Nº 27 –
Leitura: Teoria e Prática
Ano XV - Junho de 1996 - 69 p.
Estudos
Ética e Leitura – Benedito Nunes - p. 3 – 9
Qual a importância ética da leitura? O autor faz essa reflexão, em
resposta a essa pergunta, que parece corresponder à intenção do tema,
privilegia a leitura de determinados textos. A prática da leitura seria um
adestramento reflexivo, um exercício de conhecimento do mundo, de nós
mesmos e dos outros.
O tradutor e a formação do leitor de poesia – José Paulo Paes - p. 10 –
15
Desde os seus mais primórdios, a tradução pode ser vista como um
esforço de fazer o impulso positivo da linguagem para a abertura e a
comunicação preponderar sobre a negatividade do seu outro impulso para o
fechamento e a exclusão. Por sua vez, na condição anfíbia de homem de dois
ou mais mundos, o tradutor é um construtor de pontes lingüísticas que
ligam umas às outras as ilhas idiomáticas fechadas em si mesmas.
Contradições presentes em “propostas educacionais” de organismos
internacionais – Cristiano Amaral Garboggini Di Giorgi - p. 16 – 23
É fato conhecido que há pelo menos uma década organismos
internacionais têm exigido dos países da América Latina reformas
econômicas profundas, que implicam redução das funções do Estado, um novo
modelo de acumulação, abertura de mercado, privatização e inserção “aberta
e competitiva” no mercado mundial. Cabe colocar então alguns pontos da
compreensão que os Organismos Internacionais (com inegável liderança do
Banco Mundial) têm da situação mundial e da situação da América Latina em
particular, e da articulação desta situação com o tema educacional.
O “método João de Deus” para o ensino da leitura – Maria do Rosário M.
Magnani - p. 24 – 50
Sintetizando os efeitos do método da soletração, o famoso brocado
medieval: “La letra com sangre entra” pode ser entendido como emblemático
em relação ao ensino da leitura no Brasil, até aproximadamente o período
que se inicia com a publicação da Cartilha Maternal ou Arte da Leitura
(1876), escrita pelo poeta português João de Deus Ramos, e sua divulgação
sistemática, pelo professor e positivista brasileiro Antonio da Silva
Jardim. A atuação desse jovem propagandista, por sua vez, pode ser
considerada fundadora de uma tradição e representativa de um momento
crucial no âmbito do movimento de constituição do ensino da língua materna
como campo de conhecimento e de um objeto de estudo específico: o ensino
da leitura.