Nº 24 –
Leitura: Teoria e Prática
Ano XIII - Dezembro de 1994 - 125 p.
Estudos
Conquistar ou construir a escrita? – Wilmar da Rocha D’Angelis – pág. 3
Suponho que, como tudo o que é humano, apenas a experimentação, o uso
cotidiano, a história mostrará onde se pode corrigir e melhorar o que foi
feito. A ortografia definida pelos Ashaninka não pode ser entendida como
acabada, e ponto final.
A letra dá vida mas também pode matá-la – Inês Signorini – pág. 20
Não é difícil reconhecer nessas falas os vestígios – quando não a
reprodução fiel – de nossas próprias falas, assim como não é difícil
reconhecer nesses mitos os mesmos mitos que costumam orientar nossa
prática social, inclusive a pedagógica. Justamente por espelharem essa
prática como que pelo avesso, nos colocam, sem subterfúgios, diante da
velha questão: afinal, de que lado estamos?
Quem não lê e não escreve, da vida pouco desfruta, porém... – Márcia Abreu
– pág. 28
A grande maioria dos nossos escritores, em prosa e verso, fala de pena
em punho e prefigura um leitor que ouve o som de sua voz brotar a cada
passo por entre as linhas.
Por uma leitura estética do cotidiano ou a ética do olhar – Solange Jobim
e Souza – pág. 35
Tanto para Clarice quanto para Pasolini e Benjamin, perceber a aura de
uma coisa significa investi-la do poder de revidar o olhar. Mas, para
isto, é preciso dedicar um olhar às coisas do mundo que evidencie a força
e a atmosfera que deles emanam. No capitalismo, contudo, não há espaço
para este tipo de experiência sensível – aprender a ver o que não se
estampa de imediato. Em nosso entender, no entanto, será esta atitude,
este respeito pelas coisas, que nos permitirá desenvolver uma nova ética
do olhar que penetre a fetichização da realidade no mundo moderno.