Leitura, Escola, História

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 1
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 22

TÍTULO: O ENTRECRUZAMENTO DAS LÍNGUAS NO PERÍODO DA COLONIZAÇÃO: LINGUAGEM E EDUCAÇÃO
AUTOR(ES): ADRIANA DUARTE B. MARIGUELA
RESUMO:
A historiografia lingüística brasileira constitui-se pela diversidade de gêneros que ultrapassam e perpassam às descrições aos moldes latinos e gramaticais. Muitos registros tais como, anotações, diários de viagem, cartas, ensaios, catecismos, descrições, entre outros, integravam às representações da realidade e conseqüentemente, das relações sociais e educacionais vivenciadas no período da colonização. O conhecimento organizado pela similitude, tal como nos indicou Michel Foucault, organiza as produções intelectual, lingüística e educacional pela ordem da semelhança. No período histórico da Renascença e da colonização, o solo epistêmico moldou-se pelo círculo das similitudes e as relações de saber, as experiências educacionais e as representações lingüísticas foram organizadas pela ordem das semelhanças. A ordenação do mundo, através da construção e da prática de um tipo de linguagem que pretende fazer elo, pela relação de semelhança, entre as coisas e ela mesma, promove a correspondência entre as palavras e as coisas. Como espelho, a linguagem refletia o mundo e as línguas através do sistema de semelhança deveriam ser expressas pela relação existente entre sons, palavras, frases: a oralidade e a escrita se enredam e se dissociam frente à diversidade lingüística e às observações das novas línguas. Os primeiros registros das línguas no Brasil apontam os diferentes níveis de formação e a ampliação do horizonte lingüístico propiciada pela utilização e circulação das gramáticas, das línguas gerais e das línguas vivas. A semelhança, como instrumento epistêmico, possibilita fazer aproximações entre as línguas, à cultura e a educação, revelando a diferença. Dessa maneira, o objetivo desse trabalho consiste em investigar a partir do corpus da semelhança apontado por Foucault no escrito “As Palavras e as Coisas” o desenvolvimento e entrecruzamento das línguas no período da Colonização, apontando o lugar da linguagem na relação educativa e na constituição do português como língua.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, LÍNGUA, HISTORIA

 

TÍTULO: ESCRITA DAS MEMÓRIAS DE UMA MESTRA: IMAGENS E SIMBOLISMOS DE UM IDEÁRIO PEDAGÓGICO
AUTOR(ES): ADRIANNE OGÊDA GUEDES, IDUINA MONT´ALVERNE CHAVES
RESUMO:
O objetivo desta comunicação é apresentar a construção da escrita, sob a forma narrativa, da tese de doutorado intitulada “Uma mestra da palavra: ética, memória, poética e (com)paixão na obra de Célia Linhares”. O foco central do estudo foi a apreensão do pensamento pedagógico da referida professora. Para identificarmos as matrizes de seu pensamento pedagógico, enfocamos seu percurso desde os anos 60 até meados dos anos 2000. As principais fontes utilizadas na pesquisa foram: a) seus textos escritos desde a década de 60; b) entrevistas semi-estruturadas com personagens com os quais a professora Célia conviveu e trabalhou mais intensamente nesses períodos; c) um conjunto de entrevistas com ela própria e, por fim, d) pesquisa bibliográfica sobre a história da educação brasileira, bem como consulta e apreciação de produções artísticas das épocas em questão, cinema, literatura, música, dentre outros. As histórias pessoais, reforçamos, não são meramente uma maneira de contar a alguém nossa vida. Elas são meios pelos quais identidades podem ser modeladas e seu estudo revela sobre a vida social e cultural do contexto onde vivem os narradores. Nesse sentido, a literatura, o cinema e os depoimentos dos entrevistados constituíram-se em fendas no tempo, que nos permitiram sentir, viver e partilhar o que suas narrativas nos convidavam a ver. Os estudos de Mont´Alverne Chaves (2000) sobre pesquisa narrativa e os de Catani, Bueno e Sousa (2003), em sintonia com os da francesa Marie-Christine Josso (2004) dentre outros, foram referência fundamental para compreender a relevância das práticas autobiográficas e biográficas na formação de professores, da profa. Célia Linhares e da escrita de uma tese.
PALAVRAS-CHAVE: PRODUÇÃO ESCRITA, MEMÓRIA, NARRATIVA

TÍTULO: OS LIVROS USADOS NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES PRIMÁRIOS NAS ESCOLAS NORMAIS DE RIBEIRÃO PRETO/SP (1944-1960)
AUTOR(ES): ALESSANDRA CRISTINA FURTADO
RESUMO:
O presente trabalho tem o propósito de apresentar alguns resultados do estudo realizado acerca dos livros usados na formação dos professores primários, nas disciplinas pedagógicas, na “Escola Normal Livre Nossa Senhora Auxiliadora” e na “Escola Normal Oficial” de Ribeirão Preto/SP, entre os anos de 1944 e 1960. Os referenciais desta pesquisa são de caráter histórico e provenientes da História Cultural, ancorados, sobretudo, em Roger Chartier (1990, 1991). Neste estudo, os livros analisados tinham o objetivo de transmitir às normalistas um conjunto de saberes que lhes permitissem a apreensão dos conhecimentos exigidos pela legislação vigente, com relação à formação de professores primários. Embora os livros didáticos estivessem organizados em conformidade com a lei, foi possível constatar, no Curso Normal da “Escola Normal Livre Nossa Senhora Auxiliadora”, uma tendência de acoplar ao rol das disciplinas de caráter pedagógico, sobretudo nas de Fundamentos da Educação, obras de autores ligados ao catolicismo, como Leonel França, padre jesuíta, Madre Francisca Peeters, religiosa da Congregação de Santo André, e Everardo Backhauser, um defensor do escolanovismo aos moldes católicos. Entretanto, o mesmo não aconteceu em relação aos livros adotados no Curso Normal da “Escola Normal Oficial”, que buscava seguir a tendência vigente e manter-se fiel aos princípios de laicidade, prerrogativa da legislação do período. A análise desses livros permitiu identificar que até mesmo nos impressos de uso escolar havia diferenças no processo de formação docente entre uma instituição de ensino de natureza leiga e outra católica. Apesar dessas diferenças, os livros das disciplinas pedagógicas de ambas as instituições contribuíram para a circulação e recomendações de saberes, que se tornaram essenciais para o ensino normal da época.
PALAVRAS-CHAVE: LIVROS, ESCOLAS NORMAIS, FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRIMÁRIOS

 

TÍTULO: A LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA: REVENDO CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS PARA “TRANSVER” A AÇÃO DOCENTE E AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA.
AUTOR(ES): ALESSANDRA RODRIGUES LUZ
RESUMO:
Este artigo parte da seguinte indagação: de que forma a construção histórica da língua portuguesa, como língua oficial do Brasil, serviu aos interesses de dominação da colonização européia e se reflete hodiernamente nas práticas de leitura e escrita na instituição escolar? Desenvolvemos a questão contextualizando-a historicamente e associando o episódio colonizador às constatações atuais do que se considera um fracasso da escola em levar os estudantes ao domínio efetivo dessas práticas sociais (ler e escrever). Legitimando e ‘oficializando’ apenas o ‘seu jeito’ de entender o mundo e utilizar a língua, o colonizador não apenas deixou de reconhecer as culturas indígenas, seus falares e fazeres como fundantes de nossa cultura, como também promoveu ou pelo menos tentou realizar, o extermínio sistemático dessas línguas como ferramenta de dominação. Além do aspecto político de tal atitude, há que se considerar a concepção de língua (até certo ponto alienante e empobrecedora) que perpassa esse tipo de conduta e orientou, sozinha, por mais de 300 anos, o trabalho escolar. Parece que o peso desses anos ainda cai sobre os ombros da instituição escolar e dos professores. E, por isso, ainda hoje, a concepção discursiva está longe de orientar efetivamente as práticas pedagógicas na maioria das escolas brasileiras. Nesse sentido, é fundamental “rever” e refletir sobre os processos históricos vinculados à construção da língua oficial a fim de que a ação docente possa ser consciente e libertadora; pois será (como sempre o foi) decisiva para que as práticas de leitura e escrita na escola ultrapassem os altos muros escolares e a repetição de modelos para possibilitarem um “transver” do mundo e resultarem numa produção criativa, ciente de sua função histórica enquanto enunciação, discurso, cultura.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA E ESCRITA ESCOLARES, CONSTRUÇÃO HISTÓRICA, AÇÃO DOCENTE

 

TÍTULO: LIVROS DE LEITURA DE FELISBERTO DE CARVALHO E MARIO DA VEIGA CABRAL: USOS E SIGNIFICADOS
AUTOR(ES): ALEXANDRA LIMA DA SILVA
RESUMO:
A investigação dos livros de leitura de Felisberto de Carvalho e Mario da Veiga Cabral, procura indicar seus prováveis usos, pensando aqui na sua utilização na escola, em casa e em diferentes ambientes e diferentes temporalidades, eis o que objetiva o presente trabalho. Neste sentido, quais as linguagens presentes neles? Que conteúdos e valores procuram ensinar? Por qu~ê ensinar noções gerais nestes livros? A quem se destinam?Para tanto, procura analisar as trajetórias destes dois autores, em especial, pensando os significados da escrita de livros de leitura para os mesmos. Felisberto de Carvalho nasceu em 1850 e, além de professor, jornalista e músico, foi autor de inúmeros livros didáticos. Mesmo após seu falecimento, em 1898, seus livros foram reeditados, sendo utilizado por mais de 70 anos. Por seu turno, Mario da Veiga Cabral nasceu em 1894 e faleceu em 1969. Engenheiro agrimensor e geógrafo foi, também, professor no Ginásio 28 de Setembro, no Liceu Rio Branco e no Instituto de Educação e autor de livros didáticos referentes à Geografia e História do Brasil. Assim como os livros de Felisberto de Carvalho, seus livros didáticos alcançaram marcas significativas em relação à longevidade, atingindo, algumas vezes, após sucessivas reedições, 100 mil exemplares. Neste sentido, cabe-nos interrogar: quais os significados da “longa duração” destes livros? Com isto, inserimos a escrita de tais livros no âmbito da expansão da “cultura letrada” e da “cultura escolar“, pensando o livro de leitura não como um objeto estanque, mas em suas relações e articulações no interior das relações sociais que o produziram, onde o domínio da leitura valia muito para os sujeitos históricos em questão.
PALAVRAS-CHAVE: LIVROS DE LEITURA, CULTURA LETRADA, CULTURA ESCOLAR

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 2
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: A LEITURA NAS SALAS DE AULA VIRTUAIS
AUTOR(ES): ALIETE GOMES CARNEIRO ROSA
RESUMO:
A história da leitura nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) tem mostrado que esta é uma atividade muito pouco olhada do ponto de vista de sua orientação, sistematização e preocupação com as práticas que a envolvem. O que se faz quando se trata da leitura nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA)? Como tem sido tratada a leitura nesses ambientes? Estas são questões levantadas em pesquisa preliminar sobre leitura em AVA. O que se quer é observar os percursos da história da leitura em ambientes virtuais, a fim de que se compreenda o que querem os professores quando pedem aos seus alunos que leiam os textos e o que os alunos fazem com os textos que lêem nesses ambientes de aprendizagem. Compreender o papel da leitura, aqui, aponta para perspectivas de futuros leitores. Considerando-se que textos produzem significados e constroem identidades por intermédio da linguagem, investigar a leitura nas aulas de cursos virtuais significa ter um olhar sobre os gêneros textuais (Marcuschi, 2002; Schneuwly e Dolz, 2004), sobre as questões de suportes e circulação de texto (Possenti, 2001), sobre os sujeitos e a mediação das novas tecnologias empregadas pela mídia (Rubim, 2000) e sobre a lógica sequencial da leitura nos ambientes virtuais (Braga e Ricarte, 2005). Assim, essa pesquisa abarca conhecimentos e relações dos sujeitos com a leitura e dialoga com o papel do ensino em ambientes não presenciais.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, AMBIENTE VIRTUAL, ENSINO

TÍTULO: ALFABETIZAÇÃO: A DESMETODIZAÇÃO DO ENSINO DA LÍNGUA MATERNA E AS REDEFINIÇÕES EDUCACIONAIS NA DÉCADA DE 1980
AUTOR(ES): ALINE ROBERTA TACON DAMBROS, MICHELE JULIANA DE CARLI ANSELMO DA SILVA
RESUMO:
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de desmetodização da alfabetização, ocorrido na década de 1980, bem como as modificações resultadas no âmbito educacional. Para tanto nos pautaremos, principalmente, no trabalho de investigação histórica de Maria do Rosário Longo Mortatti (2000), no qual designa o referido momento como “Alfabetização: Construtivismo e desmetodização“, retratando um período de redemocratização, no que tange a novas tematizações, concretizações e normalizações sociais e educacionais.Para a autora, o referido momento, tratou-se de um período de revolução conceitual fundamentada no paradigma de ensino-aprendizagem de Emilia Ferreiro, uma vez que se almejava superar uma visão de ensino subordinada ao nível de maturidade das crianças, quantificadas pelos Testes ABC, de Lourenço Filho, bem como o uso irrestrito das cartilhas sintéticas e analíticas. Frente a um quadro de novas normatizações e concretizações, difundiu-se também no Brasil, a teoria Construtivista, como embasamento teórico dos pressupostos de Ferreiro. Essa proposta nasce com intuito de erradicar fracasso escolar e o analfabetismo, por meio, de uma escola pautada no princípio da democracia e da implantação do ciclo básico de alfabetização. Em síntese, percebe-se que as discussões e novas práticas relativas ao ato de alfabetizar, contribuíram para o avanço significativo do tema em relação a sua profundidade e também a formação dos professores. O próprio conceito de alfabetização ampliou-se, com os estudos de Magda Soares na temática do letramento escolar, isto é, a importância do uso social e cultural da escrita e da leitura, enquanto habilidade que ultrapassa o mecanismo de codificação e decodificação da língua materna.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, ALFABETIZAÇÃO, METODOS DE ENSINO

 

TÍTULO: O DEBATE POLÍTICO PELA SEPARAÇÃO DOS PODERES E A EDUCAÇÃO SOB A PERSPECTIVA DE GUILHERME DE OCKHAM
AUTOR(ES): ALINE ROMERO DA SILVA
RESUMO:
A Escolástica foi a base teórica do mundo medievo. A partir dela, os homens, especialmente os intelectuais, construíram uma explicação mental de suas existências (OLIVEIRA, 2005). Embora esta corrente tenha se desenvolvido ao longo de toda a Idade Média, o seu ápice ocorreu em torno do século XI juntamente com o renascimento do comércio e das cidades e com o surgimento das Universidades. Durante este período, os poderes eclesiástico e laico caminharam juntos, de modo que, para os intelectuais escolásticos, fé e razão eram fundamentais para o progresso do ser humano. Em meados do século XIII e XIV, desenvolveu-se na Igreja uma teoria hierocrática afirmando que o Papa estava revestido de poderes supremos. Neste momento, dentre os autores que se destacaram temos o franciscano Guilherme de Ockham que discute a separação dos poderes em sua obra “Brevilóquio“. Nela, o autor argumenta e defende a idéia de que o Papa não pode ter a supremacia sobre o poder temporal. Assim, neste texto, estudamos este debate político pela separação dos poderes sob a perspectiva de Ockham, demonstrando como esse debate interfere diretamente na construção educativa dos sujeitos, especialmente no que diz respeito à suas liberdade e autonomia, ressaltando a importância da produção de conhecimento na formação docente
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO , ESCOLÁSTICA, FORMAÇÃO DOCENTE

 

TÍTULO: LEITURA E LEITORES – PROCESSOS HISTÓRICOS E JOVENS MODERNOS.
AUTOR(ES): ANA CAROLINA SIQUEIRA VELOSO
RESUMO:
Leitura, literatura, livros são vocábulos amplamente disseminados na sociedade contemporânea. Inculcam valores, modelam sujeitos de modo quase imperceptível. Esquecemos, na era da globalização, que práticas que hoje são consideradas normais e até banalizadas nem sempre existiram. Concebendo a leitura como prática histórica, cultural e social e em diálogo com estudiosos que desenvolvem pesquisas relacionadas à história da leitura, como Chartier (1996, 2003, 2004) e Darnton (1986, 1992, 1995), este trabalho busca investigar representações em torno de práticas de leitura que foram se modificando ao longo da história, a ponto de serem consideradas hoje como ações. Outro objeto a ser estudado é a juventude e o que diz respeito a essa categoria social. Conforme adverte Groppo (2000), podemos percebê-la como grupo social autônomo, com forte influência nas sociedades contemporâneas. Assim, para analisar os dados obtidos a partir da aplicação dos questionários referentes à pesquisa “A Leitura dos Jovens: Concepções e Práticas“ (UERJ/CNPQ), da qual faço parte, fez-se necessário uma breve incursão na história sobre a trajetória das práticas de leitura desde as sociedades ocidentais modernas até o cenário social estudado. Esse processo de reflexão tornou possível o levantamento de hipóteses, como, por exemplo, de que esses jovens não tenham “coragem” de se afirmarem leitores e de que suas idéias de interdição, associadas à “qualidade” dos livros e à formação do leitor ideal, sejam reproduções veladas de concepções históricas disseminadas nas instituições escolares.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, JUVENTUDE, ESCOLA

 

TÍTULO: O ENSINO DE LEITURA NO LICEU MARANHENSE: HISTÓRIA, REPRESENTAÇÕES E PRÁTICAS.
AUTOR(ES): ANA CRISTINA CHAMPOUDRY NASCIMENTO DA SILVA
RESUMO:
O trabalho apresentado é parte de uma proposta de investigação sobre o percurso histórico do ensino de leitura, no contexto do Liceu Maranhense, escola pública estadual, localizada em São Luís, no Estado do Maranhão. Pretende-se investigar de que forma se caracterizou o ensino de leitura nesta escola, traçando um percurso histórico a partir de sua fundação, no século XIX e, também, entre os anos de 1970 a 1998 (período de reformas educacionais e curriculares), no contexto da organização curricular da disciplina de Língua Portuguesa. Parte-se de uma fundamentação de base teórica em que a leitura é entendida como prática cultural defendida por Roger Chartier, associada às perspectivas discursivas de Mikail Bakthin e do ensino e aprendizagem como mediação cultural. Em termos metodológicos, a presente investigação constitui-se em um estudo de caráter historiográfico, a partir da análise de documentos que orientaram o ensino de Língua Portuguesa, nos períodos demarcados, bem como a influência destes sobre os materiais didáticos utilizados pelos docentes. Dessa forma, acredita-se que tal investigação possui relevância teórica e social, tendo em vista que a fundamentação teórica e os resultados obtidos poderão suscitar reflexões e elaborar recomendações que contribuirão para um trabalho educativo que se comprometa com a formação de leitores, na perspectiva do ensino e da aprendizagem de leitura, entendida como prática social escolarizada.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, HISTÓRIA, ENSINO

 


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 3
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: CADERNOS ESCOLARES: RETRATO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO NA CONSTRUÇÃO DE SABERES DA CULTURA ESCRITA EM MATO GROSSO
AUTOR(ES): ANA LÚCIA NUNES DA CUNHA VILELA, TACIANA MIRNA SAMBRANO
RESUMO:
A presente comunicação, inserida no projeto de pesquisa“Memória da Cultura Escolar Matogrossense: ensino primário, práticas de leitura e de escrita em grupos escolares, escolas reunidas e isoladas (1910 - 1970)“, desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Alfabetização e Letramento Escolar - ALFALE, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), busca contribuir para a construção de uma história de alfabetização no estado de Mato Grosso. Utilizando os procedimentos da pesquisa de fundo histórico, especialmente da História Cultural, optamos por fazer um recorte através da análise de cadernos escolares da primeira série do ensino primário na década de 1960.O material analisado constituí-se em documentos escolares de registro das atividades realizadas durante as aulas e, portanto, testemunhos insubstituíveis das práticas pedagógicas e das atividades propostas aos alunos na apropriação da linguagem escrita.Os cadernos escolares, por sua fragilidade, têm sido pouco utilizados e explorados como fonte histórica, mas constituem-se em uma fonte emblemática, interessante e reveladora da cultura escrita visada pela escola no período estudado. O material analisado, complementado com outros documentos históricos e fontes orais, traz relevantes contribuições para a compreensão de aspectos da alfabetização de crianças em meados do século XX e representam a concretização dos fundamentos da prática pedagógica realizada refletindo a relação da escola com a cultura escrita, a hierarquia dos saberes trabalhados e as práticas de escrita.
PALAVRAS-CHAVE: CADERNOS ESCOLARES, CULTURA ESCRITA, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

 

TÍTULO: MULHERES E MEMÓRIA: NARRATIVAS BIOGRÁFICAS NA FORMAÇÃO DO SER LEITOR
AUTOR(ES): ANAÍRIS FEIRENSE DE CASTRORAMOS
RESUMO:
Esse é um estudo de histórias de leitura que visa compreender a influência das representações cristalizadas de leitura influenciam o processo identitário das mulheres enquanto leitoras. Como defende Márcia Abreu (2002) “... é necessário ampliar os estudos do livro e da leitura para além do círculo restrito das obras consagradas ou das imagens que nelas se faz de livros e leituras“. A pretenção é fundamentar este estudo com os pressupostos da História Cultural, associada sobretudo a Chartier (1990), que identifica “]...] o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada e dada a ler“ (CHARTIER, 1990,p.16-17). Chartier (2001) procura examinar as condições possíveis para uma história das práticas de leitura. A intenção e também fundamentar esta pesquisa com idéias de Josso (2004) e Souza (2006), em relação aos estudos (auto) biográficos. A Abordagem (Auto) Biográfica, enquanto metodologia, tem sido muito utilizada nas áreas das Ciências Humanas. Souza (2006), explica a utilização das biografias e das autobiografias, concebendo a educação como construção cotidiana e sócio-histórica das narrativas pessoais e sociais, pois o “cotidiano humano é sobremaneira, marcado pela troca de experiências, pelas narrativas que ouvimos e que falamos, pelas formas como contamos as histórias vividas“ (SOUZA, 2006,p.136). Para tanto sigo também o posicionamento de Josso (2004), quando destaca o ponto de vista do ‘sujeito aprendente’, considerando que formar-se é “ integrar-se numa prática o saber-fazer e os conhecimentos ...]. Aprender designa, então, mais especificamente, o próprio processo de integração“ (JOSSO, 2004, p.39). Na observação desse processo durante o desenvolvimento deste trabalho, as mulheres que farão parte do estudo serão reconhecidas como sujeitos aprendizes como de fato são, principalmente dentro do contexto histórico, social, cultural que fazem parte as suas histórias de vida e do viés teórico-metodológico adotado.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIAS DE LEITURA, (AUTO) BIOGRAFIAS, MULHERES

TÍTULO: POR MARES JÁ OUTRORA NAVEGADOS: CAMINHOS DA POÉTICA POPULAR CORDELINA
AUTOR(ES): ANDERSON FÁVERO RODRIGUES
RESUMO:
Se a mistura é o espírito, como dizia Paul Valéry, e a cultura é a morada do espírito, então cultura é mistura. Diante dessa premissa, o presente trabalho tem por intenção propor uma reflexão acerca de um mix cultural, um “amálgama” que fora quesito essencial de fomento a um dos gêneros da literatura popular de maior incidência ou recorrência no Nordeste brasileiro: o cordel, a arte de contar histórias em versos. Produzidos por poetas e cantados por repentistas (nossos menestréis tupiniquins), os folhetos de cordel – forma com a qual alcançaram sua plenitude – são verdadeiras fontes de informação e entretenimento, cantadas e recantadas em versos e rimas de fácil comunicação, fator responsável pela sua permanência no tempo e na atualidade, bem como pela sua repercussão nas ruas, em feiras e até mesmo em ambientes acadêmico-literários. No fantástico universo dos barbantes e folhetos, tudo o que pode ser narrado ou cantado pode ser escrito na forma de cordel. Notícias, tradições, “causos“ verdadeiros ou inventados, histórias de grandes personalidades, enfim, um sem-fim de fecundas possibilidades que abrangem todos os sentidos do imaginário popular. Visceralmente vibrante e indubitavelmente curiosa: assim é a literatura cordelina. Nada melhor e mais agradável do que conhecer a opinião do poeta-cantador sobre o mundo por meio dos folhetos; mundo esse, que cabe num cordel, dentro de suas páginas, no seio de suas rimas, nas vozes vibrantes que nos guiam, e que transcende os fios literários que nos entrelaçam.
PALAVRAS-CHAVE: CORDEL, CULTURA, POESIA

 

TÍTULO: AS ESTRATÉGIAS EDITORIAIS DE MONTEIRO LOBATO NO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DA OBRA ORLANDO FURIOSO PARA O PÚBLICO INFANTIL
AUTOR(ES): ANDRE APARECIDO GARCIA
RESUMO:
Minha pesquisa busca discorrer sobre o ambiente histórico e social em que aparece a primeira edição do Orlando Furioso, mas também a criação e circulação desta (obra Orlando Furioso) pelos países da Europa (Itália, França, Inglaterra, Espanha e Portugal) e no Brasil. Recuperei as principais edições que circularam na Europa e no Brasil durante os séculos XIX e XX. Observei, também, quais estratégias editoriais que foram usadas para atrair o público leitor. Depois de feito o levantamento, fiz uma análise comparativa das intervenções realizadas pelos diferentes editores e tradutores. Essa primeira parte tem como finalidade aproximar o escritor Monteiro Lobato da obra Orlando Furioso, já que Lobato realizou no corpus textual da obra Orlando Furioso, traduzida por Xavier da Cunha, no ano de 1895, na cidade de Lisboa – Portugal – intervenções lingüísticas e editoriais. Essas intervenções, vestígios e marcas que próprio punho de Lobato deixou no texto de Xavier da Cunha, indica-nos que Lobato colocou em prática o desejo de editar o Orlando Furioso para o público infantil, conforme havia anunciado na obra Dom Quixote para as Crianças. Diante dessas intervenções editoriais de Lobato, pergunto: Que tipo de intervenções Lobato faz? Por que essas e não outras? Que representação de leitor infantil orienta as intervenções que Lobato faz? Que representação de obra infantil Lobato parece ter? Que marcas editoriais um texto deve apresentar quando é modificado para o público infantil? Para compreender essas minhas indagações dialogo especialmente com Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Michel de Certeau, Robert Darton e outros que compõem o meu aparato teórico.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, LIVRO, MONTEIRO LOBATO

TÍTULO: IDENTIDADE E LÍNGUA NACIONAL. COMENTÁRIOS ACERCA DA PRODUÇÃO DE ESTRANGEIROS NA ESCOLA.
AUTOR(ES): ANDREA BERENBLUM
RESUMO:
O presente trabalho pretende estabelecer algumas relações entre a experiência de estrangeiro e certos aspectos dos fenômenos lingüísticos, especificamente o da variação lingüística e o da legitimação das línguas nacionais. Partindo de resultados obtidos em duas pesquisas, o texto aborda os processos históricos que deram origem à construção simbólica da identidade nacional e o papel das línguas nacionais e dos sistemas nacionais de educação nessa construção. Neste sentido, o trabalho analisa os aspectos que tornaram o sentimento nacional um elemento fundamental na formação da identidade nacional. Para tal, a partir de literatura que aborda essa problemática de uma perspectiva histórica, realizamos o movimento de procurar na história a construção do sentimento de nacionalidade por meio da língua como seu símbolo mais visível. O processo de construção da identidade está sempre ligado a um outro, que pode servir tanto para nos identificarmos quanto para nos distinguirmos dele. É nesse sentido que consideramos que a condição de estrangeiro pode ser muito produtiva para pensarmos acerca dos processos que levam às pessoas a considerarem as línguas estrangeiras e suas culturas como superiores e lutam para defendê-las, preservá-las e conservá-las puras e imutáveis. É através da lente do estrangeiro, do “outro”, que pretendemos refletir acerca das particularidades dos processos de silenciamento, de produção de estrangeiros e negação de múltiplas identidades no âmbito escolar. Com esse objetivo propomo-nos a realizar uma viagem ao passado que nos ajude a compreender e questionar o presente, desconstruindo a aparente naturalidade com que esses processos são concebidos principalmente no âmbito educacional. Por último, pretendemos apontar alguns elementos que contribuam para a elaboração de novas pesquisas e reflexões sobre o papel da escola nos processos de transmissão e produção cultural na atual conjuntura.
PALAVRAS-CHAVE: LÍNGUA NACIONAL, IDENTIDADE NACIONAL, SISTEMAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 4
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: MEMÓRIAS DE LEITURA DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA - O PROFESSOR-LEITOR E FORMADOR DE LEITORES
AUTOR(ES): ANDREIA REGINA SARMENTO
RESUMO:
No âmbito acadêmico as questões acerca da formação de professores tem sido tema constante em diversas áreas, inclusive em Lingüística Aplicada. O professor de língua materna desempenha um papel fundamental na formação de leitores e escritores, dado que o ensino da leitura e escrita tem se mostrado ainda um desafio, fato confirmado atraves dos resultados publicados pelos indicadores de desempenho que avaliam a qualidade de ensino nas escolas brasileiras (INAF e SAEB). Esta pesquisa faz parte de um trabalho de mestrado, em andamento, e objetiva apresentar uma análise dialógica do discurso de professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental, tomando como base os relatos dos sujeitos-pesquisados sobre suas memórias de leitura. É realizado o entrecruzamento dos discursos dos professores entrevistados e os discursos em circulação, além do discurso presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). A fundamentação teórica insere-se numa visão bakhtiniana da linguagem e que propõe a necessidade de se considerar a língua como uma atividade social; diferentes concepções de leitura de alguns estudiosos contemporâneos e nos estudos do letramento de Barton(1994), Street (1984), Kleiman (1995/2007) e Soares(2008). Acredita-se que tal pesquisa é relevante, pois pode trazer contribuições para o campo de formação de professores de língua, já que conhecendo melhor esses profissionais e os percursos de letramento que compõe sua formação de sujeitos-leitores é possível favorecer uma maior aproximação entre os professores e a universidade e, consequentemente, a construção de um diálogo maior entre a academia e os profissionais que atuam no ensino.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, MEMÓRIAS DE LEITURA , FORMAÇÃO DE PROFESSORES

TÍTULO: A LITERATURA NO CURSO COLEGIAL (1943-1971): LEITURA DOS PROGRAMAS, PROGRAMAS DE LEITURA
AUTOR(ES): ANDRÉ BARBOSA DE MACEDO
RESUMO:
O objetivo da comunicação é abordar, incipientemente, as especificações quanto ao ensino de literatura nos programas destinados à disciplina de Língua Portuguesa no segundo ciclo do curso secundário, ou seja, no curso colegial. Nesse sentido, procuramos compreender a unidade legalmente concebida para a disciplina nos cursos ginasial e colegial, as finalidades do ensino de Literatura e as transformações e permanências na vulgata dos conteúdos de Literatura na disciplina de Língua Portuguesa — valemo-nos, nesse ponto, das proposições de André Chervel (1990), Circe Bittencourt (2008, 2004, 2003, 1993), Jean-Claude Forquin (1992) e Ivor Goodson (1997, 1995, 1991). Nessa abordagem, atentamos para as instâncias e o modo de elaboração dos programas. Num primeiro momento, foram elaborados em âmbito federal pelo Ministério da Educação e Saúde (M.E.S.), o programa de 1943, e pela Congregação do Colégio Pedro II, o programa de 1951. Num segundo momento, posterior à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, foi iniciado um processo de descentralização, possibilitando a elaboração de programas aos estabelecimentos particulares de ensino, aos autores de livros didáticos e aos governos estaduais. Atentamos, também, para aproximações e distanciamentos no tocante às mudanças paradigmáticas que ocorriam no campo da literatura, valendo-nos das considerações de Alfredo Bosi (2000), Wilson Martins (2004), Benedito Nunes (2000) e Flora Sussekind (2002).
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA, ENSINO, CURSO COLEGIAL

 

TÍTULO: O ATO DA LEITURA NA OBRA DE JONATHAS SERRANO
AUTOR(ES): ANDRÉ LUIZ PAULILO
RESUMO:
O texto analisa o modo como Jonathas Serrano, educador carioca com intensa atividade nos anos 1910 e 1920, analisa as funções da leitura e o modo de ler no início do século XX. Para isso foram pesquisados dois manuscritos do autor localizados no acervo do Arquivo Nacional: “A arte da palavra“ e os esboços do “Programa do curso de português“. A partir deles proponho-me a tecer algumas reflexões acerca do ensino de leitura nas escolas cariocas das primeiras décadas do século passado. São dois os momentos da pesquisa. Inicialmente, o estudo da maneira como as funções e os modos sociais organizam o ensino escolar da leitura e, depois, os processos escolares pensados para efetivar uma determinada disciplina de expressão e compreensão no leitor. Tem-se, com isso, a preocupação voltada para uma história social da leitura. Como indicam as contribuições de Roger Chartier ao campo historiográfico, trata-se de pensar as relações entre a liberdade que possuem os leitores frente aos textos e os condicionantes que procuram detê-la. Nesse sentido, o texto reorganiza as preocupações de Jonathas Serrano acerca da leitura a partir de sua relação com os processos de educação do aluno. Para isso, o texto opera a partir de três subdivisões. A primeira procura dar conta da compreensão que Jonathas Serrano teve das práticas de leitura observadas no ambiente escolar e das proposições que apresenta para corrigir seus defeitos. Segue-se uma segunda parte na qual é dada ênfase particular às considerações sobre a leitura em voz alta, assunto minuciosamente discutido por Serrano em “A arte da palavra“. E, finalmente, concluí-se com algumas considerações acerca do papel que o pensamento pedagógico desse autor desempenhou na articulação das estratégias de conformação da leitura ao contexto de sociabilidade da época.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, ENSINO DA LEITURA, PROCESSOS EDUCATIVOS

 

TÍTULO: O LUGAR DOS MANUAIS E PROGRAMAS DE ENSINO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES NOS INSTITUTOS DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO (1933-1975)
AUTOR(ES): ANDRÉIA CRISTINA FREGATE BARALDI LABEGALINI
RESUMO:
Esta comunicação pretende apresentar resultados de pesquisa de doutorado, concluída no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista (UNESP/Marília), em 2005, vinculada ao Projeto Integrado de Pesquisa “Ensino de Língua e Literatura no Brasil: repertório documental republicano“, e ao Grupo de Pesquisa “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil, ambos coordenados pela professora Drª Maria do Rosário Longo Mortatti. Mediante recuperação, reunião, seleção, ordenação e análise de fontes documentais e bibliografia especializada, objetivou-se compreender como ocorria a formação de professores alfabetizadores nos Institutos de Educação do Estado de São Paulo. Os resultados comprovam a importância dos manuais de ensino e dos Programas de Ensino que circularam no meio educacional durante o período estudado (1933-1975), direcionando a formação pedagógica pretendida. Tais documentos são representativos da disseminação de idéias escolanovistas que prevaleciam ao longo do momento histórico do funcionamento dos Institutos de Educação do Estado de São Paulo. No decorrer da pesquisa, bibliotecas de alguns antigos Institutos de Educação foram visitadas e em algumas delas os manuais citados neste texto ainda foram localizados, juntamente com registros de empréstimos de livros. O texto poderá contribuir para o alargamento dos conhecimentos sobre a formação do professor alfabetizador no Brasil, e, em decorrência, para uma melhor compreensão dos problemas que hoje se enfrentam nesse campo.(CAPES)
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES, MANUAIS E PROGRAMAS DE ENSINO, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: HISTÓRIA DE LEITURA: IDENTIDADE E ESCRITA DE SI EM MEMORIAIS DE PROFESSORES
AUTOR(ES): ANGELA DERLISE STÜBE NETTO
RESUMO:
Neste trabalho, nós nos propomos a analisar textos de professores, nos quais se discute as representações a respeito de leitura e narram suas histórias como leitores. Partimos do pressuposto que o discurso do sujeito é sempre constituído segundo determinadas condições de produção, que consignam os efeitos de sentidos, a partir de sua inscrição na história e na linguagem. Nessa perspectiva, os sentidos estão sempre à deriva e em constante movimento, gerando mexidas nos processos identificatórios do sujeito. Ao escrever e ( re)visitar sua história de leitura, o professor (re)significa e pode ocupar outras posições sobre a leitura e sobre si. Entendemos, então, que o lugar da escritura se instaura como lugar psíquico de constituição de subjetividade e de identidade, estando em constante fluxo, sujeita a ressignificações e constitutivamente heterogênea. Em termos metodológicos, solicitamos a cinco professores de educação básica que narrassem, por escrito, suas lembranças sobre como aprenderam a ler e o papel que a leitura exerceu em seu percurso de formação pessoal. Nas análises, percebemos que nas narrativas os professores colocam em funcionamento as imagens de si e as imagens do outro, as quais acabam por afetar a sua – ilusória - constituição identitária. O referencial teórico em que se apóia esta pesquisa, situa-se numa perspectiva discursiva que dialoga com alguns conceitos psicanalíticos e algumas noções propostas pela desconstrução, o que permite problematizarmos a prática discursiva do sujeito, sempre cindido e em constante movimento. A interface que buscamos nessas teorias é compreender o sujeito na sua heterogeneidade e na sua contradição inerente, como também as determinações histórico-sociais e culturais - permeadas pelo desejo e pelo inconsciente – que lhe são próprias.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DE LEITURA, IDENTIDADE, FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 5
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: FRANCISCO FURTADO MENDES VIANNA ([187-]-1935) E O ENSINO DA LEITURA PELO MÉTODO ANALÍTICO
AUTOR(ES): ANGÉLICA PALL ORIANI
RESUMO:
Nesta comunicação, apresentam-se resultados parciais de pesquisa do Porgrama de Mestrado em Educação (Bolsa CNPq), vinculada às linhas de pesquisa: “Alfabetização“ e “Ensino de língua portuguesa“ do Gphellb — Grupo de Pesquisa “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil”, coordenado por Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil e para a compreensão de um importante momento na história do ensino de leitura e escrita, enfoca-se a bibliografia de e sobre o professor, formado pela Escola Normal de São Paulo, Francisco Furtado Mendes Vianna ([187-]-1935). Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais e de leitura da bibliografia especializada sobre o tema, vem-se elaborando um instrumento de pesquisa, no qual contém até o momento 148 referências, dentre as quais 66 são de textos escritos por Francisco Vianna, publicados entre os anos de 1902 e 1945, considerando-se as diferentes edições de um mesmo título e 82 são textos de outros autores que contém menções a esse professor e sua atuação profissional, publicados entre os anos de 1904 e 2008. A análise preliminar das referências localizadas, recuperadas e reunidas, até o momento, propiciou constatar: a atuação representativa desse professor no âmbito da produção didática para o ensino da leitura e escrita por meio do método analítico; a utilização de livros didáticos de sua autoria, durante mais de três décadas, em vários estados brasileiros, como, por exemplo, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Santa Catarina; e a ausência de estudos pontuais a respeito da atuação e da produção didática desse professor, apesar do reconhecimento da importância de sua produção didática por parte de pesquisadores brasileiros.
PALAVRAS-CHAVE: FRANCISCO FURTADO MENDES VIANNA, ENSINO DA LEITURA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: ASSOCIAÇÃO DOS ALUNOS DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DA CAPITAL: O PERIÓDICO O ESTIMULO
AUTOR(ES): ÁUREA ESTEVES SERRA
RESUMO:
O presente trabalho é resultante da pesquisa de doutorado,que está em andamento, e tem como objetivo apresentar o periódico “O Estimulo“, publicado pelos normalistas da Associação dos Alunos da Escola Normal Secundária da Capital, São Paulo, no período de 1906 a 1927. Para a análise das fontes há a compreensão de que todo impresso carrega consigo uma dupla característica: a sua materialidade e o texto em si. Segundo Carvalho (1998), “[...] trabalhando com as representações que agentes determinados fazem de si mesmos, de suas práticas, dos outros agentes, de instituições – como a escola – e dos processos que as constituem” (p. 33), é possível historicizar a linguagem das fontes, originando novos temas de pesquisa que privilegiam os sujeitos envolvidos e as práticas culturais. Para tanto, se procede à análise da materialidade presentes nos exemplares levando em consideração os dispositivos tipográficos. O Estimulo, Órgão dos Normalistas da Escola Normal Secundária da Capital é uma publicação de iniciativa estudantil que trata das questões educativas e particularmente as que envolvem a escola Normal, questões estas que contam com o apoio de alguns professores. Muitos são os temas abordados nessa revista, os que mais se destacam são: problemas administrativos do ensino; edifícios escolares; missão educativa dos professores; questões pedagógicas e profissionais, entre outros. Os resultados obtidos vêm confirmar que esse periódico apresenta um elenco de indicadores, como sugestões para qualquer que seja a organização dele em instrumentos de dados. Um estudo relevante para a compreensão da importância do uso dos impressos que se dá pela materialidade dos processos de produção, circulação, imposição e apropriação dos saberes pedagógicos. Assim, com o mapeamento do periódico em questão e a análise de alguns artigos busca-se verificar como acontecia o ensino e as práticas escolares quanto a formação de professores.
PALAVRAS-CHAVE: ASSOCIAÇÃO, PERIÓDICO, FORMAÇÃO

 

TÍTULO: O PIONEIRISMO DE THEODORO DE MORAES (1877-1956) NO ENSINO DA LEITURA NO BRASIL
AUTOR(ES): BÁRBARA CORTELLA PEREIRA
RESUMO:
Neste texto, apresentam-se os resultados de pesquisa de Mestrado em Educação vinculada às linhas “Alfabetização” e “Ensino de Língua Portuguesa”, do Grupo de Pesquisa e do Projeto Integrado de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”, ambos coordenados por Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil e para a compreensão de um importante momento da história do ensino da leitura e escrita em nosso país, focaliza-se a proposta para o ensino da leitura pelo método analítico defendida pelo professor paulista Theodoro Jeronymo Rodrigues de Moraes (1877-1956), conforme apresentada nos seguintes textos de sua autoria: o livreto “A leitura analytica“ (1909), o documento oficial intitulado “Como ensinar leitura e linguagem nos diversos annos do curso preliminar“ (1911) e os seguintes livros didáticos destinados ao ensino da leitura a crianças: Meu livro: primeiras leituras de accôrdo com o methodo analytico (1909), Meu livro: segundas leituras de accôrdo com o methodo analytico (1910?), Sei lêr: leituras intermediárias (1928), Sei lêr: primeiro livro (1928) e Sei lêr: segundo livro (1930). Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica desenvolvida por meio da utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais e de leitura da bibliografia especializada sobre o tema, analisou-se a configuração textual de cada um desses textos, na qual consistiu em enfocar os diferentes aspectos constitutivos de seus sentidos. Essa análise possibilitou constatar que a intensa atuação profissional e produção escrita de Theodoro de Moraes representam seu pioneirismo na defesa do método analítico, com o objetivo de conferir cientificidade, uniformidade e eficiência ao ensino da leitura, nas primeiras décadas do século XX, tendo influenciado gerações de educadores e alunos até, pelo menos, a década de 1950, no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: THEODORO DE MORAES, MÉTODO ANALÍTICO PARA O ENSINO DA LEITURA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: POLÍTICA DE PRODUÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO NO AMAZONAS NO FINAL DO SÉCULO XIX: O PATROCÍNIO E AS CONDIÇÕES TÉCNICAS PARA SUA PRODUÇÃO
AUTOR(ES): CARLOS HUMBERTO ALVES CORRÊA
RESUMO:
Estudos realizados por Escolano Benito (1997) e Choppin (2004) ajudam a reconhecer as especificidades das etapas que marcam a vida de um livro escolar. Cada uma dessas etapas pode ser tomada como uma porta de entrada para o exame isolado ou articulado de diferentes facetas de seu ciclo de vida (Darnton,1990). Em meio às inúmeras possibilidades de investigação da história do livro didático, temos os estudos que orientam seu foco de interesse para o segmento da produção desse gênero de livro, analisando, por exemplo, as dimensões autorais, técnicas e materiais que cercam a sua fabricação. Dentro desta perspectiva, este trabalho realiza uma incursão sobre a produção de livros didáticos no Amazonas durante o final do século XIX e início do século XX, evidenciando o papel do Estado no fomento dessa produção e as condições técnicas instaladas em Manaus para a impressão dessa modalidade de impresso. Neste período, observou-se que a adoção de medidas de incentivo para publicação de obras didáticas implementadas pelos governantes locais e a modernização do aparato tipográfico regionais ajudaram a impulsionar o segmento de produção de livros didáticos no estado do Amazonas. As correspondências da instrução pública, os regimentos e regulamentos escolares e o Diário Oficial do Amazonas foram algumas das fontes privilegiadas para a realização deste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DO LIVRO , LIVROS DIDÁTICOS, MANUAIS DIDÁTICOS

 

TÍTULO: ENSINO DA ESCRITA NA ESCOLA PRIMÁRIA: CONTRASTANDO PROPOSIÇÕES DE ORMINDA MARQUES NOS ANOS 30 E LIVROS DIDÁTICOS ATUAIS
AUTOR(ES): CAROLINA MONTEIRO
RESUMO:
O trabalho se inscreve no âmbito de pesquisa que investiga a história das práticas de escrita na escola brasileira. Indaga acerca das mudanças e permanências no ensino da escrita na escola primária, em especial os exercícios de caligrafia. Para tanto, foi realizado um estudo do livro “A Escrita na Escola Primária“, de Orminda Marques (1936), com a intenção de identificar os métodos e as práticas de ensino da escrita na concepção da Escola Nova. Além disso, realizou-se um levantamento junto às principais editoras de livros didáticos a fim de localizar livros de caligrafia de uso na atualidade. Através da análise dos exercícios de caligrafia presentes nesses livros didáticos e das orientações pedagógicas apresentadas nos manuais de professor que os acompanham, o trabalho propõe-se a refletir acerca dos processos para o ensino da escrita, tomando por referência a divisão proposta por Orminda Marques, em quatro grupos principais, a saber: processos empíricos de cópia, processos baseados na transferência da aprendizagem dos movimentos repetidos na escrita, processos baseados na eficácia de um tipo ou modelo de letra e processos de aplicação dos princípios gerais da psicologia da aprendizagem. A autora destaca a caligrafia muscular, pertencente ao último grupo, como sendo o processo mais apropriado para o ensino da escrita por atender de modo mais completo às exigências dos objetivos da escola, quais sejam: legibilidade, velocidade, uniformidade do traçado das letras, apresentação clara e limpa e estilo pessoal na escrita. Neste processo estão inseridas práticas como a utilização de músicas e palmas para marcar o ritmo da escrita, além de desenhos e rabiscos para desenvolvimento da habilidade motora. O estudo vem constatando que tais proposições ainda se fazem presentes no ensino da escrita, especialmente no período de alfabetização nos anos iniciais da escolarização.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, ENSINO DA ESCRITA, CALIGRAFIA

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 6
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: GRACILIANO RAMOS, LEITOR DE GUIMARÃES ROSA
AUTOR(ES): CÁSSIA DOS SANTOS
RESUMO:
Muito comum durante as décadas de 1930 e 1940, os concursos literários ajudaram a tornar conhecidos autores estreantes e a divulgar as obras de outros já consagrados. Promovidos pelas instituições mais variadas, como a Academia Brasileira de Letras, editoras, periódicos e fundações, nem sempre os concursos concediam como prêmio somas em dinheiro, limitando-se, muitas vezes, a somente publicar os textos premiados. A despeito disso, eram bastante disputados, pois, em uma época em que a indústria editorial ainda estava se consolidando, representavam a possibilidade de publicação para escritores que, de outro modo, teriam que bancar do próprio bolso as despesas para o lançamento de seus livros. No ano de 1938, Graciliano Ramos foi convidado pela Livraria José Olympio a compor o júri do concurso Humberto de Campos, que deveria laurear a melhor coletânea de contos inscrita no certame. Lidos os mais de cinquenta títulos recebidos, a comissão julgadora, formada ainda por outros quatro escritores, acabou se dividindo: Graciliano Ramos e Dias da Costa elegeram o livro “Maria perigosa“, do artista gráfico Luís Jardim; Marques Rebelo e Prudente de Moraes Neto escolheram o volume de um autor desconhecido, que se ocultava sob o pseudônimo de Viator. Chamado a dar o “voto de Minerva”, Peregrino Júnior pediu um prazo para reler as obras e, dois dias depois, pronunciou-se em favor de “Maria perigosa“. O caso todo talvez não assumisse maior importância, se o segundo colocado não tivesse sido justamente João Guimarães Rosa, que havia concorrido com os originais que dariam origem a Sagarana. O concurso e seus desdobramentos, que entraram para a história de nossa literatura, são revisitados nessa comunicação, com a qual se pretende, ainda, investigar as razões que levaram Graciliano Ramos a preterir a obra de Guimarães Rosa.
PALAVRAS-CHAVE: GRACILIANO RAMOS, GUIMARÃES ROSA, LITERATURA BRASILEIRA

TÍTULO: O FAST-READER: O FLANEUR DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO.
AUTOR(ES): CLARA ETIENE LIMA DE SOUZA
RESUMO:
O leitor de hoje em nada se parece ao leitor de antes, do tempo em que a leitura realizava-se em silêncio, no espaço da intimidade, no interior dos aposentos. A leitura da vida privada ainda existe, mas o ato de deparar-se corriqueiramente com informações e ter de atribuir sentido às variadas manifestações da linguagem, extrapolou os limites do privado. O homem público que transita pelas ruas é o leitor da contemporaneidade e ele arrisca-se o tempo todo. “O leitor moderno vive em um mundo de signos, está cercado de palavras impressas; no tumulto das cidades, ele se detém para recolher papéis atirados na rua, deseja lê-los”. (PIGLIA:2006) Esse leitor que se adapta à sociedade da informação é um sujeito acelerado que tem pressa e pouco tempo. Suas leituras são, por excelência, lapsos de reflexão descontínuos. A leitura instantânea conduz esse sujeito para a sua realidade momentânea. O fast-reader na maioria das vezes não tem tempo para um romance, não consegue abstrair-se nos versos de um poema, tem dificuldade com as metáforas, mas lê, lê o tempo todo e não pode escolher não ler, porque esta leitura imediata está diretamente relacionada ao consumo, lei maior do capitalismo avançado. A subjetividade desse sujeito encontrará outros caminhos para desenvolver-se (?).
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, FAST-READER, SUBJETIVIDADE

 

TÍTULO: A DISCIPLINARIZAÇÃO DOS PEQUENOS: A INFÂNCIA NOS LIVROS DE LEITURA DE JOÃO KÖPKE (1875-1926)
AUTOR(ES): CLAUDIA PANIZZOLO, MIRIAN JORGE WARDE
RESUMO:
Este trabalho é uma das derivações da pesquisa concluída “João Köpke e a escola republicana: criador de leituras, escritor da modernidade“. Em 1884 João Köpke criou um novo modelo de série graduada, destinada às aulas de leitura corrente, expressiva e suplementar, denominada coleção João Köpke, e depois de Série Rangel Pestana, que foi organizada em seis partes ou seis livros. As páginas dos livros são repletas de um conjunto de valores aos quais o autor recorre constantemente, como: obediência, amor, ordem, trabalho, honra, estudo, respeito aos animais, às plantas e bondade para com os pobres, que refletem um modelo familiar e social a ser seguido. Köpke esteve muito atento em suas lições para disciplinar a alma e o coração dos pequenos, procurando ensinar a todos um código de civilidade, por meio da coerção do corpo e da imposição de normas de comportamento sociável. O objetivo central desta pesquisa é investigar o ideal de infância e criança preconizado nos primeiros livros destinados à criança brasileira, os livros de leitura seriada de João Köpke, editados desde o final do oitocentos até meados do novecentos. Como fontes foram utilizados os livros de leituras morais e instrutivas, tratados e analisados tomando como referência a História Cultural, com enfoque nas representações, procurando assim confrontar as propostas contidas ao longo das inúmeras lições, com as idéias em circulação nesse período histórico. Trata-se de uma pesquisa que soma com os esforços de pensar a infância na história e de compreender as concepções que dela se fez e se faz no processo histórico.
PALAVRAS-CHAVE: INFÂNCIA, LIVROS DE LEITURA, JOÃO KÖPKE

TÍTULO: EDUCAÇÃO E CULTURA POLÍTICA NO CONTEXTO DE REDEMOCRATIZAÇÃO: CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO “OSPB: INTRODUÇÃO À POLÍTICA BRASILEIRA“, DE FREI BETTO
AUTOR(ES): CLEBER SANTOS VIEIRA
RESUMO:
Este trabalho analisa a história dos impressos escolares sobre Organização Social e Política do Brasil (OSPB) publicados no decorrer da década de 1980. Parte-se do pressuposto de que alguns desses manuais articularam-se a um processo mais amplo de crítica à Ditadura Militar e aos episódios que compuseram o cenário da redemocratização: revogação do AI-5, Lei de Anistia, plutripartidarismo, novo sindicalismo, Diretas Já, Colégio Eleitoral, Assembléia Nacional Constituinte, entre outros. Nesse sentido, o período compreendido entre o início da abertura política (1978) até a promulgação da Carta Constitucional de 1988 é analisado pelo eixo das formulações empregadas por André Chervel para a história das disciplinas escolares em contextos de transição, ou seja, a abertura política correspondeu a um momento da história da educação brasileira em que antigos manuais de OSPB, remanescentes dos anos autoritários ainda circulavam, mas, aos poucos, manuais sincronizados às coordenadas históricas do período se destacaram. Examina-se especialmente o livro “OSPB: introdução à política brasileira“, publicado por Frei Betto em 1985. Este manual apresentou novas maneiras de conceber os livros e a finalidade da disciplina OSPB, bem como de representar a idéia de formação cívica do cidadão. Pelos temas, abordagens, ênfase na participação social e pela própria biografia do autor tornou-se expressão da cultura política democrática que delimitou a produção didática daquele contexto.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, IMPRESSOS ESCOLARES, OSPB

 

TÍTULO: A QUESTÃO DOS ASPECTOS EDITORIAIS NA COLEÇÃO LEITURA ESCOLAR DO AUTOR THALES CASTANHO DE ANDRADE
AUTOR(ES): CLEILA DE FÁTIMA SIQUEIRA STANISLAVSKI
RESUMO:
Este artigo tem como objetivo apresentar informações sobre os aspectos editoriais presentes nos livros: Saudade (1919); Espelho (1928); Ler Brincando (1932); Vida na Roça (1932); Alegria (1937); Trabalho (1930) e Campo e Cidade (1964), que integram a Coleção Leitura Escolar. Os livros foram escritos pelo professor e escritor piracicabano Thales Castanho de Andrade. Para o desenvolvimento deste estudo optei por procedimentos metodológicos de pesquisa documental e bibliográfica situando-o no campo da história do livro no Brasil e estruturando-se a partir das idéias de Roger Chartier numa abordagem identificada como “história cultural”. Segundo Roger Chartier (1990, p. 122), o sentido da história do livro também é construído pela passagem editorial, “façam o que fizerem, os autores não escrevem livros”, ou seja, os livros são manufaturados pelas editoras e há uma ligação entre as intenções do autor e o trabalho da “oficina” que edita o livro. Nessa abordagem o estudo abrangerá uma análise da materialidade dos livros no que diz respeito a editoração, para que se possa entender o campo da história do livro no Brasil no início do século XX. Os livros da Coleção Leitura Escolar foram escritos e publicados no século XX e alcançaram um número grande de edições, todos com a publicação da Companhia Editora Nacional.
PALAVRAS-CHAVE: COLEÇÃO LEITURA ESCOLAR, HISTÓRIA DO LIVRO, COMPANHIA EDITORA NACIONAL

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 7
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: GÊNEROS TEXTUAIS: ANÁLISE DE PROPOSTAS DE TRABALHO COM SEQÜÊNCIAS DIDÁTICAS EM LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO.
AUTOR(ES): CRISTINE LEONARDO CUSTODIO
RESUMO:
São muitas as dificuldades dos alunos que chegam ao Ensino Médio no que diz respeito ao desenvolvimento da proficiência em leitura e produção de textos, verificadas nos resultados dos exames de avaliação como SARESP, ENEM e em exames internacionais como o PISA. Tais fatos evidenciam que as práticas pedagógicas não têm alcançado o que se considera função legítima da escola - ensinar a ler e escrever com proficiência. No início de 2008, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, lançou o projeto “São Paulo faz Escola”,material apostilado baseado nos PCNEM, com atividades totalmente esquematizadas em detalhes, sugestões de textos, estratégias e avaliações no final de cada atividade, denominadas situações de aprendizagem. Na hipótese de que os PCN tragam propostas de ensino-aprendizagem de leitura e escrita, cuja base teórica estaria na noção de gêneros de Bakhtin e o material didático baseie-se nos modelos das seqüências didáticas descritos por Schneuwly e Dolz, o presente projeto de pesquisa pretende analisar o material didático de Língua Portuguesa para o Ensino Médio utilizado nas escolas públicas do estado de São Paulo em 2008, à luz da teoria do gênero do discurso de Bakhtin, procurando investigar se utilizam a fundamentação teórica desenvolvida nos estudos de linguagem dos últimos anos e se dialogam com os PCN e as teorias relativas à concepção sócio-interacionista de linguagem. Objetiva-se também levantar questionamentos sobre a pertinência ou não da abordagem metodológica utilizada nos materiais e sua aplicabilidade; verificar se as atividades com gêneros textuais privilegiam o uso da língua em suas práticas sociais e, finalmente, se o referido material didático pode contribuir nesse processo e conseqüentemente para a melhoria da qualidade do ensino no Estado de São Paulo.
PALAVRAS-CHAVE: GENEROS DO DISCUSRSO, SEQUENCIAS DIDATICAS, LETRAMENTO

 

TÍTULO: CARTILHA NA ROÇA (1935), DE R. S. FLEURY, NA HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
AUTOR(ES): CYNTIA GRIZZO MESSENBERG
RESUMO:
Nesta comunicação, apresentam-se resultados de pesquisa do Programa de Iniciação Científica (bolsa Pibic/CNPq/Unesp) vinculada às linhas de pesquisa: “Alfabetização” e “Ensino de língua portuguesa” do Gphellb – Grupo de pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”, e do Piphellb – Projeto Integrado de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”, ambos coordenados pela professora Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil e para a compreensão de um importante momento na história do ensino de leitura e escrita, enfoca-se a proposta para esse ensino apresentada pelo professor Renato Sêneca Fleury (1895-1980), em “Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida“, destinada, especialmente, a alunos da zona rural e publicada pela Editora Melhoramentos de São Paulo, com 1ª. edição em 1935 e a última, a 133ª., em 1958. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, analisou-se a configuração textual de Na roça, a qual consiste em enfocar os diferentes aspectos constitutivos de seu sentido. Concluiu-se que essa cartilha apresenta-se como uma das “concretizações” do método misto, defendido por professores paulistas ao longo do “terceiro momento” da história da alfabetização no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: RENATO SÊNECA FLEURY, ENSINO DA LEITURA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: CONCEPÇÕES DE LEITURA: ENTRE DITOS E NÃO DITOS
AUTOR(ES): DAYB MANUELA OLIVEIRA DOS SANTOS
RESUMO:
O presente trabalho é parte de pesquisa desenvolvida no Curso de Especialização em Educação e Pluralidade Sócio-Cultural da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Esse estudo buscou conhecer concepções de leitura de professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio do Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand (CIEAC), escola pública localizada em Feira de Santana, município do interior baiano. Esta busca partiu do pressuposto de que as concepções que se tem sobre as práticas influenciam o modo como essas mesmas práticas são realizadas. Assim, o conhecimento das concepções de leitura dos professores contribui para a reflexão sobre a formação do leitor dessa instituição escolar. A perspectiva teórica assumida buscou aproximar-se da história da leitura, da didática da leitura e da escrita e, ainda, da formação de professores com base nas histórias de vida. Para isto, autores como Chartier (1999; 1988; 2001), Certeau (1994), Darnton (1992), Lyons (1998-1999), Abreu (2001), Lerner (2002), Catani (1997), Kramer (1994), Silva (1995), Tardelli (1997; 2001) e Moraes (2001) foram bastante significativos. De natureza qualitativa, esta pesquisa contou com a entrevista enquanto instrumento metodológico e aponta para a necessidade do fortalecimento e aprofundamento das discussões acerca da leitura enquanto prática cultural nos cursos de formação de professores, a fim de facilitar uma maior coerência entre as práticas sociais de leitura e as propostas escolares com vistas à formação do leitor.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA LEITURA, FORMAÇÃO DE LEITORES, FORMAÇÃO DE PROFESSORES

 

TÍTULO: A LEITURA DOS JOVENS: ENTRE TEORIA E PRÁTICAS
AUTOR(ES): DÉBORAH DE PAULA AREIAS
RESUMO:
Na sociedade contemporânea, considera-se a leitura uma forma de ampliação do capital cultural, de acesso ao saber, de possibilitar novos caminhos e de desmistificar estereótipos. Assim sendo, faz-se necessário uma reflexão acerca das práticas de leitura no atual cenário social. Este trabalho busca relacionar algumas investigações teóricas e práticas recorrentes de leitura, analisando, inicialmente, como se deu a institucionalização destas práticas, em uma perspectiva histórica. Observa-se, inclusive, de que forma esse processo se desenvolve no cotidiano escolar, tendo como recorte principal as práticas de leitura dos jovens. Existem alguns discursos que afirmam o não interesse do jovem pela leitura ou o seu não exercício. Contudo, alguns discursos são de gênese duvidosa, pois não atentam para as formas alternativas de leitura presente no cotidiano juvenil, padronizando, assim, leituras ideais. Além disso, é válido analisar como a instituição escolar se faz presente no incentivo dessas formas de leitura. Ela permanece ratificando leituras socialmente legitimadas ou também oferece subsídios para os estudantes escolherem o que lhe for mais atrativo? Investiga-se, portanto, como a escola produz leituras incentivadas e de que maneira reage às práticas de leituras exercidas pelos jovens. Como bibliografia norteadora, utilizou-se, especialmente nesta etapa, o estudo de Michèle Petit, Os jovens e a leitura – Uma nova perspectiva (2008), dentre outros. Utilizou-se, também, como instrumento de investigação, o questionário focado nas práticas de leitura, aplicado em um colégio de formação de professores em nível normal na cidade do Rio de Janeiro. A faixa etária dos jovens varia entre 14 e 19 anos. Este trabalho é uma derivação da pesquisa “A Leitura do Jovem: Concepções e Práticas“ (2006), desenvolvida na Faculdade de Educação da UERJ, cuja finalidade é compreender as representações criadas em torno das práticas de leitura disseminadas na escola e na sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA INCENTIVADA, ESCOLA PÚBLICA, CONTEMPORANEIDADE

 

TÍTULO: PRÁTICAS PUNITIVAS E DE CONTROLE NA ESCOLA: UM ESTUDO DE CARÁTER GENEALÓGICO
AUTOR(ES): DOUGLAS ROSSI RAMOS
RESUMO:
A escola é uma instituição secular cujo papel de formação e de transferência de saber baseia-se em técnicas particulares de governo e seu desenvolvimento pode ser traçado historicamente. Para Foucault, a atividade genealógica exige a busca da singularidade dos acontecimentos, ou seja, requer o entendimento da emergência e proveniência de um determinado saber, daquilo que é singular, contingente. O presente trabalho tem o intuito de realizar um estudo, de caráter genealógico, das práticas punitivas e de controle na escola, dando enfoque, mais especificamente, às instituições escolares brasileiras. Para tanto, baseado no estudo Genealógico do filósofo francês Michel Foucault e sob o auxílio de fontes documentais diversas, foram pesquisados dois eixos específicos: as práticas de sanção e punição dentro da instituição escolar e o controle no fluxo de entrada e saída dos indivíduos na escola, por meio de cercados e muros. Trata-se nesta análise de ativar os saberes locais não legitimados pelo discurso verdadeiro ou científico e que são constantemente ordenados, classificados, hierarquizados e depurados em detrimento dos diversos saberes a este associados. Tal proposta mostra-se relevante por trazer elementos de auxílio ao entendimento da “forma educando” na atualidade, bem como por servir de instrumento para a reflexão de possíveis transformações nas relações destes sujeitos.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, CONTROLE, PRÁTICAS PUNITIVAS

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 8
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 36

TÍTULO: A CIRCULAÇÃO DOS ROMANCES-FOLHETINS NA BELÉM OITOCENTISTA
AUTOR(ES): EDIMARA FERREIRA SANTOS, JOSEANE SOUSA ARAÚJO
RESUMO:
O romance-folhetim foi um gênero divulgado na imprensa periódica, mais especificamente, durante o Romantismo no Brasil. Essa produção, no século XIX, representou uma espécie de “laboratório” para os autores que surgiram ao longo do século, autores que passaram a publicar nos jornais suas obras “recortadas” nas notas de rodapés. Dessa forma, a prática da publicação de prosa de ficção, ao pé da página das folhas diárias, estendeu-se por todo o país e se revelou no Pará oitocentista, como uma das representações de leitura que mais circulou entre os leitores. A “narrativa folhetinesca”, como ficou conhecida, fez parte da nossa Literatura e teve, ao longo da história, influência européia, como se pode perceber em alguns romances-folhetins franceses e portugueses publicados no jornal “O Liberal do Pará”, que circulou diariamente na imprensa paraense entre os anos de 1870 a 1880. Este período coincide com o contexto no qual a cidade de Belém vive uma época de grandeza cultural chamada “Belle-Époque” e passa por transformações culturais, econômicas e sociais que modificaram não só o cenário paraense como também da Região Amazônica. Um dos motivos pelos quais a circulação dos romances-folhetins atuou como mecanismo de difusão de idéias, hábitos, costumes e estilos literários europeus, principalmente franceses e portugueses, que contribuíram para a formação de um público leitor na Belém oitocentista
PALAVRAS-CHAVE: ROMANCES, FOLHETINS, CIRCULAÇÃO

 

TÍTULO: PARA ALÉM DO USO DOS TEXTOS ESCOLARES: O QUE LIAM OS ESTUDANTES BRASILEIROS NO SÉCULO XIX?
AUTOR(ES): EDUARDO ARRIADA
RESUMO:
Durante muitos anos, o estudo e a valorização dos textos escolares foi negligenciado pelos pesquisadores em história da educação. Porém, nos últimos anos, frente aos novos objetos e com uma nova postura – marca da nova história cultural -, os manuais escolares enquanto fonte e objeto de pesquisa ganharam outras abordagens. Sabe-se, conforme estudos desenvolvidos por Choppin, que os manuais escolares, bem como determinados tipos de livros, constituíram-se em componentes fundamentais de determinadas ideologias. Diversos países colocaram em prática procedimentos específicos e porque não dizer coercitivos, para assegurarem o controle dos textos escolares, no intuito de “formar” os jovens. O intuito deste trabalho é ir além da leitura dos textos escolares indicados nos programas de diversas instituições educativas (públicas e privadas), ou seja, investigar também que outras leituras eram realizadas pelos estudantes brasileiros no século XIX. Para isso, o uso de memórias, diários, cartas, catálogos de editoras, anúncios na imprensa, etc., possibilitam-nos reconstituir (ainda que parcialmente) as práticas de leituras dessa época, permitindo uma maior compreensão do que liam efetivamente os estudantes. O século XIX, entre outros aspectos, constituiu-se num período histórico balizado pelo desenvolvimento do parque editorial gráfico, pela consolidação de um sistema de produção e circulação de livros, onde os textos didáticos alcançam certa relevância, fruto de um processo de escolarização no mundo ocidental. Verifica-se no contexto brasileiro, o surgimento de editoras nacionais e ,consequentemente, uma política gradual de nacionalização do livro. Sob o prisma teórico metodológico o trabalho está alicerçado nas formulações desenvolvidas por: Alain Choppin, Pierre Bourdieu, Roger Chartier, Anne-Marie Chartier, Jean Hébrard, Jean Marie Goulemot, Robert Darnton, entre outros.
PALAVRAS-CHAVE: TEXTOS ESCOLARES, LITERATURA, LITERATURA INFANTO-JUVENIL

 

TÍTULO: “ UMA LEITURA SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - 1980“
AUTOR(ES): ELAINE RODRIGUES, ALLINE MIKAELA PEREIRA
RESUMO:
Por meio do desenvolvimento de um projeto de Iniciação Cientifica objetivou-se adentrar os “porões” da disciplina de História da Educação ministrada no curso de pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. Os estudos permitiram reconhecer e analisar como a História da Educação foi concebida e trabalhada na formação de pedagogos, profissionais da educação. Elegeu-se como fontes os relatórios resultantes de eventos realizados nas décadas de 1970 a 1990. A pesquisa visava catalogar e analisar os relatórios de eventos que estivessem ligados à disciplina de História da Educação ou à História da Educação como campo do conhecimento. Três fases compuseram a metodologia da pesquisa, primeiramente os eventos foram mapeados, todos os títulos que estivessem ou que pudessem estar ligados à disciplina de História da Educação ou a História da Educação como campo do conhecimento foram selecionados, na segunda fase os eventos foram catalogados e as informações foram registradas para análise. Na terceira e última fase realizou-se a análise dos relatórios desses eventos em relação ao contexto mais geral, considerando-se possíveis relações com o tema pesquisado. Como resultado constatou-se, dos vinte e seis títulos selecionados, somente um estava relacionado com a História da Educação. Os dados mapeados, catalogados e analisados indicaram elementos importantes sobre a História da Educação na década de 1980, possibilitando identificar elementos que caracterizam sua importância no processo na formação de pedagogos, também possíveis historiadores da Educação.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES, CAMPOS DISCIPLINARES

 

TÍTULO: INFÂNCIA E LEITURA: PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIA ENTRE CRIANÇAS DE ASSENTAMENTO DA REFORMA AGRÁRIA NA AMAZÔNIA.
AUTOR(ES): ELIANA DA SILVA FELIPE
RESUMO:
Este trabalho resulta da tese de doutorado intitulada: “Entre campo e cidade: infâncias e leituras entrecruzadas“, apresentada e defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas. Aborda a condição da infância em um assentamento da Reforma Agrária no Sudeste do Pará (resultado de um longo e conflituoso processo de mobilização popular articulado pelo Movimento Sem Terra), e os modos pelos quais as crianças se relacionam com um tipo legitimado de leitura, a leitura literária. Como condição de possibilidade desta prática de leitura destaca-se os livros disponíveis na biblioteca da escola e em algumas famílias – postos em circulação pelos programas institucionais de leitura, como o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) e pelo Movimento Sem Terra –, e as redes de leitura que as crianças articulam e mobilizam. O estudo se propõe a problematizar a criança leitora na sua constituição histórica e cultural, o que pressupõe compreender a sua produção na tensão entre o global e o local, campo e cidade, urbano e rural, na medida em que a sua relação com crianças outras de outros espaços e condição social, é de entrecruzamento e não de isolamento sociocultural. Ante a um estágio de expansão do capitalismo em que as fronteiras se mostram cada vez mais “borradas”, o estudo interroga sobre o diverso e o comum que constitui a condição da criança do campo, nas tramas e contradições do mundo globalizado, e as suas formas de produção/participação na cultura, especialmente a cultura escrita.
PALAVRAS-CHAVE: INFÂNCIA, ASSENTAMENTO, LEITURA

TÍTULO: OLHANDO PARA TRÁS, SEGUINDO EM FRENTE...
AUTOR(ES): ELISABETE CARVALHO DE MELO
RESUMO:
Esta comunicação é fruto de uma pesquisa realizada em 2007 e visa apresentar os resultados quanto às experiências de leitura, de vinte e três professoras da 1ª série do Sistema Municipal de Ensino de Rio Branco, no estado do Acre, recorte para a presente comunicação. O estudo se inscreve no campo das pesquisas (auto)biográficas e a metodologia utilizada teve como instrumento de produção de dados, narrativas escritas pelas professoras, em forma de memoriais. Os principais aspectos encontrados e analisados dizem respeito à forma como as professoras aprenderam a ler e o que liam durante o processo de alfabetização, às atividades de leitura vivenciadas nos ensinos fundamental, médio e superior, às lembranças mais marcantes com relação à leitura e como trabalham com a leitura em sala de aula. Os resultados obtidos revelaram que parte das professoras iniciou o contato com a leitura em casa e que o primeiro material de leitura, em casa ou na escola, foi a Carta do ABC ou a Cartilha Caminho Suave. Revelaram também que as atividades de leitura vivenciadas por elas, em todos os níveis de ensino, estavam relacionadas aos conteúdos escolares e que as lembranças mais marcantes sobre leitura referem-se às situações vividas nas séries iniciais: as experiências positivas são associadas à aprendizagem da leitura, e as negativas, com situações constrangedoras, em que foram solicitadas a ler em voz alta. Os resultados revelaram ainda, que, em sala de aula, as professoras buscam diferenciar de suas experiências escolares, como alunas, atuando como mediadoras de leitura. O estudo traz contribuições não só para as discussões acerca das questões da leitura na escola, mas também para a história da educação no Estado do Acre e se constitui como um recurso importante na formação de professores.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, NARRATIVAS DOCENTES

 


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 9
DIA: 21/07/2009 - Terça-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 36

TÍTULO: ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA UMA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: UM ESTUDO COM PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
AUTOR(ES): ELZA KISSILEVITC
RESUMO:
A sociedade atual exige leitores que sejam capazes de interagir com uma variedade de informações utilizando estratégias de leitura que possibilitem a compreensão dessas informações. Assim, este trabalho insere-se na pesquisa qualitativa e tem por objetivo refletir sobre o que pensam os professores do ensino fundamental das diversas áreas de conhecimento, acerca da leitura, da importância do uso das estratégias de leitura pelos alunos e se essas estratégias, do ponto de vista dos professores, têm contribuído para o desenvolvimento de uma leitura autônoma dos alunos considerando as exigências estabelecidas na sociedade atual. Participaram como sujeitos sete professores das diversas áreas de conhecimento (Português, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes e Educação Física) de uma escola pública da rede municipal de ensino de São Paulo. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas. O tratamento dos dados conduziu à criação de eixos de análise por meio dos quais se buscou compreender e refletir sobre o objetivo proposto. Os resultados revelaram que a leitura e as estratégias leitoras são abordadas de forma fragmentada, permanecendo desvinculadas da realidade de crianças e jovens. e ainda não se constituem em instrumentos para inserção participativa dos alunos no mundo contemporâneo, colocando-se como desafio a ser enfrentado.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA SIGNIFICATIVA , ESTRATÉGIAS DE LEITURA , ENSINO E APRENDIZAGEM

 

TÍTULO: LITERATURA DE CORDEL NA ESCOLA: MÚLTIPLOS OLHARES
AUTOR(ES): ERICA MARIA SILVA MONTENEGRO
RESUMO:
Este trabalho traz uma reflexão sobre o uso da literatura de cordel na escola, trazendo olhares múltiplos em torno da questão. Se por um lado o professor não trabalha com este gênero por motivos que vão desde o desconhecimento à não valorização do mesmo, por outro, há poetas que defendem a sua utilização como gênero para alfabetizar letrando, por exemplo, enquanto outros fazem críticas severas a tal prática. Nos cordéis encontramos uma linguagem simples, onde o poeta enraizado na cultura popular e o contemporâneo encontram-se. É assim que o clássico e o erudito encontram-se nas rodas de cordelistas e chegam até a escola, palco onde desfilam os mais diversos gêneros textuais. A literatura de cordel aparece como elemento de disseminação da poesia na escola, mas também como sinal da cultura popular enraizada não apenas na culinária e nas danças do povo, mas sobretudo no discurso sobre a vida e suas mais diversas expressões. É na escola que se trava o embate entre a utilização do cordel como gênero para fundamentar o discurso do professor e o poeta que luta para não ver o cordel ser “didatizado”, tal como aconteceu com outros gêneros, obrigando os alunos à leitura para a obtenção de notas ou aprovação em exames. O professor e o poeta pensam em comum sobre a exploração do cordel como fonte de conhecimento e de prazer,assim este trabalho busca ampliar essa discussão, olhando para a carência de sua utilização na escola ao mesmo tempo em que este configura-se marca identitária da cultura popular. Nesse contexto, trazemos a Análise do Discurso do Poeta e do Professor sobre essa questão, guiando-nos em Pêcheux (1997; 2008), Orlandi (2007; 2008) e Teixeira (2005) para fundamentar esses múltiplos olhares em torno da leitura de cordéis na escola.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA DE CORDEL, ESCOLA, DISCURSO

 

TÍTULO: POVOS INDÍGENAS E ENSINO DE HISTÓRIA: MEMÓRIA, MOVIMENTO E EDUCAÇÃO
AUTOR(ES): ERNESTA ZAMBONI, MARIA APARECIDA BERGAMASCHI
RESUMO:
Num tempo que coloca os povos indígenas em evidência, remetendo à escola a obrigatoriedade do estudo da história e cultura indígena por meio de uma lei, torna-se importante refletir como o Ensino de História tem se colocado diante desta questão. Referimos à lei n° 11.645 de 10 de março de 2008, que também assevera: “os conteúdos referentes à história e cultura [afro-brasileira e] dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras“. O prenúncio de novas discussões reacende a necessidade de uma reflexão histórica sobre as imagens de povos indígenas construídas através de uma história registrada e contada por não-índios. A história e o seu ensino são responsáveis, junto a uma complexidade de situações, pela constituição de uma identidade nacional em que predomina a idéia de uma nação branca. A pluralidade étnica pode ser considerada em outros setores da vida social, porém na escola e, principalmente na vinculação dos saberes escolares, há um predomínio de parâmetros eurocêntricos e brancos. A produção historiográfica e as políticas curriculares que orientam o Ensino de História em diferentes contextos históricos, bem como as publicações didáticas e paradidáticas dirigidas às crianças, pouco fogem desse caminho, contribuindo sobremaneira para negar o caráter multiétnico e pluricultural da nação brasileira, situação que poderá ser revertida em outro contexto de ensino, considerando as produções dos próprios indígenas. Nesse trabalho, priorizamos olhar para dizeres e fazeres que conformaram práticas de ensino sobre esse tema considerando: as políticas do Estado em relação aos povos indígenas; a historiografia e as concepções veiculadas na literatura disponível para crianças; a imagem de povos indígenas nas diferentes propostas de ensino história, tendo como fonte principal de análise livros produzidos para ensinar história às crianças, localizados no século XX.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE HISTÓRIA, LITERATURA INFANTIL, POVOS INDÍGENAS

 

TÍTULO: ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: O DESAFIO DE REVER CONCEPÇÕES DE ESCOLA, INFÂNCIA E ALFABETIZAÇÃO
AUTOR(ES): ESMÉRIA DE LOURDES SAVELI
RESUMO:
O trabalho tem por objetivo central discutir a política educacional de ampliação da escolaridade obrigatória que inclui no Ensino Fundamental as crianças de seis anos. A lei nº 11. 274 de fevereiro de 2006, que ampliou o Ensino Fundamental em nove anos, tem gerado diversas controvérsias em função do corte etário. Há um discurso de dirigentes municipais, professores e pesquisadores, ligados à rede pública de ensino, de que a entrada “precoce” da criança no Ensino Fundamental poderá trazer prejuízos significativos para a mesma. Partimos da hipótese inicial de que esse discurso está assentado em concepções de escola, infância e alfabetização que precisam ser superadas para que essa política educacional implantada obrigatoriamente, no Brasil, a partir de 2006, se efetive como instrumento legítimo de cidadania. A inclusão dessas crianças está a exigir da escola repensar as suas dimensões política, administrativa e pedagógica. Na dimensão política a educação é entendida como direito social e pressuposto básico para o exercício de todos os outros direitos (CURY, 2002). Dessa forma, essa política exige dos educadores, gestores e pesquisadores a reflexão sobre a importância da ação escolar para as crianças das classes populares, que historicamente, não tiveram o direito de iniciar a sua escolarização mais cedo. Na dimensão administrativa os gestores municipais precisam dispender recursos financeiros para investir na formação continuada dos professores, fazer aquisição de mobiliário e materiais pedagógicos adequados às crianças de seis anos. O trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas precisa ultrapassar a crença de que para aprender a ler e a escrever a criança deve já ter desenvolvido certas capacidades. Essa crença alimenta uma idéia de que existe uma idade certa para o início da aprendizagem da leitura e da escrita.
PALAVRAS-CHAVE: POLÍTICA EDUCACIONAL, INFÂNCIA, ALFABETIZAÇÃO

 

TÍTULO: “A PEDAGOGIA DO CATECISMO” E A “NOVA PEDAGOGIA DO CATECISMO” DO MONSENHOR ÁLVARO NEGROMONTE: LIÇÕES CATÓLICAS PASSADAS EM REVISTA
AUTOR(ES): EVELYN DE ALMEIDA ORLANDO
RESUMO:
Este artigo tem em vista analisar em uma perspectiva histórica comparativa, uma das principais obras do Monsenhor Álvaro Negromonte: “A Pedagogia do Catecismo”. Este livro, destinado ao curso normal, tinha o objetivo de servir de orientação prática ao ensino de catecismo. Por se tratar de uma espécie de diretriz pedagógica, esse manual reflete as bases da pedagogia catequética proposta pelo autor em um contexto de renovação do ensino religioso, articuladas ao diálogo com a Psicologia e as teses escolanovistas na qual a aprendizagem ocorria através de situações concretas e dinâmicas. Tal concepção trouxe à lume um conjunto de mudanças de ordem metodológica e conceitual que sugeririam programas pautados na atividade como método de ensino, os jogos, os exercícios físicos, as excursões, as visitas aos museus e uma série de outras atividades, como recursos didáticos e auxiliares de ensino indispensáveis para a aprendizagem efetiva e, consequentemente, para o êxito da escola moderna. Esses enunciados foram largamente utilizados pelo religioso nesse manual, ao que associou ainda a importância da tradição como elemento fundamental para o sucesso de sua proposta. A tradição seria a responsável por manter os princípios que caracterizam a base do ensino religioso e a modernidade por adequá-los às necessidades da sociedade vigente. Publicada inicialmente em 1937, a obra foi reeditada várias vezes e em 1964, seu autor a passou em revista, o que culminou em um texto novo, entendido por ele como mais adequado para o momento, intitulado “Nova Pedagogia do Catecismo”, publicado somente em 1965, após seu falecimento. Essas duas obras constituem portanto, as principais fontes para essa análise. Esses livros, sobretudo o primeiro, serviram não só como livros didáticos destinados às normalistas, mas como livros de leitura que deveriam servir de guia e orientação para todas as suas dúvidas pedagógicas na condução da sua trajetória profissional.
PALAVRAS-CHAVE: IMPRESSOS, EDUCAÇÃO, IGREJA CATÓLICA

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 10
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 22

TÍTULO: CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PAPEL DO LEITOR PARA A FORMA ROMANCESCA NO PERÍODO FORMATIVO (1843-1880)
AUTOR(ES): EWERTON DE SÁ KAVISKI
RESUMO:
O objetivo desta comunicação é tentar sugerir alguns aspectos da construção do leitor como categoria textual nos romance do período formativo brasileiro (de 1843 a 1880) e suas possíveis conseqüências para a fatura das obras. Para tanto, contemplaremos a relação que esta categoria textual estabelece com a função ideológica e a função social dos romances neste período, bem como com a figura do narrador. Não perdendo de vista que o problema de primeiro plano destes romances foi o da representação da matéria nacional, dois pontos de inflexão nortearão o mapeamento aqui proposto: a influência do leitor pressuposto pelo narrador e o papel do público leitor no processo de representação literária da matéria que garantia nossa nacionalidade – a cor local. Entre o que o narrador assume ser seu público e o que realmente seria seu público, destacaremos, como, em nosso sistema literário, a forma romanesca foi afetada em termos de fatura por este desconcerto de público-alvo. Ainda dentro desta perspectiva, vale ressaltar que, ao tratar da ideologia que permeia as obras, as categorias “leitor“ e “narrador“ terão um tratamento dialético: devem ser entendidos como ancorados na realidade, embora sejam elaboração textual. Daí um movimento duplo do dentro e do fora: a análise vai para além do texto, embora se subordine a este.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR, PERÍODO FORMATIVO, PROSA DE FICÇÃO BRASILEIRA

 

TÍTULO: FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PRIMEIRAS LETRAS NO “PARANÁ“ OITOCENTISTA.
AUTOR(ES): FABIANA GARCIA MUNHOZ
RESUMO:
Esta comunicação integra pesquisa de mestrado em andamento na área de História da Educação. Tem como tema a formação docente e as práticas de professores de primeiras letras, entre as décadas de 1830 e 1860, no território da 5ª Comarca da Província de São Paulo. A Comarca foi emancipada em 1853, constituindo a Província do Paraná. O interesse é acompanhar a concorrência entre dois modelos de formação de professores. O primeiro está relacionado à Escola Normal, criada em São Paulo pela lei de 1846 e o segundo, a um tipo de formação pela prática, implementado pelo regulamento de 1857, promulgado na já Província do Paraná, preterindo o modelo da escola normal. Tratava-se de uma preparação para o exercício da profissão realizada no interior das próprias escolas, através do recrutamento de alunos com bom rendimento que se tornavam professores adjuntos (monitores) e após alguns anos de experiência e exames eram providos definitivamente. Para tanto, valho-me da documentação localizada nos Arquivos Públicos (São Paulo, Curitiba, Paranaguá e Castro) como legislação, relatórios de presidentes de província, ofícios de professores e inspetores, provas de concurso, dentre outros. Na presente comunicação apresento um recorte desta investigação discorrendo sobre como a legislação provincial do período prescreveu modelos de formação docente para o professor responsável pela tarefa de introduzir os alunos do século XIX ao universo da leitura e da escrita. Ao mesmo tempo sinalizo como os mestres de primeiras letras foram se apropriando de tais modelos de formação e traduzindo-os em fazeres cotidianos.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES, INSTRUÇÃO PRIMÁRIA , SÉCULO XIX

 

TÍTULO: A LEITURA NO DESENHO ANIMADO “A BELA E A FERA”: INCENTIVO OU ESTRATÉGIA MERCADOLÓGICA?
AUTOR(ES): FATIMA MARIA NEVES, FRANCIELE BENTO, LILIANA MEN
RESUMO:
Esta comunicação tem por objeto de estudo a literatura infantil, especificamente, o gênero Conto de Fadas, quando é apropriado e encenado pelo cinema de animação. Neste espaço de confluência entre a literatura e o cinema, estabelecemos como objetivo descrever e analisar a utilização da leitura do desenho animado “A Bela e a Fera”. Intencionamos identificar as relações produzidas pela mídia cinematográfica que se utiliza do Conto de Fadas e da animação clássica no interior das práticas escolares estabelecidas nos processos de escolarização nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A fonte utilizada foi, portanto, o desenho animado “A Bela e a Fera”, produzido pelos Estúdios Walt Disney, em 1991 e sua re-edição em 2001. Os procedimentos teórico-metodológicos foram amparados em autores que ampliaram a noção de FONTE, no campo da Educação, renovando as possibilidades de estudos que envolvem a Literatura, a História, a Mídia e a Educação. O construto teórico também se amparou em autores que se inserem no campo da Cultura Escolar e da Construção Coorporativa da Infância. Dentre os resultados obtidos, destaca-se a diferença de tratamento dado a leitura nas duas versões de “A Bela e a Fera”. Entendemos que a leitura utilizada como instrumento para a humanização da Fera, na versão de 2001, foi utilizada mais como estratégia mercadológica e menos como um ato de incentivo a leitura. A nosso ver, cabe aos profissionais da educação reconhecer tais mecanismos e repensar a utilização de desenhos animados em sua prática pedagógica para que as estratégias de mercado visando a construção da infância consumidora não sejam incentivadas no interior da escola.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, MÍDIA E CONSUMO INFANTIL

 

TÍTULO: LEITURA: UMA PRÁTICA CULTURAL A SER DESMISTIFICADA
AUTOR(ES): FLÁVIA HELOÍSA UNBEHAUM FERRAZ
RESUMO:
Em interessante pesquisa qualitativa com professores e alunos brasileiros transformada em livro há alguns anos (“Literatura/ Ensino: uma problemática”, 1992), a pesquisadora de Educação Maria Thereza Fraga Rocco compartilha preocupações, percepções e possíveis caminhos a serem tomados no ensino de literatura. Tais preocupações pouco mudaram nos últimos anos. Entendida por muitos professores e pesquisadores como veículo essencial para o desenvolvimento da imaginação criadora e também como instrumento do desenvolvimento crítico social. Atualmente a literatura perde parte de sua “aura” de importância e seu poder de envolvimento prazeroso para outros meios que tomam a matriz da literatura – o texto – como base de suas construções, como o cinema e a televisão. Numa época de predomínio da imagem e da conseqüente velocidade das informações, as possibilidades representativas das palavras parecem enigmas desnecessários aos olhos de jovens leitores. A imposição de leitura das obras canônicas, bem como das análises estruturais podem afastar o prazer da leitura. Sendo assim, todos que lidam com o ensino de literatura se deparam constantemente com questões que se alternam em como, para que e por que ensinar literatura. A resistência pré-adolescente e adolescente ao aprendizado da literatura está ligada não só a uma predisposição notadamente questionadora inerente à estas faixas etárias, mas também diz respeito a todo um contexto social formulado no desenrolar da história, nos quais estes aprendizes estão inseridos. Saindo um pouco dos domínios da área de Ensino e Psicologia, buscamos em pesquisadores da História e da Literatura como Bordieu, Jauss, Costa Lima e outros, algumas observações que possam nortear o ensino de literatura na atualidade, considerando a essencialidade de inverter o direcionamento do ensino: despertar primeiramente o gosto pela leitura, para só então provocar, de forma conseqüentemente natural, o espírito crítico.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA, ENSINO, RECEPÇÃO

 

TÍTULO: R. R. DORDAL E C. A. GOMES CARDIM E O ENSINO DA LEITURA PELO MÉTODO ANALÍTICO
AUTOR(ES): FRANCIELE RUIZ PASQUIM
RESUMO:
Apresentam-se, nesta comunicação, resultados parciais de pesquisa do Porgrama de Iniciação Científica (Bolsa Pibic/CNPq/Unesp), vinculada às linhas de pesquisa: “Alfabetização” e “Ensino de língua portuguesa” do Gphellb – Grupo de pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”e do Piphellb- Projeto Integrado de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil“, ambos coordenados por Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino e compreensão de um importante momento na história do ensino de leitura e escrita no Brasil, focaliza-se a produção escrita de e sobre os professores Ramon Roca Dordal (1854-1938) e Carlos Alberto Gomes Cardim (1875-1938), ambos formados pela Escola Normal de São Paulo, respectivamente em 1889 e 1894, com intensa atuação no magistério público paulista, nas décadas iniciais do século XX. Mediante abordagem histórica centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, foi possível reunir, até o momento, mais de 70 referências de textos escritos por esses dois professores e de textos que contêm menções a sua atuação e produção didática. A análise preliminar dessas referências tem contribuído para a compreensão: tanto de aspectos relevantes da atuação profissional desses professores, em especial de Cartilha Moderna (1902), de Dordal, e Cartilha Infantil (1908), de Gomes Cardim, ambas baseadas no método analítico para o ensino da leitura; quanto da importância de elaboração de instrumentos de pesquisa na etapa inicial de pesquisas históricas em educação.
PALAVRAS-CHAVE: MÉTODO ANALÍTICO, ENSINO DA LEITURA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 11
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: OS HÁBITOS DE LEITURA E SUAS RELAÇÕES COM AS PRÁTICAS DE ENSINO DE LITERATURA
AUTOR(ES): GABRIELA RODELLA DE OLIVEIRA
RESUMO:
O que lêem os professores de literatura do ensino médio da rede pública de ensino? Quais são seus hábitos de leitura e qual sua relação com a literatura? Qual a influência de tais hábitos de leitura em sua prática de ensino? Para responder a essas questões realizou-se uma pesquisa de mestrado acerca das relações entre formação, hábitos de leitura e práticas do ensino de literatura de professores de português do ensino médio da rede estadual da cidade de São Paulo. A partir de pesquisa quantitativa com 87 docentes (2006), procurou-se traçar um perfil médio desse professor. A análise dos dados coletados mostrou que a grande maioria desses professores é originária de famílias com baixos níveis de escolarização, com pouco contato com a leitura durante a infância e constituindo a primeira geração a conquistar uma escolarização de longa duração. Tal formação, no entanto, não costuma levar esses professores a desenvolverem as disposições necessárias ao desenvolvimento do hábito da leitura literária, no sentido de se apropriarem das obras de literatura, conhecendo-as efetivamente; apenas os leva a reconhecer o que é “legítimo” dentro da cultura letrada instituída. Dessa maneira, esses docentes tendem a reproduzir o conhecimento a que tiveram acesso, sem que tenham se tornado sujeitos de suas leituras e de tal conhecimento. Há, no entanto, professores que são exceções a esse perfil e que apontam para uma apropriação da leitura literária. Do ponto de vista teórico, foram levadas em consideração as análises sociológicas desenvolvidas por Pierre Bourdieu e Bernard Lahire, as considerações sobre a História da Leitura (Chartier, Darnton), estudos que definem o leitor crítico (Jauss, Eco) e as reflexões acerca da formação de sujeitos leitores (Rouxel, Baudelot e Cartier).
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE LITERATURA, LEITURA DO PROFESSOR, LEITURA LITERÁRIA

 

TÍTULO: LEITURAS DE NORMALISTAS: OS MANUAIS ESCOLARES DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DE MARINGÁ
AUTOR(ES): GESCIELLY BARBOSA DA SILVA TADEI, ANALETE REGINA SCHELBAUER
RESUMO:
Na intenção de responder quais eram os conteúdos ensinados na disciplina de Psicologia da Educação na Escola Normal Secundária de Maringá, nosso olhar investigativo voltou-se para a bibliografia utilizadas pelas normalistas, precisamente, para os manuais escolares adotados entre as décadas de 50 e 70 do século XX. O estudo foi realizado em três instituições de ensino: o Instituto de Educação Estadual de Maringá; o Colégio Santa Cruz e o Colégio Santo Inácio, com a análise de documentos escolares e dos livros e manuais didáticos encontrados nas bibliotecas dessas instituições e usados pelas normalistas. No caso da Escola Normal de Maringá, a análise dessas fontes possibilitou compreender que o conteúdo da disciplina de Psicologia da Educação esteve pautado nos preceitos escolanovistas em quase todo o período estudado, com algumas marcas da pedagogia tecnicista. A aprendizagem foi o tema principal abordado pelos autores, o campo prático educacional foi o mais expressivo na disciplina e o referencial teórico da psicologia comportamental destacou-se nos livros e manuais pesquisados. Esses dados evidenciaram não só as tematizações acerca da psicologia da educação, expressas nos livros e manuais didáticos, bem como possibilitaram compreender os traços fundamentais das práticas escolares e dos saberes transmitidos na disciplina de Psicologia da Educação ensinada as normalistas.
PALAVRAS-CHAVE: DISCIPLINA DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO, ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA, MANUAIS ESCOLARES

TÍTULO: TESTES ABC: A ALFABETIZAÇÃO EM UM JARDIM DE INFÂNCIA
AUTOR(ES): GIANI RABELO
RESUMO:
No intuito de promover uma maior aproximação entre as práticas assistenciais e educativas, protagonizadas por religiosas do Instituto Coração de Jesus junto às crianças, filhas de operários de uma empresa do complexo carbonífero do sul de Santa Catarina (Tubarão- Brasil) entre os anos de 1960 a 1970, o estudo analisa as práticas pedagógicas implementadas pelas religiosas e professoras leigas, registrada na Crônica do Jardim de Infância Cristo Rei. Entre estas práticas, o ensino da leitura e da escrita era priorizado no 3º Período, ou seja, no ensino das crianças de 6 a 7 anos, o que é confirmado pela introdução dos Testes ABC no Jardim de Infância, a partir de 1961. Os Testes ABC eram empregados com a finalidade de medir o grau de maturidade para a leitura e para a escrita, ficando as crianças classificadas em diferentes níveis de maturidade. O processo de exclusão promovido pelos resultados dos Testes ABC reafirmaram as bases teóricas que os sustentam, pautadas na idéia de que crianças imaturas biologicamente são incapazes de aprender. Das anotações realizadas na Crônica sobre os resultados dos testes, fica evidente que a maior parte das crianças entre seis e sete anos alcançava o nível médio e superior, raros eram os casos de crianças com nível de maturidade elevado ou elevadíssimo. No entanto, também havia aquelas que eram classificadas no nível inferior, ou melhor, nulo e até aquelas incapazes de responderem aos testes.
PALAVRAS-CHAVE: TESTES ABC , ALFABETIZAÇÃO , JARDIM DE INFÂNCIA

 

TÍTULO: METODOLOGIA DA LINGUAGEM (1949), DE J.BUDIN E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES NO BRASIL
AUTOR(ES): GIZELMA GUIMARÃES PEREIRA SALES
RESUMO:
Apresentam-se, nesta comunicação, resultados parciais de pesquisa do Programa de Iniciação Científica (Bolsa Pibic/CNPq/Unesp) vinculada às linhas de pesquisa: “Formação de professores” e “Ensino de língua portuguesa” do Gphellb – “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil”, e do Piphellb – Projeto Integrado de Pesquisa “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil”, ambos coordenados por Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil e para a compreensão de um importante momento da história do ensino de Língua Portuguesa, focaliza-se a proposta para esse ensino apresentada por J. Budin (1914 – 1953), em Metodologia da Linguagem: para uso das escolas normais e institutos de educação, cuja 1ª. edição foi publicada em 1949, pela Companhia Editora Nacional (SP). Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, vem-se analisando a configuração textual do manual mencionado, que consiste em enfocar os diferentes aspectos constitutivos de seu sentido. Os resultados obtidos até o momento propiciaram constatar a importância do estudo desse manual, um dos primeiros destinados específicamente ao ensino da disciplina Metodologia da Linguagem, no Brasil, no período em que foi publicado, tendo sido utilizado para a formação de professores alfabetizadores especialmente entre as décadas de 1940 e 1960.
PALAVRAS-CHAVE: J. BUDIN, METODOLOGIA DA LINGUAGEM, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: PROFESSORAS DA ESCOLA PÚBLICA: TRAJETÓRIAS DE LEITURAS
AUTOR(ES): HELOISA BARRETO BORGES
RESUMO:
Este trabalho faz parte da pesquisa “Leitores da escola pública: um estudo de caso no Colégio Estadual de Feira de Santana”, iniciada em 2008 e com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). No desenvolvimento da investigação, entrevistamos professoras e estudantes e realizamos com eles Círculos de Leitura, nos quais textos literários são lidos em voz alta por um leitor-guia, havendo, no final, uma discussão sobre os sentidos que os leitores atribuem ao referido texto. No processo de coleta de dados também aplicamos questionários com os estudantes. Apresentamos neste texto resultados parciais da pesquisa, dando um recorte às entrevistas com as professoras. Embora a análise de dados encontre-se em andamento, é possível perceber que os depoimentos das professoras revelam trajetórias singulares de leitura, marcadamente influenciadas pela família ou pela escola, demonstrando que cada leitor constrói a sua história como sujeito historicamente situado. A leitura aqui é concebida como prática sociocultural que acontece dentro e fora da escola, conforme postulam Chartier (1999, 2001, 2004); Abreu (1999, 2004, 2005, 2006). Ao analisarmos os dados, observamos que vários perfis de leitores vão se delineando tomando como referência as necessidades profissionais e/ou pessoais. São leituras para fundamentar o trabalho como professoras com as especificidades das áreas de conhecimento nas quais estão ligadas, ou leituras religiosas, ou de autoajuda, que dizem respeito aos respectivos momentos pessoais. Além disso, detectamos que as características de uma sociedade industrial de massa marcam as próprias escolhas de leitura das professoras. Os dados mostram a existência de vários tipos de leitores que transitam naturalmente pela literatura popular, pela literatura clássica, pela literatura religiosa e pela literatura de massa.
PALAVRAS-CHAVE: TRAJETÓRIA DE LEITURA, PERFIL LEITOR, LEITURA LITERÁRIA

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 12
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: EXERCITANDO A LEITURA E APRENDENDO A CUIDAR DO CORPO
AUTOR(ES): HELOÍSA HELENA PIMENTA ROCHA, CAROLINA TOSHIE KINOSHITA
RESUMO:
Ensinar as crianças a ler de forma fluente, apropriando-se das idéias e sentimentos presentes nos livros, configurou-se em um dos objetivos que orientaram a produção de livros de leitura, nas primeiras décadas do século XX. A discussão sobre os tipos de livros que deveriam ser oferecidos às crianças das escolas elementares de São Paulo, foi alvo de intenso debate, no âmbito do qual se procurou definir os critérios segundo os quais deveriam ser avaliados os livros de leitura e os livros de leitura suplementar destinados a esse público. Visando desenvolver a agilidade e desenvoltura na leitura, mas também oferecer à criança modelos de conduta, os livros de leitura suplementar, organizados em torno de temas diversos, foram objeto de avaliação das comissões instituídas pela Diretoria Geral da Instrução Pública, que procuraram analisá-los sob diferentes aspectos, selecionando aqueles que deveriam ser utilizadas no trabalho cotidiano da escola. Dentre os temas abordados nesses livros estiveram a moral, as noções de ciências e os hábitos de higiene. Esta comunicação toma como fontes livros de leitura suplementar recomendados para as crianças das escolas paulistas, visando examinar os modos como se procurou, por meio das práticas de leitura, incutir na criança modos de viver, agir e se comportar. Na análise de tais obras, procura-se atentar não apenas para as prescrições que põem em circulação, mas para os protocolos textuais e tipográficos por meio dos quais se procura conformar a leitura. Dentre esses dispositivos, interessa-nos examinar os prefácios, cartas ao leitor ou outros espaços destinados ao diálogo com o professor, bem como a presença de imagens da criança limpa e asseada, em suas articulações com os textos que as acompanham.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, MANUAIS ESCOLARES, HIGIENISMO

TÍTULO: ENTRE SAL, JABÁ E CORDÉIS: A LEITURA SINGRA OS RIOS AMAZÔNICOS
AUTOR(ES): HENRIQUE SILVESTRE SOARES
RESUMO:
Para termos hoje, no Brasil, a Biblioteca Nacional, uma longa viagem empreenderam os livros: da Europa ao Rio de Janeiro, conforme nos dá conta Lilia Moritz Schwarcz, construindo histórias e identidades. Distância parecida e, em piores condições, percorreram regatões e alguns outros aventureiros para, rompendo interdições naturais e sociais, levar aos mais longínquos recantos amazônicos – seringais acreanos, alimentos para o corpo e um desejado e cobiçado objeto: o livro. Esta comunicação pretende, pois, descrever e analisar alguns suportes de textos, em especial o cordel, buscando evidenciar, além da trajetória dos livros até os seringais, as práticas de leitura instauradas, articulando-as à História do estado do Acre e à constituição de sujeitos leitores. A chegada do livro ao Acre ocorre no exato instante em que, banidos pelas condições climáticas e seduzidos pela possibilidade de enriquecimento rápido e fácil, nordestinos, em especial, cearenses, instalaram-se no território, àquele momento boliviano, iniciando uma história de conquistas territoriais e culturais. Essa vinculação entre o homem nordestino e o cordel vai instaurar novas práticas culturais, dentre elas a leitura, a partir do contato com o novo espaço geográfico e sociocultural. Com esse fim, nossa análise é realizada à luz dos pressupostos teóricos advindos da História Cultural, particularmente o que se refere à História do Livro, através dos estudos de Roger Chartier, e da Análise do Discurso francesa.
PALAVRAS-CHAVE: PRÁTICAS DE LEITURA, CORDEL, AMAZÔNIA/ACRE

TÍTULO: O LIVRO: OBJETO DE ESTUDO E MEMÓRIA DE LEITURA
AUTOR(ES): ILSA DO CARMO VIEIRA GOULART
RESUMO:
Este trabalho tem como propósito compreender a interação e o vínculo que se constrói no decorrer do tempo entre leitor e a leitura através do livro. Para efetivação desta pesquisa foram utilizadas entrevistas com pessoas, a partir de cinqüenta anos, que guardaram seu livro do período em que estudou, bem como, daquelas que em um determinado momento de suas vidas adquiriram outro exemplar deste impresso, ou mesmo, daqueles que conservaram o livro de outra pessoa. Pelo relato das experiências de leitura que ocorreram com este material, tanto na palavra proferida, quanto na memória restituída, é possível investigar sobre o papel que o livro, enquanto objeto físico, ocupa na relação do leitor com a leitura. Um objeto-livro que torna-se revelador das marcas de um tempo, das lembranças de sua relação com a leitura e dos sentimentos da iniciação de um leitor. Desta forma, a pesquisa destacará o livro como objeto cultural e desencadeador de práticas de leitura. Para tanto, buscar-se-á como suporte teórico as contribuições de Bakhtin (2004) numa compreensão da linguagem no campo da enunciação, de Benjamin (1994) e Certeau (1994) nas noções de experiências e memórias de leitura, de Chartier (1994, 1996, 1999), Darnton (1998) na apreensão da história do livro, da leitura e das práticas que a envolve. PALAVRAS-CHAVE: Livro. Leitura. Leitor. Memórias de leitura.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, LEITOR, LIVRO

 

TÍTULO: NÚCLEO DE PESQUISA E EXTENSÃO VOZES DA EDUCAÇÃO: CONHECENDO POR MEIO DO SEU ARQUIVO AS DIFERENTES “VOZES“ DAS ESCOLAS GONÇALENSES
AUTOR(ES): INÊS FERREIRA DE SOUZA BRAGANÇA, PAULA FERNANDA NUNES FERREIRA, VANIA LUCIA DAS GRAÇAS SILVEIRA
RESUMO:
O presente trabalho é fruto das observações e reflexões que tecemos como pesquisadoras ligadas ao Núcleo de Pesquisa e Extensão Vozes da Educação: Memória e História das Escolas de São Gonçalo. O Núcleo foi criado em 1996, na Faculdade de Formação de Professores da UERJ. Ao longo desses treze anos, vem desenvolvendo diferentes ações, buscando constituir espaços de memória, narração e formação para alunos/as e professores/as em um permanente diálogo com a cidade de São Gonçalo, tendo como princípio a articulação pesquisa-ensino-extensão. O Núcleo tem como objetivo central levantar a história da educação pública, partindo da construção e reconstrução da memória e da história das escolas gonçalenses por meio de relatos orais e fontes documentais. Nesse sentido, uma das dimensões da atuação do Núcleo consiste no incentivo à constituição de arquivos documentais tanto nas próprias escolas, como também na sede do Núcleo de Pesquisa, tendo como perspectiva uma política arquivística que visa favorecer a disponibilização de seu acervo para pesquisa. Assim, desenvolvemos uma proposta de reorganização deste acervo, buscando critérios e eixos que favoreçam o acesso, a leitura e sempre novas interpretações da história da educação em São Gonçalo. O desenvolvimento da referida proposta têm nos proporcionado a ampliação de nossa própria leitura de mundo, da cidade e da educação neste Município e fortalecido nossa formação na condição de professoras-pesquisadoras.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA , EDUCAÇÃO, ARQUIVO

 

TÍTULO: A LEITURA NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA: CONTRIBUIÇÕES PARA SE PENSAR A PRÁTICA DE ENSINO
AUTOR(ES): ISABEL CAMILO DE CAMARGO
RESUMO:
Esta apresentação tem como objetivo analisar a importância da leitura para o ensino-aprendizagem na construção da disciplina de História, não dissociando essa leitura da interpretação de texto e como uma ferramenta para a produção do conhecimento, pois vejo como indissociáveis. Integra-se ao propósito desta comunicação debater formas de como podemos melhorar o ensino em sala de aula, principalmente, nos níveis fundamental e médio. Visamos também discutir formas de se trabalhar com diversas fontes históricas em sala de aula, isso se faz importante, pois cada fonte histórica possui sua especificidade e, assim, metodologias diferentes que necessitam de um embasamento teórico próprio e que nos acarreta em formas de leitura diferenciadas; além de ser uma alternativa ao livro didático. Buscaremos ainda refletir sobre como se tem constituído o conhecimento histórico nas escolas, suas transformações e adequações às mudanças que estão ocorrendo no mundo atualmente. Essa discussão nasce de uma preocupação com a prática do ensino da disciplina de História, já que essa deveria ser uma preocupação corrente de todos os professores, bem como buscar formas que contribua para uma transformação qualitativa da educação, intentando que os alunos compreendam como se dá a construção do pensamento histórico e que consigam meditar sobre os atuais dilemas de nossa sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, HISTÓRIA, ENSINO

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 13
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: ENTRE A LITERATURA E A HISTÓRIA: LEITURAS DO BRASIL COLÔNIA EM TERRA PAPAGALLI E MEU QUERIDO CANIBAL.
AUTOR(ES): JACIMARA VIEIRA DOS SANTOS
RESUMO:
Pretende-se, neste trabalho, examinar os intercursos entre Literatura e História. Retomando o referencial histórico acerca do processo de colonização do Brasil, encontramos duas obras sobre as quais se pretende tratar, enquanto potenciais desencadeadores de ruptura e questionamentos acerca da História oficial: Terra papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta; e Meu querido canibal, de Antônio Torres. O confronto de vozes entre ficção e História vem, nos romances em questão, fissurar o discurso da História valendo-se do apelo semântico da “mera coincidência”. Assim, no primeiro romance são compostos cenários e personagens em que vislumbramos paridades com personagens e cenários narrados pela historiografia, porém, suscitando revisões. O percurso narrativo de Antônio Torres, por sua vez, passa pelos documentos oficiais, embebe-se da oralidade dos remanescentes das comunidades indígenas alocadas no Rio de Janeiro nos tempos atuais e revela seu trajeto no final do romance, no excerto Leituras canibalizadas, aduzindo ao teor antropofágico também vislumbrado em Terra Papagalli – sinal de contato importante frente às intenções de nosso trabalho. Neste ponto, encontramos desde André Thevet e Hans Staden; a Gilberto Freyre e Silviano Santiago, sem que se perca, contudo, a preocupação em estabelecer dúvidas sobre a visão idílica do índio e sobre aspectos dos discursos dos vencedores, em críticas à sociedade grafocêntrica e seus registros.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA, LITERATURA, COLONIZAÇÃO

 

TÍTULO: AS PRÁTICAS DE LEITURA QUE PERPASSAM A FORMAÇÃO DAS TURMAS PROFISSIONALIZANTES DO COLÉGIO ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
AUTOR(ES): JAMILLE ARNAUT BRITO MORAES
RESUMO:
Este estudo se propõe a analisar as práticas de leitura dos estudantes das turmas do curso Técnico em Gestão Comercial/ Operações Comerciais (TGC) do Colégio Estadual de Feira de Santana (BA). Em decorrência da minha participação em uma outra pesquisa nesta instituição de ensino, fui instigada a pesquisar sobre o perfil desses leitores em específico, justamente por sua natureza peculiar, pois são turmas que aliam o Ensino Médio ao Profissionalizante. Em virtude desse grupo de discentes apresentarem um currículo voltado para contemplar a formação do Ensino Médio Profissional Técnico, tornou-se pertinente avaliar as práticas de leitura desses sujeitos e, de forma enfática, se os textos literários são trabalhados neste contexto escolar. A fim de traçar tal perfil, os aportes metodológicos utilizados como instrumentos de coleta de dados foram: a aplicação de questionários, realização de entrevistas e de Círculos de Leitura. As abordagens da pesquisa são de natureza quantitativa e qualitativa, de cunho exploratório, na modalidade estudo de caso. Diante dos resultados apontados neste trabalho, pode-se notar que os discentes, em geral, valorizam o ato de ler, bem como se caracterizam como leitores. No entanto, não basta somente esta valorização, é necessária a incorporação das práticas sociais de leitura e escrita pelos próprios leitores.
PALAVRAS-CHAVE: PRÁTICAS DE LEITURA, TGC, PERFIL DO LEITOR

 

TÍTULO: A CONFORMAÇÃO DE SABERES SOBRE EDUCAÇÃO MORAL, CIVISMO E HIGIENE NOS PERIÓDICOS EDUCACIONAIS DA ESCOLA NORMAL DE SÃO CARLOS (1911-1923).
AUTOR(ES): JAQUELINE RAMPELOTI OZELIN
RESUMO:
Nesta comunicação apresento alguns resultados da pesquisa que tem por objetivo analisar os periódicos educacionais: Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923), Excelsior! (1911-1916) e O Raio Verde (1917-1918) – publicados pela Escola Normal de São Carlos – privilegiando os artigos sobre educação moral, civismo e higiene com a finalidade de compreender como esses temas são apropriados e representados pelos diretores, professores e alunos dessa instituição de formação de professores. Tem como fontes principais os periódicos acima citados incluindo a Revista de Educação (1921-1923), publicada pela Escola Normal de Piracicaba, selecionada para a pesquisa em virtude da grande incidência de artigos sobre a higiene, contrastando com a Revista da Escola Normal de São Carlos na qual a incidência maior é de artigos sobre a educação moral e o civismo. O recorte temporal escolhido compreende o primeiro ano de publicação da revista Excelsior! (1911) e se estende até o último ano de publicação da Revista da Escola Normal de São Carlos (1923), englobando o período de publicação do periódico O Raio Verde (1917-1918) e da Revista de Educação (1921-1923). Para a análise, é realizada a contextualização do momento de publicação dos periódicos e a leitura e análise dos artigos que tratem dos temas selecionados, tendo como base teórica os pressupostos lançados pela História Cultural, em especial, os escritos sobre produção, apropriação e representação apresentados por Roger Chartier e Marta Carvalho, tomando o impresso como objeto cultural que guarda as marcas de sua produção e usos. Até o momento, é possível afirmar, tanto pela leitura dos aspectos históricos quanto pela análise de alguns artigos, que os temas estudados são centrais durante a Primeira República brasileira e eram temas importantes no cotidiano das escolas normais de São Carlos e de Piracicaba.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA CULTURAL, PERIÓDICOS EDUCACIONAIS, ESCOLA NORMAL DE SÃO CARLOS

 

TÍTULO: O RESGATE DA LEITURA E SEUS VALORES CULTURAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.
AUTOR(ES): JOAQUIM DE MEDEIROS NETO
RESUMO:
A leitura faz parte integrante da vida de cada pessoa. Baseada nessa afirmação, a presente pesquisa propõe analisar os fatores sócio-culturais na motivação para a leitura e na formação de valores em Escolas do Ensino Fundamental e Médio, localizadas nos Municípios de Londrina, Cambé e Tamarana, localizados no norte do Estado do Paraná. O enfoque estará na observação de contribuições significativas na interferência educacional, interagindo no processo formador de habilidades e na ampliação de conhecimento. Pretende-se, em um primeiro momento diagnosticar e analisar a prática de leitura vivenciada em Escolas de Ensino Fundamental e Médio, nas áreas Urbanas Central, Periferia e Rural (Campo). Num segundo momento, o nosso intuito é apresentar e discutir os resultados com as Instituições envolvidas, sugerindo reflexões, como a Escola, a Família e os Educadores tem enfrentado as situações adversas ao verdadeiro aprendizado com as experiências de leitura e estratégias a serem utilizadas para o resgate da leitura e de seus valores sócio-culturais junto aos educandos, seus familiares e toda a comunidade formativa. Para que os alunos possam desenvolver o processo de compreensão de leitura faz-se necessário que se envolva em situações funcionais de leitura, considerando o meio em que vivem. É fundamental esta iniciativa para que o processo seja, de fato, uma continuidade da construção do leitor. Esta pesquisa pretende desenvolver uma política eficaz de conscientização da função da Universidade no contexto da qualidade de vida dos alunos, sua família e população, tão necessária no Brasil de hoje, em todas as camadas sociais e de dimensões culturais diversas.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, ESCOLA, VALORES SÓCIO-CULTURAIS

 

TÍTULO: REFLEXÕES SOBRE LEITURA E PRODUÇÕES TEXTUAIS DE PROFESSORAS DE ENSINO FUNDAMENTAL
AUTOR(ES): JULIANA CHRISTINA REZENDE DE SOUZA
RESUMO:
Este estudo procura analisar como a leitura pode influenciar as produções textuais de professoras do Ensino Fundamental. Temos como suporte os pressupostos teórico–metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa, para discutir a interpretação e a assunção da autoria pelo professor e as implicações disto para o processo ensino-aprendizagem. Falamos de um sujeito-professor que, ao produzir um discurso, está inserido num contexto que oferece determinadas condições para que essa produção aconteça, incluindo-se as relações de poder, histórias de vida, aspectos da ideologia dominante, práticas sociais letradas, o acesso desse sujeito ao arquivo (PÊCHEUX, 1997) e a formação discursiva em que ele se insere. A metodologia utilizada consiste da leitura, interpretação e discussão de textos lidos com professores, sujeitos desta pesquisa, em 05 encontros. Os textos selecionados serviram de base para produções de textos dissertativo-argumentativos de 03 professoras do Ensino Fundamental, de uma escola de Ribeirão Preto-SP. Consideramos, então, o professor historicamente discursivizado como “detentor do saber” e, a partir disso, pretendemos investigar, por meio da leitura e da escrita, como esse sujeito assume a posição sujeito-leitor e sujeito-autor ao produzir sentidos sobre sua área de atuação. Orlandi (1996) aponta que o discurso pedagógico funciona como sendo do tipo autoritário, uma vez que, na escola, os sentidos mobilizados na leitura e interpretação são aqueles legitimados pela classe dominante, permitidos a circular e que não podem ser disputados pelos interlocutores. A análise dos textos encontra-se em fase inicial e podemos dizer que a escola, como instituição ligada à classe dominante, não privilegia a formação de autores, e que, mesmo com discursos diversos acerca da educação, no contexto escolar a predominância é a paráfrase do sentido permitido, o que é diferente de historicizar, de trabalhar com a polissemia, apagando os possíveis gestos de interpretação e autoria dos sujeitos professor e aluno.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, DISCURSO, AUTORIA

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 14
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: OS POEMAS CLÁSSICOS COMO FENÔMENOS CULTURAIS ESTRUTURADORES DO ANTIGO CONCEITO GREGO EDUCACIONAL
AUTOR(ES): JULIANA CRISTHINA FAIZANO MURARI , JOSÉ JOAQUIM PEREIRA MELO
RESUMO:
O presente trabalho destina-se a demonstrar a importância da leitura dos poemas homéricos, Ilíada e Odisséia, para a compreensão do conceito grego de educação. À primeira vista, estas epopeias homéricas aparecem como contos fantásticos, destituídos de qualquer base histórica, mas, quando se procede a uma investigação mais aprofundada, percebe-se que elas são portadoras de certa racionalidade, cuja base são valores éticos, políticos e pedagógicos. No tratamento da questão, a preocupação maior é mostrar que, na antiguidade grega, a tradição poética era exemplificadora de comportamentos e, fundando-se como meio educador, instituía determinados modos de ser e viver. Abordados de uma perspectiva didático-pedagógica, é possível perceber que esses mitos homéricos tomavam a forma de personagens de extrema bravura, honestidade, sabedoria e um elevado senso de justiça. Heróis, como Aquiles, Ulisses e Heitor, converteram-se em modelos a ser seguidos. Desde pequeno, o homem grego aristocrata aprendia a respeitar os deuses e a crer em seus mitos, particularmente naqueles contidos na Ilíada e na Odisséia. Mesmo que fantásticos, eles eram utilizados para uma formação que lhe conferia o status de cidadão ético, justo e sábio. A leitura desses clássicos na contemporaneidade revela os valores válidos para a sociedade grega daquela época, elucida seus questionamentos e preocupações quanto ao fenômeno educativo. Ainda que se caracterizem pelo fantástico e imaginário, os poemas revelam muito da convivência social grega. A leitura desses poemas, mais do que um entretenimento, deve ser um meio para se chegar ao conhecimento da cultura que, dando origem aos fundamentos da civilização ocidental, é uma herança que ainda se faz presente na atualidade. Em razão disso, considera-se que as obras homéricas são documentos reveladores do pensamento grego arcaico. Por meio de sua leitura, é possível entender o mundo grego e sua cultura e esclarecer alguns de seus conceitos, especialmente o de educação.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, POESIA CLASSICA, HOMERO

 

TÍTULO: “REFLEXÕES DE LEITURAS, USO DA PRÁTICA DIALÓGICA E O REGISTRO: FERRAMENTAS DA AÇÃO DO PEDAGOGO NO PROCESSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA ESCOLA PÚBLICA”.
AUTOR(ES): KARYNE ALVES BAROLDI
RESUMO:
O trabalho apresenta o relato de experiência da ação do pedagogo na escola pública no município de Niterói e o processo de formação continuada desenvolvido com o coletivo de professores, utilizando como ferramentas a leitura, a escrita, a reflexão e o diálogo em uma prática formadora. A identidade do pedagogo é construída mediante sua atuação profissional, estudo e troca de experiências com outros pedagogos e professores, tendo como pilar esta mesma lógica( leitura/escrita). Assim, o exercício é duplo, de formar-se e possibilitar a formação, onde o exercício de ler, escrever, re-escrever e registrar são práticas cotidianas, cada professor se assume neste processo e busca romper com as armadilhas de sua própria formação. Os encontros de formação ocorrem semanalmente, são momentos de diálogos mediados pela Proposta da Rede Municipal de Educação de Niterói, e aponta para uma nova concepção de educação, entendendo o movimento de construção como uma relação dialética, sendo individual e coletiva, humana, em ciclos e em constantes ritmos e conhecimentos. O exercício desta prática reflexiva utilizando a leitura e a escrita nos remete à constituição de formas diferenciadas e ousadas de desafios, no exercício constante da ressignificação de novos conhecimentos, implicando diretamente na atuação docente e na identidade do profissional. Por outro lado, o registro favorece a organização das análises realizadas, constituindo-se em memórias motivadoras em busca de novos significados, explicando-se em si mesmo e na interação como o outro. Esses momentos de diálogo são mediados por autores como Perrenoud, Paulo Freire e Rubem Alves, problematizando e construindo com o auxilio da leitura um espaço ressignificado e motivador de novos conhecimentos, tendo na figura do pedagogo um articulador desta colcha de conhecimentos. (PALAVRAS-CHAVE: Formação, Leitura, Registro.)
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, FORMAÇÃO CONTINUADA, REGISTRO

TÍTULO: MANUAIS DE LEITURA ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DA HISTÓRIA DO ENSINO PRIMÁRIO EM MINAS GERAIS NO PERÍODO DE 1930 A 1945
AUTOR(ES): KÁTIA GARDÊNIA HENRIQUE DA ROCHA CAMPELO
RESUMO:
Este texto apresenta algumas reflexões acerca dos manuais de leitura escolar que circularam em Minas Gerais no período de 1930 a 1945. No Brasil, o livro didático ocupa um lugar importante no sistema educacional, o que tem contribuído para que esse objeto assuma um papel relevante como objeto e fonte de pesquisa na História da Educação Brasileira. Esse material é capaz de fornecer indícios para o entendimento de como foi se constituindo o processo de ensino e aprendizagem ao longo dos anos. Partindo dessa perspectiva, acredita-se que o conhecimento sobre o processo de circulação de manuais escolares possam fornecer subsídios para a compreensão da história do ensino primário mineiro. Esta investigação teve como objetivo mapear a circulação de manuais de leitura escolar destinados ao ensino primário em Minas Gerais, no período de 1930 a 1945. Tomou-se como arcabouço teórico conceitual os estudos e as pesquisas sobre: cultura escolar (Julia, 2001; Viñao Frago, 1995; Faria Filho, 2004; Vidal 2005); forma ou gramática escolar (Cuban, 1999); e materialidade do impresso (Chartier, 1999; Frade, 2003). Em consonância com esse referencial teórico conceitual, vários documentos foram adotados como fontes. Dividimos as fontes utilizadas nesta pesquisa em três grandes categorias: textos legais e documentos oficiais, documentos do arquivo escolar e relatos orais. O cruzamento dos dados coletados nos forneceu indícios sobre os manuais de leitura escolar que efetivamente circularam no ensino primário mineiro e suas implicações na história desse nível de ensino. Portanto, a pesquisa permitiu não apenas conhecer títulos de manuais de leitura escolar que circularam em Minas Gerais, mas também compreender aspectos da história do ensino primário mineiro.
PALAVRAS-CHAVE: MANUAIS DE LEITURA ESCOLAR, CULTURA ESCOLAR, HISTÓRIA DO ENSINO PRIMÁRIO

TÍTULO: DO PASSADO AO PRESENTE: A RELAÇÃO LEITURA - ESCOLA
AUTOR(ES): KELLY CRISTINA COSTA MARTINS
RESUMO:
Este trabalho é parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação - FCT/UNESP na cidade de Presidente Prudente-SP. Nosso objetivo aqui é discutir a historicidade da leitura no ambiente escolar visando conhecer os meios pelos quais esta instituição se utiliza para inserir seus alunos nas práticas de leitura. Com a universalização do ensino a escola passou a ser um espaço importante para desenvolver e proporcionar práticas de leitura aos seus alunos. Na maioria das vezes, é através dela que as crianças, principalmente aquelas das camadas populares, estabelecem os primeiros contatos com a leitura. Sabemos que o domínio das práticas de leitura e de escrita, como no passado, continua a garantir certos privilégios em nosso cotidiano. Isso se dá pelo fato de vivermos em uma sociedade altamente grafocêntrica, onde aqueles que não dominam o código escrito estão sujeitos ao submundo e a dependência. Desse modo, faz-se necessário investigarmos como a escola, instituição responsável não só por ensinar os alunos a ler e a escrever, mas inseri-los em uma sociedade letrada, trabalha com as práticas de leitura em seu cotidiano. O estudo bibliográfico feito até o momento aponta que a instituição escolar parece não ter se dado conta dessa nova concepção de aprendizagem e tem reduzido as atividades de leitura em mera reprodução ou decifração do código escrito, trazendo em seu cotidiano textos sem sentido, fraseados e que não levam em consideração a diversidade textual que o aluno se depara em seu dia a dia. Assim, faz-se necessário que toda comunidade escolar e as instituições governamentais enxerguem que a escola é de suma importância para a democratização do conhecimento e para a socialização do saber acumulado ao longo do tempo, e que, é através da leitura que tomamos posse desta bagagem.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, ESCRITA, ESCOLA

 

TÍTULO: OFÍCIO DE ENSINAR: OS PRIMEIROS PROFESSORES DO GRUPO ESCOLAR “JOSÉ GABRIEL DE OLIVEIRA”, DA CIDADE DE SANTA BÁRBARA D´OESTE, SP.
AUTOR(ES): LAURA APARECIDA CARACANHA
RESUMO:
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar resultados parciais da pesquisa sobre a constituição do Grupo Escolar “José Gabriel de Oliveira”, situado na cidade de Santa Bárbara D´Oeste. Esta escola, fundada em 29 de março de 1913, foi o primeiro grupo escolar implantado no município e um dos primeiros da Região Metropolitana de Campinas. A pesquisa buscou investigar a importância da implantação de um grupo escolar no município; a influência do poder público na sua construção; os modos de organização dessa instituição e a formação dos primeiros professores contratados. Para tanto, tomou-se como fontes os Livros de Atas da Câmara Municipal, no período de 1889 a 1912, além de documentos produzidos pela instituição, dentre eles o livro de Termo de Compromissos. O exame das Atas das Sessões Ordinárias da Câmara Municipal permitiu observar que o poder público municipal teve grande influência na instalação desse grupo escolar. Na análise dos documentos escolares, encontraram-se elementos que possibilitam identificar quem foram os primeiros professores contratados, os poderes que lhes eram atribuídos para exercer a função de professor, os deveres a cumprir perante o Estado. Com o exame dos documentos dos primeiros professores, foi possível analisar seus currículos, quanto à formação que possuíam e experiência profissional.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA, EDUCAÇÃO, GRUPOS ESCOLARES

 


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 15
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: A “NOVA“ NGB...
AUTOR(ES): LAURO JOSÉ SIQUEIRA BALDINI
RESUMO:
Pelo menos desde o Programa de Português de Fausto Barreto, em 1887, assistimos a gestos que procuram regular e uniformizar o discurso gramatical. No final da década de 50, com a publicação da Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), uma nova fase da gramatização brasileira se instalou e não se pode dizer que seus efeitos tenham sido dos mais salutares. Recentemente, foi divulgada uma versão preliminar da “renovação” da mesma NGB, esforço iniciado pela Academia Brasileira de Filologia. O momento é propício para analisarmos, de um ponto de vista discursivo, mais essa intervenção no interior da gramatização brasileira. Meio século já se passou entre a publicação da NGB e a nova iniciativa. Que razões sustentam a necessidade de “renovar” a NGB? Pensando a relação entre a gramatização e a política, o que nos diz esse gesto de “renovação”, naquilo que se refere ao discurso gramatical? Considerando que “a gramatização de uma língua é parte da história da língua, não sendo, simplesmente, uma produção de instrumentos sobre ela” (Guimarães & Orlandi, 1996), o que pode ser dito a respeito dos efeitos sobre a relação dos sujeitos com a língua? É o que nos propomos a considerar nesse trabalho, tendo como referencial teórico a Análise de Discurso.
PALAVRAS-CHAVE: NOMENCLATURA GRAMATICAL BRASILEIRA, ANÁLISE DE DISCURSO, GRAMATIZAÇÃO

TÍTULO: A LEITURA DO ESPAÇO NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO TEXTUAL E DE OBJETOS VISUAIS
AUTOR(ES): LEIDE PATRICIO MONTEIRO
RESUMO:
Na medida em que a globalização avança, faz-se necessário reconhecer e valorizar a cultura local, colocando-a como um dos pontos de referência na formação dos alunos de ensino fundamental e médio. A vivência estética de estudantes do Ensino Fundamental II, enfatizando o conhecimento do patrimônio artístico/histórico da cidade de Santos é tema deste trabalho, que buscou investigar nos relatos realizados pelos estudantes suas percepções em relação à observação do espaço. Este trabalho é parte da pesquisa que está sendo desenvolvida no Mestrado em Educação, voltada para as práticas de leitura. Tem como fundamento os conceitos de Hernández, Barbosa e Freire entre outros autores, que discutiram a questão da cultura visual nos processos de formação. Como metodologia foi realizada observação do local histórico e artístico do centro velho da cidade de Santos pelos alunos, que relataram suas observações utilizando o registro gráfico e o registro escrito. O trabalho toma por base os relatos de experiência dos participantes, analisando os dados por eles apresentados. Os resultados da análise mostraram aspectos positivos em relação ao desenvolvimento da alfabetização visual dos alunos e em seu envolvimento com a escrita e a produção de objetos artísticos, além de outros aspectos referentes ao modo como passaram a olhar a cultura local, na expressão de sentimento e de pertença do patrimônio histórico e artístico local.
PALAVRAS-CHAVE: PROCESSOS FORMATIVOS , EDUCAÇÃO ARTÍSTICA, PRODUÇÃO TEXTUAL

 

TÍTULO: NACIONALISMO E EDUCAÇÃO BRASILEIRA: REFLEXÕES SOBRE O PENSAMENTO DE JOHM DEWEY E ANÍSIO TEIXEIRA
AUTOR(ES): LEILA MARIA INOUE
RESUMO:
Neste texto apresento parte dos estudos realizados em minha pesquisa de mestrado intitulada “O nacionalismo através dos impressos: a Revista de Educação (1921-1923) e a coleção Atualidades Pedagógicas (1931-1924)“, sob a orientação da Dra Ana Clara Bortoleto Nery. O propósito central é compreender e analisar a circulação das idéias nacionalistas na formação de professores primários na Revista de Educação (1921-1923) e na coleção Atualidades Pedagógicas (1931-1945). O objetivo deste texto é refletir sobre a concepção nacionalista de educação presente no livro Democracia e Educação, de John Dewey, pois este livro faz parte da coleção; analisar em que medida, Anísio Teixeira se apropriou do pensamento de Dewey para defender suas idéias e, analisar em que medida as idéias de Teixeira estavam de acordo com a ideologia do Período Vargas (1930-1945). Este trabalho está sendo desenvolvido sob a perspectiva da História Cultural, baseado nas premissas de Roger Chartier e problematizada por Marta Carvalho. Tal referencial toma o impresso em sua materialidade de objeto cultural se preocupando com as práticas que o produzem e os usos que são feitos deles. Com isso, os impressos de destinação pedagógica, devem ser analisados da perspectiva de sua produção, distribuição, como estratégias editoriais correlacionadas com os usos que modelarmente lhe são prescritas e, ainda, como dispositivo de normatização pedagógica e como suporte material das práticas escolares. Desse modo, os impressos funcionavam como dispositivos de normatização pedagógica, como suporte material das práticas escolares que circulavam naquele momento. Particularmente, os livros da coleção Atualidades Pedagógicas podem ser analisados como meio para divulgar os ideais políticos e educacionais do grupo dos educadores renovadores (escolanovistas).
PALAVRAS-CHAVE: NACIONALISMO, IMPRESSOS PEDAGÓGICOS, ATUALIDADES PEDAGÓGICAS

 

TÍTULO: PRONÚNCIA “CERTA” E PRONÚNCIA “ERRADA” NAS PRIMEIRAS GRAMÁTICAS E TRATADOS DE ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
AUTOR(ES): LUCIANA MERCÊS RIBEIRO
RESUMO:
Os primeiros estudos prescritivos da Língua Portuguesa buscaram estabelecer regras, padrões gramaticais e ortográficos. Do mesmo modo, a pronúncia das palavras também foi alvo desse estudo normativo. O presente trabalho discute o modo como o uso popular da língua é estudado e, sobretudo, caracterizado nas primeiras Gramáticas e Tratados de ortografia da Língua Portuguesa. Esse uso popular, muitas vezes, é tratado por “pronúncia do vulgo”, pronúncia que apresenta “vícios”, etc., ou seja, um tipo de pronúncia “errada” que deve ser evitada e corrigida. Madureira Feijó (1734) em sua obra: “Orthographia, ou arte de escrever, e pronunciar com acerto a lingua portugueza”, referindo-se a certas diferenças dialetais da região norte de Portugal, como a troca da letra B pela letra V, por exemplo, “binho” em lugar de “vinho”, diz que se trata de um “rasgo dialectal” e um “vício pátrio”, que deve ser “emmendado”. Jerônimo Soares Barbosa (1822), em sua “Grammatica Philosophica da lingua portugueza, ou principios da grammatica geral applicados á nossa linguagem”, revela que o uso que deve servir de regra nas gramáticas é a pronúncia da corte, que representa o uso da “gente mais civilisada e instruída”, diferente do uso popular que apresenta “vícios”. Essas obras de caráter prescritivo condenando a pronúncia popular viciosa trazem, por outro lado, informações preciosas sobre a fonética em uma época em que não havia gravadores de som nem técnicas de transcrição fonética. Por outro lado, contribuem para um estudo histórico sobre o preconceito linguístico, principalmente, aquele ligado à educação e às gramáticas normativas.
PALAVRAS-CHAVE: GRAMÁTICAS , TRATADOS DE ORTOGRAFIA, PRONÚNCIA

TÍTULO: MEMÓRIA DA CULTURA ESCOLAR MATO-GROSSENSE: O ENSINO DE LEITURA NO GRUPO ESCOLAR CAETANO DE ALBUQUERQUE
AUTOR(ES): LUCIANA VICÊNCIA DO CARMO DE ASSIS E SILVA
RESUMO:
Esta comunicação apresenta um recorte de uma pesquisa mais ampla, de abordagem histórica, que estuda as questões relacionadas à memória da cultura escolar mato-grossense. Neste momento, a ênfase recai sobre a cultura escolar primária do Grupo Escolar Caetano de Albuquerque, do município de Poconé, em Mato Grosso, nos sessenta anos que se seguem à reforma da instrução pública realizada em 1910. O recorte temporal foi determinado em razão de dois importantes marcos para a educação mato-grossense: 1910, ocorre uma reorganização do ensino, nos moldes republicanos, com os grupos escolares e 1970, mais precisamente, em 1971, uma nova reorganização marca o ensino brasileiro, extingue-se a modalidade anterior passando as escolas a denomirarem-se escolas de 1º e 2º Graus. Compreendemos que as instituições escolares expressam as relações sociais de um determinado contexto histórico, assim esta investigação fundamenta-se nos pressupostos teórico-metodológicos das áreas da História Cultural e da Educação. A localização de fontes diversas como: leis, decretos, regulamentos, mensagens presidenciais à Assembléia Legislativa, jornais da época, cadernos de alunos e professores permitiu a compreensão de aspectos importantes da escola republicana na sociedade poconeana. Para compreender o uso e a apropriação das prescrições oficiais, em uma memória mais recente do período em questão, trabalhamos com a história de vida de um sujeito que foi aluna do grupo, nos anos de 1950, e, posteriormente, professora alfabetizadora do Grupo Escolar Caetano de Albuquerque. A articulação de fontes impressas, manuscritas e orais revelou que a implantação dos grupos em Mato Grosso foi símbolo de modernização cultural, e permitiu compreender aspectos da cultura escolar relacionada ao ensino da leitura e da escrita. Coexistindo com escolas isoladas, rurais e urbanas o processo de criação do grupo escolar em pauta, enfrentou desafios em relação às condições sócio-economicas e culturais da época.
PALAVRAS-CHAVE: GRUPOS ESCOLARES , CULTURA ESCOLAR , ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 16
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: A PRIMEIRA BIBLIOTECA ESCOLAR PÚBLICA DE BRASÍLIA
AUTOR(ES): LUCIMARA GOMES OLIVEIRA DE MORAIS
RESUMO:
A gestão dos espaços escolares de leitura constituiu-se um exercício de cidadania para gestores, professores, estudantes e toda comunidade. Com o objetivo de desvelar, na perspectiva histórica, a trajetória de gestão dos espaços de leitura nas escolas públicas, buscou-se refletir sobre parte da história da educação em Brasília. O trabalho tem o objetivo de perceber o significado da primeira biblioteca escolar pública de Brasília como espaço de democratização do conhecimento, bem como relacionar a criação desta biblioteca ao pensamento de Anísio Teixeira, fundamentado na educação integral. Durante a construção da nova capital federal Anísio Teixeira elaborou o Plano Educacional do Distrito Federal. As ações do plano indicaram a concepção de educação defendida e vivenciada por ele. Para Anísio Teixeira a escola deveria oferecer “à criança oportunidades completas de vida, compreendendo atividades de estudos, de trabalho, de vida social e de recreação e jogos.” (TEIXEIRA, 1999 : 164) O primeiro grupo escolar havia sido construído em vinte dias e, apesar do tempo exíguo, a biblioteca teve seu lugar garantido, seu acervo contava de “dezenas de livros [...] tudo doação de firmas particulares” (SILVA, 1961: 158). Percebe-se que a biblioteca infantil constituía-se como um espaço histórico de democratização do acesso aos bens culturais, por meio dos livros. Para Anísio Teixeira, a escola deveria “atender a necessidades específicas do ensino e educação e, além disto, à necessidade de vida e convívio social” (TEIXEIRA, 1961: 195) . Desta forma, a fundação da primeira biblioteca escolar pública de Brasília mostrou a relevância que o espaço de leitura tinha no pensamento e ações de Anísio Teixeira.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DE BRASÍLIA, BIBLIOTECA ESCOLAR PÚBLICA, ACESSO MATERIAL AO LIVRO

 

TÍTULO: TRAÇOS CENOGRÁFICOS DA INSTRUÇÃO PÚBLICA E PRIVADA DO RIO DE JANEIRO NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
AUTOR(ES): LUIZ FERNANDO CONDE SANGENIS
RESUMO:
Desejamos construir uma “cenografia” da instrução pública e privada, na cidade do Rio de Janeiro, município neutro da corte, na segunda metade do século XIX, na perspectiva da pesquisa histórica do cotidiano. Relatórios oficiais, matérias de jornais, com destaque aos anúncios veiculados nestes periódicos, serviram de fontes. Segundo os relatos da época, o espetáculo oferecido pela maior parte das escolas era simplesmente deprimente e vergonhoso. A qualidade do ensino e o número de matrículas deixavam a desejar. As instalações físicas, em geral adaptadas, a falta de mobiliário e de materiais didáticos, a carência de compêndios e o despreparo do magistério, constituíam o cotidiano das escolas. De outro lado, a maior demanda da população por escolarização, ante a incapacidade da escola pública, teve como conseqüência direta o rápido crescimento de cursos e de casas de ensino de iniciativa privada. A educação privada, então, era responsável pelo atendimento da maior parte da população escolar. O ensino, de feições demasiadamente humanísticas, não estava orientado para as ciências, faltando às escolas o sentido prático de preparação para o trabalho e para a vida. A reduzida elite estava interessada nos clássicos, no romance francês, nas artes importadas, na moda que vinha de fora. A população iletrada não tinha meios de chegar a este estágio cultural. Persistia a exigência de escolas ou turnos separados para os dois sexos. Meninos e meninas aprendiam a ler, a escrever e a contar, assim como recebiam ensinamentos de francês, da literatura francesa e da retórica, sem desprezo à caligrafia. As meninas aprendiam, ainda, os trabalhos de agulha e tesoura, música e dança; mas, bem cedo, deixavam a escola. Os pais desejavam prepará-las para o lar, e elas se casavam muito jovens. A carreira da moça e do moço estava delineada: enquanto ela almejava o matrimônio, ele, o diploma de bacharel.
PALAVRAS-CHAVE: ESCOLA NO SÉCULO XIX, INSTRUÇÃO PÚBLICA E PRIVADA, EDUCAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

 

TÍTULO: CONTRIBUIÇÕES DE J. W. GERALDI PARA A HISTÓRIA DO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL
AUTOR(ES): LUZIA DE FÁTIMA PAULA
RESUMO:
Nesta comunicação, apresentam-se resultados de pesquisa di Programa de Doutorado em Educação (Bolsa CNPq), vinculada à linha de pesquisa “Ensino de língua portuguesa” do Gphellb – Grupo de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil” e do Piphellb – Projeto Integrado de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”, ambos coordenados por Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a produção de uma história do ensino de língua portuguesa no Brasil e para a compreensão da história das disciplinas escolares no Brasil, em especial do ensino de Língua Portuguesa, enfoca-se o pensamento de João Wanderley Geraldi (1946- ) sobre esse ensino, concretizado, especialmente, em “O texto na sala de aula: leitura & produção“ (1984), “Portos de passagem“ (1991) e “Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação“ (1996). Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio da utilização de procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, analisou-se a configuração textual desses livros, a qual consiste em enfocar os diferentes aspectos constitutivos de seu sentido. Concluiu-se que o pensamento de Geraldi contido nos livros analisados, centrado em uma perspectiva interacionista de linguagem, significou uma revolução conceitual na história da disciplina língua portuguesa no Brasil, uma vez que o texto passa a ser entendido como unidade de sentido e objeto de ensino em língua portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: J. W. GERALDI, ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

TÍTULO: A PRODUÇÃO DE LIVROS DE LEITURA EM SÃO PAULO NO INÍCIO DO SÉCULO XX
AUTOR(ES): MARCIA DE PAULA GREGORIO RAZZINI
RESUMO:
Partindo da pesquisa de pós-doutorado (2005 e 2007), sobre a produção de três editoras que se destacaram na publicação de livros de leitura para a escola primária, Livraria Francisco Alves, Tipografia Siqueira e Editora Melhoramentos, esta comunicação propõe analisar a ascensão da produção didática de um grupo de professores formados pela Escola Normal de São Paulo. Inicialmente inscrita no processo local, de expansão da escola pública primária paulista, implantado a partir de 1890, essa produção de livros de leitura acabaria ultrapassando as fronteiras do estado, sendo recomendados a partir de reformas promovidas por outros estados da federação. Os livros eram apresentados, ao mesmo tempo, como índice de mudança em relação ao que havia antes e como agentes uniformizadores da(s) proposta(s) para o ensino da leitura. Se por um lado, observa-se que os livros de leitura autorizados para uso nas escolas públicas paulistas eram produzidos por editoras estabelecidas em São Paulo, por outro lado, também registra-se a inauguração, na capital do estado, da primeira agência da Livraria Francisco Alves, editora do Rio de Janeiro que lideraria o segmento de livros didáticos brasileiros nas primeiras décadas do século XX. Nesse sentido nota-se a transferência de muitas obras de autores oriundos de São Paulo para o catálogo da Livraria Francisco Alves. Além desta, a expansão da escola pública elementar iria influenciar o crescimento da produção didática de outras firmas, como a Tipografia Siqueira e a Editora Melhoramentos que, juntas, seriam responsáveis pela produção da maior parte dos livros de leitura no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: LIVROS DE LEITURA, PRODUÇÃO EDITORIAL, SÃO PAULO

TÍTULO: COLÉGIOS DE ONTEM: UMA LEITURA DA CULTURA ESCOLAR NO COLÉGIO NOSSA SENHORA DE BELÉM -GUARAPUAVA-PARANÁ
AUTOR(ES): MARIA APARECIDA CRISSI KNUPPEL
RESUMO:
O presente trabalho buscou compreender aspectos da cultura escolar do Colégio Nossa Senhora de Belém, instituição de ensino católica, localizada em Guarapuava-Paraná, nas primeiras décadas do século XX. Assim, a elaboração deste artigo, como parte de uma pesquisa maior que investiga as primeiras escolas em Guarapuava, permitiu o entendimento da importância das experiências destes educadores católicos para a constituição de modelo de civilidade, permeado pela religiosidade, na educação guarapuavana. Sendo assim, o objetivo central do trabalho buscou realizar uma leitura da prática docente e da organização escolar para compreender a presença da escola católica, de modelo europeu. Para tanto, recorreu-se a conceitos de cultura escolar tal como aponta Julia (2001) e Frago (1995). Como fontes foram utilizadas as crônicas do Colégio, bem como revistas que tematizam aspectos da história da Congregação e jornais da época, além de relatos orais de ex-alunas, as quais permitiram recuperar na fala dos indivíduos, as impressões registradas com relação a cultura escolar, dando completude à narrativa. A opção foi por um trabalho arraigado nos princípios teórico-metodológicos da história cultural, objetivando reconstruir os fatores de constituição das práticas culturais desenvolvidas nesse espaço, através dos princípios, pressupostos e fundamentos da cultura escolar e das disciplinas escolares, tendo claro que vários desses diferenciais, organizaram-se em torno das disputas pelo espaço de formação da civilidade, alicerçados na educação escolar. A investigação realizada revelou, pelo menos em parte, de que modo a área de influência da Igreja Católica, somada às transformações que estavam em curso na sociedade brasileira engendrou práticas culturais na educação do Paraná.
PALAVRAS-CHAVE: CULTURA ESCOLAR, EDUCAÇÃO CATÓLICA, DISCIPLINAS ESCOLARES


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 17
DIA: 22/07/2009 - Quarta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 36

TÍTULO: O QUE OS JOVENS LEEM? RESSIGNIFICANDO LEITORES E LEITURAS
AUTOR(ES): MARIA AURORA NETA
RESUMO:
Aventurar-se para recriar, deslocar, desconstruir e desocultar o que, muitas vezes, parece tão evidente aos nossos olhos, mas que, de repente, pode ser percebido de outra forma e a partir de outros olhares é necessário quando se vive numa sociedade que por, diversas vezes, tem construído discursos e ações por meio do senso comum ou baseando-se, muitas vezes, apenas numa visão unilateral e estereotipada. Nesse sentido, esta comunicação pretende pôr em discussão a questão da relação dos jovens com a leitura, tendo em vista que o discurso da não-leitura dos jovens entremeia o discurso da não leitura do brasileiro, sentença tão disseminada, mas também questionada por diferentes estudiosos da história da leitura. Trazer para o debate a relação dos jovens com a leitura é dar visibilidade a uma categoria social que vive sob a égide de uma sociedade adultocêntrica e que atribui a esses uma série de estereótipos e quase sempre negativos, ainda, é proporcionar condições para que outros referenciais de leitor e de leitura possam ser revistos e considerados, tendo em vista os possíveis deslocamentos que podem ser feitos quando se ampliam noções de leitura e de leitores, aqui, especificamente, relacionados aos jovens. Assim, estou considerando no universo da história da leitura e do leitor no Brasil que os jovens são leitores e precisam ser vistos, reconhecidos e considerados como tal, para a partir dessa compreesão (re)ver as práticas de leituras desenvolvidas na escola junto à juventude.
PALAVRAS-CHAVE: JOVENS, LEITORES, LEITURAS

 

TÍTULO: VIAJANDO PELA ÁFRICA E CONHECENDO O BRASIL: OS DESAFIOS NO PERCURSO DE IMPLANTAÇÃO DA LEI 11645/08 NOS ANOS INICIAIS
AUTOR(ES): MARIA CLÁUDIA DE OLIVEIRA REIS FERRAZ, MÔNICA REGINA FEREIRA LINS
RESUMO:
Esta comunicação é resultado da ação-reflexão de um grupo de pesquisa que vem se constituindo no Departamento de Ensino Fundamental dos Anos Iniciais do CAp-UERJ, voltado para a inclusão da temática racial no currículo desse segmento de ensino e com base na Lei 11645/08 que instituiu a obrigatoriedade do Ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira e Indígena na escola básica. Pretendemos relatar a experiência de leitura, vivida por um grupo de estudantes do quinto ano de escolaridade, em 2008, com o livro “Um passeio pela África“, de Alberto da Costa e Silva. Nesse “passeio”, foi possível identificar a existência das imagens eurocêntricas que permanecem nas leituras que as crianças fazem do continente africano e de suas diferentes culturas, revelando um imaginário ainda permeado pelo modelo das relações escravistas. Essa experiência de leitura partiu do objetivo de estudar um pouco a História do Brasil através de um passeio, não só literário, mas histórico e geográfico, por algumas regiões e países da África, num movimento de reconhecimento das semelhanças e das diferenças existentes entre nós e a nossa terra-irmã: sua geografia, seu povo, suas crenças, suas tradições e seus conflitos. Nessa leitura itinerária, os estudantes foram instigados a pesquisar o continente negro para além das fronteiras das páginas do livro, revelando, nesse movimento de estudo, os desafios que se apresentam a nós, professoras-pesquisadoras, na construção de uma educação das relações étnico-raciais.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO, HISTÓRIA DA ÁFRICA, EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL

 

TÍTULO: A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL REPUBLICANA DO ESTADO DO PARANÁ - 1889 A 1900.
AUTOR(ES): MARIA CRISTINA GOMES MACHADO
RESUMO:
Neste texto estudamos a política educacional do Estado do Paraná para a organização da escola pública primária republicana no período de 1889 a 1900. Na segunda metade do século XIX, os debates em torno da necessidade de educar as classes populares e sobre a necessidade da escola pública ser fundamental para a formação do cidadão assim como para a formação para o trabalho, tornavam uma questão central nos debates políticos. Essa idéia se acirrara na Europa e, pari passu, ela, também, se manifestava no Brasil e, em especial, no estado do Paraná, objeto dessa pesquisa. Os homens de Estado – Governadores – procuravam disseminar a escola nos diferentes estado, antigas províncias, em especial, no Estado do Paraná, apoiando-se na Constituição de 1891 que adotava o regime de federação. Esta determinava que o Governo Central se responsabilizaria pelo ensino secundário e superior em toda a federação e pelo ensino primário, apenas no Distrito Federal. Assim, cada estado responsabilizava-se pela criação e manutenção da escola primária. As ações estaduais aconteceram em tempos e espaços diferenciados. No campo historiográfico têm crescido os estudos regionais, compreendidos como manifestação do movimento nacional e internacional. Dessa forma, acompanhamos as políticas educacionais explicitadas no estado paranaense, tomando como fonte primária a Carta Constitucional Estadual de 1892, bem como o debate constituinte que precedeu à sua aprovação, a legislação educacional publicada no estado, os relatórios de governadores escritos no período de 1889 a 1900, entre outras. Estas tomavam como ponto de partida a necessidade da adoção da gratuidade do ensino. Temas como laicidade e obrigatoriedade provocavam polêmica e não chegaram a fazer parte da legislação deste estado. Para essa análise considera-se o contexto econômico, político, social e cultural que gestou as proposições referentes à educação.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL, ESCOLA PRIMÁRIA

TÍTULO: SAÚDE E ALEGRIA: UMA RELEITURA DOS DEPOIMENTOS DOS ALMANAQUES DE FARMÁCIA
AUTOR(ES): MARIA DAS GRAÇAS SANDI MAGALHÃES, MARIO LUIZ GOMES, SILVANA GONÇALVES ALVIM DA COSTA
RESUMO:
Uma das estratégias de venda dos almanaques de farmácia, entre o final do século XIX e pelo menos até a década de 1960, consistia na publicação de depoimentos de leitores confirmando os benefícios do medicamento promovido pelos laboratórios, responsáveis, também, pela publicação e distribuição gratuita desse tipo de impresso. Normalmente escritos em um padrão culto e com estilo parecido, os depoimentos eram anualmente repetidos e/ou reformulados pelos editores. Entretanto, apesar dessa intervenção, os testemunhais, como eram chamados nos almanaques, são indícios importantes de apropriações de discursos e usos por uma parcela da população brasileira que pode ler os almanaques de farmácia regularmente por anos a fio. Em especial no que concerne à história da infância, a leitura desses depoimentos permite discutir padrões de robustez, doenças recorrentes, a relação fracasso escolar e fragilidade física, as relações entre farmacêuticos e laboratórios nas prescrições sobre os cuidados com a saúde das crianças, entre outros aspectos. Analisar a trajetória de Norma e Ruth, meninas de Santos Dumont, Minas Gerais, que na década de 1940 foram “garotas-propaganda” do tônico Capivarol, é um caminho, que, tomando como base os conceitos da micro-história e da história cultural, pretende identificar representações em torno da saúde e da educação da infância nesse período.
PALAVRAS-CHAVE: ALMANAQUES DE FARMÁCIA , INFÂNCIA , HIGIENE

 

TÍTULO: RASTREANDO VESTÍGIOS DA ATUAÇÃO DA PROFESSORA MARTHA ELIZABETH HAIRSTON NA CASA DA EDUCAÇÃO FEMININA EM RECIFE NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
AUTOR(ES): MARIA DE LOURDES PORFÍRIO RAMOS TRINDADE DOS ANJOS
RESUMO:
O objetivo desse estudo é analisar a atuação da missionária batista norte-americana Martha Elizabeth Hairston no Seminário de Educadoras Cristãs (SEC),identificando a maneira como legitimou a expansão e implantou sua cultura e práticas escolares. O SEC é uma instituição protestante de confissão batista fundada em 1917 por missionários norte-americanos, em Recife, que através das décadas vem prestando relevantes serviços na formação de professoras para atuarem nas escolas anexas às igrejas, como educadoras religiosas, nas Casas Batista da Amizade, como esposas de pastores e dedicar-se as missões nacionais e estrangeiras. Martha Hairston atuou como reitora no período de 1953 a 1980. As festas, a formatura, a disciplina, as normas, a cultura espiritual e o currículo foram elementos da cultura escolar pesquisados. A investigação recorreu à pesquisa bibliográfica e documental tais como:prospectos, livros de atas, jornais, livros, boletim informativo, dissertações, monografias e teses. O pensamento de Norbert Elias, Dominique Juliá, Viñao Frago, serviram como aportes teóricos da pesquisa e as categorias de análises de estudo de civilização, arquitetura e cultura escolar. O resultado do trabalho evidencia a construção de um novo prédio, a fundação da Casa Batista da Amizade, a preocupação com o analfabetismo, a aplicação de novas práticas escolares , a criação de novos cursos, as normas, a cultura espiritual e as festas escolares.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO PROTESTANTE BATISTA, EDUCAÇÃO FEMININA, CULTURA ESCOLAR

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 18
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 22

TÍTULO: FORMAÇÃO DO LEITOR: A ESCOLA CUMPRE A TAREFA?
AUTOR(ES): MARIA HELENA BERTOLINI BEZERRA
RESUMO:
A presente comunicação é resultado da pesquisa de doutorado realizada na PUC, São Paulo, apresentada em 2009, sobre a constituição do leitor a partir do espaço escolar. Mesmo havendo muitos estudos apontando importantes resultados sobre a relação escola e leitura, intentou-se, ainda, buscar nos espaços de realização das aulas, nos procedimentos e entendimentos dos professores de uma escola de ensino fundamental da rede municipal de São Paulo, o que de fato acontece no cotidiano escolar em relação à formação do leitor. Trabalhou-se dentro da perspectiva dos estudos da Sociologia da Educação, em especial com o conceito de forma escolar desenvolvido por Guy Vincent, Bernard Lahire e Thin e, ainda, com autores que trazem elementos sobre a história da leitura, intimamente ligados aos estudos educacionais como Bourdieu e Gimeno Sacristán. Dentre os resultados da pesquisa, há evidências da formação insuficiente do leitor a partir do espaço escolar, tendo em vista que as ações escolares em torno da leitura possuem aspectos pouco estimulantes, afastando o aluno da leitura ao invés de aproximá-lo. Contudo, a pesquisa aponta que os professores, ao serem questionados sobre o trabalho que realizam sobre leitura, não só admitem a tarefa de formação do leitor como intrinsica à função docente, como acreditam que o que fazem contribui para esta formação. Nas ações cotidianas dos professores em se tratando de leitura, aparecem marcas muito nítidas de um modo escolar de tratar não apenas a leitura, como as demais áreas do conhecimento. Desse modo, a escrituração para tudo o que se faz, seja em sala de leitura ou em sala de aula, é entendido como um modo particular de agir constituído historicamente, ou seja, um modo de agir marcado pela cultura escolar.
PALAVRAS-CHAVE: ESCOLALIZAÇÃO, FORMA ESCOLAR, LEITURA

 

TÍTULO: LENDO ALAGOINHAS ATRAVÉS DE TEXTOS LITERÁRIOS E INFORMATIVOS: REVIRANDO E REVIVENDO MEMÓRIAS
AUTOR(ES): MARIA JOSÉ DE OLIVEIRA SANTOS
RESUMO:
Estudos contemporâneos apontam a necessidade de trabalhos fundamentados na concepção histórico-cultural, que considera como ponto de partida a dimensão dialógica da linguagem. Pautada nesse pressuposto, este estudo consiste em uma extensão do projeto “História Literária Alagoinhense“ e se volta à prática de leitura de textos literários e informativos, cujo público-alvo integra associações de bairros do município de Alagoinhas-Bahia. Ler a produção local proprciona adentrar nos meandros da cidade em décadas do século XX, considerando que fatos passados são significativos para a compreensão e interpretação da realidade local. Metodologicamente, a extensão às associações de bairros é uma possibilidade de sistematização da leitura fora da escola, enfatizando as tipologias textuais (informativas e literárias). Para isto, as situações de leituras partem de conhecimentos existentes e, também, são oferecidas condições de novas apropriações. A prática permite que as pessoas se percebam como interlocutoras determinantes, identificando acontecimentos físicos e populacionais, incitando reflexões pelo viés do respeito às diferenças. Metodologicamente, o curso acontece através de aulas expositivas dialogadas e aulas práticas em locais determinados pelas associações. Esta pesquisa surgiu pelo fato de, ao longo de dez anos, coordenar o projeto mencionado e perceber o desconhecimento da população sobre a história do município e ressaltar que a leitura é uma alternativa eficaz no processo. Para isto, faz-se necessário que sejam utilizados mecanismos que possibilite a aproximação prazerosa da leitura sistematizada.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, TEXTOS LITERÁRIOS, TEXTOS INFORMATIVOS

TÍTULO: “CONTAR HISTÓRIAS - SEDUÇÃO, ENCENAÇÃO E PRAZER“
AUTOR(ES): MARIA SUELI DOS SANTOS MARCON
RESUMO:
Sou professora de uma escola municipal de educação infantil. Enquanto educadora senti a necessidade de incentivar o hábito de leitura nas crianças. Para tanto, queria contar com o apoio dos pais e resolvemos desenvolver um curso de formação na escola, pois sabemos que poucos professores tem o preparo para contar bem uma história, além da dificuldade dos pais, sempre tão ocupados com seus afazeres diários. Então, realizamos um Congresso de pais, quando eles tiveram a oportunidade de participar de diversas atividades , sendo uma delas a Oficina : “ Contar histórias – Sedução, encenação e Prazer”. Eu e mais uma colega professora dramatizamos duas situações. Uma delas lendo um livro da forma mais inadequada possível, como ler rapidamente, sem mostrar figuras, nem ler o nome do autor. Ao final perguntamos se os pais haviam gostado. Eles estavam atônitos, sem entender nada. Depois , num segundo momento realizamos uma leitura como um momento de prazer, realizando todos os passos de uma boa leitura, como mostrar a capa, falar o nome dos autores, ilustradores, etc. Em seguida fizemos uma roda de leitura. Lemos pausadamente, virando as páginas devagar para que observassem bem os desenhos, alterando o tom de voz, enfim, dramatizando a história. Ao final perguntei se haviam gostado. Responderam que ficaram encantados e perceberam qual é a forma mais adequada de ler para seus filhos e a importância de ser um exemplo , servindo como modelos de leitores e como apoio para a leitura.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, PAIS, HISTÓRIA

TÍTULO: MEMÓRIA DA CULTURA ESCOLAR EM MATO GROSSO NAS ESCOLAS DA REGIÃO SUL DO ESTADO (1930-1970)
AUTOR(ES): MARIJANE SILVEIRA DA SILVA
RESUMO:
A presente comunicação faz parte de uma pesquisa mais ampla de fundo histórico que visa a resgatar e sistematizar aspectos da memória da cultura escolar mato-grossense, mediante investigação de fontes relacionadas às práticas escolares pertinentes ao ensino primário, especialmente, à leitura e à escrita desenvolvidas em grupos escolares, escolas reunidas e isoladas de Mato Grosso, no período de 1910 ,ano da reforma da instrução primária, que institui a escola graduada em MT, os grupos escolares, a 1970, início da década em que a educação passa a ser legislada pela Lei 5692/71 que imprime nova configuração ao modelo escolar. Os fundamentos teórico-metodológicos ancoram-se na História Cultural. Neste recorte priorizamos os dados das primeiras escolas de alguns municípios do sul do estado (Rondonópolis, Guiratinga, Poxoréu), apresentando elementos da cultura escolar presentes nas escolas mais antigas dessa região. A localização e análise de diários de classe, cadernos de professores e de alunos, cartilhas, planos de aula, livros de leitura e outras fontes documentais escritas e orais (depoimentos de professores aposentados) revelam o esforço de professores leigos, na sua maioria, que em condições precárias, por ausência de escolas adequadas e material didático insuficiente, foram os responsáveis pelo ensino “moderno” propagado pelos ideais republicanos. A criação de grupos escolares, como exemplo de modernidade, demorou a chegar nessa região de modo que não se pode ignorar o importante papel das escolas isoladas, urbanas e rurais. No que se refere a material didático é mencionado, recorrentemente, desde 1930, as Cartas ABC, Cartilha Nacional, Cartilha das Mães, produzidas e usadas desde o século XIX – e Nova Cartilha –, do inicio do século XX. Os resultados parciais são promissores permitindo acreditar que o desafio de resgatar e registrar a memória escolar, no período proposto, será um trabalho de grande importância sócio-cultural para a sociedade mato-grossense.
PALAVRAS-CHAVE: CULTURA ESCOLAR, MEMÓRIA DA ESCOLA, ENSINO PRIMÁRIO

 

TÍTULO: MÉTODO ANALÍTICO VERSO MÉTODO SINTÉTICO
AUTOR(ES): MÁRCIA CRISTINA DE OLIVEIRA MELLO
RESUMO:
Como resultado de investigação desenvolvida em nível de doutorado em Educação, apresento dados de pesquisa de fundo histórico, que tem por objetivo analisar os discursos sobre alfabetização veiculados na Revista Educação (1927-1930), especialmente o debate em torno da utilização do método analítico para o ensino da leitura e da escrita, enfeixados sob a denominação de “A Escola Paulista”. Trata-se da série de artigos escritos por Sud Mennucci e Renato Jardim, contendo a versão final do debate correspondente a uma sucessão de réplicas e tréplicas, em defesa de seus pontos de vista, sobre a introdução do método analítico em São Paulo. O eixo das discussões girou em torno da problemática de que o método analítico seria ativo ou não. Ao expor suas opiniões, fazem comparações, tecem explicações, críticas e defesas, disputando assim a hegemonia de interpretação do passado recente. É possível considerar que, juntamente com os debates educacionais de maior importância à época e a expansão de uma nova literatura educacional, o discurso sobre alfabetização, constituído, especialmente por uma geração de normalistas paulistas, considerados “os mais adiantados pedagogistas” do país, “expoentes do progresso”, e integrantes da “nascente cultura pedagógica nacional”, ganha espaço na revista Educação, tanto em relação as reflexões teóricas e práticas, quanto à evidência dos problemas enfrentados como, por exemplo, as limitações do sistema de instrução pública do Estado de São Paulo e o alto índice de repetência nas classes de alfabetização. PALAVRAS-CHAVE: alfabetização; método sintético de alfabetização; método analítico de alfabetização
PALAVRAS-CHAVE: ALFABETIZAÇÃO, MÉTODO SINTÉTICO DE ALFABETIZAÇÃO, MÉTODO ANALÍTICO DE ALFABETIZAÇÃO


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 19
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 22

TÍTULO: COLÉGIO MILITAR DE JUIZ DE JUIZ DE FORA NO PERÍODO DE 1998 A 2005 - CONSTRUINDO PROJETOS E FORJANDO A INTERDISCIPLINARIDADE
AUTOR(ES): MEIRE MOREIRA CORDEIRO
RESUMO:
Este trabalho objetiva compartilhar os primeiros resultados da pesquisa teórica e empírica desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação - mestrado - na Universidade Federal de São Carlos (PPGE/UFSCar), sob a orientação do Professor Doutor Amarílio Ferreira Júnior. Essa pesquisa investiga como se deu o forjamento da interdisciplinaridade no Colégio Militar de Juiz de Fora (CMJF), no período de 1998 a 2005. O trabalho será apresentado em três momentos: num primeiro momento, será abordada a conjuntura nacional e internacional da década de 1990, bem como os elementos que foram determinantes para que o Brasil editasse uma nova Política de Defesa Nacional. Este aspecto inflenciou significativamente as ações administrativas e pedagógicas desenvolvidas no âmbito do Exército Brasileiro (EB), o que acarretou mudança de concepção em seu Sistema de Ensino e no Subsistema de Ensino Colégio Militar do Brasil do qual o CMJF pertence. No segundo momento, será apresentado o CMJF com sua estrutura administrativa e pedagógica de Estabelecimento de Ensino (EE) militar, bem como as adaptações que foram necessárias à sua estrutura para que os agentes da comunidade escolar pudessem vivenciar o forjamento da interdisciplinaridade. No terceiro momento, será demonstrado o resultado da pesquisa empírica desenvolvida no arquivo do Colégio, apresentando o conjunto de projetos interdisciplinares desenvolvidos no período de 1998 a 2005, bem como as primeiras análises desse conjunto.
PALAVRAS-CHAVE: EXÉRCITO BRASILEIRO, INSTITUIÇÕES ESCOLARES, INTERDISCIPLINARIDADE

 

TÍTULO: MÉTODO DE ENSINO DE HUGO DE SAINT VICTOR
AUTOR(ES): MICHELLE CRISTINA IRIE
RESUMO:
O objetivo é fazer uma análise pedagógica da obra “Didascálicon- Da arte de ler“, escrita por Hugo de Saint Victor no século XII. Para tanto, se faz necessário entender, ao menos em linhas gerais, os acontecimentos históricos do período da obra: como esta expressou as grandes transformações que a sociedade ocidental sofreu no século XII, uma vez que pensamos os processos educativos sempre vinculados à sua época, ou seja, ao seu contexto histórico. Em “Didascálicon- Da arte de ler“, Saint Victor explicita a necessidade do homem em buscar novos conhecimentos e a compreensão do que seria o próprio saber, instiga seus alunos para a indagação, a disputa, o debate, para as incertezas do conhecimento da natureza que principiava a ganhar corpo no ambiente intelectual que se desenvolvia nas escolas. O homem busca uma nova forma de aprender, além do trivium e do quadrivium, em função de sua nova vida na cidade, às novas atividades . Saint Victor permite que compreendamos o caráter humano no processo educativo, que para aprender é necessário etapas e sistematização. Nesta obra o autor ensina ao aluno um método de estudo, discorre a respeito de como se fazer uma leitura, comenta que uma boa leitura pode trazer a sabedoria, a iluminação e a importância da memória e da história na interpretação de um texto.
PALAVRAS-CHAVE: IDADE MÉDIA, SÉCULO XII, EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: LEITURA DO PRINCIPIANTE (1926), DE ANTONIO PROENÇA, E A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO MÉTODO ANALÍTICO NO ESTADO DE SÃO PAULO
AUTOR(ES): MONALISA RENATA GAZOLI
RESUMO:
Neste texto apresentam-se resultados de pesquisa de mestrado em educação (Bolsa FAPESP) vinculada ao Grupo de Pesquisa e ao Projeto Integrado de Pesquisa “História do Ensino de Língua e Literatura no Brasil“, coordenados por Maria do Rosário L. Mortatti. Com o objetivo de contribuir para a compreensão de um importante momento da história do ensino da leitura no Brasil, focaliza-se a proposta apresentada pelo professor paulista Antonio Firmino de Proença (1880-1946), em “Leitura do principiante“, publicado pela Editora Melhoramentos (SP), sua 1ª. edição é de 1926 e a última, a 87ª., em 1956; esse e outros cinco livros integram a “Série de leitura Proença“ e foram utilizados em diferentes estados brasileiros. Mediante abordagem histórica centrada em pesquisa documental e bibliográfica, desenvolvida por meio dos procedimentos de localização, recuperação, reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, analisou-se a configuração textual de “Leitura do principiante“ e consiste em enfocar os diferentes aspectos constitutivos de seu sentido. Concluiu-se que, nesse livro, é apresentada uma proposta de concretização do método analítico para o ensino da leitura, em continuidade ao proposto pelo autor, para a fase inicial do ensino da leitura, em Cartilha Proença, e diretamente relacionada com outros livros de leitura publicados nas décadas iniciais do século XX, como decorrência da institucionalização desse método, no estado de São Paulo.
PALAVRAS-CHAVE: ANTONIO FIRMINO DE PROENÇA, MÉTODO ANALÍTICO PARA O ENSINO DA LEITURA, PESQUISA HISTÓRICA EM EDUCAÇÃO

 

TÍTULO: UMA PERSPECTIVA DE ANÁLISE PARA O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA
AUTOR(ES): NATÁLIA TEIXEIRA ANANIAS
RESUMO:
Considerando a necessidade de se explicitar diversos temas em um curto espaço de tempo para as aulas de História, o Livro Didático é visualizado, atualmente, como uma grande ferramenta pedagógica para a assimilação dos conceitos previstos para o Ensino Fundamental. Desse modo, analiso neste trabalho uma coleção didática utilizada na Rede Estadual de Ensino pertencente à cidade de Presidente Prudente, no estado de São Paulo, analisando as formas como os conteúdos apresentados nestes exemplares influenciam na aprendizagem dos alunos concluintes do Ensino Fundamental, ponderando uma forte carga ideológica subjacente aos temas, que interfere também na prática docente e na qualidade das aulas. A importância de se analisar o livro didático parte da necessidade de continuar um trabalho apresentado no úlimo COLE, onde constata-se a importância que esse material possui no contexto escolar, principalmente, como aporte para a prática docente.Como procedimento desta discussão, adota-se um estudo de caso direcionado para algumas unidades didáticas, partindo, dessa maneira, de encontro com o que o PNLD apresenta para uma boa estruturação desses livros, que influenciam significativamente as aulas de História.Sabe-se que o Livro Didático de História pretende atender às necessidades específicas da disciplina e a partir disso, conclui-se parcialmente a existência de lacunas estruturais referentes a unidades didáticas analisadas, ocasionando deficiência na aprendizagem dos alunos que possuem nestes exemplares um único recurso didático.
PALAVRAS-CHAVE: LIVRO DIDÁTICO, HISTÓRIA, IDEOLOGIA

 

TÍTULO: UM CONVITE PÚBLICO AO IMAGINÁRIO DO LEITOR OITOCENTISTA EM “BONS DIAS” E “AQUARELAS”.
AUTOR(ES): NELSON DE JESUS TEIXEIRA JÚNIOR
RESUMO:
Este trabalho visa estudar, por meio de uma análise comparativa e interpretativa, as crônicas machadianas datadas de 25 de Setembro de 1859 e 27 de Abril de 1888, refletindo sobre como se dá, nessas narrativas, a provocação ao imaginário do leitor oitocentista carioca, provocação esta que não o afastaria da leitura, ao contrário, seria um atrativo para que se formasse o gosto pela leitura literária. Serão separados, analisados, comparados e interpretados fragmentos dessas narrativas que apontem para os pontos de indeterminação enquanto “janelas abertas” ao imaginário do leitor oitocentista, refletindo sobre como, no ato da leitura, esse imaginário poderia ampliar, das mais variadas maneiras, os caminhos de intervenção nos referidos textos, construindo um encontro dialógico entre texto e leitor. Deve-se ressaltar que todo o estudo está baseado não em dados empíricos, mas na interpretação das estruturas que se configuram como “leitor implícito” nas crônicas em questão. Tais crônicas, pertencentes às séries “Aquarelas” e “Bons Dias”, foram escritas em forma de mosaico, trazendo os mais variados assuntos do dia-a-dia fluminense, abordados sob diferentes formas pelo narrador machadiano. Pretende-se discutir a relação entre as crônicas enfocadas e o leitor do oitocentos carioca, à luz das Teorias de Wolfgang Iser, Robert Scholes, Costa Lima e outros, observando como o interlocutor poderia ser levado a construir, por meio do seu imaginário, novos significados para esses textos que circulavam pelo espaço carioca no dezenove.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR., IMAGINÁRIO., CRÔNICAS MACHADIANAS.

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 20
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: INDÍCIOS DE CIRCULAÇÃO DO “LIVRO DO POVO“ DE ANTONIO MARQUES RODRIGUES
AUTOR(ES): ODALEIA ALVES DA COSTA
RESUMO:
O “Livro do Povo“ de Antonio Marques Rodrigues, foi impresso pela Tipografia do Frias e sua primeira edição data de 1861, com 208 páginas e uma tiragem de 4.000 exemplares. Com apenas 4 anos após a primeira tiragem já se contava com 16.000 exemplares. Outro fato notório, para a época, em relação ao “Livro do Povo“, é que a obra era ilustrada com um grande número de gravuras. Hoje os centros de produção de livros didáticos no Brasil estão localizados na Região Sudeste, porém no final do século XIX, as tipografias e gráficas mais importantes estavam no Maranhão, Pará e Pernambuco. O “Livro do Povo“ circulou não apenas no Maranhão, mas em muitas províncias brasileiras naquele período. Para ilustrar a circulação deste livro, tomamos como exemplo, a Província de Pernambuco. O Relatório de Instrução Pública n° 45, p. 58, registra: “O Conselho Director da Instrução Pública, a quem foi presente o livro impresso no Maranhão em 1862, intitulado do Povo, ou vida de N. Senhor Jesus Christo para ser adoptado como compêndio de leitura nas escolas primárias da Província, aprovou com copia, e com a qual me conformo rogando a V. Exª se digne de dar a sua confirmação na forma do art. 3° & 4° da lei n° 369 de 14 de maio de 1855“. Faz-se necessário ressaltar que o “Livro do Povo“ apesar de sua grande tiragem para a época, não encontramos nenhum em nenhuma biblioteca pública brasileira sequer, um exemplar do mesmo. No entanto, na British Library, na Inglaterra, existe um exemplar da 4ª edição do “Livro do Povo“. Dessa forma, pretendemos dar continuidade a esta pesquisa, investigando os indícios de circulação do “Livro do Povo“ no Brasil e também fora daqui.
PALAVRAS-CHAVE: LIVRO, CIRCULAÇÃO, LEITURA

 

TÍTULO: CONFIGURAÇÕES DO LEITOR MACHADIANO ATRAVÉS DO CONTO “EX-CATHEDRA“
AUTOR(ES): OTON MAGNO SANTANA DOS SANTOS
RESUMO:
Investigação sobre formas possíveis de leitura do conto “Ex-Cathedra”, de Machado de Assis, enfocando os protocolos de leitura construídos na narrativa, de forma a orientar e, simultaneamente, desafiar o leitor, tanto o do oitocentos, como o leitor contemporâneo. No conto ”Ex-cathedra”, a representação de processos de leitura está introjetada em toda a narrativa, oferecendo um leque de possibilidades de apropriação, como forma de exercício para associar e entender o que se lê ao que se vê, isto é, o mundo sugerido pelo narrador ao mundo representado pelo leitor. O objetivo desta Comunicação é discutir a diversidade de opções de leitura presente no conto em voga, enfatizando a participação do leitor como elemento constituinte da supracitada narrativa. Para alcançá-lo, serão estudados os elementos estruturais presentes no conto em tela, cuja função seria de criar laços com o leitorado, convidando-o a participar da narrativa e provocando-o, para que construa sua própria significação para o texto. Pesquisadores como Antônio Cândido, que realiza estudos sobre a sociedade do século XIX, Wolfgang Iser, que teoriza sobre a interação entre texto e leitor, Roger Chartier que investiga as relações entre textos, impressos e leituras, e Márcia Abreu, que desenvolve pesquisa sobre a formação de leitores na referida época, fundamentam as reflexões presente neste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR, LEITURA, CONTO MACHADIANO

 

TÍTULO: REPRESENTAÇÃO DE PRATICAS DE LEITURA NO ACRE: UMA LEITURA DO ROMANCE SERINGAL, DE MIGUEL FERRANTE
AUTOR(ES): PAMELA CLIVELA ANASTACIO
RESUMO:
É possivel atraves da leitura de textos literarios representativos compreendermos melhor o universo em que vivemos. A proposta desta comunicação visa partilhar análises parciais que dizem respeito à representação de praticas de leitura, no romance “Seringal“, de Miguel Jeronimo Ferrante. Para esse fim, evidenciaremos, no romance, as práticas representadas, através do percurso do personagem Toinho, um menino “perdido“ no meio da imensa floresta que sonha em poder aprender a ler e escrever, legítimo representante, na ficção, do nordestino que foi do sertão para a Amazônia, em busca de sobrevivência. A fundação da escola no seringal Santa Rita gera alegrias, expectativas, frustrações e, por fim, muitas tristezas. Ela seria, como descreve o narrador, um poderoso foco de luz que há de se irradiar por todo vale, redimindo para a cultura os irmãos seringueiros: a árvore do saber. Entretanto, a situação não agrada o Coronel, pois seringueiro alfabetizado, segundo ele, é ameaça aos negocios. Daí, como na realidade amazônica, a interdição ao mundo letrado. Nosso trabalho demonstrará, ainda, os métodos de alfabetização utilizados pela professora que vão desde a carta do be-a-bá aos castigos físicos. Toinho não conhecia o mundo. Se pelo menos aprendesse as letras o conheceria. Mas o destino acaba sendo contrário às suas vontades. Apanhar para aprender a ler e escrever não lhe chamava a atenção. Assim cai na desmotivação e no imobilismo atávico. Esta comunicação buscará, por fim, analisar, pelo viés adotado, a constituição do sujeito leitor nos seringais acreanos.
PALAVRAS-CHAVE: REPRESENTAÇÃO, PRATICAS DE LEITURA, LITERATURA AMAZONICA

 

TÍTULO: VIAJANDO, CONHECE-SE NOSSO POVO, CONHECE-SE NOSSA HISTÓRIA:L A LEITURA SOBRE O BRASIL ELABORADA POR ARIOSTO ESPINHEIRA PARA OS NOSSOS ESTUDANTES.
AUTOR(ES): PATRICIA COELHO DA COSTA
RESUMO:
Ao longo do ano de 1937, foi transmitido pela Rádio Jornal do Brasil o programa Viagem através do Brasil. Sob responsabilidade de Ariosto Espinheira, educador ligado ao movimento da Escola Nova, autor de Rádio e educação (1934) e membro da comissão rádio-educativa da Confederação Brasileira de Radiodifusão. O programa, destinado ao público infantil, propunha-se a divulgar uma concepção de quem era o brasileiro, por meio da narrativa de viagens e que incluía noções de história, geografia, folclore e costumes do nosso povo. Tal iniciativa pedagógica não era inédita, outros autores já haviam lançado mão desse tipo de narrativa para elaborar textos sobre história e geografia. Ainda na década de 1930, os programas foram transcritos em uma coleção paradidática, dividida em sete volumes e editada pela Companhia Melhoramentos. A proposta de apresentar um Brasil desconhecido às nossas crianças a partir da narrativa de viagens não era novidade. Em Através do Brasil (1910), Manoel Bomfim e Olavo Bilac se utilizaram dessa estratégia para divulgar o país redescoberto pela República. Tais obras fizeram parte do universo escolar de várias gerações, e ainda na década de 1950 ambas continuavam sendo reeditadas. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a obra de Ariosto Espinheira como uma leitura que contribuiu para a formação da idéia de Estado-nação entre nossos estudantes, com a circularidade da narrativa de viagem, escolhida pelo autor, para atingir tal fim. Dessa forma, tal estudo pretende contribuir com novas visões sobre a história da leitura escolar destinada em especial às disciplinas de História e Geografia.
PALAVRAS-CHAVE: VIAGEM, HISTÓRIA, GEOGRAFIA

 

TÍTULO: O ENSINO FEMININO PRIVADO EM PELOTAS: ALGUMAS EXPERIÊNCIAS DE LEITORAS DOS COLLEGIOS FEMININOS E AULAS PARTICULARES, NO SÉCULO XIX
AUTOR(ES): PATRÍCIA DANIELA MACIEL
RESUMO:
Este texto faz parte da pesquisa de mestrado, concluída em 2007, no PPGE da FaE/UFPEL, na linha de História da Educação, sob o TÍTULO: “O ensino feminino privado em Pelotas/RS, através dos anúncios de jornais (1875-1890)”. O trabalho analisou a educação feminina e teve como foco principal mostrar que havia na cidade de Pelotas, no século XIX, uma significativa e diversificada rede de ensino feminino (aulas particulares, escolas, externatos, internatos, etc.), e, em conseqüência, um amplo mercado de trabalho para as mulheres, especialmente para as professoras. Como fonte de pesquisa foi analisada diversas notícias e mais de mil anúncios de jornais de escolas femininas e aulas particulares para meninas publicadas nos jornais pelotenses do século XIX. A partir desses dados, o objetivo dessa comunicação é mostrar alguns registros das experiências de leituras escolares feita pelas “alumnas dos collegios femininos“, em Pelotas, entre os anos da pesquisa (1875-1890). Através do processo de escolarização das meninas apresentar algumas linhas e hábitos das leituras escolares, como poesias e diálogos, feitas nestes “collegios“ pelas leitoras, bem como os tipos de gêneros lidos e espaços de socialização das leitoras pelotenses. Conclui-se que nestes espaços escolares, destinados especificamente às mulheres, a leitura constituía-se uma importante atividade social e um passaporte para a cultura pelotense.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, HISTÓRIA DAS MULHERES, HISTÓRIA DA LEITURA

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 21
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 23

TÍTULO: CLARITA NO COLÉGIO: ENTRE A LITERATURA DE CUNHO MORALIZANTE E A FONTE HISTÓRICA
AUTOR(ES): PRISCILA KAUFMANN CORRÊA
RESUMO:
Este trabalho apresenta a obra “Clarita no Colégio“, de Maria Clarice Marinho Villac, em suas dimensões literária e histórica. “Clarita no Colégio“ é um livro voltado para o público infantil e juvenil, publicado em 1945 pela Editora Cristo-Rei e que fez muito sucesso na época. O livro foi republicado em 2008 pela Editora Lacruce, baseado em seu sucesso anterior. Além de sua linguagem envolvente e seu tom moralista, o livro reconta a trajetória escolar da autora, a Clarita, sendo permeado por lembranças e saudades. Maria Clarice estudou no Colégio Progresso Campineiro no período de 1914 a 1920. Esta instituição existe até hoje e foi fundada em 1900 por cinco campineiros ilustres - entre eles Orosimbo Maia - e que buscavam suprir a cidade com um estabelecimento de ensino laico para meninas da elite. Clarita foi interna deste colégio, mostrando-se uma aluna geniosa e indisciplinada. O comportamento de Clarita é mostrado como negativo e suas faltas eram punidas com diversos castigos e sermões, que aos olhos da autora se mostraram adequados. Uma figura importante que estimulou Clarita a se comportar bem foi Dona Emília de Paiva Meira, a diretora da escola, que procurava inspirar a aluna ao bom comportamento por meio da fé religiosa. O tom moralista do livro se dá pela descrição de diferentes momentos religiosos e conselhos baseados na religião que a autora fornece. Além de ser uma leitura agradável, o livro traz o cotidiano de um internato feminino no início do século XX e que, apesar de ser laico, possui uma forte tônica religiosa, compreendida como um fator necessário à disciplina e à moralização das alunas, futuras mães e esposas na sociedade. Neste sentido, “Clarita no Colégio“ se mostra uma fonte documental bastante rica para a compreensão deste universo escolar. * pesquisa orientada pela profª drª Maria do Carmo Martins.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FEMININA, ENSINO RELIGIOSO, COLÉGIO PROGRESSO

 

TÍTULO: RECONTANDO HISTÓRIAS: CONSTITUIÇÃO DO PROFESSOR – LEITOR E SEUS ITINERÁRIOS DE FORMAÇÃO
AUTOR(ES): PRISCILA LICIA DE CASTRO CERQUEIRA
RESUMO:
Este trabalho surgiu como desdobramento da dissertação desenvolvida no Programa de Mestrado em Educação e Contemporaneidade da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e tem como objetivo compreender como os modos de ler e interagir de um grupo de estudantes do Curso de Licenciatura em Pedagogia, do município do interior da Bahia, com o universo literário, como orientam e/ou influenciam a sua prática com a Literatura Infantil. O resgate das histórias de leitura configura-se como estratégia significativa para suscitar discussões sobre as tensões que se inscrevem entre os espaços de formação de leitores formais e informais e suas intersecções com a formação do professor – leitor. O aporte teórico, no campo da leitura, da literatura e da formação de professores contou com estudos desenvolvidos por autores consagrados como Chartier (1990;1996), Larrosa (2002; 2005), Benjamin (1987), Nóvoa (1988;2000), Marcia Abreu (2001;2006), Tardif (2002), Zilberman (2005), dentre outros. A pesquisa, de natureza qualitativa, teve como método de pesquisa a abordagem (auto)biográfica. Para a coleta dos dados foram utilizadas as entrevistas narrativas. Portanto, este estudo buscou dar visibilidade às histórias de leituras e leitores para que se pudesse compreender em que medida a formação e/ou auto-formação do professor leitor pode influenciar na sua prática docente.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO DE PROFESSORES, PRÁTICAS DE LEITURAS, FORMAÇÃO DO LEITOR

 

TÍTULO: LENDO O ESPAÇO PARA COMPREENDER A HISTORICIDADE DA ESCOLA: UM ESTUDO SOBRE ALFABETIZAÇÃO PATRIMONIAL NA UMEI ARCA DE NOÉ.
AUTOR(ES): PRISCILA PEDRO ANDRADE
RESUMO:
A presente comunicação visa compartilhar os resultados de uma pesquisa monográfica que teve como objetivo a leitura do espaço arquitetônico e relacional da Unidade Municipal de Educação Infantil “Arca de Noé“, uma escola localizada no município de São Gonçalo. Buscamos a partir da investigação do cotidiano escolar, através de uma perspectiva de “alfabetização patrimonial” (TAVARES, 2003, 2005), compreender o caráter político-epistemológico dessa concepção alfabetizadora na escola. Procuramos levar em consideração a complexidade da escola, para além de seu caráter de sistema educativo, entendendo que esta deve ser um locus de formação de leitores críticos de seu mundo, que privilegie a discussão e reflexão das questões de ordem política, econômica, cultural e social, bem como às políticas ligadas ao direito à escola e a educação de qualidade. Através de uma “escuta sensível” (BARBIER, 1992), fundamentada na perspectiva freireana (1986) de “leitura de mundo” e trabalhando no campo da “alfabetização patrimonial”, a escola foi tomada como um “livro de espaços” (ALVAREZ, 1994), como um patrimônio que se encontra na materialidade, mas também em sua intangibilidade, que deve ser lido e interrogado. Foi proposto um movimento de ler e complexificar o espaço físico e as “texturologias” (CERTEAU, 1994) que o compõe e conseqüentemente as relações e discursos que acabam por ser expressos através destas, com a finalidade de conhecer a historicidade da escola e compreender o seu cotidiano. Neste sentido, foi possível aprender sobre as diferentes lógicas que permeiam este espaço, bem como os impactos gerados na vida dos sujeitos escolares, principalmente das crianças, levando a compreensão de um projeto político para a infância.
PALAVRAS-CHAVE: ALFABETIZAÇÃO PATRIMONIAL, COTIDIANO ESCOLAR, EDUCAÇÃO INFANTIL

 

TÍTULO: UM PROGRAMA EM REVISTA – A SELEÇÃO NA ESCOLA NOS ANOS 1930.
AUTOR(ES): REGINA CÂNDIDA ELLERO GUALTIERI
RESUMO:
Na capa dos exemplares da revista Escola Nova, órgão oficial da Diretoria Geral do Ensino de São Paulo, no início dos anos 1930, pode-se ler que sua seção bibliográfica seria organizada com o intuito de constituir um “repertório de informação retrospectiva e contemporânea da cultura pedagógica mundial, facilitando aos professores a organização e orientação de suas leituras”. Entre 1930 e 1931, período em que Lourenço Filho esteve à frente da diretoria da instrução pública, foram editados 10 (dez) números dessa revista, todos temáticos, ou seja, as edições eram voltadas para um assunto específico. A intenção era prestar “assistência técnica” aos professores, oferecendo, “por baixo preço”, nas palavras do diretor, “uma coleção de monografias” que incentivaria “o estudo aprofundado de cada assunto”. O presente trabalho analisa a natureza e o conteúdo dessas orientações e suas relações com uma questão relevante naquele momento e, particularmente, cara ao diretor da instrução pública: a “uniformização das classes e dos próprios métodos de ensino” como condição para reduzir as taxas de repetência e enfrentar o problema da não aprendizagem, dos “retardados pedagógicos”. A “uniformidade mental” das classes, a ser conseguida graças a uma organização baseada em processos seletivos de alunos com desempenho intelectual, pretensamente semelhante, era vista como fator facilitador da atuação dos professores e, por conseguinte, da aprendizagem. No entanto, os mecanismos para implementar tal proposta contribuíram para a construção de uma cultura escolar da meritocracia, da excelência que, ao mesmo tempo em que reforçava a superioridade de determinados coletivos, estimulava e promovia a exclusão escolar que constituiu a marca histórica da escola no Brasil, em especial da instituição pública. O programa de formação de professor subjacente ao plano editorial da Revista Escola Nova é exemplar desse momento da história da escola pública brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: REVISTA PEDAGÓGICA, SELEÇÃO ESCOLAR, ESCOLA NOVA

 

TÍTULO: LEITURA PARA PROFESSORES: MANUAIS PEDAGÓGICOS EM CIRCULAÇÃO NA ESCOLA NORMAL AMARAL FONTOURA
AUTOR(ES): RENATA DE ALMEIDA VIEIRA, FÁTIMA CRISTINA LUCAS DE SOUZA, LIZETE SHIZUE BOMURA MACIEL
RESUMO:
A leitura de manuais pedagógicos definida e ofertada pelas escolas normais aos seus alunos, nos cursos de formação de professores, visando a atuação no antigo ensino primário, foi uma prática corrente durante muitas décadas no Brasil, sobretudo no século XX. Com o objetivo de iniciar os estudantes, em especial, da escola normal, no trabalho docente, os manuais pedagógicos traziam, sistematizados, os principais conteúdos relacionados ao ofício do professor, bem como reuniam, de forma fácil e acessível, referências nucleares para a formação docente. A leitura de manuais pedagógicos é, aqui, concebida como um instrumento educativo de grande importância, já que transmitiam saberes, modos de pensar e de agir na escola. O presente trabalho atenta-se para o modo pelo qual um manual pedagógico de ampla circulação na Escola Normal Amaral Fontoura, primeira escola para formação de professores primários instalada no município de Maringá-Pr, trazia em seu conteúdo determinada concepção de educação, que deveria nortear a formação docente e a formação dos alunos das escolas primárias. Trata-se do manual intitulado “Fundamentos da Educação: uma introdução geral à Educação Renovada e a Escola Viva“, de autoria de Afro do Amaral Fontoura, educador que exerceu notável influência pedagógica no ensino normal maringaense. Os vários manuais por ele produzidos foram leituras altamente recomendadas para as alunas da Escola Normal Amaral Fontoura, entre as décadas de 50 e 60 do século XX. Por meio da análise desse manual pedagógico, busca-se acercar do tipo de leitura disponibilizada para as normalistas à época. Por tratar-se de um manual pedagógico largamente empregado para leitura de professores em formação no referido município, o mesmo fornece uma amostra do ensino no período em questão, bem como permite transver a concepção de educação e de formação apregoada pelo autor em análise.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA PARA PROFESSORES, MANUAIS PEDAGÓGICOS, HISTÓRIA DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 22
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: A INFERENCIAÇÃO NA ATIVIDADE DE LEITURA DE TEXTOS JORNALÍSTICOS
AUTOR(ES): RENATA FERREIRA TACINI
RESUMO:
Esta pesquisa, em fase inicial, tem por objetivo discutir a compreensão de textos jornalísticos por leitores de ensino médio, tendo o processo inferencial como um dos elementos para a produção de sentido na leitura. O propósito dessa pesquisa é investigar as bases textuais e contextuais utilizadas pelos leitores ao ler manchetes de jornais e a partir dos resultados obtidos conhecer o nível de compreensão processado pelos alunos na leitura dos textos. Tal propósito é motivado pelos estudos sociocognitivistas em que se postula a relação autor, texto e leitor dentro de um processo interacional. De acordo com os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa: “a leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc.” Portanto, não se trata somente de extrair informação de um determinado texto, mas de uma atividade que implica seleção, antecipação, inferência e verificação. Propomos estudar a produção de inferências a fim de demonstrar o papel do leitor como sujeito ativo capaz de conectar idéias, concluir, deduzir, criar hipóteses a partir das informações explícitas no texto jornalístico. Para isso, analisaremos a produção de inferências de acordo com os estudos de Marcuschi (2008), que justifica os vários tipos de inferências produzidas no dia-a-dia pela natureza de raciocínios práticos do leitor. Segundo o autor, “procedemos muito mais por raciocínios práticos do que por raciocínios lógicos em sentido estrito. Nossa vivência é, sobretudo, institucional e convencionalizada e não se funda em relações estritamente lógicas.” Essa pesquisa contribuirá para motivar atividades educacionais que permitam a ativação de conhecimentos prévios e estratégias de leitura que direcionem nossos alunos na compreensão de textos que circulam, não somente na escola, mas em toda a sociedade.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, INFERÊNCIA, TEXTO JORNALÍSTICO

TÍTULO: OFICINAS DA MEMÓRIA: UM OLHAR PARA AS LÓGICAS DAS CRIANÇAS SOBRE O PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA
AUTOR(ES): RENATA KELLY DO ESPÍRITO SANTO, ERIKA MARIA ALBERNOZ DA SILVA
RESUMO:
O presente trabalho propõe apresentar alguns movimentos da pesquisa “Alfabetização, memória e formação de professores“ que possui como um de seus objetivos centrais colaborar para o fortalecimento de ambientes alfabetizadores potentes (Araújo 2001, 2003) tanto para os/as professores/as quanto para as crianças das escolas públicas gonçalenses. Metodologicamente a investigação se caracteriza como uma pesquisa-ação (ANDRÉ, 1995) estimulando os sujeitos escolares e a comunidade a contarem sua própria história, criando, desse modo, espaços/tempos propícios para que as histórias contidas nas memórias dessas pessoas se tornem visíveis, desvelando as zonas de sombra, por vezes, sonegadas pela História Oficial. Para realizar essas propostas a pesquisa tem se fundamentado nos/as autores/as: Sharpe (1992), Araújo (2001, 2003), Chauí (1987), Thompson (1992), Freire (1978, 1992), Nora (1993), Park (2003), dentre outros. Para que professores/as, alunos/as, funcionários/as e comunidade aceitem o convite de participar ativamente da pesquisa, temos tido como pretexto as “oficinas da memória”, que por sua vez configuram-se como metodologia preferencial do projeto de pesquisa. Para essa comunicação selecionamos duas das sete oficinas realizadas no segundo semestre de 2008 na Escola Municipal Raul Veiga, são elas: Quem mora dentro da gente? e O catador de pensamentos, ambas são propostas voltadas para crianças do Ensino Fundamental. Acreditamos no potencial dos espaços narrativos propiciados pelas oficinas, pois, aqueles que se envolvem, efetivamente, constroem conhecimentos na troca de experiências e, portanto, afirmamos que tais momentos se transformam em espaços de formação para todos/as que participam.
PALAVRAS-CHAVE: ALFABETIZAÇÃO, MEMÓRIA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES

TÍTULO: A POESIA NOS LIVROS DE LEITURA NA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
AUTOR(ES): RENATO KIRCHNER
RESUMO:
Há cerca de meio século as pesquisas em História da Educação têm voltado sua atenção para uma nova fonte: os livros escolares. Justifica-se isso considerando que a produção e a comercialização de livros escolares fez intrinsecamente parte da política educacional pela difusão da instrução e do conhecimento desde o tempo do Império. A partir disso, a presente comunicação tem por objetivo circunscrever e apresentar o contexto histórico em que foram produzidos e comercializados os primeiros livros escolares brasileiros, dando ênfase para a produção e a comercialização dos livros escolares do período da Primeira República (1889-1930). Entretanto, o objetivo específico da comunicação tem em vista abordar um dos temas recorrentes na produção dos livros escolares republicanos, a saber, a poesia. Para cumprir este fim, será apresentada uma análise comparativa de textos poéticos presentes na coleção “Livros de leitura”, editada pelos professores da Escola Gratuita São José, Petrópolis, Rio de Janeiro, a partir do início do século passado. Autores como Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Casimiro de Abreu, Fagundes Varella, Bernardo Guimarães, José de Alencar e Alexandre Herculano serão sucintamente analisados, no intuito de evidenciar as idéias condutoras presentes nos textos publicados pelos professores da Escola Gratuita São José que, coincidentemente, constitui hoje duas instituições centenárias: o colégio Bom Jesus Canarinhos (1897) e a editora Vozes (1901).
PALAVRAS-CHAVE: LIVROS ESCOLARES, HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, POESIA

TÍTULO: HISTÓRIAS DE VIDA E FORMAÇÃO: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS CULTURAIS DE LEITURA DE PROFESSORES RURAIS
AUTOR(ES): RITA DE CASSIA BRÊDA MASCRENHAS LIMA
RESUMO:
Esta comunicação tem como objetivo partilhar os estudos oriundos da pesquisa de mestrado intitulada: “Nas malhas da leitura: perfil leitor e práticas culturais de leitura de professores e professoras rurais da comunidade de Arrodeador – Jaborandi- Bahia”, na qual buscou-se traçar o perfil leitor e conhecer as práticas culturais de leitura dos professores e professoras da comunidade de Arrodeador, egressos do Curso Intensivo de Formação Inicial – Rede UNEB 2000. Mapeou-se, a partir das histórias de leitura, suas concepções de leitura, formas de ler, usos sociais de leitura, repertórios, marcas e práticas constituídas dentro e fora dos espaços formais e suas implicações na formação leitora e em suas práticas pessoais e profissionais. Nesta perspectiva, tomei como categorias de análise: história da leitura, formação de professores e políticas públicas de leitura, articulando-as aos estudos teóricos de autores como Chartier (1990, 2001, 2004), Burke (1992, 2003, 2005), Nóvoa (2002), Tardif (2002), Perrenoud (2002), Abreu (1999, 2004, 2005, 2006), Zilberman (2001), Moraes (2000, 2001), Lindoso (2004), Ribeiro (2004), Ramalho (2004), dentre outros. A decisão de pesquisar sobre as histórias de leitura e as práticas culturais de leitura se insere num movimento recente de formação que concebe as narrativas como importante instrumento de coleta de dados e ao mesmo tempo se configura como um rico trabalho formativo, pois permite às pessoas envolvidas reflexão e reorganização de suas experiências. A pesquisa, de natureza qualitativa, utilizou-se das histórias de vida como método de pesquisa e teve nas narrativas/entrevistas, histórias de leitura e diário de campo as fontes primárias de coleta de dados. Desse modo, este estudo pretendeu dar visibilidade às práticas culturais de leituras dos professores rurais da comunidade de Arrodeador, no interior baiano, por meio das narrativas/histórias pessoais de leitura, bem como compreender a influência da formação inicial na constituição leitora desses profissionais da zona rural.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DE LEITURA, PRÁTICAS CULTURAIS DE LEITURA, FORMAÇÃO DOCENTE

 

TÍTULO: PRODUÇÃO DE UM INVENTÁRIO PEDAGÓGICO: OS MANUAIS DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE AFRÂNIO PEIXOTO E THEOBALDO MIRANDA SANTOS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORAS NORMALISTAS
AUTOR(ES): ROBERLAYNE DE OLIVEIRA BORGES ROBALLO
RESUMO:
Este trabalho é resultado da pesquisa sobre os manuais escolares que serviram de suporte para os processos de formação de professores a partir da década de trinta do século XX no Brasil. Optamos por recortar a análise em torno dos manuais escritos por intelectuais brasileiros, editados pela Companhia Editora Nacional, no âmbito do projeto editorial dirigido por Fernando de Azevedo (1931-1949). As obras pertencem à Coleção Atualidades Pedagógicas, que objetivava aperfeiçoar cultural e profissionalmente os professores, sendo elas: “Noções de História da Educação” (1933) de Afrânio Peixoto e “Noções de História da Educação” (1948) de Theobaldo Miranda Santos. A perspectiva metodológica utilizada para este trabalho visa compreender as relações entre as obras e seus contextos de produção; os sentidos produzidos, por intelectuais com projetos diferenciados. Apresentamos estes manuais como objetos culturais organizados e estruturados por meio de orientações pedagógicas que buscavam assegurar a aprendizagem e o ensinamento de conteúdos às “moças”. Buscamos analisar a materialidade destes objetos culturais e pedagógicos, procurando entendê-los como expressão de idéias sobre o conhecimento histórico e educacional, cuja finalidade formativa surge associada à Escola Normal. Neste sentido, por inventário pedagógico entendemos o legado deixado por Afrânio Peixoto e Theobaldo Miranda Santos sobre a educação, a sua prática e a sua teoria. Segundo nossas conclusões, a escrita destes manuais permite vislumbrar a representação do professor normalista e o lugar do conhecimento histórico no seu processo de formação.
PALAVRAS-CHAVE: MANUAIS ESCOLARES, FORMAÇÃO DE PROFESSORES, HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO

 


SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 23
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 34

TÍTULO: O ATO DE LER E A LEITURA MENOCCHIANA
AUTOR(ES): RODRIGO BASTOS CUNHA
RESUMO:
Este trabalho é a síntese de uma pesquisa de doutorado sobre a relação entre leitura e escrita, norteada pelo paradigma indiciário proposto por Ginzburg, através do qual se fez a busca de indícios de leituras em produções de texto de estudantes de um curso pré-vestibular, todos oriundos da rede pública de ensino, cujas construções de sentido são reveladoras de suas visões de mundo. As produções de texto estudadas nessa pesquisa foram feitas a partir de propostas de redação de vestibulares como o da Unicamp e o da Unesp, com a leitura das coletâneas originais de textos curtos que acompanham essas propostas e com a leitura de reportagens que as substituem. Esse trabalho teve como idéias centrais as noções de Bakhtin que permitem sinalizar o diálogo que os textos produzidos pelos estudantes estabelecem com suas leituras precedentes e a circularidade de sentidos em discursos que dialogam com essas leituras e com aqueles textos. A análise permite concluir que, no percurso entre a leitura e a escrita, uma teia de sentidos é construída a partir da mobilização de leituras precedentes desencadeada por uma atitude de resposta às propostas de redação. Entre os resultados desse estudo está a proposição de que termo “leitura menocchiana”, usado para descrever o modo como os estudantes envolvidos na pesquisa leram os textos das propostas, pode ser estendido para todo ato de ler.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA, ESCRITA, PARADIGMA INDICIÁRIO

 

TÍTULO: PRIMEIRAS LEITURAS PSICANALÍTICAS NO BRASIL: O EMPREGO DA TEORIA DE FREUD NAS REFORMAS EDUCACIONAIS NAS DÉCADAS INICIAIS DO SÉCULO XX NO BRASIL.
AUTOR(ES): RONALDO AURÉLIO GIMENES GARCIA
RESUMO:
Nas primeiras décadas do século XX o Movimento Escola Nova liderado por Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho e outros intelectuais reivindicava a implantação de um novo modelo de educação no Brasil baseada nas idéias liberais e democráticas. Este foi o caso da reforma educacional que ocorreu entre 1930 e 1935 no ensino público do Rio de Janeiro. Como parte das mudanças implantadas neste período, estava o Serviço de Ortofrenia e Higiene Mental, cuja função era diagnosticar possíveis transtornos de comportamento em crianças matriculadas no ensino público do Distrito Federal, consideradas como “anormais” e desajustadas pelas escolas que frequentavam. O responsável pelo órgão foi o médico Arthur Ramos que, embora tivesse uma formação em psiquiatria, dedicou-se ao estudo de diversas temáticas. No campo específico da pedagogia Ramos defendia a contribuição da psicanálise para a solução dos problemas educacionais. É interessante observar que outros pensadores, ligados principalmente ao campo da medicina como Júlio Porto-Carrero, Afrânio Peixoto e outros, defendiam amplamente o emprego da psicanálise na educação. Estes intelectuais participaram ativamente das discussões por meio da publicação de obras e artigos científicos e de debates em diversos congressos de educação que ocorreram na época. Os referidos médicos foram leitores assíduos de Freud e propagadores da teoria psicanalítica no país. Os objetivos desta pesquisa são o de compreender o papel que as idéias dos pensadores e médicos tiveram nas reformas conduzidas pelos escolanovistas, bem como a possível contribuição da psicanálise nas discussões sobre a escola no Brasil, naquele contexto histórico. As fontes utilizadas foram obras publicadas pelos referidos autores nas quatro primeiras décadas do século XX e envolviam temas como a “criança problema”, psicanálise, educação e higiene mental. Trata-se de uma pesquisa de base empírica que busca refletir sobre os impactos das propostas da psicanálise na historia da educação brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO, PSICANÁLISE, REFORMAS EDUCACIONAIS

 

TÍTULO: PRÁTICAS DE LEITURA NA ESCOLA: TENSÕES ENTRE PROPÓSITOS DIDÁTICOS E COMUNICATIVOS.
AUTOR(ES): ROSELI MARIA ROSA DE ALMEIDA
RESUMO:
A presente comunicação tem como objetivo apresentar parte dos resultados de uma pesquisa concluída, desenvolvida em uma escola pública no Município de Ribas do Rio Pardo, no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2007 a 2009. A pesquisa investigou algumas práticas de leitura na escola e suas expressões na cultura escolar. Como objetivos específicos o trabalho investigou as contradições engendradas a partir da escolarização de algumas práticas de leitura e a relação entre os propósitos didáticos e comunicativos. Os instrumentos para a coleta de dados foram entrevistas semi-estruturadas, com 18 alunos do sexto ano do Ensino Fundamental, quatro professoras da disciplina Língua Portuguesa e a funcionária responsável pela biblioteca escolar; 12 (doze) observações na biblioteca escolar e 12 (doze) observações em sala de aula, nas turmas de sexto ano; uma planta da biblioteca (com a organização interna do espaço), bem como um levantamento dos livros que se encontravam no armário da sala dos professores e dos livros emprestados pelos alunos dos sextos anos. O estudo buscou elementos norteadores na história da leitura, bem como da cultura escolar e foi possível perceber que as práticas e o valor atribuído às mesmas foram se alterando ao longo da história. A interface dos dados e os estudos da leitura e da cultura escolar evidenciaram a escola, especialmente a sala de aula, como um espaço construído por uma prática de leitura predominantemente realizada em voz alta. PALAVRAS-CHAVE: Práticas de leitura, escolarização, cultura escolar.
PALAVRAS-CHAVE: PRÁTICAS DE LEITURA, ESCOLARIZAÇÃO, CULTURA ESCOLAR

 

TÍTULO: CLARISSA, A PROFESSORA LEITORA: UMA PERSONAGEM DE ERICO VERISSIMO
AUTOR(ES): ROSELUSIA TERESA PEREIRA DE MORAIS
RESUMO:
A presente comunicação propõe apresentar representações de uma professora leitora, Clarissa, personagem principal e recorrente, em romances escritos por Erico Lopes Verissimo (1905-1975), entre os anos de 1933 e 1940. Esse período compreende as publicações dos seguintes romances selecionados para estudo: Clarissa, Música ao longe, Um lugar ao sol e Saga. Este trabalho faz parte de um projeto mais amplo, em desenvolvimento, que analisa os romances produzidos pelo referido escritor. Nessa perspectiva, a proposta de investigação pressupõe procedimentos teórico-metodológicos que compreendem a Literatura como fonte para os estudos da História da Educação. Para análise das obras investigadas foi utilizado, principalmente, o conceito de representação de Roger Chartier (1990; 2002), que pressupõe reconhecer uma maneira própria de grupos sociais estarem no mundo. Significa simbolicamente um estatuto, uma imagem e uma posição social evidenciados nos romances pesquisados. Clarissa é o primeiro romance de Erico Verissimo, publicado em 1933, trata das descobertas de uma jovem normalista de apenas quartorze anos de idade. Nos romances “Música ao longe“, produzido em 1935, “Um lugar ao sol“, escrito em 1936 e “Saga“, de 1940, a personagem reaparece e desenvolve o ofício de professora. Nesses romances aparecem as leituras feitas pela normalista e professora que possibilitam questionamentos do que é lido. Um estudo desses romances poderá auxiliar na compreensão das imagens representadas em torno da figura de professora e leitora, como opção para fazer mediações entre a ficção e a “reinterpretação” (LOPES e GALVÃO, 2001) construídas pelo autor. Análises preliminares sobre as representações da personagem Clarissa a partir dos romances investigados indicam o perfil de uma professora leitora, escritora e questionadora do universo escolar.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA, DOCÊNCIA, ERICO VERISSIMO

 

TÍTULO: ESTRATÉGIAS DE UMA ESCRITA PENTECOSTAL: A INICIATIVA DA AÇÃO EDUCATIVA DA REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS DA ESCOLA DOMINICAL PARA CRIANÇAS (BRASIL, 1938 A 1939)
AUTOR(ES): SANDRA BATISTA DE ARAUJO SILVA, ANA MARIA DE OLIVEIRA GALVÃO
RESUMO:
Esta comunicação tem como objetivo apresentar os resultados parciais de uma pesquisa que analisa o modo de apreensões das estratégias de produção escrita realizada pela ação educativa da Revista Lições Bíblicas - para crianças -, utilizada na prática religiosa denominada Escola Dominical, nas primeiras décadas de implantação da Igreja representante do Pentecostalismo Clássico no Brasil: a Assembléia de Deus. Tomamos como fundamentação teórico-metodológica os estudos sobre história da leitura e da escrita, particularmente alguns estudos realizados por Robert Darnton, Roger Chartier, Michel Certeau, Harvey J. Graff, Antonio Viñao Frago e Umberto Eco. Neste texto utilizamos como fontes primordiais as edições da Revista Lições Bíblicas de 1938 a 1939, período em que a revista teve a iniciativa de inserir as crianças nas discussões que promovia, pois de 1930 até o primeiro semestre de 1938 o público visado pela Revista era apenas o adulto. Assim, questionamo-nos: que fatores foram importantes e decisivos para a iniciativa de inserção de um público infantil na ação educativa da revista? Que estratégias de produção escrita e do suporte material foram realizadas? Essas são algumas perguntas que buscamos responder na pesquisa. Os resultados parciais demonstram que nos primeiros anos de existência da revista Lições Bíblicas, o público infantil pentecostal começava a ter um crescimento significativo no contexto da Escola Dominical, no entanto, parece tratar-se de um público desconsiderado pela revista ao longo de quase oito anos de existência. Assim, parece que a iniciativa da revista foi influenciada pelos professores da Escola Dominical que solicitavam aos editores/comentadores a necessidade de meios (ou estratégias textuais) para inserirem, ou seja, envolverem as crianças nas discussões, pois sentiam dificuldades de ensiná-las. Dessa forma, foi inserido na revista um tópico intitulado “comentário para as crianças”, escrito por filhas de pastores de origem estrangeira em forma de narrativa e numa linguagem direcionada às crianças.
PALAVRAS-CHAVE: CRIANÇAS PENTECOSTAIS, IMPRESSOS PENTECOSTAIS, HISTÓRIA DA LEITURA E DA ESCRITA

 

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 24
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 14:00 as 15:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: ATIVIDADES DE LEITURA E DE ESCRITA NO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA
AUTOR(ES): SANDRA HELENA DIAS DE MELO
RESUMO:
O papel do letramento escolar tem sido pauta na discussão sobre a melhoria de ensino no país. Os Parâmetros Curriculares Nacionais expressam a necessidade do ensino formar alunos-cidadãos. Partindo do princípio de que tornar-se sujeito numa sociedade letrada é tomar parte das práticas de letramento diária dessa sociedade, destaca-se a responsabilidade que a Escola, como agência fomentadora do acesso do aluno-cidadão ao mundo das letras, deve assumir para que se cumpra esse fim. A análise das atividades de leitura e de escrita no livro didático na disciplina de Geografia objetivou refletir sobre o tipo de comprometimento de outras áreas do conhecimento, que não são especificamente de Língua Portuguesa, por entender que o letramento escolar não pode prescindir do esforço de todas as áreas do conhecimento (NEVES et al., 2007). A seleção do livro didático se deu por ser um material dedicado para a prática de ensino no país, e por ser, na grande maioria dos casos, um dos únicos livros para leitura, realidade para um número expressivo de alunos da rede pública de ensino. Para refletir sobre o compromisso das outras áreas do conhecimento no ensino-aprendizagem de leitura e escrita, foram analisadas duas coleções de geografia, representativas na escola pública de Pernambuco. Mesmo que ainda incipiente, é possível apontar, como resultado da pesquisa dos livros didáticos de geografia, uma prática de letramento escolar que visa à compreensão de texto em detrimento da escrita.
PALAVRAS-CHAVE: LETRAMENTO ESCOLAR, ENSINO DE GEOGRAFIA, ATIVIDADES DE LEITURA E DE ESCRITA

 

TÍTULO: O NOVO OLHAR DE MÁRIO DE ANDRADE PARA O NORTE E NORDESTE BRASILEIRO
AUTOR(ES): SANDRA MARIA LUVIZUTTO GONÇALVES
RESUMO:
Profundas transformações sociais, econômicas e políticas ocorreram no mundo a partir do século XVIII. Essas mudanças propiciaram uma nova maneira de ver e perceber o mundo, abrindo caminho para uma nova era, a era da Modernidade. O homem moderno se destituiu dos conceitos soberanos, fazendo tudo girar em torno de questionamentos críticos. É a partir dessa diferente maneira de ler o mundo que, na primeira metade do sec. XX, surge o movimento modernista. No Brasil, esse movimento aspirava à reverificação de teorias e mesmo à remodelação da inteligência nacional. Dentro desse cenário provocador encontra-se nosso proeminente escritor brasileiro Mário de Andrade. Diferentemente dos turistas burgueses que faziam viagens de recreio seguindo a rota Brasil-Europa, o itinerário de Mário fora, em maio de 1927, sair do Sul europeizado para a região amazônica e, em 1928, para o Nordeste brasileiro. Todo conhecimento apreendido dessas viagens foram compilados em um livro intitulado “O turista aprendiz“. Sendo Mário um homem moderno, mas conservador por ser educado por meio dos conceitos europeus, é pertinente investigar como a obra “O turista aprendiz“ aborda o encontro do “ser bem-arranjadinho” europeizado com o ambiente selvagem e rude da Amazônia e como o narrador de “O turista aprendiz“ traduz o olhar do homem moderno. Pode-se afirmar, então, que a tensão entre o homem clássico e o moderno, entre Mário e o mundo, marcará todo o percurso realizado pelo turista. O viajante está imerso num ambiente provocador e instigante que o encherá de dúvidas, reflexões e questionamentos. Nesse sentido o presente trabalho pretende apontar o esforço do homem moderno em se destituir dos vícios da cultura dominante para apreender o objeto ora como um observador que investiga, ora como um ser seduzido, absorvido pelo Outro, criando, assim, um universo polifônico, rico em adversidades culturais. Mário se mostra, então, um ser inacabado, a caminho, em permanente evolução.
PALAVRAS-CHAVE: MODERNIDADE, MÁRIO DE ANDRADE, TURISTA APRENDIZ

 

TÍTULO: O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA NA ESCOLA NORMAL DE NATAL SEGUNDO O PROFESSOR NESTOR DOS SANTOS LIMA (1911-1923)
AUTOR(ES): SARA RAPHAELA MACHADO DE AMORIM
RESUMO:
Esta pesquisa analisa a prática pedagógica do educador norte-rio-grandense Nestor dos Santos Lima na Escola Normal de Natal, durante o período de 1911 a 1923. Buscamos compreender a prática pedagógica deste docente através da análise de seus escritos que versavam sobre os princípios e métodos do ensino de leitura e escrita. Trata-se de artigos, produzidos com o intuito de contribuir para a formação dos futuros docentes e que atuariam nos Grupos Escolares do Estado. Nos anos iniciais do século XX, Nestor Lima atuava como diretor da Escola Normal de Natal, período no qual se concentra seu maior número de publicações sobre as questões educacionais. Dentre as suas produções, encontram-se os relatórios da Escola Normal de Natal, bem como artigos publicados em jornais e revistas. Neste estudo destacamos as lições de metodologia para o ensino de leitura e escrita, direcionadas aos alunos da Escola Normal de Natal, através da coluna Pedagogia, escrita por este intelectual no jornal A República. O educador destaca a escrita como prática importante porque dá forma às idéias e aos pensamentos, assim como possibilita seu registro. Reconhece a leitura como a base de todo o ensino, uma vez que possibilita a aquisição de idéias por meio dos textos escritos ou impressos.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, ESCOLA NORMAL, PRÁTICA PEDAGÓGICA

 

TÍTULO: HISTÓRIAS DE LEITURA DE PROFESSORES DE DIFERENTES DISCIPLINAS ESCOLARES: FORMAS DE LER E MODOS DE CONTAR.
AUTOR(ES): SELMA COSTA PENA
RESUMO:
Este trabalho trata de questões teórico-metodológicas relacionadas a uma pesquisa de doutorado, em andamento, que toma como fonte de investigação as narrativas orais sobre histórias e práticas de leitura, produzidas por professores de diferentes disciplinas escolares vinculados profissionalmente ao ensino público da cidade de Belém/Pa. Parto do pressuposto de que as concepções que temos sobre leitura e sobre o ato de ler, a experiência com diferentes práticas de leitura por nós vivenciadas no decorrer da nossa trajetória de vida, refletem diretamente nas nossas decisões quanto ao ensino da leitura nas práticas cotidianas em sala de aula. Por tais motivos a pesquisa resgata, junto aos professores, memórias de suas experiências de leitura em três ambientes: família, escola e local de trabalho, refletindo sobre a relação dessas experiências ou a ausência delas, no exercício de suas funções como mediadores e formadores de leitores junto aos seus alunos. Fundamenta-se teoricamente no conceito de leitura desenvolvido por (Chartier,1996; 2001; Chartier & Hébrad, 1995; Abreu, 2002; Zilberman & Silva, 1988; Zilberman, 2003; Larrosa, 2001; 2002); nos estudos sobre as disciplinas escolares e a questão da leitura leitura (Chervel,1990; Rösing, 2001; Neves, 2006); e nas pesquisas sobre abordagem biográfica (Nóvoa, 1988; Ferrarotti, 1988; Dominicé, 1988; Josso 2004; Larrosa, 2001; 2002; Catani, 2000). Os resultados preliminares revelam a importância da pesquisa (auto) biográfica como método de investigação em Educação e sua contribuição para a formação de formadores de leitores em diversas áreas de conhecimento, enquanto territórios constitutivos do sujeito e de suas práticas sociais, na escola e fora dela e as concepções e práticas de leitura dos professores se constituindo e se (re) configurando em variadas formas, conceitos, tempos e espaços, num entrecruzamento de diferentes discursos (midiático, acadêmico, escolar, entre outros).
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIAS DE LEITURA, NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA, FORMAÇÃO DO LEITOR

 

TÍTULO: O PROBLEMA DA TRADUÇÃO NA BIBLIOTECA DO ESPÍRITO MODERNO (1938-1977)
AUTOR(ES): SILVIA ASAM DA FONSECA
RESUMO:
A coleção de livros “Biblioteca do Espírito Moderno” da Companhia Editora Nacional surgiu de um projeto editorial de Monteiro Lobato e teve como seu principal editor, em dois momentos distintos, o educador Anísio Teixeira. Os primeiros títulos com o emblema da Espírito Moderno apareceram em 1938 e os dois últimos novos títulos foram editados em 1977. Ao longo desse período, a coleção, cuja maioria dos textos era de origem estrangeira, precisou escolher como lidar com os problemas de tradução e de tradutores. Inicialmente, Monteiro Lobato, Godofredo Rangel e outros literatos foram os escolhidos para, em seguida, cederem espaço para os tradutores profissionais. Para essa comunicação, analiso as cartas da correspondência internacional da editora, os contratos de tradução e alguns pareceres internos da Editora em que o problema da tradução é comentado pelos responsáveis pela coleção, constituindo-se em fator determinante para a seleção ou não de reimpressões dos títulos. Procuro também acompanhar o destino de alguns títulos que, a longo prazo, significaram o fim da coleção. É possível, a partir desse material, identificar, ao longo do tempo, as representações que alguns editores da Companhia Editora Nacional possuíam do que seria a tradução “adequada” para o público da coleção (leitor médio) e a correta seleção de tradutores. Ao mesmo tempo, acompanhamos a mudança do público leitor que de “leitor médio” passou a ser, cada vez mais, universitário com a expansão das matrículas no ensino superior. Essa mudança no quadro da escolarização do país significou para a Biblioteca do Espírito Moderno o final de sua publicação, com títulos vendidos, outros remanejados e outros adaptados para o uso escolar (caso de Livro da Jângal de Kipling que virou Mowgli para o público estudantil)
PALAVRAS-CHAVE: COMPANHIA EDITORA NACIONAL, LEITURA, TRADUÇÃO

 

SESSÃO - LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA 25
DIA: 23/07/2009 - Quinta-Feira – das 16:00 as 17:00 horas
LOCAL: Instituto de Economia - IE - SALA: IE 35

TÍTULO: IDENTIDADE E PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA
AUTOR(ES): SOLANGE APARECIDA DO NASCIMENTO, VALDIRENE GOMES DOS SANTOS DE JESUS
RESUMO:
A Lei nº 10.639/2003,refere que os conteúdos sobre a História e Cultura Afro-Brasileira deveriam compreender todo o currículo escolar, em especial as áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira. A presente pesquisa, em fase de desenvolvimento, visa conhecer e analisar como o conceito de história e cultura afro descendente perpassa as práticas educativas na Escola Joaquim Ayres França, localizada na Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Arraias1, em Tocantins. Nas reflexões sobre a identidade afrodescente no mundo atlântico, apresentamos como referência teórica Thorton (2004), Gomes (2006), Lopes (2002) e Apolinário (2000) e para a realização das análises sobre os processos educativos Meyer (2003), Rosemberg (1996), Santomé (1995), Schmitt (2002). Os instrumentos metodológicos utilizados foram: a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Os instrumentos aplicados foram: entrevista semi-estruturada com a professora da escola multisseriada, questionário fechado e entrevistas semi-estruturadas com moradores de 27 famílias da comunidade. Como resultado dos dados da pesquisa percebeu-se que a comunidade possui poucos registros escritos de sua história; os materiais trabalhados parecem não refletir os elementos culturais que permeiam as relações que se estabelecem fora e dentro do espaço; o ensino apresenta poucos elementos referentes à constituição histórica da comunidade, assim o sentimento de pertença das crianças a uma comunidade remanescente de quilombolas apresenta-se de forma diluída; o material didático utilizado, os contos e histórias disponíveis não refletem a identidade local, reforçando assim a necessidade da construção de materiais didáticos e paradidáticos que se adequem à realidade desta comunidade.
PALAVRAS-CHAVE: QUILOMBO, IDENTIDADE, HISTÓRIA

 

TÍTULO: AS SOCIEDADES DE MÚTUO SOCORRO E SUAS ESCOLAS ÉTNICAS ITALIANAS: A CIRCULAÇÃO DE SABERES E AS CONFORMAÇÕES IDENTITÁRIAS
AUTOR(ES): TERCIANE ÂNGELA LUCHESE
RESUMO:
O objetivo do presente texto é apresentar as iniciativas escolares criadas, mantidas e difundidas pelas Sociedades de Mútuo Socorro na chamada Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul. A análise abrange o final do século XIX e início do século XX, momento em que houve maior participação e importância desta forma de escolarização, sistematizada pelas diversas associações – rurais e urbanas. Dentre as diversas funções estava a intermediação e preservação dos laços com a pátria de origem através de festividades cívicas – italianitá, assim como assumiram a organização de diversas escolas subsidiadas por materiais e mesmo professores provenientes da Itália. Constituíram-se, também, em espaços de auxílio mútuo em caso de doença, morte ou sinistro de seus sócios. São privilegiadas na análise a atuação da Sociedade Italiana de Mútuo Socorro Regina Margherita (1882) no atual município de Bento Gonçalves, a Sociedade Italiana Stella d’Itália (1884) criada em Garibaldi e a Sociedade Príncipe de Nápoles (1887) de Caxias do Sul. Quais os saberes ensinados e que conformações identitárias produziram? As “escolas italianas” foram consideradas importantes na manutenção da língua e do culto da Itália como a pátria dos filhos dos imigrantes. Tiveram atuação efetiva nesse sentido? Utilizando fontes historiográficas diversificadas como fotografias, correspondências, estatutos, relatórios de cônsules e agentes consulares, o artigo privilegia a análise desta iniciativa ímpar de organização escolar, procurando contribuir para o conhecimento da história da educação brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: IMIGRANTES ITALIANOS, ESCOLAS ÉTNICAS, SOCIEDADES DE MÚTUO SOCORRO

 

TÍTULO: ENSINO DA LEITURA E ESCRITA EM ESCOLAS ISOLADAS RURAIS E URBANAS MATO-GROSSENSES (1930 -1940)
AUTOR(ES): TEREZINHA FERNANDES MARTINS DE SOUZA, LÁZARA NANCI DE BARROS AMÂNCIO
RESUMO:
O objetivo desta comunicação é apresentar aspectos de uma pesquisa mais ampla, desenvolvida pelo grupo Alfabetização e Letramento – ALFALE, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), intitulada “Memória da Cultura Escolar Mato-grossense: ensino primário, práticas de leitura e de escrita em grupos escolares, escolas reunidas e isoladas (1910- 1970)“. O recorte visa analisar atividades propostas para o ensino da leitura e da escrita, em diários de classe de professores de escolas isoladas rurais e urbanas mato-grossenses, nas décadas de 30 e 40 do século XX. A opção pelo período vincula-se à localização de fontes documentais pertinentes ao objeto de estudo (diários de classe), bem como a possibilidade de cruzamento com documentos oficiais, especialmente, o Regulamento da Instrução Pública de Mato Grosso (1927), em vigência no período. Os procedimentos utilizados foram a reunião, seleção e análise de diários de classe e documentos oficiais, a partir dos pressupostos da História Cultural. De modo geral, os dados analisados possibilitam observar recorrências nas atividades para o ensino da leitura e da escrita tanto nas escolas isoladas rurais quanto urbanas, nas décadas em estudo. E, ainda, contribuir para a compreensão/composição de uma história do ensino da leitura e escrita em escolas isoladas rurais e urbanas de Mato Grosso.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DA LEITURA E ESCRITA, ESCOLAS ISOLADAS, DIÁRIOS DE CLASSE

 

TÍTULO: AMAZÔNIA ACREANA: PALCO PARA A LEITURA DE FOLHETOS
AUTOR(ES): VALÉRIA BARBOSA FERREIRA SILVEIRA
RESUMO:
A comunicação fará uma exposição dos resultados prévios do projeto de pesquisa “Universo oral do seringueiro acreano no início do século XX: Discurso e memória“, projeto este, vinculado ao GAEL- Grupo Amazônico de Estudos da Linguagem, desenvolvido através do programa de Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade Federal do Acre. O contexto deste estudo centra-se nas formas e suportes de leitura nos seringais acreanos no início do século XX. Os sujeitos dessa pesquisa, ex-seringeiros com mais de sessenta e cinco anos de idade, revelaram-nos, através de entrevistas semi-estruturadas, que, apesar da ausência da escolarização institucionalizada nesse universo, hábitos de socialização privilegiavam a contação de histórias e a leitura socializada de folhetos nordestinos e até mesmo a declamação destes. Assim posto, a exposição será focada na recepção da leitura e performance dos folhetos pelos “ letrados” na Amazônia acreana. Nesse contexto específico, a relação “palco e platéia” apresenta-se configurada no homem que possui a habilidade da teatralidade, juntamente com os elementos que compõem a poética da oralidade e naquele que apresenta o exercício da audição. Como instrumental teórico, traremos à baila, discussões sobre teatralidade, pelo modo com que os leitores fazem uso dessa leitura, a literatura oral, visto que, a literatura de folhetos tem, no suporte material, somente o veículo para registro, pois, na sua construção a oralidade vem em primeiro lugar, ou seja, um escritor de folhetos oraliza primeiro para depois escrever, a memória, especialmente a memória coletiva, porque acreditamos que os sujeitos dessa pesquisa revelam-nos, não somente as suas histórias pessoais, mas, também a história de uma sociedade e, por fim, as teorias sobre leitura, especialmente aquelas que abordam formas não convencionais de leitura.
PALAVRAS-CHAVE: TEATRALIDADE , LITERATURA ORAL, MEMÓRIA E EXPERIÊNCIA

 

TÍTULO: LER E ESCREVER MÚSICA – ABORDAGEM HISTÓRICA DOS MÉTODOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO E ESCOLARIZAÇÃO DOS SABERES E PRÁTICAS MUSICAIS NO CURRÍCULO DA ESCOLA PÚBLICA
AUTOR(ES): VERA LÚCIAGOMES JARDIM
RESUMO:
O interesse pela grande visibilidade dada à música e à Educação Musical, no período Vargas reforça, na historiografia da educação, a idéia de que o ensino da Música na educação pública deu-se a partir de 1930, devido à atuação de Villa-Lobos. Este trabalho se propõe trazer à luz práticas da Educação Musical anteriores a 1930. O foco da análise recai sobre o aprendizado formal da escrita musical e sua leitura, que a partir da legislação de 1892, previa a matéria música e leitura de música para o ensino Preliminar. Como não existiam recursos de reprodução técnica do som tornava-se necessário a presença do músico e do ouvinte, daí a prática dos saraus e concertos serem tão populares. Ler a partitura musical, então, era participar da vida social e tal conhecimento estava sendo, nesse momento, difundido dentro da escola, que de acordo com as fontes compulsadas – legislação, programas de ensino, métodos e materiais didáticos oficialmente instituídos e das prescrições para o seu ensino – manteve-se nos currículos durante todo o período. Fundamentada nas proposições de Chervel (1990), Goodson (1995) e Julia (2001), que ressaltam a importância do estudo histórico das disciplinas escolares, do currículo e da cultura escolar, foi possível caracterizar a Música como disciplina escolar e compreender seus processos de ensino pela análise da elaboração dos métodos que encontraram consonância nos processos de aquisição e compreensão da leitura e escrita, legitimados na época. Os pressupostos do método intuitivo foram transplantados para a música, visto ela também se expressar por meio de uma “linguagem falada” (sons) e uma “linguagem escrita” (notação musical). Da mesma forma, os procedimentos escolares ligados ao processo de alfabetização também foram incorporados às aulas de música, por meio das atividades e do uso de materiais: lousa, cópias, cadernos apropriados, e inclusive cadernos de caligrafia musical.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO MUSICAL, NOTAÇÃO MUSICAL, “ALFABETIZAÇÃO” MUSICAL

 

TÍTULO: CONTRAPONTO NO DISCURSO SOBRE LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR: OS ALUNOS LEEM
EIXO TEMÁTICO: LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA
AUTOR(ES): VERÔNICA MARIA ELIAS KAMEL
RESUMO:
O presente trabalho objetiva apresentar resultados preliminares do projeto intitulado “Práticas de leitura nas aulas de Língua portuguesa do 5º e 7º anos do ensino fundamental“. Essa pesquisa está sendo desenvolvida em uma escola pública de ensino fundamental, do município de Rio Branco, estado do Acre, e tem o intuito de investigar os modos de ler e de falar sobre a leitura na escola, enquanto práticas desenvolvidas pelos sujeitos da educação (alunos e professores). Nossa intenção é melhor compreender o que os discursos desses sujeitos revelam sobre as práticas de leitura no contexto escolar e de que maneira contribuem para a formação de leitores. Para tanto, realizamos entrevistas com professores e alunos do 5º e 7º anos do ensino fundamental. Para nortear a nossa pesquisa nos pautamos pela concepção de linguagem enquanto atividade dialógica, como mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social. Adotamos, nessa pesquisa, os princípios teóricos de correntes lingüísticas de abordagens enunciativo-discursivas que, no geral, assumem a linguagem como espaço de interlocução entre sujeitos socialmente localizados num tempo e num lugar determinados. Assim, construiremos nossa análise escutando o discurso de alunos e professores acerca do ensino de leitura, a fim de compreender os sentidos contidos nele.
PALAVRAS-CHAVE: CONTEXTO ESCOLAR, DISCURSO, LEITURA

 

TÍTULO: ESCOLA ESTADUAL “BRASIL“: ENTRE MEMÓRIAS E IMAGENS
EIXO TEMÁTICO: LEITURA, ESCOLA, HISTÓRIA
AUTOR(ES): WILSON RICARDO ANTONIASSI DE ALMEIDA
RESUMO:
Este trabalho retrata a história da Escola Estadual “BRASIL”, instituição de ensino público mais antiga em funcionamento no município de Limeira, Estado de São Paulo. A atenção se concentra no estudo do processo educacional e a análise do projeto pedagógico, relacionando aspectos relativos à educação através de memórias (depoimentos) e imagens (fotografias). Os depoimentos e fotos revelam um conjunto de flagrantes de situações do cotidiano escolar, descrevendo aspectos instigantes e a materialidade dos processos organizacionais e simbólicos implicados neste contexto específico, permitindo aos olhos de quem vê as suas interpretações. O recurso a depoimentos e às imagens deu-se através de um trabalho arqueológico em arquivos e cartografia dos sentidos, compondo um tecido a partir do uso de duas linhas: a linha da diacronia e a linha da sincronia, o olhar sobre as imagens do presente se articulou com o olhar sobre o passado, construindo-se um dispositivo de interpretação das relações entre a escola e o tempo. O debate sobre o sentido da escola para o momento em que vivemos ganha vigor quando é sustentado por um vínculo com a materialidade de uma experiência, e é a experiência de todos que se envolveram com a escola que é trazida para este estudo. O percurso realizado pelo interior do território das imagens dá as condições necessárias para desenhar o mapa dos sentidos da ação educacional e a viagem pela memória de muitos, através de relato de vários episódios, permitindo reunir fragmentos de sentidos e afetos. A relação com a escola em um tempo mais imediato é feito por meio de enfoque sincrônico, utilizando-se de análises das mudanças ocorridas ao longo dos anos no processo educacional e na instituição escolar e refletindo sobre a função da escola para o século XXI.
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO, ESCOLA, MEMÓRIA