Instituto de Verão do Centro de Pesquisas Margens

Período: 18 a 22 de fevereiro
Local: CL 06 – IEL
Inscrições: Secretaria de Extensão do IEL
-UNICAMP
Email:  seee@iel.unicamp.br

Resumo e objetivos do Projeto

Nos últimos anos, desde sua criação em 2009, o
Centro de Pesquisa “Margens: práticas de linguagens confluências de culturas”,
do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas,
 tem se caracterizado pela promoção de um debate interdisciplinar entre o
campo de estudos linguísticos e os campos de estudos literários e sociais.
Nesse sentido, estamos propondo a vinda dos pesquisadores externos do Centro de
Pesquisa para o evento Instituto de Verão do Margens. Este evento contará com
um conjunto de minicursos a serem oferecidos pelos pesquisadores aos alunos de
graduação e pós-graduação das humanidades e de outras áreas. As atividades do
Instituto de Verão do Margens totalizarão 35 horas.

Ementas

1) As Aventuras do Sentido: Codex Seraphianus e
as possibilidades extremas da linguagem
Alcebíades Diniz Miguel (UNICAMP/FAPESP)

A linguagem em seus aspectos fundamentais (como
sua dupla articulação, seu caráter imotivado, etc.) tece uma rede de relações
que nos envolve completamente desde antes do surgimento da consciência,
marcada, de uma forma ou de outra, pela linguagem. Mas essa proximidade
constante não poucas vezes nos torna cegos ao fato de que a linguagem também é
uma ferramenta, um instrumento, uma tecnologia. Talvez, por isso, a tentação à
hierarquização de suas formas e esquemas seja grande: a ideia de que a passagem
do ideograma para a letra muitas vezes aparece, para alguns analistas, como um
traço evolutivo; a fala se submete, em um esquema ascendente, à escrita nas
planificações e propostas pedagógicas usuais; mesmo o signo linguístico e o
signo semiológico não raro estabelecem uma relação hierarquizada. Muitas são as
possíveis explicações para essa tentação, mas a reificação da linguagem, a par
e passo com a objetivação do fato linguístico surgem no horizonte como
possibilidades de sig
nificação da linguagem como um órgão, um ser
vivo, uma possibilidade biológica, agregada ou não a nossa existência, que
nasce, se desenvolve e morre ao longo de anos ou séculos. Contudo,  há
abordagens que problematizam tais visões e colocam em discussão os estatutos de
hierarquia e cognoscibilidade da linguagem e de seus elementos. Nosso curso
propõem a análise de algumas dessas abordagens, como o Codex Seraphinianus,
enciclopédia mágica e enigmática de Luigi Serafini, as propostas linguísticas
de Xul Solar e Jorge Luis Borges e a noção de origem da linguagem proposta por
Herder.

2) Linguagem e diferença social: aspectos
literários e linguísticos
Suzi Frankl Sperber (UNICAMP) e Anna Christina
Bentes (UNICAMP)

O problema do popular na linguagem; análise de
textos e gêneros cotidianos e literários considerando suas inserções e
reconhecimentos no campo da cultura popular a partir da perspectiva dos estudos
da linguagem e dos estudos literários.

3) O drama como lugar de resistência
Sandra Luna (Professora de Teoria Literária da
UFPB)
O mini-curso apresenta reflexões sobre o gênero
dramático à luz de considerações teóricas e histórico-literárias que realçam,
na própria forma do drama, mecanismos estéticos favorecedores de estratégias de
embate, resistência, crítica social, luta política. Dentre os teóricos e pensadores
a serem incluídos nessas reflexões que enquadram o drama como “lugar de
resistência” destacam-se: Raymond Williams, Terry Eagleton, Arthur Miller,
Bertolt Brecht, Peter Szondi, Anatol Rosenfeld, Giorgio Agamben.

4) Evolucionismo cultural e teoria da
literatura: o pensamento de Antônio Candido em debate.
Anita Moraes (Professora de Teoria Literária da UFF)

A premissa evolucionista do  pensamento de
Antônio Cândido a partir da observação de textos como “Estímulos da criação
literária” (Literatura e Sociedade); “O direito à literatura” (O direito à
literatura e outros ensaios); a “Introdução” e os prefácios à primeira e à
segunda edição da Formação da literatura brasileira; “Literatura de dois gumes”
(A Educação pela noite); “Literatura e Subdesenvolvimento” (A Educação pela
noite);

5) História e poesia em tensão dialética: a
atualidade do realismo.
Hermengildo Bastos (Professor de Teoria
Literária da UnB)

A atualidade do romance histórico a partir da
visão de Lukács; no diálogo que estabelece com Aristóteles, Lukács sublinha
alguns tópicos, entre eles: a contraposição história e poesia, a catarse, assim
como a função central da fábula; a história contada traz em si as
possibilidades de sua transformação: esta parece ser uma proposta importante
para o século recém- iniciado; estará aí a atualidade do realismo?

6) O hip-hop: a poética do espaço público
Frederico Augusto Garcia Fernandes (Professor de
Teoria Literária da UEL)

A inserção da poesia oral no espaço público, por
meio da análise de raps produzidos, principalmente, na periferia de Londrina; a
inserção da cultura hip-hop em espaços de formação de leitores: escolas e OnGs.

7) Práticas sociais e práticas de linguagem:
contribuições da sociologia
Rosane Alencar (Professora de Sociologia da
UFPE)
Sandoval Nonato Gomes-Santos (Professor da
Faculdade de Educação da USP)
As origens filosóficas da abordagem das práticas
sociais em Wittgenstein e Heidegger; o debate propriamente sociológico sobre
práticas sociais e linguagem na Etnometodologia e Análise Conversacional; a
contribuição de Pierre Bourdieu e de Bernard Lahire para uma sociologia das
práticas sociais e, por fim, as contribuições mais atuais da Sociologia para o
debate das práticas sociais e linguagem.

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