Poranduba – roda de histórias indígenas

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Poranduba, o caminho da beleza

O projeto Poranduba é desafio da beleza. Por meio dele – e o caminho é sempre um meio – se chega à essência da cultura indígena brasileira. Digo isso porque sei que o que dá sentido ao ser indígena é a ancestralidade presente nas narrativas tradicionais de nossa gente. É ela – a ancestralidade – que lembra o tempo todo nosso pertencimento aos eventos que movem o cosmos em direção ao seu Criador.

É pelas narrativas ancestrais que sabemos quem somos e para onde vamos e isso nos torna gratos e festivos, motivando-nos a pintar o corpo e a criar canções e passos de danças que permitem unir-nos à obra da criação divina. Ouvir estas narrativas é, portanto, ser partícipe, é estar integrado com palavras sábias que vêm de muito longe atravessando o tempo como a nos lembrar que somos fagulhas na grande fogueira cósmica. é trazer a força do mundo para dentro de cada ouvinte como uma música a ser deliciada.

Adentrar na sabedoria ancestral indígena pelos sentidos é, talvez, a melhor maneira de se conhecer o que de mais belo, profundo, equilibrado e sábio existe. O desafio é deixar-se levar pela sua suavidade das palavras, dos sentidos, dos símbolos que compõem esse universo misterioso habitado pelos primeiros povos de nossa terra do Brasil.

Torço para que todos os que entrarem em contato com estas histórias possam alimentar a esperança da construção de uma sociedade que saiba conviver com as diferenças e possam permitir-se dar um mergulho no modo indígena de ver o mundo… E chegar à beleza que mora no princípio de tudo. É isso que motiva este projeto. É isso que motiva a caminhada do INBRAPI rumo à proteção de nossos conhecimentos ancestrais para o bem de toda a humanidade.

Bom proveito a todos e todas.

Daniel Munduruku – Diretor-Presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual – INBRAPI