade de Educação - FE - SALA: FE 16

TÍTULO: O DESEMPENHO LEITOR EM TESTES: A COMPREENSÃO DE FORMANDAS EM PEDAGOGIA
AUTOR(ES): OSMAR DE SOUZA
RESUMO:
Nos últimos anos, a visibilidade da educação fundamental, no quesito desempenho em leitura, tem se mostrado pelas pesquisas, desde provinhas Brasil, SAEB, ENEM. Até órgãos de imprensa tem se dado ao direito de proceder a testes de leitura. Mesmo em relatórios oficiais, quanto aos testes aplicados, é sempre o mau resultado que é objeto de divulgação. É esta divulgação que vem preocupando o autor desta comunicação e dá origem a uma investigação em duas formandas em Pedagogia, para compreender como elas conseguiriam lidar com os testes que são aplicados. Focalizou-se a quarta série, para isso, tomando como ponto de partida a última Prova Brasil. Uma conversa inicial com as duas professoras e estudantes revelou que elas pouco reconheciam nos testes então aplicados que habilidades e competências eram exigidas, em termos de identificação de informações, interpretação e reflexão. Discutido aquele instrumento aplicado em nível nacional, solicitou-se que as mesmas aplicassem a uma quarta série, cuja regência estava ao encargo de uma delas. Para isso, antes, aplicou-se um questionário para verificar as condições sócio-culturais dos alunos. No primeiro teste aplicado, houve um índice alto de “erros” pelos critérios usados na Prova Brasil. A partir disso, iniciou-se um trabalho com os alunos, no sentido de lidarem com as questões. Em princípio, as duas formandas pretendiam excluir alunos supostamente analfabetos. Decidiu-se trabalhar com todos. O resultado final mostrou que um dos problemas desses testes reside no fator tempo para lidar com as respostas. A comunicação vem problematizar as pesquisas que se desenvolvem no Brasil e em países com condições sócio-históricas semelhantes, a partir de testes. A pergunta que permanece é em que medida as pesquisas contribuem para o avanço de um desempenho leitor efetivo, em oposição a um desempenho apenas desejável.
PALAVRAS-CHAVE: DESEMPENHO, LEITURA, TESTES

 

TÍTULO: FOLHETIM: DOS PAPÉIS IMPRESSOS ÀS PÁGINAS ELETRÔNICAS
AUTOR(ES): PATRICIA CARVALHO MARTINS, JOANA ANGELICA DE SOUZA SILVA
RESUMO:
As pesquisas que se debruçam sobre a História da Leitura e História da Literatura reconhecem a importância da influência do romance-folhetim oitocentista para os estudos voltados para a ascensão do romance, como também podemos verificar a influência deste formato ao folhetim eletrônico, ou, mais comumente chamado, telenovela. Desde tema, formatos, enredos, linguagem, apresentação, as heranças são muitas. Atestando a aproximação das temáticas e do enredo, elaborado para manter a atenção do leitor e/ou telespectador, tomamos como material primário o romance-folhetim “Helena”, publicado no ano de 1867, no Jornal do Pará, que circulou na capital paraense entre 1862 e 1878, de autoria desconhecida, em comparação com a telenovela “Paraíso Tropical”, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, exibida em 2007, na rede Globo de televisão. As duas obras permitem indicar em que medida os dois formatos podem apresentar consonância. Como aparato teórico, os trabalhos de Marlyse Meyer, de José Ramos Tinhorão e pesquisa como “Melodrama, folhetim e telenovela: anotações para um estudo comparativo”, de Flávio Luiz Porto e Silva e “O discurso narrativo das telenovelas-Folhetim”, de Nadja Lígia Chagas Santos, Maíra Bueno e Paula Teixeira, nos serão de grande importância para fundamentar o paralelo entre estes diferentes formatos do gênero Folhetim, que resistiu, e resiste, por mais de dois séculos.
PALAVRAS-CHAVE: FOLHETIM, ROMANCE, TELENOVELA

 

TÍTULO: UMA HISTÓRIA DA LEITURA: OS LIVROS DIDÁTICOS NA PARAÍBA NO SEGUNDO REINADO
AUTOR(ES): SARA CAVALCANTI PINTO BANDEIRA
RESUMO:
Este trabalho tem o intuito de expor à comunidade acadêmica as atividades desenvolvidas no projeto Uma História da Leitura: os livros didáticos na Paraíba no Segundo Reinado, com ênfase nos compêndios utilizados nas escolas paraibanas durante o século XIX. O principal objeto deste recorte da pesquisa são os compêndios religiosos e os de literatura, que circularam na Paraíba no século XIX, quer tenham sido adotados pelas escolas, ou mesmo circulado em anúncios de jornais e periódicos. Para um levantamento de dados sobre esta história da leitura, desenvolvemos atividades de pesquisa em fontes primárias como os Relatórios dos Presidentes da Província da Paraíba, e os Relatórios Manuscritos e Correspondências dos Presidentes da Província da Paraíba, encontrados no Arquivo Histórico, na cidade de João Pessoa; e ainda, buscamos mais dados nos Arquivos da Assembléia Legislativa da Paraíba, compreendidos pelos livros das Coleções das Decisões do Governo do Império do Brasil. Também foram utilizados os arquivos do Projeto Jornais e folhetins paraibanos do século XIX. Para um conhecimento do nosso corpus, construímos nosso estudo a partir de uma fundamentação teórica fundamentada na história da leitura e da história cultural, a saber, Socorro Barbosa (2007), Regina Zilberman e Marisa Lajolo (1998), e Márcia Abreu (1999), visando a análise de aspectos relacionados à produção, circulação e recepção do texto escrito em contextos escolares e não-escolares: os impressos como fonte para a história do leitor e do escritor.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA LEITURA, LIVRO DIDÁTICO, SÉCULO XIX

 

TÍTULO: GÊNEROS TEXTUAIS NO LIVRO DIDÁTICO
AUTOR(ES): SONIA MARIA DECHANDT BROCHADO, VERA M ARIA RAMOS PINTO
RESUMO:
O objetivo desse trabalho é apresentar uma pesquisa empreendida no âmbito do Grupo de Pesquisa Leitura e Ensino, Universidade Estadual do Norte do Paraná, que pesquisa os gêneros textuais mais empregados como instrumento para o ensino de leitura, em quatro coleções de livros didáticos de Língua Portuguesa, recomendados pelo PNLD 2008. A partir dos critérios de análise das atividades de leitura que tiveram base no PNLD- 2008 - Guia do Livro Didático, investiga se as atividades de leitura propostas contribuem para a formação da proficiência leitora do aluno. Partimos do pressuposto básico de que a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual. Essa posição, defendida por Bakhtin (1992), por Bronckart (1999) e também por Dolz e Schneuwly (2004) é adotada pela maioria dos autores que enfocam língua como atividade social, histórica e cognitiva. A partir dessa fundamentação, tudo o que fizermos linguisticamente pode ser tratado em um ou outro gênero, tornando-se relevante abordar os gêneros textuais com finalidade didática no ensino de língua, de modo especial no ensino da recepção e produção de textos. Neste trabalho apresentamos uma pesquisa dos vários gêneros textuais que permeiam os livros didáticos observados, nos seus diversos aspectos sócio-comunicativos, funcionais e formais, referentes à sua composição, conteúdo, estilo, propósito comunicacional e modo de veiculação, tanto do ponto de vista teórico quanto da sua aplicação escolar, sobretudo, objetivando o desenvolvimento da competência leitora.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS TEXTUAIS, COMPETÊNCIA LEITORA, LIVRO DIDÁTICO

 

TÍTULO: REPERCUSSÕES AFETIVAS NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO LEITOR
AUTOR(ES): SUE ELLEN LORENTI HIGA
RESUMO:
Diversos estudos sobre a leitura vêm sendo realizados pela Psicologia, Linguística e Educação. Todavia, apenas recentemente passou-se a valorizar a importância da dimensão afetiva para a constituição do sujeito leitor. Neste contexto, a presente pesquisa teve como objetivo analisar a mediação e as práticas pedagógicas relacionadas ao ato de ler, assumidas por duas professoras, focalizando suas repercussões afetivas na relação do aluno com a leitura. Assume-se que a natureza da interação que se estabelece entre o professor, o aluno e a leitura, não se limita à dimensão cognitiva, sendo marcada também pela afetividade. Deste modo, este estudo baseia-se nas contribuições teóricas de autores sócio-interacionistas como Vygotsky e Wallon, que concebem o homem como um ser monista, em que afeto e cognição são vistos como processos indissociáveis. Diante dos objetivos propostos, esta investigação configura-se no panorama da pesquisa qualitativa etnográfica utilizando-se, para a coleta dos dados, observações e entrevistas gravadas e, posteriormente transcritas. As verbalizações foram agrupadas e geraram 14 núcleos temáticos. Participaram da pesquisa duas professoras, 18 alunos e 9 mães. Os dados sugerem que há práticas pedagógicas que favorecem ou dificultam o hábito da leitura dos alunos, sendo que o conjunto das práticas pedagógicas assumidas pelas professoras é um dos fatores intimamente ligados ao sucesso na constituição do leitor, havendo indícios de que a mediação da família é também de importância fundamental. Deste modo, ressalta-se a necessidade de o professor ser também um leitor assíduo, que valorize a leitura no seu cotidiano e que demonstre aos alunos a importância do ato de ler, consciente de que representa um importante referencial para seus alunos constituírem-se como sujeito leitores.
PALAVRAS-CHAVE: SUJEITO LEITOR, AFETIVIDADE, MEDIAÇÃO

 

TÍTULO: “CECÍLIA MEIRELES: INDÍCIOS DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO DO LEITOR DE LITERATURA INFANTIL”
EIXO TEMÁTICO: PESQUISAS SOBRE A PESQUISA DA LEITURA NO BRASIL
AUTOR(ES): YARA MAXIMO DE SENA
RESUMO:
Cecília Meireles (1901 - 1964) foi uma mulher múltipla em seus talentos literários e atuações em diferentes campos. Foi poetisa, jornalista, cronista, viajante, professora, intelectual, órfã e mulher. Em nossa pesquisa, buscamos olhar de forma mais atenta para suas faces de jornalista, pesquisadora e intelectual. Tomamos como fontes documentais de análise: as crônicas de educação e o inquérito pedagógico “Leituras Infantis”. As crônicas foram escritas por Cecília Meireles para o jornal carioca “Diário de Notícias”, entre os anos de 1930 e 1933. O inquérito “Leituras Infantis” foi realizado pela escritora/pesquisadora em 1931, com a finalidade de situar os alunos cariocas quanto às preferências individuais e ao conjunto de conhecimentos destes sobre a leitura, sendo publicado em 1934 em um periódico da imprensa oficial (INEP). Temos como objetivo pensar no projeto de educação do leitor de Literatura Infantil proposto por Cecília Meireles em duas direções: nas “Crônicas de Educação”, um “leitor imaginado”, e no inquérito “Leituras Infantis”, um “leitor mais real”. Para isto, pretendemos refletir sobre as questões: Que leitor Cecília Meireles acredita ser importante e necessário formar? Que modos de ler são propostos? Quais livros são sugeridos? O que a leitura representa? Esta comunicação tem como objetivo apresentar e socializar alguns resultados já obtidos nesta pesquisa de mestrado, ainda em andamento, que está sendo realizada no grupo “Alfabetização, Leitura e Escrita” (ALLE), da Faculdade de Educação da UNICAMP.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR, LITERATURA INFANTIL, CECÍLIA MEIRELES