| 1. Quem te ensinou isso, menino? Berenice Maria Rocha Santoro, Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre – MG. |
| Através da análise de uma história vivida por duas crianças surdas, este trabalho tem como objetivos: buscar formas de compreender os xingamentos presentes na escola e colaborar para a compreensão e reconhecimento de que o sujeito surdo também revela a intenção de controlar e significar seu dizer. Foi constituído um xingamento que utilizava um gesto banal: um dos alunos, ao sinalizar, necessita da implicação do outro que, no contexto da cadeia de significantes produzida pelo primeiro, interpreta e testemunha sua sinalização como uma ofensa. O "insulto" não permaneceu no grupo por não ter passado pelo crivo dos alunos surdos mais velhos: foi com o ato destes que as crianças perceberam que o gesto não tinha a significação pretendida. Isto colabora para que compreendamos que cada aluno é uma construção histórico-social que se constitui em um grupo lingüístico próprio. (Palavras-chaves: educação de surdos, cultura surda, análise de discurso) |
|
| 2. Aluno surdo: da leitura mecânica à leitura interpretativa. Cibele Martins Lona, Escola de Educação Especial “Anne Sullivan” Campinas – SP. |
O indivíduo surdo (severo e profundo) alfabetizado no sistema bilíngüe (Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa na modalidade escrita) apresenta, em seu processo de alfabetização, a leitura mecânica. O processo de leitura exige não apenas a leitura de palavras (leitura mecânica), mas sim, a abstração do significado (leitura interpretativa), para através da compreensão deste, realizar a análise crítica. A equipe da Escola Anne Sullivan utilizou mecanismos visuais, para concretizar o conceito do que se lê, através da dramatização e do desenho, proporcionando assim, os momentos de conflito e reflexão para a superação desta etapa, contribuindo para a formação do leitor crítico. (Palavras-chaves: surdez, alfabetização)
|
|
| 3. Histórias de leitura: a constituição do sujeito surdo como leitor. Heloísa Andréia Vicente de Matos, FE-UNICAMP. |
| Esta comunicação tem como objetivo a apresentação da Pesquisa de Doutorado intitulada Histórias de Leitura: a constituição dos sujeitos surdos como leitores que buscou delinear a construção social sobre os modos de apropriação da leitura pelos surdos - próprios e particulares - e das práticas de produções relativas à mesma que constituem/ constituíram tais sujeitos como leitores. Para tanto, procurou traçar a cartografia do movimento de formação de quatro surdos adultos como leitores (com pouca influência da oralização e relativa proficiência na leitura do Português, no presente), configurada na noção de espaço e tempo construídos pela memória dos mesmos, através dos recursos da História Oral. Em síntese, através dessas memórias, procurou-se destacar os diferentes modos de interação com a leitura e com a coletividade - formada por sujeitos surdos e ouvintes - em vários períodos de suas vidas, com intuito de categorizar os principais mediadores para tais processos de apropriação. Neste sentido, a pesquisa revelou que as imagens e a relação da Língua de Sinais com a escrita em Português são fundamentais para que o leitor surdo possa desenvolver-se como tal. Os sinais cumpriram a função da fala para os ouvintes, na constituição do leitor surdo. O papel da família como mediadora da leitura foi decisivo também nas histórias narradas, pelos modelos oferecidos, pelos materiais de leitura apresentados e pelas relações que se estabeleciam, do ponto de vista afetivo, assim como nas Associações de Surdos. A pesquisa também destaca que as identidades dos leitores surdos, imersos num contexto majoritariamente ouvinte, embora reprimidas, rebelam-se e afirmam-se em relação ao mesmo, frente às questões de inserção social, ideologicamente marcadas, que a palavra escrita e a proficiência na leitura também oferecem. Finalmente, a pesquisa aponta para o fato de que alguns surdos (que possuem uma identidade surda, que reconhecem a língua de sinais como língua natural), indicam que a oralidade exerce um papel importante em seu processo educativo, diferentemente dos moldes oralistas historicamente situados. (Palavras-chave: leitura, surdez, letramento, desenvolvimento, aprendizagem, memórias) |
|
| 4. Depoimentos de alunos universitários surdos sobre a inclusão. Karla Patrícia Ramos da Costa; Juliana Falcão; Wanilda Maria Alves Cavalcanti. Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP/PE) |
| Numa proposta atual, mais inclusiva, a criança com surdez deve participar do sistema educacional, e não ficar fora dele, uma vez que o que caracteriza o aluno (surdo ou não) é sua capacidade de aprendizagem e não a deficiência que apresenta. Existe um sujeito com potencial, no qual se deve investir. Dessa forma, é esperado que o surdo, bem como os professores e toda a universidade, conte com dispositivos que auxiliem seu pleno desenvolvimento escolar, sem sacrifícios. Esta comunicação visa mostrar como se deu a inclusão de dois estudantes surdos em uma universidade privada na cidade de Recife, uma vez que estes sujeitos, na maioria das vezes, enfrentam inúmeras dificuldades para sentirem-se incluídos na sociedade. As etapas desse trabalho estão fazendo parte de uma pesquisa para analisar o depoimento de dois surdos universitários sobre a inclusão social. Este trabalho, ainda em desenvolvimento, já tem alguns resultados interessantes para serem socializados. (Palavras-chave: surdez, inclusão social, universidade) |
|
| 5. Políticas públicas e iniciativas educacionais na educação do aluno surdo. Júlia Maria Vieira Nader, CEPRE/FCM Unicamp; Mariana Letícia Pires, Lingüística IEL Unicamp; Tatiane Borges De Vietro, CEPRE/FCM; Ivani Rodrigues Silva, CEPRE/FCM Unicamp; Zélia Z. L. C. Bittencourt, CEPRE/FCM Unicamp. |
| Nas últimas décadas, importantes avanços nas políticas públicas vêm difundindo no Brasil a idéia da pessoa surda como alguém diferente e não deficiente. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a educação e inclusão de sujeitos surdos na escola regular a partir da análise da proposta do MEC, através do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade e do Projeto de Educação Continuada a Distância de Professores das Salas Multifuncionais dos Municípios Pólos, vinculado à Faculdade de Educação da Unicamp em parceria com o MEC. Serão realizadas entrevistas com professores da rede de ensino regular do município de Campinas que participam da 1a turma do curso a distância de capacitação de professores. Além disso, serão visitadas duas escolas que recebem alunos surdos, sendo uma com e outra sem sala de recursos. Os resultados preliminares serão apresentados descritivamente. (Palavras-chaves: sala de recursos, surdez, MEC, educação inclusiva, educação continuada) |
|
| 6. Aspectos interacionais e pedagógicos de uma professora surda em aula de alfabetização Marilia da Piedade Marinho Silva - UniBH/ FCV/UNICAMP. |
| Nesta comunicação, apresentamos como uma professora surda, falante do português (oral), que leciona aulas em uma escola pública de Minas Gerais, constrói-se como interlocutora de alunos ouvintes em aulas de alfabetização. Para a geração e análise de dados, utilizamos a metodologia qualitativo-interpretativista de pesquisa. Nessas aulas, analisamos os recursos de que a professora se vale para construir como interlocutora de seus alunos ouvintes e como ela realiza seu trabalho na organização e planejamento da aula. Na análise das práticas de ensino, percebemos que, além de contribuírem decisivamente para o ensino e interação dos alunos, contribuíram para entendermos que os modos de agir da professora, implicam em diferentes modos de produzir conhecimento. (Palavras Chave: Surdez, Alfabetização e Interação) |
|
| 7. Libras e língua portuguesa nas séries iniciais do ensino fundamental. Marinês Amália Zampieri. PPGE – UNIMEP – Piracicaba/SP. |
| A inclusão escolar é lei; cabe a escola organizar-se para receber o aluno. A partir desta premissa este texto relata a experiência de inclusão escolar e ensino bilíngüe de crianças surdas no Ensino Fundamental com a presença do intérprete da LIBRAS - Língua Portuguesa. Foi observado que o professor ouvinte executa sua função, mas os alunos surdos direcionam-se com mais freqüência ao intérprete, aquele que o atende em sua língua; às vezes, o intérprete assume a função docente, seja pela pouca fluência da LIBRAS por parte do professor ou por este delegar sua função ao intérprete. Duas grandes questões surgiram: 1) conhecimento que o professor ouvinte deve ter sobre a LIBRAS e 2) relação entre professor ouvinte e o intérprete da LIBRAS. (Palavras Chaves: Relação Pedagógica, Surdez, intérprete da LIBRAS - Língua Portuguesa) |
|
| 8. Educação Superior Bilíngüe para surdos – o sentido da política inclusiva como espaço da LIBERDADE: primeiras aproximações. Monique Franco. Faculdade de Formação de Professores/UERJ - Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES/MEC. |
Este trabalho tem como objetivo apresentar primeiras aproximações da pesquisa acerca da experiência da implantação do Instituto Superior Bilíngüe de Educação – ISBE/INES. O diálogo com Hannah Arendt e a concepção de política como espaço da liberdade consubstancia esta reflexão. Inicialmente, o recente contexto educacional dos surdos, com a aprovação do Decreto 5.626 é colocado em cena. Em seguida, traçam-se os elementos constitutivos da recente construção da experiência do curso de Pedagogia ISBE/ INES e os principais entraves a sua implantação. A guisa de reflexões finais pretende-se indicar o sentido da política inclusiva no contexto de uma Política Cultural Bilíngüe. (Palavras-chave: ensino superior bilíngüe, políticas lingüísticas, inclusão)
|
|
| 9. “Porque a palavra não adianta”: um estudo das relações entre surdos/as e ouvintes em uma escola inclusiva na perspectiva intercultural. Silvia Maria Fangueiro Pedreira, Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES, Rio de Janeiro - RJ. |
| Tendo como questão central problematizar o discurso da escola inclusiva como a forma mais eficaz de promover a universalização do acesso à educação e a atenção à diversidade, essa comunicação apresenta os resultados obtidos na minha dissertação de mestrado, defendida em 2006, em que, por meio de um estudo de caso de cunho etnográfico, realizado numa escola inclusiva da rede publica regular, no município do Rio de Janeiro, que utiliza intérpretes de LIBRAS, investiguei as relações entre surdos/as e ouvintes numa perspectiva intercultural crítica, com base na concepção de linguagem e de aprendizagem como processos sociais e dialógicos, de surdez como uma diferença cultural e dos/as surdos/as como indivíduos que se constituem como sujeitos na Língua de Sinais. (Palavras-chaves: Educação Inclusiva, Educação de Surdos, Interculturalismo) |
|
| 10. A educação de surdos e a prática pedagógica dos professores ouvintes: possibilidades e limites. Clarissa Martins de Araújo, CE/UFPE, e Zélia Maria Luna Freire da Fonte, DPEE/SEDE/SEE/PE. |
| Nosso estudo possibilitou a aproximação das pesquisas de Skliar, Bueno, Góes, Tadeu Silva, Muller, dentre outros, que investigam a educação sob diferentes focos: filosóficos, formação de professores, políticas públicas, identidades, língua de sinais. Nosso objetivo foi compreender como o Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos (MEC-2001), tem se refletido na prática pedagógica dos professores que atuam com alunos surdos. As professoras pesquisadas revelam concepções de educação de surdos ancoradas em visões colonial e antropológica, o que reforça a construção de propostas de formação continuada pautadas no processo de reflexão-ação-reflexão (Carvalho e Simões, 1999). Para que ocorra a inclusão social das pessoas com necessidades especiais (Sassaki, 1997), a perspectiva da multiculturalidade (Freire, 1992) se impõe como um desafio e utopia para o século XXI. (Palavras chave: Educação de Surdos; Bilingüismo; Prática Pedagógica; Multiculturalismo.) |
|
|